segunda-feira, 21 de março de 2011

Mundo está dividido sobre ação militar na Líbia


Divisão na OTAN

Os países da Otan encerraram a segunda-feira sem acordo sobre uma possível implicação da organização em operações na Líbia e voltarão a estudar a questão na terça-feira, indicaram fontes da Aliança.

"Ainda não foi tomada a decisão de atuar", reconheceram as fontes, que precisaram que "é uma questão complexa e queremos fazê-la direito".

Os embaixadores dos 28 países da Aliança se reunirão amanhã de novo, pelo quinto dia consecutivo, para tratar a situação na Líbia, concretamente o plano de operações para o cumprimento da zona de exclusão de voos sobre a Líbia e a direção de execução do embargo de armas ordenado pela ONU.

As reservas da Turquia (o único país muçulmano da organização) e da Alemanha a participar dos ataques que começaram na sexta-feira estão causando boa parte dos atrasos na hora de decidir o possível papel da Aliança, segundo indicaram diferentes fontes diplomáticas.

Outro fator de complicação é que vários países árabes que não pertencem à organização se comprometeram a apoiar as potências ocidentais.

A França assegurou nesta segunda-feira que a Liga Árabe não quer transferir a direção das operações à Aliança, que segue discutindo o que fazer.

As discussões na sede da Otan se desenvolvem enquanto ocorre uma série de movimentos diplomatas em países europeus e árabes.

O ministro de Exteriores francês, Alain Juppé, assinalou nesta segunda-feira que a Otan está preparada para oferecer seu apoio em "uns dias" à operação militar.

Juppé, que assistiu em Bruxelas a uma reunião de ministros de Exteriores da UE, afirmou que "muitos países desejariam passar a operação sob a bandeira da Otan", mas também ressaltou que "é preciso levar em conta a opinião dos países árabes".

A ministra de Exteriores espanhola, Trinidad Jiménez, ressaltou que a participação da Aliança "não é imprescindível", já que por enquanto a coalizão internacional conseguiu aplicar os termos da resolução 1973 aprovada na sexta-feira passada pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas para proteger à população civil líbia.

Por sua parte, a Itália advertiu que se coloca a retomar o controle de suas bases militares, das que estão partindo aviões da coalizão internacional que ataca a Líbia, em caso do comando da operação não passar pelas mãos da Otan.

"Se há uma multiplicação de comandantes, o que seria um erro em si mesmo, teríamos que buscar fórmulas para que a Itália retome o controle de suas próprias estruturas", disse também em Bruxelas o ministro de Exteriores italiano, Franco Frattini.

Roma insiste que a Aliança Atlântica tome a direção da operação internacional, atualmente nas mãos dos Estados Unidos com o apoio da França e Reino Unido.

O mundo está dividido

A comunidade internacional está profundamente dividida na segunda-feira quanto à ação militar na Líbia, apenas alguns dias depois de a ONU ter aprovado uma resolução estabelecendo uma zona de exclusão aérea sobre o país, a qual permitiu ataques aéreos do Ocidente para proteger os civis das forças do líder líbio, Muammar Gaddafi.

Na votação sobre a zona de exclusão aérea no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas, na quinta-feira, a Rússia e a China se abstiveram, mas fizeram críticas cortantes contra a operação. O primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, comparou a campanha aérea às "cruzadas medievais."

Essa linguagem altamente emotiva fez com que ele fosse fortemente censurado por seu ex-protegido, o atual presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, que disse que o país não iria tomar parte em nenhuma coalizão militar na Líbia, mas estava aberto a um papel na manutenção da paz.

As divisões na questão, também presentes no âmbito dos aliados europeus, Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e no mundo árabe, refletem distintas agendas domésticas e metas de política externa.

O secretário-geral da Liga Árabe, Amr Moussa, disse respeitar a resolução da ONU que autorizou a ação militar na Líbia, mas questionou no fim de semana a necessidade de bombardeios pesados que, segundo afirmou, mataram muitos civis.

"Nós respeitamos a resolução da ONU e não há conflito quanto a isso, especialmente por ter indicado que não haveria invasão, mas que protegeria os civis daquilo a que estão sujeitos em Benghazi", declarou Moussa.

A campanha aérea ocidental, liderada por França, Estados Unidos e Grã-Bretanha, dividiu os Estados membros da Otan. A Alemanha disse que as críticas da Liga Árabe à operação justificavam sua decisão de não se envolver.

"Nós calculamos os riscos. Se vemos que apenas três dias depois do início da intervenção, a Liga Árabe critica, acho que tivemos boas razões", afirmou a repórteres o ministro alemão das Relações Exteriores, Guido Westerwelle. (Reuters)

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