segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Estudantes protestam contra erros do Enem 2010 em Curitiba e em outras capitais

Vanessa Prateano/ Agência de Notícias Gazeta do Povo

Cerca de 400 estudantes protestaram contra os erros do Exame Nacional do Ensino 2010 (Enem) na Praça Santos Andrade, no Centro de Curitiba, na tarde desta segunda-feira (15). Com faixas, os manifestantes reclamam dos problemas que a prova apresentou. O movimento teve início na Boca Maldita, às 14h30, e seguiu em direção à Praça Santos Andrade, onde se concentraram na escadaria do prédio da Universidade. Em seguida, os estudantes deixaram a praça em direção ao Largo da Ordem, onde o protesto se encerraria.

"O Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) foi apenas o gatilho que faltava", disse uma das organizadoras do movimento, que pediu para ser chamada apenas de "mais uma cara amarela". Os estudantes pintaram os rostos de amarelo.

"Nas ruas, nas praças, quem disse que sumiu. Aqui está presente o movimento estudantil", foi uma das palavras de ordem mais gritadas durante a manifestação que agitou a cidade, bastante esvaziada em razão do feriado da Proclamação da República. "Estamos protestando contra o descaso do governo com a educação em geral, está tudo focado mais na politicagem", disse a organizadora. "Se depender de nós, o movimento estudantil será retomado."

Em meio às várias faixas e cartazes, uma sugeria que a presidente eleita, Dilma Rousseff, nomeie o deputado eleito, Francisco Everardo Oliveira Silva (PR-SP), o Tiririca, para o Ministério da Educação. "Pior que 'tá' não fica", dizia o cartaz. Os estudantes iniciaram a caminhada com narizes de palhaço, mas, na metade, obedeceram ao grito de que ninguém ali era palhaço e jogaram fora. "Cara amarela, qual é sua missão? Mudar o ministério, mudar a educação", cantavam os manifestantes.

O protesto foi organizado através das redes sociais, em solidariedade aos colegas que foram prejudicados com a troca de gabaritos e a ausência de questões no caderno amarelo. “É em solidariedade aos nossos colegas, que estudam o ano inteiro como nós, e são vítimas de um erro desses. Todo ano é a mesma coisa, é preciso dar um basta”, afirma o estudante Cidnei Baptista.

De acordo com outro estudante, Franco Rovedo, o protesto foi organizado no feriado para não comprometer as aulas. “Seria hipocrisia pedir mais respeito com a educação e matar aula para fazer o protesto”.

O estudante de Pedagogia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Fabiano de Jesus, por sua vez, reclamou que o governo federal tem procurado ampliar as vagas para as universidades federais, mas, ao mesmo tempo, tem diminuído os recursos. Ele disse temer que, no próximo governo, a UFPR, em razão do Programa de Apoio ao Plano de Reestruturação e Ampliação das Universidades Federais (Reuni) adote a aprovação automática de alunos, independentemente do aproveitamento escolar, visto que a meta é ter no mínimo 90% de aprovados, além de haver um aumento de 12 para 18 alunos por professor.



Estudantes fazem manifestação na Avenida Paulista

G1/GLOBO.COM


Segundo a PM, cerca de 200 pessoas pedem melhoria no ensino público. Protesto é pacífico; há lentidão na principal via de SP

Cerca de 200 estudantes, segundo a Polícia Militar, protestam na tarde desta segunda-feira (15) na Avenida Paulista, em São Paulo, por melhorias no ensino público.

A expectativa da PM é que até mil pessoas participem do ato, considerado pacífico. Os alunos, que saíram do vão do Masp, devem seguir até a Rua da Consolação.

Segundo a CET, às 14h45, havia lentidão da Avenida Brigadeiro Luís Antônio até a Rua Bela Cintra no sentido Consolação.



Manifestantes protestam contra o Enem em Belo Horizonte

G1/GLOBO.COM

Estudantes fizeram passeata por avenidas da região central da capital. Polícia Militar disse que número de participantes não passou de 150

Estudantes mineiros protestaram contra o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), na tarde desta segunda-feira (15), feriado da Proclamação da República, na região centro-sul de Belo Horizonte. De acordo com o presidente da Associação Metropolitana dos Estudantes Secundaristas da Grande Belo Horizonte (Ames-BH), Gladson Reis, a data foi escolhida propositamente “porque o país só conseguirá atingir a soberania nacional a partir da educação”. Ele disse, também, que a desorganização no processo seletivo pode atrapalhar algumas pessoas. “Quem se sentir prejudicado deveria ter o direito de fazer outra prova”, falou Reis.

Os estudantes começaram a manifestação na Praça 7, no centro, e seguiram até à porta da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), na Praça Afonso Arinos. Depois de um rápido protesto, seguiram pela Avenida João Pinheiro até à Praça da Liberdade, no bairro Funcionários. A passeata não atrapalhou o trânsito, que estava tranquilo. De acordo com os organizadores, mais de 200 pessoas participaram do movimento, mas segundo a Polícia Militar o número não passou de 150.

Movimento em direção a Curitiba está cinco vezes acima do normal na BR-277


GP

Os motoristas que retornam do Litoral do Paraná para Curitiba nesta segunda-feira (15), feriado da Proclamação da República, enfrentam um fluxo intenso de veículos na estrada. Por volta das 19h, cerca de 2.500 carros passavam por hora pela BR-277 em direção à capital paranaense, segundo a concessionária Ecovia, responsável pelo trecho entre Curitiba e Paranaguá. O movimento é considerado cinco vezes acima do fluxo normal da estrada.

Na BR-376, entre Santa Catarina e Curitiba, o movimento estava três vezes acima do normal por volta das 19h, com 2.500 veículos por hora na rodovia, de acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF).

Apesar do número elevado de veículos, os motoristas não se deparam com grandes pontos de lentidão nas estradas. O acidente mais grave nesta segunda foi registrado no km 667,5 da BR-376, no sentido Joinville. Um caminhão tombou no local e duas pessoas tiveram ferimentos leves. A PRF informou que três das quatro faixas da pista sentido sul ficaram bloqueadas. O trânsito ficou lento e um congestionamento de seis quilômetros se formou no local.

Interior

A RodoNorte, que administra a PR-151 e BRs 376 e 277, estimava um movimento 77% maior que o registrado em dias normais nesta segunda.

Para Curitiba, o movimento deve ser de 20 mil carros durante o dia. Enquanto ao interior, o número chega a 15 mil. O movimento começou a se intensificar durante a tarde. Cerca de 2 mil veículos por hora eram esperados por volta das 19h.

São Paulo

A Autopista Régis Bittencourt, concessionária que administra a BR-116 de Curitiba a São Paulo, prevê um aumento de 25% do volume diário médio de tráfego em relação aos dias normais. Os picos de movimento são esperados durante a tarde até as 23h.

Egito transforma deserto em florestas utilizando água reaproveitada

DA EFE

O governo egípcio desafia a natureza ao regar áreas desérticas com água reaproveitada para convertê-las em florestas, cujas superfícies já equivalem ao território do Panamá.

A diferença verificada após a intervenção humana é significativa. Onde antes havia uma paisagem desértica e inóspita, agora há áreas verdes cobertas de árvores de alto valor econômico como álamos, papiros e eucaliptos.

Tudo isso foi possível graças à água que utilizam, poluem e desperdiçam todos os dias os 80 milhões de egípcios. Ironicamente, esta é a melhor opção para as chamadas "florestas feitas à mão".

"A água residual pode transformar o que não é fértil, como o deserto, em algo fértil, já que contém nitrogênio, micronutrientes e substâncias orgânicas ricas para a terra", disse à agência de notícias Efe o professor do Instituto de Pesquisa de Solo, Água e Ambiente Nabil Kandil, especializado na análise de terrenos desérticos adequados para o florestamento.

A opinião é compartilhada pelo professor do Departamento de Pesquisa de Contaminação da Água, Hamdy el Awady, que até ressalta a superioridade das plantas regadas com água reaproveitada.

"Esse tipo de água tem muito mais nutrientes do que a água tratada e, por isso, é uma fonte extra de nutrição que pode fazer com que as plantas resistentes aos climas hostis cresçam mais rápido e, inclusive, tenham folhas mais verdes", explica El Awady.

DESERTO É MAIORIA
Os dois professores sabem bem da importância de equilibrar a oferta e a demanda em um país que produz 7 milhões de metros cúbicos de água residual ao ano e que, ao mesmo tempo, tem 95% de seu território coberto por desertos estéreis ou com pouca vegetação.

Ao todo, há 34 florestas ao longo do país, localizadas em cidades como Ismailia e Sinai, no norte, e em regiões turísticas do sul, como Luxor e Assuã, num total de 71,4 mil quilômetros quadrados que equivalem à superfície total do Panamá.

De acordo com o governo egípcio, há outras dez florestas em processo de "construção", em uma área de 18,6 mil quilômetros quadrados.

Os mais de 71 mil quilômetros quadrados de floresta plantados até agora são resultado das análises de solo, clima e água que possibilitaram a escolha das espécies de árvores capazes de sobreviver em condições extremas.

"A boa notícia é que as plantas são seletivas. São elas que selecionam a quantidade de água e os nutrientes necessários para sobreviver", explica El Awady.

A maioria das espécies cultivadas até agora é de árvores como álamos, papiros, casuarinas e eucaliptos, semeadas para responder à demanda de madeira do país, além de plantas para produzir biocombustíveis como a jatrofa e a jojoba, e para fabricar óleo, como a colza, a soja e o girassol.

Para Kandil, estes resultados são a prova de que o problema não é a terra, pois no Egito há de sobra, mas de onde extrair a água. Obtê-la das estações de tratamento primário --onde são eliminados os poluentes sólidos-- foi a saída mais barata, especialmente porque os sistemas de irrigação que transportam e bombeiam o líquido são os mesmos utilizados há anos pelos camponeses egípcios.

Apesar desta água exigir precaução devido à presença de poluentes e aos impactos da mudança no ecossistema para a biodiversidade sejam desconhecidos, o projeto, implementado pelo Ministério de Agricultura em parceria com o de Ambiente, parece ter obtido sucesso.

De acordo com Kandil, as "florestas feitas à mão" não só combatem as secas, a desertificação e a erosão. "[Elas] aproveitam a água residual, maximizam o benefício para os agricultores e satisfazem as necessidades de madeira do Egito, gerando benefícios econômicos para o país", acrescenta.

Crescimento chinês exigiria mais que um planeta Terra para se manter, diz WWF

DA EFE

Um mundo que utilizasse recursos e gerasse resíduos aos níveis da China necessitaria de um planeta 1,2 vez maior do que a Terra para se manter, segundo um relatório sobre o "rastro do carbono" do país apresentado nesta segunda-feira pela ONG WWF (Fundo Mundial para a Natureza, na sigla em inglês).

Segundo o relatório, apresentado pelo diretor-geral da WWF, James Leape, é "crucial" que a China enfrente problemas como as emissões de dióxido de carbono e o acelerado desenvolvimento urbano "para melhorar seu bem-estar sem que isto custe ao planeta".

O relatório assinala que setores como a construção e o transporte, associados ao avanço do nível de vida no país, contribuíram em grande medida para que as emissões de CO2 no país atingissem o patamar de 54% do impacto ecológico nacional.

Em consequência, a China necessitaria do dobro de seu solo produtivo para satisfazer a demanda de recursos naturais e absorver suas emissões.


PARTICIPAÇÃO CHINESA

Anat Givon/AP

Nuvens de poluição envolvem edifícios de Hong Kong; organização WWF alerta para que governo chinês enfrente emissões

A renda per capita chinesa se multiplicou por 50 nas últimas três décadas, algo que foi acompanhado pela rápida industrialização, desenvolvimento urbano e intensificação da agricultura que "aumentaram a pressão sobre a natureza", segundo o relatório da WWF.

O documento também contou com a colaboração do Conselho Chinês para a Cooperação Internacional em Meio Ambiente e Desenvolvimento, cujo secretário-geral, Zhu Guangyao, ressaltou em sua apresentação que "os próximos 20 anos serão vitais para que China alcance um desenvolvimento sustentável".

A China é o maior emissor mundial de dióxido de carbono, embora defenda nas negociações para a luta contra a mudança climática que são as nações desenvolvidas, por sua responsabilidade histórica no aquecimento global, que devem ser obrigadas a reduzir as emissões em até 40% por meio de um pacto internacional.

No entanto, o governo comunista prometeu diminuir sua intensidade de carbono (emissões totais divididas pelo PIB) entre 40% e 45% em 2020 com relação aos níveis de 2005, algo que é interpretado pela comunidade internacional como um passo importante, embora talvez não suficiente para tornar o desenvolvimento chinês sustentável.

"Garimpeiros urbanos" buscam ouro no lixo eletrônico

DA REUTERS

Melhores tecnologias e regras ambientais mais exigentes reduziram o ciclo de vida de muitos aparelhos eletrônicos --e geraram uma indústria de lixo eletrônico que deve triplicar para US$ 15 bilhões nos próximos cinco anos.

Para as maiores empresas de gestão de resíduos --Waste Management, Waste Connections, Republic Services e IESI-BFC--o lixo eletrônico é apenas uma fração dos resíduos sólidos com que lidam.

Mas muitas estão se esforçando para crescer no setor.

"É uma parte pequena do negócio, mas pode crescer ao longo do tempo", disse o analista da Morningstar Bradley Meeks.

A Waste Management, maior empresa do setor nos EUA, opera 200 centros de coleta de reciclagem de produtos eletrônico e planeja ter pontos de coleta em todo o país. Dos 8 centros que opera, três vêm de aquisições da companhia.

"Esperamos crescer ativamente neste setor e continuamos avaliando ambas as oportunidades orgânicas e de aquisição", disse o vice-presidente de reciclagem e marketing da Waste Management, Matt Coz.

Neste momento em que a China que produz mais de 90% dos metais de terras-raras do mundo, usados em lasers, supercondutores, computadores e muito mais tem dificultado acordos sobre exportações, aumentou o interesse pela extração de metais preciosos de lixo eletrônico --algo conhecido como garimpo urbano.

Metais recuperados do lixo eletrônico vão desde ouro, prata, cobre e alumínio até metais mais raros, como platina, gálio, índio e paládio.

Os metais mais preciosos são encontrados em CPUs, celulares e servidores, segundo John Shegerian, presidente-executivo da Electronic Recyclers International, uma das maiores recicladoras privadas de produtos eletrônicos.

PSDB critica gastos do governo Pessuti


Roger Pereira e Elizabete Castro

Depois de tentar barrar alguns projetos na Assembleia Legislativa para “deixar a decisão para o próximo governador”, os deputados de oposição e a equipe de transição do governador eleito, Beto Richa (PSDB) estão de olho, agora, nos gastos de final de mandato do governo Orlando Pessuti (PMDB).

Os diários oficiais do Estado e os decretos do Executivo são analisados dia-a-dia pela equipe de Beto, que já reclama de supostos excessos do atual governador. Só nesta semana, por exemplo, Pessuti baixou mais de 10 decretos abrindo crédito suplementar para diversos setores do governo do Estado, em valores que, somados, chegam a R$ 230 milhões.

Entre os decretos, a oposição está de olho no nº 8.714, de 9 de novembro, terça-feira, que abriu crédito de R$ 40 milhões para a chefia do Executivo, tirando recursos poupados de diversos órgãos do Estado para serem destinados ao pagamento das “programações especiais e encargos do Estado gerenciamento de precatórios”. Outro decreto, o 8.716, também de terça-feira destina R$ 10 milhões para “atendimento a encargos gerais do Estado”.

Há, ainda, crédito de R$ 18 milhões para a Secretaria dos Transportes destinar à construção e restauração de rodovias e R$ 5,3 milhões para a Secretaria de Desenvolvimento Urbano utilizar como contrapartida no PAC da Mobilidade da Região Metropolitana de Curitiba.

“São decisões ou de interesse pessoal, como no caso dos precatórios, ou atemporais. Pois a destinação de recursos para essas obras poderiam esperar pelo novo governador ou, ao menos, ser discutida com ele e com sua equipe de transição”, disse o deputado Ademar Traiano (PSDB), futuro líder de Beto na Assembleia. “E não estamos atentos só à abertura de crédito, há inúmeros editais de licitações sendo lançados às pressas, que podem atingir gastos de até R$ 600 milhões”, acrescentou.

Na quinta-feira, mais um decreto do governador causou espanto à oposição, o de n.º 8.738 que destina R$ 149,6 milhões à Chefia do Poder Executivo, para “programações especiais e encargos gerais da dívida pública interna”.

Para Traiano, é a prova que o Estado está em dificuldades econômicas. “Essas medidas vão causar prejuízo ao Estado e ao próximo governo. Se identificarmos que algum desses decretos podem comprometer a estrutura do Estado no ano que vem, podemos apresentar um decreto legislativo barrando”, ameaçou.

DEM rejeita ideia de fusão com PMDB

AE

A proposta de incorporação do Democratas ao PMDB, atribuída ao prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), está morta e enterrada, mas serviu para reorganizar a tropa no partido. É o que dizem o presidente do DEM, Rodrigo Maia, e o pai dele, o ex-prefeito do Rio Cesar Maia, que apostam na unificação do partido com o plano de fortalecer o DNA conservador e deixar o papel de linha auxiliar do PSDB para construir candidatura própria à Presidência em 2014. "Essa hipotética proposta não existe mais. Até Kassab é contra", afirmou Cesar Maia, em conversa com o Estado por e-mail, sobre a possibilidade de união com o PMDB. "Hoje, ninguém no DEM defende fusão com o PMDB. Nem no PMDB, segundo se diz." Maia também afasta qualquer chance de fusão com PSDB ou PPS.

O presidente de DEM e deputado reeleito Rodrigo Maia (RJ) disse ter conversado com Kassab, que compreendeu a inviabilidade da união com o PMDB. "Ele sabe que essa posição, nesse momento, não tem apoio no partido. Compreendeu que esse é o momento de refazer a unidade e pensar no futuro", disse hoje o deputado. O flerte de Kassab com o PMDB levou Rodrigo a acertar os ponteiros com várias lideranças do partido.

As conversas alinharam à proposta de fortalecimento ideológico, descolamento do PSDB e candidatura própria em 2014, líderes como o senador José Agripino (RN), reeleito em meio às baixas da oposição no Senado, e os deputados Antônio Carlos Magalhães Neto (BA), Onyx Lorenzoni (RS) e Roberto Brant (MG). O ex-prefeito Cesar Maia define a estratégia do DEM: "Reforçar sua coluna vertebral conservadora. Isso será feito."

Estados e municípios pressionarão Dilma por mais verba

AE

A briga dos Estados e municípios por mais dinheiro atingirá níveis inéditos em 2011. Quatro temas na agenda legislativa que envolvem mudanças na distribuição de dinheiro público estarão em debate: distribuição dos royalties do petróleo, reforma tributária, Lei Kandir e revisão dos índices dos Fundos de Participação.

Dependendo de como for conduzido, o debate pode cair no impasse de sempre. Se o governo tiver sucesso em suas ambições, Estados e municípios mais pobres terão mais recursos sem que as áreas mais desenvolvidas percam dinheiro. É certo, porém, que haverá mais pressões sobre o cofre federal, para contrariedade da presidente eleita, Dilma Rousseff, que gostaria de aumentar os investimentos.

Lei Kandir. O tema mais imediato é a articulação dos governadores por R$ 7,2 bilhões referentes à Lei Kandir. Essa lei isentou do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) as exportações de produtos básicos e semielaborados. Como a medida trazia perdas aos cofres estaduais, a União concordou em compensá-las até 2002, prazo depois estendido até 2006. Agora, mesmo sem lei, os Estados continuam pressionando por dinheiro.

A tendência é que o governo federal inclua no Orçamento de 2011 os mesmos R$ 3,9 bilhões pagos este ano. "É difícil ser mais do que isso", disse o deputado Walter Pinheiro (PT-BA), eleito senador e cotado para ocupar algum posto de destaque no Executivo ou no Legislativo em 2011. "Mas podemos negociar alguma alteração depois de março." Março é o mês em que o Congresso começa efetivamente a funcionar, depois de definida a ocupação dos postos-chave na Câmara e no Senado.

Na cabeça dos estrategistas do governo, a Lei Kandir é um tema menor na agenda de relacionamento com os Estados em 2011. O grande trunfo nas mãos da presidente eleita, Dilma Rousseff, é a distribuição dos royalties do petróleo, um bolo estimado em R$ 50 bilhões. A ideia é partilhar esse dinheiro com todo o País, e não só entre os Estados e municípios produtores, como é hoje. As áreas mais pobres tendem a ser mais beneficiadas, de forma a reduzir as desigualdades regionais.

Programa de combate ao trabalho infantil vira “bolsa assistencialismo”

Os filhos não trabalham, mas Edinalva de Oliveira foi orientada a se inscrever no Peti quando parou de receber o Bolsa Família

PAOLA CARRIEL/GP

Criado para ser a principal forma de combate ao trabalho de crianças e adolescentes no país, o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti) vem sendo usado de forma assistencialista pelos municípios. Em vez de identificar e beneficiar meninos e meninas que estão nessa situação, as prefeituras fazem do Peti uma espécie de subcategoria do Bolsa Família. Quem não se encaixa nos critérios do Bolsa Família é encaminhado para o programa, mesmo sem ter filhos trabalhando. Enquanto isso, crianças que deveriam ser enquadradas no Peti continuam trabalhando.

O Peti é um programa federal, mas a responsabilidade de identificar e monitorar as crianças é dos municípios. O problema é que a falta de estrutura (como equipes qualificadas de assistentes sociais) impede um mapeamento eficaz do trabalho infantil nos municípios. Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) de 2009 mostram que há subnotificação no país. Na faixa etária de 5 a 14 anos há 1,381 milhão de meninos e meninas trabalhando, mas apenas 831 mil recebem o auxílio. Quando se considera a faixa até 17 anos, o número chega a 4,3 milhões.

Uso correto

Programa tira crianças do lixão

Quando o Peti cumpre seu papel e afasta as crianças do trabalho, os benefícios para as famílias são decisivos, principalmente em relação à escola. Cadastrada no programa Bolsa Família, a catadora Maria Madalena da Silva, 48 anos, tem a guarda de quatro netos e todos participam do programa. Eles frequentam a escola e as atividades ofertadas. Segundo Maria, as crianças foram encaminhadas para o projeto porque ficavam no lixão enquanto ela trabalhava. “Eu nunca os coloquei para trabalhar. Eles iam até lá catar latinhas para depois comprar pipa e doces.”

Maria Madalena faz parte da população atendida pelo Peti em Paranaguá, no litoral do Paraná. O benefício chega a mais de 50 crianças, a maioria delas moradora da região da Vila Santa Maria, próxima ao aterro sanitário do município. Sueli Regina Bruning, que coleta lixo para reciclagem, também tem o apoio do programa. Ela conta que seus cinco filhos a acompanhavam em seu trabalho no lixão. “Eles acabavam ajudando a gente”, comenta. “Hoje eu nem peço para eles irem à escola. Todos já sabem seus horários e vão direitinho, sem reclamar.”

Por outro lado, existem indícios de que há algo errado em alguns estados. Em Pernambuco, a Pnad identificou 86 mil crianças em situação de trabalho, mas 106 mil recebem o Peti. Na Paraíba são 22 mil, mas o número de beneficiados chega a 52 mil. Na outra ponta há a subnotificação, como em Minas Gerais, onde só um terço das crianças nessa situação participa do Peti.

Em 2006 o governo federal unificou o Peti e o Bolsa Família e os pais passaram a receber um único benefício, para evitar duplicidades. Atualmente, os familiares enquadrados no Bolsa Família recebem apenas o valor referente a esse programa. Os que não se encaixam recebem um valor exclusivo do Peti.

Oferta

Em Campo Mourão, na região Centro-Oeste do estado, a dona de casa Edinalva de Oliveira, 29 anos, foi orientada a se inscrever no Peti após ser excluída do Bolsa Família, quando a renda do marido aumentou. Os dois filhos frequentam a escola e passam o restante do dia com a mãe. Os quatro moram em uma casa com seis cômodos. Têm na sala de estar uma televisão de plasma de 29 polegadas e na garagem um veículo Voyage fabricado em 1989.

O marido de Edinalva trabalha como motorista e tem uma renda mensal de R$ 750, que com as horas extras pode chegar a R$ 1 mil. “Fui ao centro de integração e eles me incentivaram a fazer o Peti, fiz e aguardo o dinheiro. Vou usar para comprar roupas e material escolar”, comentou Edinalva, que até pouco tempo recebia R$ 60 mensais do Bolsa Família. “Era um dinheiro extra que ajudava, mas a renda do meu marido aumentou.”

Em Matinhos, no litoral do estado, os três filhos da doméstica Divair Soares da Rocha frequentam as atividades de contraturno do Peti, mesmo sem nunca terem trabalhado. “Um pessoal bateu na porta da minha casa e ofereceu o programa, dizendo que era o melhor para os meus filhos.”

Sem contraturno

Outro exemplo é o da doméstica Santina Cordeiro Marques, que recebe o benefício apesar de seu filho de 15 anos nunca ter frequentado o contraturno, um pré-requisito para o Peti. Ela diz que só voltou a receber o benefício há três meses, quando o filho voltou à escola. “Ele parou de estudar e acabou perdendo a vaga no colégio. Agora que ele retornou, consegui receber novamente.” Segundo ela, durante o verão seu filho insiste em trabalhar. “Na temporada ele sai para trabalhar comigo. Eu não obrigo, mas ele quer.”

Em Foz do Iguaçu, no Oeste do estado, a dona de casa Ana Márcia Pimenta Viniski, 33 anos, aguardou oito meses pelo repasse do Peti, período no qual manteve sua filha de 14 anos e seu filho de 12 na escola e nas atividades socioeducativas. Cansada de esperar, migrou para o Bolsa Família, mas até agora não recebeu nada. A renda da família varia de R$ 800 a R$ 900 por mês – ela ganha a vida como costureira e o marido como motorista. Os filhos só trabalharam em Praia Grande (SP), onde o casal morava antes de se mudar para Foz.

Luciano Ducci falará sobre desenvolvimento sustentável em Fórum Internacional na Itália

O prefeito Luciano Ducci fará palestra no Fórum Internacional sobre Patrimônio Cultural e Paisagem Urbana, na quinta-feira (18), em Florença, na Itália. O prefeito de Curitiba foi convidado pela instituição italiana The European House – Ambrosetti, organizadora do fórum.

Luciano Ducci descreverá a experiência de Curitiba como cidade sustentável, destacando que o investimento em paisagem urbana e meio ambiente pode trazer vantagens econômicas e desenvolvimento para a cidade. "A sustentabilidade é somente uma ideia até que seja colocada em prática e adotada pela população. Para isso, são necessárias ações. Por isso, Curitiba busca soluções inovadoras e criativas, financeiramente viáveis e, principalmente, que envolvam a comunidade", afirma Luciano Ducci.

O fórum terá participação de autoridades e especialistas de vários países, como os ministros da Cultura da Itália, da Bulgária, da Hungria e do Bahrain; dos prefeitos de Barcelona, Boston e de Florença; de diretores de museus importantes, como o Museu de Arte Moderna de Nova York, Museu do Patrimônio da Rússia, Museu de Antiguidades do Cairo, e Museu Metropolitano de Nova York.

Luciano Ducci falará também do programa de Biodiversidade Urbana – Biocidade, lançado em 2007. "O Biocidade foi o passo além na história do planejamento urbano e ambiental da cidade, e veio para aperfeiçoar as boas práticas ambientais e urbanas consolidadas em Curitiba", diz o prefeito.

Entre as ações do Biocidade está o incentivo e orientação aos proprietários de fragmentos florestais nativos, inclusive com a isenção de impostos, para que preservem estas áreas. O programa prevê ainda a remoção de espécies vegetais exóticas invasoras de dentro dos parques e bosques, substituindo com o plantio de espécies nativas regionais como uma forma de manter a biodiversidade local.

A Linha Verde é outro tema de destaque na palestra do prefeito. Pela Linha Verde circulam ônibus movidos 100% a biocombustível, e a via tem espécies nativas no paisagismo de seus canteiros, e uma ciclovia ao longo de seus quase 10 quilômetros.

Luciano Ducci destacará ainda que Curitiba foi a primeira cidade da América Latina a utilizar ônibus movidos somente a biocombustível, sem a mistura de diesel. Os primeiros veículos começaram a circular em agosto do ano passado, e, até 2012, pelo menos 10% da frota do transporte coletivo da cidade deverão ser de veículos movidos 100% a biocombustível.

Da Itália, o prefeito seguirá para a Cidade do México, capital mexicana, onde participará no domingo (21) da Cúpula Mundial de Prefeitos sobre Mudanças Climáticas, bem como da apresentação do Green Index Latin America (Índice Verde América Latina), um levantamento feito pela revista The Economist sobre a sustentabilidade em cidades da América Latina. Curitiba foi incluída no estudo. Luciano Ducci retorna a Curitiba no domingo. O vice-presidente da Câmara, vereador Tito Zeglin, será o prefeito em exercício.

Líder de Richa critica licitação da rodovia interportos


Correio do Litoral

O deputado estadual Ademar Traiano (PSDB) já deu a primeira pista de que o governador Beto Richa (PSDB) não irá levar adiante o projeto da rodovia interportos e da ponte de Guaratuba.

Traiano faz parte da equipe de transição de Richa, é já foi escolhido como futuro líder da bancada governista na Assembleia. Nesta terça-feira (9) ele criticou a abertura de licitação para a contratação de projeto lançada pelo atual governador, Orlando Pessuti (PMDB).

A licitação dos cinco lotes do projeto prevê gastos de no máximo R$ 26,9 milhões e abertura das propostas no dia 20 de dezembro. Sobre o custo total da obra, o governo já declarou valores entre R$ 500 milhões e R$ 700 milhões.

“Para que investir R$ 40 milhões (sic) em papel, em uma obra que sequer se sabe se sairá, ou se haverá interesse do próximo governo em realizá-la?”, disse Traiano à imprensa.

“Há uma voracidade enorme no sentido de garantir algumas licitações certamente com interesses outros”, acusou o deputado, afirmando ainda que não há previsão no Orçamento de 2011 para essa contratação.

O líder do novo governo admitiu, porém, que não há como impedir essas iniciativas de última hora do governo Pessuti. “Não existe como barrar. Não há medida jurídica para isso. Cabe a nós tornar público”, reconheceu. O deputado afirmou que vai enviar um requerimento ao presidente do Tribunal de Contas, Hermas Brandão, pedindo para apurar as denúncias.

Um lago de dúvidas, Belo Monte


A construção da usina hidroelétrica Belo Monte é cogitada desde a década de 70, pelo governo militar, durante o milagre brasileiro, no entanto os impactos ambientais que a obra geraria, os enormes gastos de verba pública devido à sua magnitude e as manifestações das populações residentes daquela região contra a construção da barragem impediram a realização da obra.

Durante os anos de 1995 a 2002 a obra foi cogitada novamente, mas pelo governo FHC e foi duramente criticada pela oposição dura do PT. Esta alegava que a obra era desnecessária devido aos impactos acusados nos estudos, ainda incompletos, e às dívidas que os cofres públicos herdariam com a sua construção. O governo do PSDB, por sua vez, queria emplacar a obra devido ao déficit energético nacional que havia gerado o fenômeno do apagão.

Durante o ano de 2010, o governo federal, liderado pelo mesmo PT, antes oposição de cunho popular e interessada no bem estar social, disse que construirá Belo Monte mesmo que use o capital estatal, apenas, para tal.

Belo Monte foi leiloada entre dois consórcios liderados, ambos, por capital do estado, do fundo de pensão do BNDES, em um evento pontual entre diversas licitações e ordens judiciais de embargos à obra por parte do governo do Pará.

O governo paraense diz que os impactos ambientais ainda não calculados podem ser deverás grave porque o alagamento de uma área de milhares de hectares em meio à floresta amazônica pode acabar com vários ecossistemas que estão presentes apenas naquelas regiões, aniquilando, assim, espécies animais e vegetais nativas daquele local.

Outro ponto relevante acerca da discussão Belo Monte é a condição das famílias ribeirinhas e das comunidades indígenas paraenses. Muitos estudiosos alegam que, por alterar o regime das cheias da região, a construção da usina vai prejudicar a vida dos nativos por alterar a quantidade de pescado, de caça e da extensão territorial dos seus domínios. Por outro lado, o governo ainda seria responsável pela realocação das diversas famílias ribeirinhas que serão tiradas de suas cidades, futuramente alagadas.

Existem ainda pesquisas que demonstram que a usina não poderá operar à todo vapor durante todo o ano, tendo assim sua capacidade de geração de energia reduzida de 11Kwz para 4.5Kwz, o que, mais uma vez, seria uma barreira para a sua construção.

Congressistas da base da oposição defendem outras alternativas como a construção de pequenas usinas hidroelétricas locais, a utilização de usinas eólicas e, até mesmo, a utilização da energia nuclear, como opções mais baratas e rentáveis de produção energética, mas o governo insiste na construção de Belo Monte, enquanto a base aliada do governo defende a construção da usina.

Mais um ponto interessante nesta discussão é o custo da obra, o governo federal estima que ela custará 19 bilhões aos cofres públicos, mas as empresas privadas já avisaram que a obra não sairá por menos de 30 bilhões por parte do governo, o que pode ser um grande dividendo adicional se contarmos que o Brasil já possui uma dívida pública de 2.2 trilhões de reais.

Quase 4 mil fora do vestibular da UFPR


Daniel Caron/ParanáOnline

Um círculo formado por candidatos logo na entrada do campus Agrárias da Universidade Federal do Paraná (UFPR) traduziu o clima de tranquilidade que marcou ontem a primeira fase da 39.ª edição do vestibular.

A universidade, que teve o maior número de inscritos dentre as federais do Sul do País, também registrou baixo número de ausentes: 8,6% (3.764 candidatos). Em 2009, quase 4,2 mil não compareceram na primeira etapa. Esse não foi o único feito.

A estrutura montada para garantir o tráfego livre de tumulto permitiu com que todos os locais de provas fechassem os portões pontualmente às 13h30. Resultado, não existiu a clássica e triste cena de vestibulandos tentando pular os portões por causa de atrasos.

Aliás, o último a entrar no campus Agrárias, fez isso às 13h28 e cruzou o portão sem esboçar muita ansiedade. No local, estavam inscritos 963 estudantes que prestavam o concurso para os cursos de Medicina Veterinária e Zootecnia.

A única ocorrência mais tensa do concurso foi na Uniandrade, onde um candidato foi eliminado por se negar a entrega a arma.”Informações preliminares davam conta que ele era policial e iria prestar vestibular para Direito, porém, não quis deixar a arma com o fiscal de provas”, esclareceu o coordenador geral do Núcleo de Concursos Raul Von der Heyde.


Terra

1ª fase do vestibular 2011 da UFPR

A Universidade Federal do Paraná (UFPR) aplicou, neste domingo, a primeira fase do vestibular 2011.

Os candidatos foram submetidos a questões objetivas, de múltipla escolha, sobre conhecimentos gerais.

Os primeiros candidatos a terminarem a prova do vestibular da Universidade Federal do Paraná deixaram as salas de aula por volta das 15h30 deste apontando a prova de química como a mais difícil entre todas as disciplinas cobradas nesta primeira fase.

Dos 48,3 mil candidatos, 33 mil solicitaram que a nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) fosse utilizada como 10% de sua nota na UFPR. O reitor da UFPR, Zaki Akel Sobrinho, disse que os problemas do Enem justificam a cautela da UFPR em utilizar o exame, por enquanto, apenas como 10% da nota final e dedicar 10% das vagas ao Sistema de Seleção Unificado (Sisu).

Zaki classificou a primeira fase do vestibular como de "absoluta tranquilidade e segurança institucional". Foram registradas 3.764 ausências, nove ocorrências hospitalares e uma desclassificação de candidato, por porte de arma. Ele era policial e se recusou a entregar para a segurança.

Nos dias 5 e 6 de dezembro será realizada a segunda prova. O resultado final está previsto para o dia 21 de janeiro de 2011.

Até 80% dos presos fumam crack


Felipe Recondo/AE

As duas rebeliões em presídios do Maranhão e do Amazonas, com 21 mortos, expuseram (mais uma vez) a real situação do sistema carcerário brasileiro. O diagnóstico que o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) começou a fazer em 2008 e confirmou em praticamente todos os Estados é: superlotação, más condições, demora nos julgamentos, tráfico de drogas e violência dentro dos presídios. O que aconteceu nessas duas cadeias nesta semana não é exceção. Ao contrário, todo o sistema carcerário corre o mesmo risco. E as ameaças aumentam com o tráfico de drogas em profusão, em especial crack, nos presídios, afirma ao Estado o coordenador do Departamento de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário do CNJ, Luciano Losekann.

O que aconteceu no presídio de Pedrinhas (MA) é caso isolado?

Isso, infelizmente, tem se tornado regra. O problema da superlotação causa a ausência de um tratamento penal. O preso é simplesmente jogado no estabelecimento sem nenhuma atividade, sem tratamento psicológico ou psiquiátrico, sem qualquer tipo de trabalho.

E o que isso provoca?

Uma decorrência disso é que o tráfico de drogas está em profusão também dentro do sistema carcerário. Aquela noção de que o sujeito ficará isolado não é verdade. O traficante continua sua atividade dentro do presídio, às vezes com o beneplácito do Estado. (...) Isso se associa também à prática de tortura. O sujeito privado de liberdade, sendo torturado, sendo cooptado pelo tráfico, traficando lá dentro e sendo aliciado pelo crime organizado dentro do estabelecimento penal cria esse tipo de caldo de cultura para essas rebeliões.

Elas têm razão de ser. É isso?

Infelizmente, por vezes, sim. A rebelião resulta da desconformidade do preso com esse tipo de situação, que é realmente insuportável. É só nos colocarmos no lugar no apenado. Imagine você privado de liberdade, sendo cooptado e tendo de se submeter a isso aí.

Rebeliões como de Pedrinhas podem repetir-se?

Rebeliões podem repetir-se pela situação de negligência e descaso que vemos por parte dos Executivos estaduais em relação ao sistema penitenciário.

Por que os governos estaduais não investem no sistema?

A grande preocupação hoje das Secretarias de Segurança dos Estados é investir nas Polícias Civil e Militar. Mas esquecem a ponta do sistema de segurança pública que é o sistema penitenciário. Hoje, o sistema penitenciário é produtor de criminalidade. E sinceramente não vejo luz no fim do túnel enquanto a sociedade brasileira não debater seriamente seu sistema prisional. Estamos caminhando a passos largos para uma política de encarceramento adotada pelos Estados Unidos há 30 anos e não vamos ter presídios suficientes para toda a população carcerária. (...) Ou vamos intervir de forma muito clara e forte sobre o que queremos sobre política de segurança nessa área ou estamos fadados ao insucesso. Todas as políticas até agora não estão dando certo.

Por exemplo?

A política nacional antidrogas é um fracasso. Hoje, os filhos da classe média passaram a cumprir pena no nosso sistema carcerário. Eles começam a se viciar em crack e a cometer delitos leves que deságuam no roubo. São filhos de professores, psiquiatras, advogados, médicos. E a sociedade parece não estar preocupada com isso. Um problema que é de saúde pública acabou sendo judicializado.

Há uma mudança?

Não sei se posso falar que é positivo, mas a classe média, que nunca se preocupou com o sistema penitenciário, porque era coisa para pobre e marginal, começa a ser afetada. Essas famílias passaram a fazer um périplo pelas Varas de Execução Penal para falar com os juízes, porque começaram a se dar conta de que os filhos podem ir para esse sistema que não recupera ninguém.

E o Judiciário?

Os juízes estão impotentes para lidar com o tráfico. Não é apenas fora do sistema, dentro dos presídios é um caos. Hoje não temos como tratar essas pessoas lá dentro. Seguramente, de 50% a 80% da população carcerária, variando conforme o Estado, é viciada em crack, que circula livremente nas celas.

A prisão agrava esse vício?

É um erro se imaginar que ao prender o viciado o problema estará resolvido. Ao contrário, o problema será aumentado. (...) Temos uma bomba-relógio armada e pronta para estourar.

A política antidrogas não existe dentro do presídio?

Se a política nacional antidrogas fora do sistema é ruim, dentro dos presídios é duas vezes pior. Não existe tratamento nenhum. Temos uma lei que trata o usuário como problema de saúde pública, o que acho correto. Mas o problema de saúde pública foi transferido para a área de segurança pública, caindo na cloaca do sistema de justiça social que é o Poder Judiciário. Hoje temos dados de situações escandalosas. Pessoas que nunca tiveram o problema do vício passaram a se viciar em crack.

O que isso provoca?

Mais criminalidade. Porque esse sujeito vai procurar mais droga quando sair do sistema. O sistema é tão perverso que a família do preso hoje é refém do tráfico de drogas. Os familiares têm de levar celulares, facas. E quem não se submete a isso tem a família ameaçada ou é torturado dentro do presídio.

O comércio de drogas é volumoso dentro dos presídios?

Estima-se que no presídio central de Porto Alegre circulam por mês R$ 40 mil somente com tráfico de drogas. Isso é uma estimativa do que se trafica só ali dentro. Um fator preocupante que permite isso é o comprometimento de agentes penitenciários com o tráfico de drogas e armas.


NOVAS MEDIDAS ECONÔMICAS A SEREM TOMADAS NO GOVERNO DILMA:

AE

Para a equipe de Dilma, medidas de desoneração tributária são compatíveis com o esforço fiscal necessário em 2011 porque geram mais arrecadação ao estimular a economia. A presidente vai investir em grandes reformas, mas pretende olhar com atenção para a microeconomia.

"Vamos apostar na reforma tributária, mas tem uma chance altíssima de juntar tanta gente contra a ponto de impedir que aconteça. Enquanto isso, é mais fácil avançar com as reformas micro", disse Bernardo. Uma série de medidas estão em estudo na equipe de Dilma. Abaixo seguem alguns projetos em discussão.

Simples. Dilma quer elevar o limite de faturamento anual das empresas que podem entrar Simples, um sistema tributário diferenciado. Hoje está em R$ 240 mil para as pequenas e R$ 2,4 milhões para as médias.

Microempreendedor. Está em análise a elevação do limite de enquadramento do trabalhador informal como microempreendedor individual, hoje em R$ 36 mil ao ano. O sistema torna mais fácil a abertura de conta bancária e a entrada no Simples. Cerca de 500 mil pessoas estão cadastradas, porque a tecnologia não funcionou adequadamente. O governo quer chegar a 1 milhão.

Folha de pagamento. Dilma pretende avançar na desoneração da folha de pagamento. Pela proposta inicial de Lula, cairia de 20% para 14% do total da remuneração o valor pago como contribuição previdenciária, além de acabar os 2,5% do salário educação. O governo não quer abrir mão de arrecadação, mas substituir por outro recurso.

Crédito. Está quase pronto um projeto para incentivar os bancos privados a conceder financiamentos no longo prazo. O governo também quer incentivar mais o crédito imobiliário. Nesse caso, o problema é garantir recursos com baixas taxas de juros.

Seguro. O novo governo planeja avançar na regulação do mercado de seguros, não só para grandes projetos de infraestrutura, mas também para o seguro popular. A avaliação é que a classe C emergente está totalmente desprotegida, o que significa um extenso mercado a explorar.

Pregão eletrônico. Criado no governo FHC, o pregão eletrônico foi tornado obrigatório na gestão Lula. A avaliação é que agilizou as licitações e permitiu que pequenas empresas também participassem. A ideia agora é aprovar uma lei estabelecendo que Estados e municípios também adotem o sistema. Um projeto sobre o assunto está em tramitação no Congresso.

Energia elétrica. Dilma é simpática a proposta de reduzir a tributação sobre a energia elétrica, o que desoneraria consumidores e empresas. Mas é mais difícil de sair do papel, porque a presidente eleita avalia que é preciso contrapartida dos Estados.

SEM RESPEITAR OS DIREITOS DOS POVOS DA FLORESTA: Cade julga na terça-feira o consórcio Norte Energia, da Belo Monte

Célia Froufe/AE

BRASÍLIA - O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) deve aprovar na próxima terça-feira a formação do consórcio Norte Energia, responsável pela construção e operação da usina hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu (PA). Não há histórico de reprovação de consórcios como este na história do órgão antitruste. A tendência é de permissão de atuação do grupo, pois se trata de um empreendimento novo, que ampliará na oferta de energia, não provocando nenhum tipo de risco concorrencial.

O contrato de concessão foi celebrado em 26 de agosto. Assim como em um processo de fusão e aquisição, o novo consórcio tem 15 dias após a assinatura do contrato para apresentar a formação do grupo ao Cade. Se passar desse período, é aplicada multa por intempestividade. O leilão para Belo Monte foi realizado em 20 de abril pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e o vencedor seria o que apresentasse o menor preço. A Norte Energia ofereceu uma tarifa de R$ 78,00 por megawatt/hora - deságio de 6,02% em relação ao preço definido pelo governo, de R$ 83,00.

Apenas o consórcio vencedor precisa enviar sua formação para apreciação do Conselho. Os demais não precisam passar por esse processo. Pelo menos, por enquanto. O projeto de Lei que trata do SuperCade no Congresso, no entanto, propõe que todos os participantes de leilão precisem submeter suas formações ao órgão antitruste. Atualmente, um dos parâmetros para que o grupo seja ou não avaliado pelo Conselho é o faturamento anual de pelo menos uma de suas empresas acima de R$ 400 milhões por ano.

As requerentes no processo que está no Cade são a Bolzano Participações, a Norte Energia e a Caixa Fundo de Investimentos em Participações. O relator do processo é o conselheiro Olavo Chinaglia. Tanto a Secretaria de Acompanhamento Econômico (Seae), do Ministério da Fazenda, quanto a Secretaria de Direito Econômico (SDE), do Ministério da Justiça, e o Ministério Público publicaram pareceres recomendando a aprovação do grupo sem restrições.

A hidrelétrica será uma das maiores do mundo, com a perspectiva de iniciar as operações em 2015. A capacidade média prevista é de 11 mil megawatts. "É importante ressaltar que a operação viabiliza alternativa até então inexistente de geração de energia elétrica, constitui criação de nova capacidade de geração e, consequentemente, expansão da oferta de energia no subsistema da região Norte e na interligação do País", escreveu o assistente técnico da Seae, Gilson Marques Rebelo.

Antes tarde do que nunca: BC vai intimar até sexta ex-diretores do Panamericano

Leandro Modé/AE

O Banco Central (BC) vai intimar até sexta-feira os ex-diretores do Banco Panamericano para que expliquem as inconsistências contábeis que levaram a instituição a acumular um rombo de R$ 2,5 bilhões.

A autoridade já encontrou indícios suficientes para abrir um processo administrativo contra os executivos. O primeiro passo é a intimação. Eles terão entre 15 e 30 dias para se defender.

Também até o fim desta semana, o BC encerrará as investigações dentro do banco. O resultado será enviado para o Ministério Público em São Paulo. Técnicos do BC entraram no Panamericano em meados de setembro, depois de identificar problemas na contabilidade.

Segundo o BC, o Panamericano tinha uma estrutura de despesas incompatível com as receitas. Com isso, apurava seguidos prejuízos, que eram mascarados pelas fraudes contábeis. A principal delas era a não contabilização da venda de carteiras de crédito para outras instituições financeiras (normalmente de grande porte, como Bradesco, Itaú, Santander e HSBC).

O Panamericano continuava computando como sua as receitas decorrentes desses empréstimos, inflando os resultados e encobrindo os prejuízos. Ainda não se sabe por que o banco acumulava perdas. Umas das hipóteses é a concessão de empréstimos em um ramo altamente arriscado: automóveis usados.

A antiga diretoria do banco era encabeçada por Rafael Palladino (diretor superintendente, primo de Íris, mulher do empresário Silvio Santos) e Wilson Roberto de Aro (diretor financeiro).

Conforme antecipou o Estado na edição de sábado, o BC também identificou indícios de desvio de dinheiro por parte dos ex-diretores do Panamericano. Oficialmente, a instituição nega a hipótese. Por meio da assessoria de imprensa, informa que o foco da investigação é a fraude nas carteiras de crédito.

O BC também já encontrou no banco Certificados de Depósitos Bancários (CDBs) com taxas de remuneração elevadas para os padrões brasileiros. A informação também é negada oficialmente pela instituição.

O Panamericano foi uma das instituições que mais recorreram a um tipo de CDB regulamentado pelo BC no auge da crise de 2008, que previa um seguro anticalote para aplicações de até R$ 20 milhões. Em abril de 2009, esses CDBs chegaram a representar 50% das receitas do banco.

Fraudes escondidas. A contabilidade do Panamericano passou por vários crivos ao longo dos últimos anos. Nenhum deles detectou as fraudes. Segundo o BC, a maquiagem dos números começou em 2006. Em novembro do ano seguinte, o Panamericano emitiu ações na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Com a operação, arrecadou quase R$ 777 milhões.

No fim do ano passado, os auditores e negociadores da Caixa Econômica Federal também mergulharam nas contas do Panamericano quando o banco estatal comprou 49% do capital votante do banco de Silvio Santos por R$ 739 milhões. Mais uma vez, ninguém viu.

A Caixa deve interpelar a KPMG e o Banco Fator para prestarem esclarecimento sobre a auditoria que fizeram nas contas do Panamericano. A interpelação extrajudicial tem como objetivo saber por que as empresas não identificaram a fraude que resultou no rombo de R$ 2,5 bilhões no Panamericano. A partir daí, a Caixa decidirá se entrará ou não com alguma medida judicial.

Por enquanto, o banco público avalia que não há motivos para acionar judicialmente as companhias, pois não houve prejuízos financeiros. Toda a "inconsistência patrimonial" detectada pelo BC foi coberta com um aporte do acionista controlador, no caso, o Grupo Silvio Santos.

Salvamento. Para escapar de uma eventual liquidação do banco pelo Banco Central foi montada uma operação de socorro em que o Fundo Garantidor de Crédito (FGC), um organismo dos bancos, forneceu um empréstimo de R$ 2,5 bilhões ao Banco Panamericano em troca foi exigido que o apresentador Sílvio Santos colocasse como garantia o seu patrimônio. O financiamento foi feito em dez anos com carência de três.

 
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