domingo, 15 de julho de 2012

Nazista mais procurado do mundo Ă© achado. Que apodreça na prisĂ£o!!!


"Confirmo que Laszlo Csatary foi identificado em Budapeste", declarou Ă  AFP Efraim Zuroff. "O 'The Sun' pĂ´de fotografĂ¡-lo e filmĂ¡-lo graças a informações que fornecemos em setembro de 2011", acrescentou.

"HĂ¡ 10 meses, um informante nos deu elementos que nos permitiram localizar Laszlo Csatary em Budapeste.


Este informante recebeu 25 mil dĂ³lares que prometemos em troca de informações que permitam encontrar criminosos nazistas", disse Zuroff.

As informações sobre o paradeiro de Csatary foram enviadas em setembro de 2011 Ă  promotoria da capital hĂºngara. O vice-procurador de Budapeste, Jenö Varga, nĂ£o confirmou a informaĂ§Ă£o, limitando-se a declarar que "existe uma investigaĂ§Ă£o em andamento. A promotoria estĂ¡ estudando as informações recebidas." (AFP)

Em repĂºdio a violĂªncia contra as mulheres, mais de mil pessoas na Marcha das Vadias em Curitiba


                            72 mulheres jĂ¡ foram mortas este ano na Grande Curitiba.



                                        Dez mulheres sĂ£o mortas por dia no PaĂ­s



Entre 1997 e 2007, 41.532 mulheres foram assassinadas no Brasil


Em 50 municĂ­pios, os Ă­ndices de homicĂ­dio sĂ£o maiores que 10 por 100 mil habitantes.



                ParanĂ¡ Ă© o terceiro estado no ranking da violĂªncia contra a mulher.



                              Piraquara,  taxa de 24,4 casos de homicĂ­dios por 100 mil.



                     As mortes se concentram na faixa etĂ¡ria entre 20 e 29 anos.



 Curitiba, taxa de 4,7 mulheres assassinadas por 100 mil. 

As mortes se concentram na faixa entre 20 e 29 anos, com 7,7 mulheres assassinadas por 100 mil. 



Dom EugĂªnio Sales, o cardeal da ditadura


Enfim alguĂ©m diz a verdade. Fiquei falando sĂ³zinha um tempĂ£o. Eu me lembro em 1974, era pouco mais que uma menina, meu pai tinha sido sequestrado na Argentina, queria localizĂ¡-lo no Brasil (sabia que tinha sido trazido para cĂ¡) jĂ¡ tinha batido em todas as portas possĂ­veis, quando um Bispo disse que eu poderia tentar esse Cardel, no PalĂ¡cio SĂ£o Joaquim, pq ele era amigo do Frota e passava inclusive fins de semana no sĂ­tio do Frota em PetrĂ³polis. O Bispo me alertou porĂ©m que seria muito difĂ­cil ele me receber e mais ainda me ajudar, Eu tentei pq estava desesperada e nĂ£o tinha mais o que fazer. Procurei o Dom Eugenio Sales no seu PalĂ¡cio, claro que nĂ£o queria me atender. Eu corri e entrei no gabinete dele e comecei a falar. Ele me ouviu, depois me disse que saĂ­sse imediatamente dalĂ­ e NUNCA mais voltasse. Eu disse que nĂ£o saĂ­a. Ele se dirigiu ao telefone e disse que ia chamar o Doi-Codi. SaĂ­ correndo e nunca mais voltei. Ele era um canalha. Coloquei toda a verdade sobre ele na minha Tese de Doutorado, defendida na USP em 2007. NĂ£o se podem cometer assassinatos da HistĂ³ria da forma como a PIG estĂ¡ fazendo e ficar impunes.

MAIS:

Dom EugĂªnio Sales era, com todo o respeito, o cardeal da ditadura



O tratamento que a mĂ­dia deu Ă  morte do cardeal dom Eugenio Sales, ocorrida na Ăºltima segunda-feira, com direito Ă  pomba branca no velĂ³rio, me fez lembrar o filme alemĂ£o "Uma cidade sem passado", de 1990, dirigido por Michael Verhoven. Os dois casos sĂ£o exemplos tĂ­picos de como o poder manipula as versões sobre a histĂ³ria, promove o esquecimento de fatos vergonhosos, inventa despudoradamente novas lembranças e usa a memĂ³ria, assim construĂ­da, como um instrumento de controle e coerĂ§Ă£o.
Comecemos pelo filme, que se baseia em fatos histĂ³ricos. Na dĂ©cada de 1980, o MinistĂ©rio da EducaĂ§Ă£o da Alemanha realiza um concurso de redaĂ§Ă£o escolar, de Ă¢mbito nacional, cujo tema Ă© "Minha cidade natal na Ă©poca do III Reich". Milhares de estudantes se inscrevem, entre eles a jovem SĂ´nia Rosenberger, que busca reconstituir a histĂ³ria de sua cidade, Pfilzing – como Ă© denominada no filme – considerada atĂ© entĂ£o baluarte da resistĂªncia antinazista.
Mas a estudante encontra oposiĂ§Ă£o. As instituições locais de memĂ³ria – o arquivo municipal, a biblioteca, a igreja e atĂ© mesmo o jornal Pfilzinger Morgen – fecham-lhe suas portas, apresentando desculpas esfarrapadas. NinguĂ©m quer que uma "judia e comunista" futuque o passado. SĂ´nia, porĂ©m, nĂ£o desiste. Corre atrĂ¡s. Busca os documentos orais. Entrevista pessoas prĂ³ximas, familiares, vizinhos, que sobreviveram ao nazismo. As lembranças, contudo, sĂ£o fragmentadas, descosturadas, nĂ£o passam de fiapos sem sentido.
A jovem pesquisadora procura, entĂ£o, as autoridades locais, que se recusam a falar e ainda consideram sua insistĂªncia como uma ameaça Ă  manutenĂ§Ă£o da memĂ³ria oficial, que Ă© a garantia da ordem vigente. Por nĂ£o ter acesso aos documentos, SĂ´nia perde os prazos do concurso. Desconfiada, porĂ©m, de que debaixo daquele angu tinha caroço – perdĂ£o, de que sob aquele chucrute havia salsicha – resolve continuar pesquisando por conta prĂ³pria, mesmo depois de formada, casada e com filhos, numa batalha desigual que durou alguns anos.
Hostilizada pelo poder civil e religioso, SĂ´nia recorre ao JudiciĂ¡rio e entra com uma aĂ§Ă£o na qual reivindica o direito Ă  informaĂ§Ă£o. Ganha o processo e, finalmente, consegue ingressar nos arquivos. Foi aĂ­, no meio da papelada, que ela descobriu, horrorizada, as razões da cortina de silĂªncio: sua cidade, longe de ter sido um bastiĂ£o da resistĂªncia ao nazismo, havia sediado um campo de concentraĂ§Ă£o. LĂ¡, os nazistas prenderam, torturaram e mataram muita gente, com a cumplicidade ou a omissĂ£o de moradores, que tentaram, depois, apagar essa mancha vergonhosa da memĂ³ria, forjando um passado que nunca existiu.
Os documentos registraram inclusive a prisĂ£o de um judeu, denunciado na Ă©poca por dois padres, que no momento da pesquisa continuavam ainda vivos, vivĂ­ssimos, tentando impedir o acesso de SĂ´nia aos registros. No entanto, o mais doloroso, era que aqueles que, ontem, haviam sido carrascos, cĂºmplices da opressĂ£o, posavam, hoje, como herĂ³is da resistĂªncia e parceiros da liberdade. Quanto escĂ¡rnio! Os safados haviam invertido os papĂ©is. Por isso, ocultavam os documentos.
Deus tĂ¡ vendo
E Ă© aqui que entra a forma como a mĂ­dia cobriu a morte do cardeal dom EugĂªnio Sales, que comandou a Arquidiocese do Rio, com mĂ£o forte, ao longo de 30 anos (1971-2001), incluindo os anos de chumbo da ditadura militar. O que aconteceu nesse perĂ­odo? O Brasil jĂ¡ elegeu trĂªs presidentes que foram reprimidos pela ditadura, mas atĂ© hoje, nĂ£o temos acesso aos principais documentos da repressĂ£o.
Se a ComissĂ£o Nacional da Verdade, instalada em maio Ăºltimo pela presidente Dilma Rousseff, pudesse criar, no campo da memĂ³ria, algo similar Ă  operaĂ§Ă£o "Deus tĂ¡ vendo", organizada pela Policia Civil do Rio Grande do Sul, talvez encontrĂ¡ssemos a resposta. Na tal operaĂ§Ă£o, a PolĂ­cia prendeu na Ăºltima quinta-feira quatro pastores evangĂ©licos envolvidos em golpes na venda de automĂ³veis. Seria o caso de perguntar: o que foi que Deus viu na Ă©poca da ditadura militar?
Tem coisas que atĂ© Ele duvida. Tive a oportunidade de acompanhar a trajetĂ³ria do cardeal EugĂªnio Sales, na qualidade de repĂ³rter da ASAPRESS, uma agĂªncia nacional de notĂ­cias arrendada pela CNBB em 1967. TambĂ©m, cobri reuniões e assembleias da ConferĂªncia dos Bispos para os jornais do Rio – O Sol, O Paiz e Correio da ManhĂ£, quando dom EugĂªnio era Arcebispo Primaz de Salvador. É a partir desse lugar que posso dar um modesto testemunho.   Os bispos que lutavam contra as arbitrariedades eram Helder CĂ¢mara, Waldir Calheiros, CĂ¢ndido Padin, Paulo Evaristo Arns e alguns outros mais que foram vigiados e perseguidos. Mas nĂ£o dom EugĂªnio, que jogava no time contrĂ¡rio. Um dos auxiliares de dom Helder, o padre Henrique, foi torturado atĂ© a morte em 1969, num crime que continua atravessado na garganta de todos nĂ³s e que esperamos seja esclarecido pela ComissĂ£o da Verdade. Padres e leigos foram presos e torturados, sem que escutĂ¡ssemos um pio de protesto de dom EugĂªnio, contrĂ¡rio Ă  teologia da libertaĂ§Ă£o e ao envolvimento da Igreja com os pobres.
O cardeal Eugenio Sales era um homem do poder, que amava a pompa e o rapapĂ©, muito atuante no campo polĂ­tico. Foi ele um dos inspiradores das "candocas" – como Stanislaw Ponte Preta chamava as senhoras da CAMDE, a Campanha da Mulher pela Democracia. As "candocas" desenvolveram trabalhos sociais nas favelas exclusivamente com o objetivo de mobilizar setores pobres para seus objetivos golpistas. Foram elas, as "candocas", que organizaram manifestações de rua contra o governo democraticamente eleito de JoĂ£o Goulart, incluindo a famigerada "Marcha da famĂ­lia com Deus pela liberdade", que apoiou o golpe militar, com financiamento de multinacionais, o que foi muito bem documentado pelo cientista polĂ­tico RenĂ© Dreifuss, em seu livro "1964: A Conquista do Estado" (Vozes, 1981). Ele teve acesso ao Caixa 2 do IPES/IBAD.
NĂ³s, toda a torcida do Flamengo e Deus que estava vendo tudo, sabĂ­amos que dom EugĂªnio era, com todo o respeito, o cardeal da ditadura. Se nĂ£o sofro de amnĂ©sia – e nĂ£o sofro de amnĂ©sia ou de qualquer doença neurodegenerativa – posso garantir que na Ă©poca ele nem disfarçava, ao contrĂ¡rio manifestava publicamente orgulho do livre trĂ¢nsito que tinha entre os militares e os poderosos.
"Quem tem dĂºvidas…basta pesquisar os textos assinados por ele no JB e n'O Globo" – escreve a jornalista Hildegard Angel, que foi colunista dos dois jornais e avaliou assim a opĂ§Ă£o preferencial do cardeal:
"A Igreja CatĂ³lica, no Rio, sob a Ă©gide de dom Eugenio Salles, foi cada vez mais se distanciando dos pobres e se aproximando, cultivando, cortejando as estruturas do poder. Isso nĂ£o poderia acabar bem. Acabou no menor percentual de catĂ³licos no paĂ­s: 45,8%…"
Portões do Sumaré
Por isso, a jornalista estranhou – e nĂ³s tambĂ©m – a forma como o cardeal Eugenio Sales foi retratado no velĂ³rio pelas autoridades. Ele foi apresentado como um combatente contra a ditadura, que abriu os portões da residĂªncia episcopal para abrigar os perseguidos polĂ­ticos. O prefeito Eduardo Paes, em campanha eleitoral, declarou que o cardeal "defendeu a liberdade e os direitos individuais". O governador SĂ©rgio Cabral e atĂ© o presidente do Senado, JosĂ© Sarney, insistiram no mesmo tema, apresentando dom EugĂªnio como o campeĂ£o "do respeito Ă s pessoas e aos direitos humanos".
NĂ£o foram sĂ³ os polĂ­ticos. O jornalista e acadĂªmico Luiz Paulo Horta escreveu que dom EugĂªnio chegou a abrigar no Rio "uma quantidade enorme de asilados polĂ­ticos", calculada, por baixo, numa estimativa do Globo, em "mais de quatro mil pessoas perseguidas por regimes militares da AmĂ©rica do Sul". Outro jornalista, JosĂ© Casado, elevou o nĂºmero para cinco mil. Ou seja, o cardeal era um agente duplo. Publicamente, apoiava a ditadura e, por baixo dos panos, na clandestinidade, ajudava quem lutava contra. SĂ³ faltou arranjarem um codinome para ele, denominado pelo papa Bento XVI como "o intrĂ©pido pastor".
Seria possĂ­vel acreditar nisso, se o jornal tivesse entrevistado um por cento das vĂ­timas. Bastaria 50 perseguidos nos contarem como o cardeal com eles se solidarizou. No entanto, o jornal nĂ£o dĂ¡ o nome de uma sĂ³ – umazinha – dessas cinco mil pessoas. Enquanto isto nĂ£o acontecer, preferimos ficar com o corajoso depoimento de Hildegard Angel, cujo irmĂ£o Stuart, foi torturado e morto pelo Serviço de InteligĂªncia da AeronĂ¡utica. Sua mĂ£e, a estilista Zuzu Angel, procurou o cardeal e bateu com a cara na porta do palĂ¡cio episcopal.
Segundo Hilde, dom EugĂªnio "fechou os olhos Ă s maldades cometidas durante a ditadura, fechando seus ouvidos e os portões do SumarĂ© aos familiares dos jovens ditos "subversivos" que lĂ¡ iam levar suas sĂºplicas, como fez com minha mĂ£e Zuzu Angel (e isso estĂ¡ documentado)". Ela acha surpreendente que os jornais queiram nos fazer acreditar "que ocorreu justo o contrĂ¡rio!", como no filme "Uma cidade sem passado".
Mas nĂ£o Ă© tĂ£o surpreendente assim. O texto de Hildegard menciona a grande habilidade, em vida, de dom Eugenio, em "manter Ă³timas relações com os grandes jornais, para os quais contribuiu regularmente com artigos". As azeitadas relações com os donos dos jornais e com alguns jornalistas em postos-chave continuaram depois da morte, como Ă© possĂ­vel constatar com a cobertura do velĂ³rio. A defesa de dom EugĂªnio, na realidade, funciona aqui como uma autodefesa da mĂ­dia e do poder.
Os jornais elogiaram, como uma virtude e uma delicadeza, o gesto do cardeal Eugenio Sales que cada vez que ia a Roma levava mamĂ£o-papaia para o papa JoĂ£o Paulo II, com o mesmo zelo e unĂ§Ă£o com que o senador Alfredo Nascimento levava tucumĂ£ jĂ¡ descascado para o cafĂ© da manhĂ£ do entĂ£o governador Amazonino Mendes. SĂ£o os rituais do poder com seus rapapĂ©s.
"Dentro de uma sociedade, assim como os discursos, as memĂ³rias sĂ£o controladas e negociadas entre diferentes grupos e diferentes sistemas de poder. Ainda que nĂ£o possam ser confundidas com a "verdade", as memĂ³rias tĂªm valor social de "verdade" e podem ser difundidas e reproduzidas como se fossem "a verdade" – escreve Teun A. van Dijk, doutor pela Universidade de AmsterdĂ£.
A "verdade" construĂ­da pela mĂ­dia foi capaz de fotografar atĂ© "a presença do EspĂ­rito Santo" no funeral. Um voluntĂ¡rio da Cruz Vermelha, Gilberto de Almeida, 59 anos, corretor de imĂ³veis, no caminho ao velĂ³rio de dom EugĂªnio, passou pelo abatedouro, no Engenho de Dentro, comprou uma pomba por R$ 25 e a soltou dentro da catedral. A ave voou e posou sobre o caixĂ£o: "Foi um sinal de Deus, Ă© a presença do EspĂ­rito Santo" – berraram os jornais. Parece que vale tudo para controlar a memĂ³ria, atĂ© mesmo estabelecer preço tĂ£o baixo para uma das pessoas da SantĂ­ssima Trindade. É muita falta de respeito com a fĂ© das pessoas.  
"A mĂ­dia deve ser pensada nĂ£o como um lugar neutro de observaĂ§Ă£o, mas como um agente produtor de imagens, representações e memĂ³ria" nos diz o citado pesquisador holandĂªs, que estudou o tratamento racista dispensado Ă s minorias Ă©tnicas pela imprensa europeia. Para ele, os modos de produĂ§Ă£o e os meios de produĂ§Ă£o de uma imagem social sobre o passado sĂ£o usados no campo da disputa polĂ­tica.
Nessa disputa, a mĂ­dia nos forçou a fazer os comentĂ¡rios que vocĂª acaba de ler, o que pode parecer indelicadeza num momento como esse de morte, de perda e de dor para os amigos do cardeal. Mas se a gente nĂ£o falar agora, quando entĂ£o? Stuart Angel e os que combateram a ditadura merecem que a gente corra o risco de parecer indelicado. É preciso dizer, em respeito Ă  memĂ³ria deles, que Dom EugĂªnio tinha suas virtudes, mas uma delas nĂ£o foi, certamente, a solidariedade aos perseguidos polĂ­ticos para quem os portões do SumarĂ©, atĂ© prova em contrĂ¡rio, permaneceram fechados. Que ele descanse em paz!
P.S: O jornalista amazonense FĂ¡bio Alencar foi quem me repassou o texto de Hildegard Angel, que circulou nas redes sociais. O doutor Geraldo SĂ¡ Peixoto Pinheiro, historiador e professor da Universidade Federal do Amazonas, foi quem me indicou, hĂ¡ anos, o filme "Uma cidade sem passado". Quem me permitiu discutir o conceito de memĂ³ria foram minhas colegas doutoras JĂ´ Gondar e Vera Dodebei, organizadoras do livro "O que Ă© MemĂ³ria Social" (Rio de Janeiro: Contra Capa/ Programa de PĂ³s- GraduaĂ§Ă£o em MemĂ³ria Social da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, 2005). Nenhum deles tem qualquer responsabilidade sobre os juĂ­zos por mim aqui emitidos.
JosĂ© Ribamar Bessa Freire e professor, coordena o Programa de Estudos dos Povos IndĂ­genas (UERJ) e pesquisa no Programa de PĂ³s-GraduaĂ§Ă£o em MemĂ³ria Social (UNIRIO)

Alemanha vira destino dos desempregados da Europa

Diante da escassez de mĂ£o de obra em sua regiĂ£o, a cidade alemĂ£ de Schwabisch Hall decidiu lançar uma campanha para atrair trabalhadores de paĂ­ses afetados pela crise na Europa. Mas nunca imaginou que o resultado seria uma inundaĂ§Ă£o de currĂ­culos chegando Ă  prefeitura e candidatos tomando a decisĂ£o de viajar mais de mil quilĂ´metros para entregar em mĂ£os suas fichas para disputar um posto de trabalho.
O que ocorreu na cidade prĂ³xima Ă  Stuttgart Ă© apenas um espelho de um novo fenĂ´meno europeu. Ilha de estabilidade dentro de uma Europa em convulsĂ£o, a Alemanha se transformou num paĂ­s refĂºgio. Milhões de europeus sem emprego se mudaram para as cidades alemĂ£s, enquanto bilhões de euros entraram nos cofres do paĂ­s em busca de segurança.
A Alemanha vive um momento de praticamente pleno emprego, com apenas 5,6% da populaĂ§Ă£o sem trabalho e com a previsĂ£o de que, em algumas regiões, a taxa fique abaixo de 5% ao final do ano. O nĂºmero se contrasta com os 24% de desempregados na Espanha, 20% na GrĂ©cia e 16% em Portugal. Diante da queda da taxa de natalidade, o resultado tem sido a falta de mĂ£o de obra em vĂ¡rios setores. As estimativas sĂ£o de que o paĂ­s nĂ£o consegue preencher vagas oferecidas para engenheiros e que, mesmo com a imigraĂ§Ă£o, existe um dĂ©ficit de 30 mil engenheiros na Alemanha.
Segundo o EscritĂ³rio Federal de EstatĂ­stica da Alemanha, o paĂ­s viveu em 2011 a maior queda no nĂºmero de nascimentos. Em todo o ano, foram apenas 663 mil partos, 2,2% menos que em 2010. A taxa Ă© ainda a mais baixa desde 1946, quando o fim da Segunda Guerra Mundial abriu uma nova fase na sociedade alemĂ£. O nĂºmero Ă© ainda metade dos nascimentos registrados em 1964, no auge do 'baby-boom' europeu, e nunca a diferença entre mortes e nascimentos foi tĂ£o elevada.
Segundo a Destatis - a agĂªncia de estatĂ­sticas - a populaĂ§Ă£o de 82 milhões de habitantes apenas nĂ£o encolheu graças Ă  chegada de 279 mil imigrantes, o maior nĂºmero em mais de dez anos. O resultado foi um crescimento lĂ­quido de 100 mil pessoas no ano na populaĂ§Ă£o alemĂ£, algo que a indĂºstria comemora.
Algo similar jĂ¡ havia ocorrido apĂ³s a Segunda Guerra Mundial, quando milhares de portugueses e espanhĂ³is deixaram seus paĂ­ses empobrecidos para ajudar a reconstruir a Alemanha. Dessa vez, o fluxo tem assustado algumas cidades. Em Schwabisch Hall, com 180 mil habitantes, apenas 3% da populaĂ§Ă£o estĂ¡ desempregada e 2,5 mil postos de trabalho nĂ£o conseguem ser preenchidos.
Em março, bastou uma matĂ©ria de um jornal portuguĂªs sobre a campanha para que a prefeitura local recebesse, em quatro dias, mais de 18 mil currĂ­culos de portugueses, buscando trabalho. A prefeitura tambĂ©m foi obrigada a fretar um aviĂ£o entre Madri e Stuttgart para levar 100 engenheiros espanhĂ³is para a Ăºltima fase de testes. No inĂ­cio do ano, vĂ¡rios deles jĂ¡ est (AEavam trabalhando.
Empresas alemĂ£s, desesperadas por trabalhadores, estĂ£o contratando ainda os serviços da agĂªncia Adecco para recrutar imigrantes especializados. A Adecco foi justamente buscar na Espanha cerca de 50 engenheiros, oferecendo aulas de alemĂ£o e posições em empresas de ponta no novo "El Dorado", a Alemanha. Martin Friedrich, gerente da escola de idiomas Academia Suarez, conta que empresas alemĂ£s o tem procurado para fechar acordos para dar aulas de alemĂ£o a espanhĂ³is, gregos e portugueses. "As empresas estĂ£o dispostas a pagar pelas aulas. O que querem sĂ£o trabalhadores", disse.
No centro de Frankfurt, sua escola que se dedicava principalmente ao ensino do espanhol, foi obrigada a abrir cursos de alemĂ£o. Ao abrir vagas para professores, outra surpresa: passaram a receber pedidos de trabalho de professores no interior da Espanha. "A crise Ă© muito profunda lĂ¡ e as pessoas estĂ£o desesperadas", comentou.
O padre brasileiro AndrĂ© Bergmann tambĂ©m conta que tem visto um incremento substancial do nĂºmero de portugueses que vem atĂ© ele em busca de conselhos e orientaĂ§Ă£o para se mudar para a Alemanha. O padre comanda a ComissĂ£o CatĂ³lica de LĂ­ngua Portuguesa em Frankfurt. "Aqui nĂ£o hĂ¡ uma crise", admitiu.
No hospital universitĂ¡rio da cidade, a direĂ§Ă£o mĂ©dica decidiu contratar 30 enfermeiras portuguesas, diante da falta de pessoas especializadas.
Sem esses estrangeiros, a Alemanha jĂ¡ prevĂª que poderĂ¡ ter sĂ©rios gargalos para sua economia na prĂ³xima dĂ©cada. AtĂ© 2060, o paĂ­s poderia ter 12 milhões de pessoas a menos. Para Steffen Kröhnert, do Instituto de Berlim para PopulaĂ§Ă£o e Desenvolvimento, em 2050, a Alemanha poderĂ¡ sofrer uma reduĂ§Ă£o de 30% de sua mĂ£o de obra. (AE)

Governo federal recebe 16 mil pedidos de Lei de Acesso em dois meses


Evelson de Freitas/AgĂªncia Estado / VĂ¢nia Vieira, diretora de prevenĂ§Ă£o da corrupĂ§Ă£o da CGU.VĂ¢nia Vieira, diretora de prevenĂ§Ă£o da corrupĂ§Ă£o da CGU.
Em menos de dois meses de vigĂªncia, a Lei de Acesso a InformaĂ§Ă£o jĂ¡ permitiu que 14.311 pedidos de acesso a documentos fossem autorizados pelo governo federal. Das 16.930 solicitações registradas atĂ© esta sexta-feira, apenas 1.370 (8%) foram negados.
De acordo com VĂ¢nia Vieira, diretora de prevenĂ§Ă£o da corrupĂ§Ă£o da Controladoria-Geral da UniĂ£o (CGU), Ă³rgĂ£o do governo federal responsĂ¡vel por julgar os pedidos feitos pelos cidadĂ£os, o maior nĂºmero de pedidos tema ver com os seguintes Ă³rgĂ£os:
- SuperintendĂªncia de Seguros Privados (Susep);
- INSS;
- Banco Central;
- Planejamento;
- Correios;
- Ministério da Fazenda.
Em 94,5% dos casos, de acordo com VĂ¢nia, quem fez os pedidos foram pessoas fĂ­sicas. O que, inclusive, ressalta uma das grandes qualidades da lei, que pode ser usada diretamente pelo cidadĂ£o, sem necessidade de intermediĂ¡rios.
O balanço parcial da lei, que entrou em vigĂªncia na segunda quinzena de maio, mostra tambĂ©m que os cidadĂ£os estĂ£o usando a ferramenta principalmente para saber de informações econĂ´micas e financeiras.
A presença de INSS, Susep, Banco Central e Fazenda na lista dos mais acessados Ă© um sintoma do tipo de informaĂ§Ă£o que estĂ¡ sendo solicitada.
Segundo VĂ¢nia Vieira, os motivos para recusa mais comuns sĂ£o:
- Pedidos de dados pessoais: 533 casos;
- Pedido de documentos sigilosos: 138;
- LegislaĂ§Ă£o especĂ­fica que impede divulgaĂ§Ă£o: 172;
- Pedido que exige tratemento de dados: 96;
- Pedido genério: 250;
- Pedido incompreensĂ­vel: 181. (GP)

Eliana Catanhede e a terceira inflexĂ£o do PT

RudĂ¡ Ricci


Eliana CatanhĂªde publica, hoje, na Folha, o artigo "Menos cafĂ©, mais leite". Avalia que Lula e Dilma se apartaram nestas eleições municipais. A Presidente aposta em Belo Horizonte (com Patrus Ananias) e o ex-Presidente coloca suas fichas em SĂ£o Paulo (com Fernando Haddad). Lembra que Dilma vem do PDT e afirma que nĂ£o tem paciĂªncia com SĂ£o Paulo, colocando uma dupla feminina sulino no comando do Planalto (as ministras Gleisi e Ideli). E sugere que Dilma aponta para o futuro, enquanto Lula reedita sua disputa com Serra.
Pode ser. Com exceĂ§Ă£o da histĂ³ria das ministras que comandam o Planalto (ela se esqueceu de vĂ¡rios outros nomes de peso, como Mantega e MĂ­riam Belchior, ambos paulistas), concordo com as linhas gerais de sua leitura. Leitura que carrega um texto subliminar. A probabilidade maior, na aposta dos dois petistas ilustres, Ă© de vitĂ³ria de Dilma, com Patrus Ananias. Se esta aposta se revelar correta, o que mudaria na histĂ³ria do petismo?
Arrisco dizer que seria uma terceira inflexĂ£o na histĂ³ria do partido.

A primeira teria ocorrido em meados dos anos 1990. Do indefinido ideĂ¡rio libertĂ¡rio-cristĂ£o (anos 1980) para o modelo clĂ¡ssico pragmĂ¡tico-burocrĂ¡tico. InflexĂ£o liderada por JosĂ© Dirceu que nunca chegou a ser um ideĂ³logo e sempre esteve mais para formulador de tĂ¡ticas eleitorais e disputas internas.
A segunda inflexĂ£o foi consolidada com o advento do lulismo. A chegada de Lula ao poder tornou seu modo de governar (o fazer polĂ­tica pelo aliciamento e estruturaĂ§Ă£o de um fordismo tupiniquim) um paradigma para os petistas. A partir do lulismo, os petistas governantes se liberaram para o tudo ou nada.  O PT virou o partido da ordem.
Agora, com Dilma, uma nova inflexĂ£o se avizinha. Dilma nĂ£o faz parte do PanteĂ£o Petista. E, com tal limitaĂ§Ă£o, foi alçada ao comando do Estado. NĂ£o tem brilho, Ă© tĂ©cnica e retilĂ­nea. NĂ£o demonstra liderança polĂ­tica, mas comando gerencial. Se aproxima, em parte, de certa racionalidade que FHC implantou no seu perĂ­odo (estou utilizando o conceito weberiano, distinguindo-a do carisma/burocratismo lulista). 
O fato Ă© que o PT foi diminuindo de peso polĂ­tico. O Estado se revelou maior que o ideĂ¡rio do partido a ponto da entrada de Lula ter destruĂ­do a identidade do seu partido.
É a partir deste vĂ¡cuo programĂ¡tico ou ideĂ¡rio partidĂ¡rio que a sugestĂ£o de Eliana CatanhĂªde faz sentido
.

Universidades brasileiras: Alto investimento, baixa excelĂªncia


O ensino superior brasileiro vive um paradoxo. Embora o investimento por aluno esteja prĂ³ximo da mĂ©dia dos paĂ­ses desenvolvidos, as universidades brasileiras ainda nĂ£o tĂªm destaque no cenĂ¡rio global e ficam longe do topo nos principais rankings de qualidade na Ă¡rea.
O gasto anual em ensino superior hoje no Brasil Ă© de US$ 11,6 mil (R$ 23,5 mil) por estudante, segundo levantamento da OrganizaĂ§Ă£o para a CooperaĂ§Ă£o e De­senvolvimento Eco­nĂ´mico (OCDE). O valor, que engloba recursos pĂºblicos e privados, Ă© maior do que o aplicado na ItĂ¡lia (US$ 9,5 mil) e na Nova ZelĂ¢ndia (US$ 10,5 mil) e nĂ£o fica muito distante do gasto em Israel (US$ 12,5 mil), Espanha (US$ 13,3 mil) e França (US$ 14 mil).
Entre as 17 nações emergentes listadas na pesquisa da OCDE, o Brasil Ă© a que mais investe por aluno. Isso nĂ£o tem sido suficiente, porĂ©m, para que o ensino superior brasileiro crie uma reputaĂ§Ă£o de excelĂªncia. Um ranking feito recentemente pela Universidade de Melbourne, na AustrĂ¡lia, comparou os sistemas universitĂ¡rios de 48 paĂ­ses e colocou o Brasil na 40.ª po­­siĂ§Ă£o, atrĂ¡s de China, Ar­­gentina, Chile e de diversos paĂ­ses do Leste da Europa, como EslovĂªnia, BulgĂ¡ria e UcrĂ¢nia.
Algumas das limitações brasileiras que aparecem no levantamento australiano sĂ£o a pequena abrangĂªncia do sistema universitĂ¡rio – gasta-se bastante por aluno, mas, como a parcela da populaĂ§Ă£o no ensino superior Ă© menor do que em outros paĂ­­­ses, o investimento total em relaĂ§Ă£o Ă s riquezas produzidas pelo paĂ­s ainda Ă© baixo –; a insuficiente conexĂ£o das universidades brasileiras com instituições estrangeiras (tanto para intercĂ¢mbios quanto para produĂ§Ă£o acadĂªmica); e o pequeno nĂºmero de instituições em rankings que levam em conta a produtividade dos cursos.
Para se ter uma ideia, a Universidade de SĂ£o Paulo (USP), a melhor do paĂ­s, aparece apenas na 178.ª colocaĂ§Ă£o no ranking da Times Higher Education.
Escolhas erradas
A dificuldade de colocar universidades entre as melhores Ă© reflexo das escolhas feitas pelo Brasil. O baixo investimento no ensino bĂ¡sico torna mais difĂ­cil a formaĂ§Ă£o de graduandos interessados em pesquisa ou capazes de atender plenamente Ă s demandas do mercado de trabalho. “NĂ£o hĂ¡ como esperar resultados muito melhores em rankings universitĂ¡rios enquanto nĂ£o se fizer uma revoluĂ§Ă£o na educaĂ§Ă£o bĂ¡sica”, diz o consultor Renato Casagrande. Ele lembra que as Ăºltimas avaliações do Programa Internacional de AvaliaĂ§Ă£o de Alunos (Pisa) mostram uma defasagem de quatro anos dos alunos brasileiros da educaĂ§Ă£o bĂ¡sica em comparaĂ§Ă£o com qualquer paĂ­s desenvolvido.
Para o reitor da Uni­ver­si­­dade Positivo, JosĂ© Pio Mar­­tins, outro problema Ă© o interesse tardio das universidades do paĂ­s pela pesquisa e por cursos de doutorado. “A titulaĂ§Ă£o conta muito nesses rankings e hĂ¡ 30 anos o Brasil nĂ£o tinha doutores”, diz. AlĂ©m disso, a pesquisa se restringe a poucas instituições pĂºblicas e o incentivo ao financiamento privado sĂ³ recentemente entrou em pauta com a criaĂ§Ă£o de leis de inovaĂ§Ă£o – o ParanĂ¡, por exemplo, ainda nĂ£o tem uma lei do gĂªnero.
Pouca atenĂ§Ă£o ao ensino fundamental
De acordo com os dados da OrganizaĂ§Ă£o para a CooperaĂ§Ă£o e Desenvolvimento EconĂ´mico (OCDE), os elevados gastos nacionais com ensino superior nĂ£o sĂ£o proporcionais ao que se investe na educaĂ§Ă£o bĂ¡sica. Isso se reflete na desvantagem que os calouros brasileiros levam quando comparados aos estudantes estrangeiros, que contam com investimentos mais relevantes nos anos escolares iniciais.
Proporcionalmente, o Bra­­sil gasta com ensino fundamental cerca de um sĂ©timo do valor investido no ensino superior. O vizinho Chile, tendo os investimentos brasileiros como referĂªncia, investe quase trĂªs vezes mais na formaĂ§Ă£o de crianças e adolescentes, o que equivale Ă  metade do que o mesmo paĂ­s gasta com universidades. Considerando todos os 39 paĂ­ses citados no relatĂ³rio da OCDE, apenas IndonĂ©sia e China investem ainda menos que o Brasil em cada aluno do ensino fundamental.
Para o pesquisador JoĂ£o Malheiro, doutor em EducaĂ§Ă£o pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a formaĂ§Ă£o bĂ¡sica fraca Ă© a razĂ£o principal para o desempenho aquĂ©m do esperado no ensino superior. “Para se ter capital humano preparado para realizar pesquisa de ponta, os alunos tĂªm que estar muito mais bem preparados”, afirma. Foco exagerado no mercado de trabalho e interferĂªncias ideolĂ³gicas na aprendizagem seriam outros fatores que prejudicam a formaĂ§Ă£o cientĂ­fica daqueles que ainda chegarĂ£o Ă  universidade. (GP)


 
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