quarta-feira, 22 de junho de 2011

Deputados defendem voto secreto para eleição do Conselheiro do TCE

O novo conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE) poderá ser escolhido por voto secreto. O relator da Comissão Especial instituída na Assembleia Legislativa, Hermas Brandão Filho (PSB), defende que a escolha seja feita em votação fechada e a opinião é a mesma do presidente da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), deputado Valdir Rossoni (PSDB). O pedido tem por objetivo impedir que a situação envolvendo o então secretário estadual de Educação Maurício Requião, que foi escolhido para o cargo em 2008 e teve a eleição impugnada, se repita desta vez.

O apoio de Rossoni indica que a escolha dificilmente será aberta, como foi em ocasiões anteriores, inclusive com Maurício Requião. A opção pelo voto secreto iria contrariar uma regra do Congresso Federal que diz que eleições desse tipo sejam abertas, mas ao mesmo tempo reduz a pressão sobre os deputados para que seja escolhido o candidato apoiado pelo governo.

O relator Brandão Filho ainda destacou que 32 candidatos vão disputar a eleição. Ao todo, 44 se inscreveram na disputa, mas, além dos que desistiram, oito não compareceram às sabatinas. Mesmo com a redução, o número é alto, apesar do imbróglio jurídico envolvendo a cobiçada sétima cadeira do TCE. Nas duas últimas eleições, em 2005 e 2008, apenas seis candidatos concorreram.

O pleito está marcado para o dia 5 de julho, mas ainda aguarda uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) para ser confirmado.

A vaga está aberta desde que Rossoni, em 5 de maio, invalidou a eleição de Maurício Requião para o cargo. A Alep considerou irregular o processo de escolha de Maurício, por ela mesma conduzido em 2008. Com a decisão, respaldada no dia seguinte pelo governador Beto Richa (PSDB), a cadeira no TCE foi considerada vaga e foi aberto um novo processo de eleição para indicar o sétimo conselheiro do tribunal.

Em princípio, a Alep queria realizar a eleição em maio, porém o candidato Gabriel Guy Léger entrou com um mandado de segurança no Tribunal de Justiça (TJ) pedindo a suspensão do pleito. Leger alegava que fases do processo foram desrespeitadas, criando um impasse que fez a Assembleia ampliar o prazo de inscrições e impugnações até junho.

A pedido de seu presidente, deputado Élio Rusch (DEM), porém, o prazo foi aumentado em uma semana. Seis concorrentes sofreram pedidos de impugnação: o procurador-geral do Estado, Ivan Bonilha, os deputados Augustinho Zucchi (PDT) e Nelson Garcia (PSDB), o procurador do Tribunal de Contas Gabriel Léger, o advogado Tarso Cabral Violin e Luiz Antonio Leprevost.

Eleição

Nos dias 4 e 5 de julho, a Alep vai reservar o horário das sessões plenárias para que cada candidato possa defender as suas candidaturas durante dez minutos. Após os discursos, os deputados elegem o novo conselheiro. Rossoni afirma que queria eleição fechada, para manter a coerência, pois, antes de assumir a presidência da Casa, quando fazia oposição ao governo, foi contra o voto aberto que elegeu Maurício Requião. Para decidir como proceder nesta eleição, no entanto, Rossoni disse que encomendou pareceres a três juristas.

A forma da votação deve influir no resultado do pleito. Em votação aberta, segundo deputados ouvidos pela reportagem, a eleição de Bonilha é dada como certa. Em votação fechada, os outros dois candidatos deputados, Nelson Garcia (PSDB) e Augustinho Zucchi (PDT), teriam alguma chance.

Advogados usam de má fé e tentam cooptar vitimas da VC Consultoria

Um escritório de advocacia de Curitiba está enviando correspondências a aposentados e pensionistas que foram lesados pela VC Consultoria. O objetivo do comunicado seria oferecer serviços para entrar com ação judicial para que as vítimas possam receber de volta os descontos indevidos. Em nota encaminhada à imprensa, o Ministério Público do Paraná (MP-PR), alerta que não é necessário advogado para que os aposentados e pensionistas recebam o dinheiro de volta.

De acordo com a Promotoria de Defesa do Consumidor, a correspondência é enviada às vítimas com uma cópia do termo de ajustamento de conduta firmado entre o MP-PR e o Banco BMG, “o que causou incompreensão por parte dos aposentados e pensionistas”.

A nota ressalta que o termo prevê que a devolução dos valores pagos indevidamente pelas vítimas serão devolvidos integralmente aos consumidores, assim que constatada a irregularidade. Os aposentados e pensionistas precisam apenas fazer uma reclamação formal em uma central de atendimento criada pelo BMG para os casos da VC Consultoria. A reclamação pode ser feita pelo telefone 0800-723-2044 ou pessoalmente, na Rua Marechal Deodoro, 869, 1º andar, Centro.

O caso

Em pouco mais de um mês de investigação, o Ministério Público do Paraná (MP-PR) já apurou que 1.057 pessoas foram lesadas pela VC Consultoria. A empresa foi fechada no dia 11 maio, na Operação Consignado, desencadeada pela Polícia Civil depois de denúncias de fraudes em empréstimos de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

Segundo as investigações, a empresa usava várias estratégias para aplicar o golpe. Em alguns casos, a fraude começava com um telefonema. O interessando ligava para a VC Consultoria pedindo informações sobre empréstimo, mas mesmo sem autorização, a empresa efetuava o contrato. (GP)

Motoristas enfrentam estradas cheias na véspera do feriado

Na BR-376 foram registrados 13 acidentes nesta quarta-feira, provocados principalmente pela chuva e pela neblina, associada a falta de atenção dos motoristas e ao excesso de velocidade.

As principais estradas que cortam o Paraná registraram movimento intenso nesta quarta-feira (22), véspera do feriado de Corpus Christi. Por volta das 21h30, o movimento já havia diminuido, mas ainda era considerado alto.

Na BR-376, que liga o Paraná ao Litoral de Santa Catarina, o fluxo chegou a 2,3 mil carros por hora. Este movimento é o dobro do normal. Por volta das 21 horas era de 1,7 mil, segunda a Polícia Rodoviária Federal (PRF). A PRF orienta o motorista a redobrar a atenção principalmente na região da Serra em razão da neblina. Foram registrados 13 acidentes na rodovia até por volta das 20h, a maioria saídas de pista. (GP)

Tucanos pedem reabertura de inquérito sobre 'aloprados'


Deputados do PSDB protocolaram nesta quarta-feira, 22, pedidos de reabertura do inquérito sobre a suposta compra, por petistas, de um dossiê contra o tucano José Serra em 2006, episódio que ficou conhecido como o caso dos "aloprados". Os pedidos foram feitos à Polícia Federal (PF) e à Procuradoria-Geral da República (PGR).

A oposição quer mais investigações sobre o caso devido à reportagem da revista Veja ter apontado o ministro de Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, como um dos mentores da compra do suposto dossiê. Segundo a entrevista de um dos envolvidos, Mercadante era um dos responsáveis por arrecadar o dinheiro para realizar a compra das informações.

Em 2006, a PF apreendeu R$ 1,7 milhão com militantes petistas. O dinheiro seria usado para a compra de informações que poderiam envolver Serra com "a máfia dos sanguessugas", esquema pelo qual se desviavam recursos destinados a compra de ambulâncias. O empresário Luiz Vedoin, apontado como mentor do esquema, negou, posteriormente, o envolvimento de Serra. (AE)

Acusado de corrupção, prefeito petista de Senador Pompeu-CE foge em ônibus junto com funcionários da Prefeitura

O prefeito de Senador Pompeu, no Ceará, Antônio Teixeira de Oliveira (PT), está foragido desde o último domingo, 19, quando deixou a cidade em um ônibus alugado levando outros 36 suspeitos de corrupção. A Justiça cearense fez o pedido de prisão preventiva deles, mas até agora somente um funcionário da Prefeitura foi preso.

O prefeito, vice-prefeito, secretários e assessores são acusados pelo desembargador Darival Bezerra de fraude em licitações, desvio de dinheiro público, envolvimento em crimes de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores, falsidade ideológica, peculato e formação de quadrilha. Além da prisão, o magistrado determinou o afastamento de Antônio Teixeira de Oliveira, do vice Luís Flávio Mendes de Carvalho, e do vice-presidente da Câmara Municipal, vereador Tárcido Francisco de Lima Baia.

Conforme a representação criminal feita pelo Ministério Público eles cometeram em 2008 desvio de recursos públicos, pagamentos indevidos, emissão de cheques para pagamentos de empresas não idôneas que fornecem notas fiscais frias e outras "condutas criminosas", causando "dano de grande monta ao erário municipal".

O clima em Senador Pompeu, a 275 quilômetrosde Fortaleza, é de incerteza. Os moradores fazem plantão em frente ao Paço Municipal, que está fechado. O petista foi reeleito em 2008 com a promessa de fazer um novo mercado público e um calçadão próximo a linha férrea. As obras estão paradas. O presidente da Câmara, vereador Ibervan Ramos, está só esperando a determinação judicial para assumir. Ele está preocupado em logo nomear seu secretariado.

O advogado do prefeito, Paulo Quezado, afirmou que vai provar em juízo a inocência do gestor. Segundo Quezado, não houve desvio de verbas em Senador Pompeu. O advogado prometeu entregar o prefeito à Justiça na tarde desta quarta-feira, 22, mas até às 17 horas não tinha cumprido a promessa.

Antônio Teixeira sofre ameaça de expulsão do PT. A prefeita de Fortaleza e presidenta estadual do PT, Luizianne Lins, já foi comunicada do pedido, que foi encaminhado ao Conselho de Ética. (AE)


Obama anuncia retirada de 33 mil militares do Afeganistão

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, anunciou na noite desta quarta-feira, 22, que irá retirar do Afeganistão 10 mil soldados até o fim do ano e um total de 33 mil até meados de 2012. Com o anúncio, Obama apressa o fim do longo conflito cujo custo tem sido superior ao previsto e que foi lançado em resposta aos ataques de 11 de Setembro de 2001.

"Este é o início, mas não o fim de nossos esforços para terminar essa guerra", disse Obama, em um pronunciamento à nação feito a partir da Casa Branca. O presidente disse que o país terá a "pesada tarefa de não perder os ganhos obtidos" enquanto retira as forças do país asiático e passa a segurança para o governo afegão.

O número anunciado por Obama equivale ao total de soldados enviados para o Afeganistão no fim de 2009. Obama sofre crescente pressão política para diminuir os esforços de guerra, principalmente depois do assassinato de Osama bin Laden, no começo de maio.

Em discurso destacando uma mudança na política militar dos Estados Unidos, Obama disse ainda que, após a redução inicial, mais tropas serão retiradas do país asiático em um ritmo constante, na medida em que os afegãos assumam sua própria segurança. "América, é hora de focar a construção da nação aqui casa", afirmou.

Embora robusta, a retirada de 33 mil militares até o "fim do verão" (setembro) de 2012 deixará lá outros 68 mil no mesmo período em que Obama pretende ser reeleito, como observou a correspondente do estadão.com.br em Washington, Denise Chrispim Marin.

Em dezembro de 2009 Obama ordenou que 33 mil soldados fossem deslocados do Iraque para o Afeganistão, como forma dar fôlego aos esforços militares dos EUA. Além de cerca de 100 mil soldados americanos, há ainda 47 mil homens da Otan (Aliança do Tratado do Atlântico Norte) no Afeganistão.

Desde o início da guerra, em 2001, 1.522 soldados dos EUA morreram no país – uma pesquisa divulgada ontem indica que 56% dos americanos querem a retirada imediata de todos os soldados, e 39% defendem a manutenção dos militares até a "estabilização" do Afeganistão. Até 2014, como destacou o repórter especial Lourival Sant’Anna, todos os soldados estrangeiros deverão ser retirados do Afeganistão. (AE)


Governo brasileiro autoriza permanência de Battisti no País

O Conselho Nacional de Imigração, vinculado ao Ministério do Trabalho, concedeu nesta quarta-feira, 22, autorização de permanência no Brasil para o ex-ativista italiano de esquerda Cesare Battisti. Com a decisão, ele poderá viver e trabalhar por tempo indeterminado no País. O visto permanente só poderá ser emitido pelo Ministério da Justiça.

Dos 20 integrantes do conselho, 14 foram favoráveis ao pedido. Do total de votantes, houve dois votos contrários, uma abstenção e três ausências. Segundo nota divulgada pelo Ministério do Trabalho, o resultado agora será encaminhado para o Ministério da Justiça, que executará a concessão da permanência do italiano. Com o documento emitido nesta quarta, Battisti só não tem o direito de votar ou se candidatar a cargo político.

Battisti é acusado de quatro assassinatos, na Itália. Mas no início de junho o Supremo Tribunal Federal (STF) manteve decisão do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva de negar o pedido de extradição feito pelo governo italiano. (AE)

Ataque virtual aos sites do governo foi o maior neste ano, diz Serpro


O ataque virtual aos sites da Presidência da República, Receita Federal e ao Portal Brasil, realizado na madrugada desta quarta-feira, 22, foi o maior registrado este ano em volume de acessos, afirmou o diretor superintendente do Serviço de Processamento de Dados (Serpro), Gilberto Paganotto. Os três portais ficaram fora do ar por cerca de uma hora, enquanto o Serpro bloqueava as tentativas de invasão.

Segundo Paganotto, esta foi a terceira grande tentativa de invasão este ano. Durante todo o ano passado, ocorreram quatro tentativas. Ele explicou que o ataque foi realizado por robôs, que capturam endereços de provedores do exterior e os clonam para mandar os ataques de fora do Brasil. Com esse método, os hackers conseguiram 340 milhões de tentativas de acesso em menos de uma hora.

"O Ataque começou pela Itália e depois começou a ser feito de dentro do Brasil. São gerados acessos simultâneos fora do normal. Os nossos sistemas, que são avançados, detectam qualquer ação além do normal e bloqueiam os acessos", explicou o diretor em entrevista à rádio ESPN/Estadão.

Paganatto garantiu que não houve quebra de segurança e nem acesso a nenhum tipo de dado sigiloso dos portais. "Objetivo do hacker é de tentar congestionar e deixar inacessível e também tentar entrar no site e pichar. Mas o Serpro tem sistemas avançados de proteção e impede a entrada nos sites e os pichamentos. O sistema detecta e emite um alerta para o pessoal de segurança", disse. Os sites ficaram fora do ar entre 00h40 e 1h40 da madrugada.

Pelo microblog Twitter, o grupo de hackers LulzSecBrazil reivindicou a autoria dos ataques. Eles também declararam serem os autores do ataque ao site da Petrobras, na tarde desta quarta-feira, e fizeram críticas à política de preços dos combustíveis. O portal ficou fora do ar por cerca de 30 minutos. No entanto, a empresa, por meio da sua assessoria, afirma que não houve um ataque, mas apenas uma instabilidade devido a uma sobrecarga do servidor.

Grupo de hacker LulzSec declara "guerra contra os governos"


Depois de derrubar mais um site governamental, grupo convoca usuários para continuar vazamento de informações confidenciais.

Um dia após dois grupos de crackers prometerem uma investida contra sites governamentais, o LulzSec declarou que foi o responsável por derrubar o endereço do órgão não-departamental britânico Soca (Serious Organised Crime Agency).

O grupo reivindicou a responsabilidade de um grande número de invasões recentes e ataques de negação de serviço (DDoS), incluindo a Sony, aderrubada do site da CIA, do Senado dos EUA e o roubo das senhasde mais de 62 mil usuários de sites pornográficos -- muitas delas reutilizadas em sites como Facebook e Twitter.

O ataque foi procedido de um manifesto no qual os hackers anunciaram uma nova campanha contra os governos ao redor do mundo. “Bem-vindos à Operação Anti-Segurança (#AntiSec)” afirma o texto. “Encorajamos que qualquer embarcação, grande ou pequena, abra fogo contra qualquer governo ou agência que cruze seu caminho”.

Acredita-se que o grupo seja uma ramificação do Anonymous, outra organização de hackers, que ficou famosa pela derrubada dos sites daMastercard eVisa, em ações pró-Wikileaks. “A maior prioridade é roubar e vazar informações governamentais muito confidenciais, incluindo e-mails e documentações” afirmou o LulzSec na declaração”. “Os alvos primários são bancos e outros estabelecimentos de alto nível”.

John Pescatore, analista da Gartner, afirmou que não ficou surpreso com o sucesso dos ataques “Ainda há muitos indivíduos dispostos a comprometer companhias e organizações. Infelizmente, isso é fácil de ser feito”. O que realmente preocupa Pescatore, na verdade, não são grupos como o LulzSec, mas sim criminosos semelhantes que irão aparecer, motivados pela chance de ganhar dinheiro. “Muitas outras pessoas enxergam maneiras de lucrar utilizando as mesmas técnicas” avaliou.

De acordo com a Reuters, a administração Obama está pressionando o Congresso para dobrar a pena máxima de invasão de redes governamentais e privadas para 20 anos. Pescatore acredita, porém, que outros esforços ofereceriam dividendos melhore. “Companhias precisam proteger a si mesmas ao minimizar suas vulnerabilidades” sublinhou. “Você não vê a Microsoft ou a Cisco sendo invadidas. Eles evoluíram sua segurança, mas grande parte das companhias ainda não o fez”.



JORNAL NOSSO TEMPO

Untitled from Nosso Tempo Digital on Vimeo.

O Jornal

O antes

A ideia de criar o semanário Nosso Tempo surgiu em maio de 1980, quando o também semanário Hoje Foz foi vendido para Jucundino Furtado, político ligado à antiga Arena (Aliança Renovadora Nacional), partido de sustentação da ditadura. Jucundino era um homem poderoso, tido como operador da logística do grupo político liderado por Ney Braga. Essa fama surgiu a partir dos cargos ocupados por ele, como o de diretor-administrativo de Itaipu Binacional e presidente do Banco do Estado do Paraná.

Com a venda do jornal, que funcionava na Vila Yolanda, os jornalistas Aluízio Palmar, João Adelino de Souza e Juvêncio Mazzarollo foram demitidos. Os três eram responsáveis pela linha de conotação popular, de esquerda e de contestação ao governo militar. Naqueles anos a Presidência da República era ocupada pelo general João Figueiredo; o estado do Paraná, pelo coronel Ney Braga; e o município, pelo coronel Clóvis Cunha Vianna.

A permanência dos três jornalistas contestadores era incompatível como a nova orientação que o jornal passaria a ter. Aluízio havia chegado a Foz do Iguaçu em setembro do ano anterior, após ser anistiado. Ele retornou do exílio em que viveu oito anos após ser trocado pelo embaixador da Suíça no Brasil. João Adelino havia passado pelo jornal Fronteira do Iguaçu, de Cascavel, e saído para fundar, juntamente com Sefrin Filho, o Hoje, primeiro em Cascavel e mais tarde seus similares em Marechal Rondon e Foz do Iguaçu. Juvêncio Mazzarollo começou suas atividades jornalísticas no Hoje, a convite de Adelino, então editor da versão iguaçuense do semanário de Cascavel.

Antes, Juvêncio, formado em Letras, havia exercido a profissão de professor de português, literatura e inglês na rede estadual de ensino, de 1970 a 1978. Era professor do Colégio Agrícola Manoel Moreira Pena quando foi sumariamente demitido pelo então governador interventor Jaime Canet Jr., por causa de uma entrevista que concedeu ao jornal Hoje Foz criticando a condução da educação no Paraná. Fora do magistério, Juvêncio passou a trabalhar no jornal que o entrevistara.

Desempregados, Aluízio, Adelino e Juvêncio idealizaram a criação de um jornal que teria sua linha editorial assentada na exposição dos problemas da cidade, no combate à ditadura, defesa dos movimentos populares e na luta por eleições diretas para todos os cargos eletivos, em especial dos prefeitos das chamadas “áreas de segurança nacional”.

Cenário em 1980

Foz do Iguaçu vivia, então, dias agitados, com um crescimento demográfico a taxas elevadíssimas e problemas pipocando por todos os cantos na esteira da construção da Usina de Itaipu. No rastro da expansão urbana surgiam demandas, como falta de água encanada e energia elétrica. Diariamente chegavam à cidade milhares de famílias atraídas pela construção de Itaipu. A especulação imobiliária corria solta, o esgoto corria a céu aberto, e setores expressivos da sociedade representados por profissionais liberais e elite mercantil, basicamente do comércio varejista e exportador, expressavam em círculos restritos seu descontentamento com a intervenção federal no município. A exaustão do modelo autoritário chegava à fronteira. Era o fim da supressão dos direitos civis e políticos.

A proposta de criação de um jornal com linha editorial de contestação ao prefeito nomeado assentou como uma luva para aqueles que não tinham espaço para participar da vida política da cidade. Daí a facilidade que encontraram os criadores do jornal para amealhar recursos para comprar uma máquina de fotocomposição, numa época em que quase todos os jornais e gráficas da Região Oeste do Paraná usavam a máquina de escrever composer IBM para montar as páginas, enquanto os títulos eram feitos com letras que os diagramadores decalcavam uma por uma.

Para formalizar a captação de capital foi registrada uma editora, da qual em sua primeira composição participaram políticos e empresários ligados tanto ao PMDB quanto ao PDS. Alguns desses sócios-fundadores assumiram a participação e seus nomes passaram a constar no contrato social registrado em cartório. Outros ajudaram e pediram para não aparecer devido ao clima de perseguição que havia na época.

A sede do jornal foi instalada numa casa da Rua Cândido Ferreira, Vila Yolanda, e logo após a montagem do equipamento de composição se juntou à equipe o jornalista Jessé Vidigal, que era o responsável pela diagramação do Hoje Foz. Esse, após a compra pelo grupo representado por Jucundino Furtado, mudou de nome para Tribuna de Foz, de curta duração.

Originário de Maringá, Jessé era de uma escola de diagramadores com forte influência dos jornais alternativos do eixo Rio-São Paulo e de Elifas Andreato, que ele se orgulhava de chamar de “seu mestre”.

Sob pressão já no começo

Os quatro formaram a equipe que formulou o conteúdo e deu cara ao jornal Nosso Tempo. Aluízio Palmar tinha formação marxista e um histórico de militância de confronto com a ditadura; João Adelino, jornalista de texto leve e direto, com experiência em jornalismo na região; Juvêncio Mazzarollo, marcado pela repressão política desde que, em 1968, como ativista do movimento estudantil no Rio Grande do Sul, fora preso ao participar do 30º Encontro da União Nacional dos Estudantes (UNE) em Ibiúna, São Paulo; e Jessé Vidigal, formado nas rodas intelectuais de Maringá e Londrina conhecidas pelo vanguardismo nas artes e costumes.

Com a primeira edição, Nosso Tempo marcou posição e mostrou sua disposição à luta. O carro-chefe da estreia foi uma reportagem sobre a existência de tortura na delegacia de polícia de Foz do Iguaçu, com um desenho de um homem pendurado num pau de arara na capa. Além desse conteúdo, a edição trouxe textos com um viés nitidamente de esquerda.

A ousadia disparada desde o casarão da Vila Yolanda teve como consequência uma investida da repressão para cima dos sócios, a parte mais vulnerável do empreendimento. Antes, ainda na primeira composição da sociedade, o comandante do Batalhão já havia dito ao farmacêutico e então vereador Evandro Stelle Teixeira que os militares não queriam o nome de Palmar no expediente. Mesmo com o atendimento a este “pedido”, os militares caíram sobre os sócios fazendo todo tipo de pressão, principalmente ameaças de dificultar seus negócios.

Resistência

Como os editores não arredaram pé, mantiveram e radicalizaram a linha editorial, aos poucos os sócios-empresários foram afastando-se do empreendimento. Com o represamento do Rio Paraná para formação do reservatório em 1982, os problemas entre a administração da Itaipu Binacional e os proprietários, posseiros, indígenas e ambientalistas aumentaram, e todos eles foram parar na redação do Nosso Tempo.

Em seu editorial e nas reportagens, o semanário levantava com ênfase os conflitos sociais e políticos causados pela diretoria da Itaipu e pela explosão da expansão urbana.

Drible na legalidade

Em 1981, a perseguição contra o semanário chegou ao seu nível mais elevado, com pressões contra os anunciantes e ameaças, inclusive de morte, aos editores. Como estes não recuaram diante das ameaças, os militares acionaram o Ministério do Trabalho para fechar o jornal, tendo em vista que Adelino, Juvêncio e Jessé não eram jornalistas profissionais.

Para que o jornal pudesse seguir seu trabalho, Élson Faxina e mais dois jornalistas profissionais – Fábio Campana e Noemi Osna – decidiram assinar o jornal como editores por diversos anos gratuitamente.

Processo e prisão Juvêncio

Apesar deste artifício legal, as pressões prosseguiram até que o regime arbitrário usou seu último recurso: enquadrar e processar Aluízio, Adelino e Juvêncio pela Lei de Segurança Nacional. Os dois primeiros foram absolvidos, mas Juvêncio foi condenado inicialmente a dois anos de prisão, pena depois aumentada para quatro anos pelo Superior Tribunal Militar.

Mesmo com um de seus editores preso, Nosso Tempo manteve a linha editorial, com Adelino, Aluízio e Jessé na edição, e Juvêncio escrevendo seus artigos da prisão, sempre na mesma linha contestatória e esquerdista, como se nada lhe tivesse acontecido.

A hora da oposição?

O ano de 1982 começava com uma correlação de forças extremamente favorável aos partidos de oposição, considerando que o regime instalado pelo golpe militar de 1964 estava fatalmente esgotado, com o país mergulhado em uma inflação cada dia mais em alta, a classe média descontente, e as greves operárias eclodindo no ABC paulista.

Nesse ano o Paraná elegeu José Richa seu governador, e havia no ar uma forte expectativa de se substituir chefias nos municípios sob intervenção.

Em Foz do Iguaçu, o movimento emancipacionista crescia com seguidas manifestações na frente da prefeitura. O clamor das ruas repercutia na Câmara Municipal por meio de discursos dos vereadores comprometidos com a democracia. E o Nosso Tempo repercutia as manifestações populares a favor de eleição para prefeito, até que no dia 11 de fevereiro de 1984 o coronel Clóvis Cunha Vianna oficializou o seu pedido de afastamento do cargo de prefeito.

Diretas já

Ainda no ano de 1984, mais precisamente no primeiro semestre, começaram a surgir as grandes manifestações no país pedindo eleições diretas para presidente da República. Era o início da campanha das Diretas Já. Em Foz do Iguaçu, essa campanha batia em dois objetivos: eleição direta para prefeito e eleição direta para presidente da República.

No dia 1º de abril foi realizado um grande comício na terceira pista da Avenida JK, em Foz do Iguaçu, quando três mil pessoas se reuniram debaixo de chuva para ouvir as lideranças do PMDB, PDT e PT.

A Emenda Dante de Oliveira em prol de eleição direta para presidente não foi aprovada pelo Congresso em abril de 1984, e com isso as atenções e lutas se voltaram para as eleições diretas nos municípios de área de segurança nacional. Os partidários da autonomia municipal na faixa de fronteira começaram a se organizar novamente, quando houve a definição de que o mineiro Tancredo Neves disputaria a Presidência da República, pela oposição, contra Paulo Maluf na eleição indireta em que os membros de um colégio eleitoral escolheriam o presidente.

Tancredo é eleito pelo pelos deputados e senadores, morre antes de tomar posse, e em seu lugar assume o vice-presidente José Sarney, que sanciona, em 15 de maio de 1985, emenda constitucional restabelecendo as eleições diretas nas capitais dos estados, estâncias hidrominerais e municípios das áreas de segurança nacional. E depois de 20 anos, a população de Foz do Iguaçu e demais municípios de segurança nacional poderiam preparar suas eleições com o exercício sagrado do sufrágio universal.

O jornal Nosso Tempo, além de assumir nos conflitos sociais a defesa dos que não tinham voz, foi categórico na luta pela redemocratização do país.

O fechamento

Com a promulgação da Constituição de 1988 e o retorno à normalidade democrática, o jornal, aos poucos, torna-se um veículo comercial, mantendo a linha editorial definida em sua fundação, mas publicando releases dos governos municipal e estadual. Esses comprometimentos não agradaram aos milhares de leitores, e a tiragem foi minguando. Em 1992, Nosso Tempo, que já não contava com João Adelino de Souza, foi vendido pelos sócios restantes, Aluízio e Juvêncio, para Adão Luiz Almeida, que o manteve até 1994, quando o fechou.

CRONOLOGIA

Maio de 1980
Semanário Hoje Foz é vendido e deixa lacuna na imprensa de Foz do Iguaçu.

3 de dezembro de 1980
Circula a primeira edição do jornal Nosso Tempo.

6 de março de 1981
Jornalistas são intimados pela Polícia Federal e processados com base na LSN (Lei de Segurança Nacional).

27 de junho de 1982
Juvêncio Mazzarollo é condenado a um ano de prisão.

26 de setembro de 1983
Tribunal Militar aumenta a pena de prisão para quatro anos.

6 de abril de 1984
Após greve de fome de Juvêncio Mazzarollo, o Supremo Tribunal Federal corrige a injustiça do Tribunal Militar e ordena a libertação do jornalista.

Década de 90
Com retomada das eleições e a Constituição de 1988, o jornal busca novos ares, mas entre em declínio.

1994
Jornal vira diário em busca de sobrevivência, mas não resiste aos novos tempos e fecha.

http://www.nossotempodigital.com.br/o-jornal/


MAIORIA DAS CIDADES DO PARANÁ TEM POPULAÇÃO COM POUCOS HABITANTES E UM ALTO CUSTO DE MANUTENÇÃO DA MÁQUINA PÚBLICA

Fazer a análise sobre a necessidade de serviços públicos de saúde, educação e segurança nos municípios do Paraná sem levar em conta o parâmetro do numero de habitantes, pode gerar conclusões e resultados deformados. Pela tabela abaixo podemos verificar que o Paraná tem um numero excessivo de municípios com pequena população, que trabalham para demandar a instalação de serviços públicos e estruturas públicas locais. Municípios que vivem de repasses de recursos do estado e pela união, que tem um custo que poderia ser revertido em investimentos, ao invés de pagar o custeio da máquina publica local, que só servem para servir de cabide de emprego, através de cargos em comissão ou concursos fraudulentos e para favorecimentos de fornecedores amigos. Veja abaixo:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Anexo:Lista_de_munic%C3%ADpios_do_Paran%C3%A1_por_popula%C3%A7%C3%A3o

Famílias de Curitiba são as mais endividadas, diz estudo

Curitiba possui o maior porcentual de famílias endividadas entre todas as capitais brasileiras. Na cidade, 88% do total das famílias têm dívidas. O valor da dívida média mensal é de R$ 1.608 - correspondente a um comprometimento de 27% da renda das famílias.Porto Alegre é a capital em que foi constatado o maior valor de endividamento médio mensal, com R$ 2.145, o que corresponde ao comprometimento de 30% da renda. Já a capital onde as famílias destinam a maior parcela da renda mensal ao pagamento de dívidas é Natal, com 39% do orçamento - o equivalente a uma dívida média mensal de R$ 1.531.

Estas são algumas das constatações do estudo"Radiografia do Endividamento das Famílias nas Capitais Brasileiras", feito pela Federação do Comércio de São Paulo (Fecomercio-SP) entre os meses de janeiro e maio. De acordo com o economista da entidade, Altamiro Carvalho, embora de forma geral as famílias brasileiras tenham um perfil conservador em termos de endividamento, algumas capitais apresentaram um grau de endividamento muito acima da média.

"Temos alguns sinais de alerta. Em Curitiba, por exemplo, o aumento real da dívida das famílias, de janeiro a maio do ano passado para o mesmo período deste ano, foi de 59%. Em Natal, o aumento foi de 39%, contra uma média de 24% entre todas as capitais. Em Porto Alegre, a dívida média mensal das famílias foi de R$ 2.145, contra uma média nacional de R$ 1.527", afirmou. "Pode ser algo pontual, passageiro, mas também pode ser algo crônico."

Na avaliação de Carvalho, nessas três capitais, qualquer problema que ocorra em termos de renda e emprego pode ser preocupante. "Mas, de forma geral, as famílias brasileiras mostram, em média, um cuidado na administração de crédito, tomando as medidas necessárias para manter o orçamento, o que afasta as teorias catastrofistas de um subprime da inadimplência", afirmou. "Isso só ocorreria se houvesse algo muito grave que viesse a comprometer a renda e o emprego, o que não é o caso até o momento. Se esses indicadores ficarem estáveis e a taxa de desemprego continuar baixa, a possibilidade de ocorrer alguma coisa grave com a inadimplência é pequena."

De acordo com a Fecomercio-SP, o total mensal estimado da dívida das famílias nas capitais passou de R$ 10,9 bilhões de janeiro a maio de 2010 para R$ 13,5 bilhões no mesmo período deste ano, valor que corresponde, em termos aproximados, ao orçamento anual do Bolsa Família, segundo a entidade. O valor médio mensal de dívida por família passou de R$ 1.298 de janeiro a maio de 2010 para R$ 1.527 no mesmo período deste ano, considerando a inflação no período. Segundo a entidade, considerando a taxa média de juros nos empréstimos, de 43% ao ano, é possível afirmar que, desses R$ 13,5 bilhões, R$ 5,8 bilhões correspondem exclusivamente ao custo dos empréstimos.

Para fazer o estudo, a Fecomercio-SP utilizou dados do IBGE como Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), contagem populacional, Pesquisa Mensal de Emprego (PME), Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) e taxas mensais de endividamento e comprometimento da renda constantes da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) da Confederação Nacional do Comércio (CNC). Os valores foram trazidos a preços de maio para viabilizar a comparação.

Na avaliação de Carvalho, o estudo mostra que o crédito puxou o crescimento robusto das vendas do comércio no ano passado e foi responsável por sua manutenção nos dois primeiros meses deste ano. A partir de março, porém, a entidade constatou forte desaceleração do consumo, devido às medidas macroprudenciais adotadas pelo governo, responsáveis pelo aumento das dívidas das famílias nos cinco primeiros meses deste ano. "Entre dezembro e abril, os juros subiram 6,2 pontos porcentuais, o que fez com que as dívidas aumentassem R$ 5,2 bilhões."

Mas, segundo ele, apesar do crescimento da participação do crédito, o nível de comprometimento médio da renda mensal das famílias com dívidas permaneceu em 29% de janeiro a maio deste ano, o que é considerado um índice saudável. "Um número acima de 50% apontaria algum risco. Nos Estados Unidos, por exemplo, a média fica entre 70% e 80%", afirmou. Esse fator, avalia Carvalho, aliado ao sistema de proteção adotado pelos bancos na concessão do crédito e às taxas de juros cobradas, faz com que o sistema financeiro, na avaliação da Fecomercio-SP, torne-se "praticamente imune" a uma eventual elevação da inadimplência.

São Paulo

Em São Paulo, o estudo apurou que existem 1.797.179 famílias endividadas, ou 20% do total. O número de famílias é maior que a soma de 15 capitais - São Luís, Goiânia, Natal, João Pessoa, Teresina, Campo Grande, Aracaju, Cuiabá, Florianópolis, Porto Velho, Rio Branco, Macapá, Vitória, Boa Vista e Palmas. Apesar disso, apenas 50% das famílias estão endividadas, ante uma média de 62% nas capitais, informou o economista.

Segundo Carvalho, embora as vendas do comércio tenham caído em março e abril na capital paulista, o volume de crédito continua crescendo. "Isso mostra que a tomada de crédito serviu não para o consumo, mas para o pagamento de prestações, pagamento de juros e troca de uma dívida mais cara por outra mais barata", afirmou. Também segundo ele, durante todo o ano passado, as famílias pagaram R$ 129 bilhões em juros, volume que corresponde a 52 dias de consumo varejista no País, ou 14% do total. "Se a taxa de juros brasileira fosse metade do que ela é, permaneceria alta e o comércio teria crescido mais 7% no ano passado", afirmou. (AE)


 
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