sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Pedófilos aproveitam-se de campanha em defesa dos direitos infantis para agir em redes sociais

O sucesso das campanhas promovidas em favor da garantia dos direitos infantis tem facilitado a ação de pedófilos na Internet. Alguns deles estão se aproveitando do crescimento do número de pessoas que trocam suas fotos de perfil por desenhos para seduzir menores sem serem notados.

Esta tarde, a Delegacia Especial de Proteção à Criança recebeu a denúncia da mãe da menor M.C.A.M., de apenas 3 anos de idade, que foi vítima de um desses criminosos. O meliante seduziu a criança através de uma rede social, fingindo ser um personagem de desenho animado. Segundo a delegada Sônia Moura, ele ainda teria conseguido marcar encontro e praticado ato com a menor. A mãe, que pediu para não ser identificada, contou que intermediou o contato pela Internet, mas não achou que seria algo sério. “Eu nunca imaginava que o encontro aconteceria de fato. Pensei que era brincadeira somente. Sempre achei o Pikachu tão inofensivo… Até ri quando ele disse que estaria no carro de um moço de bigode na frente da escola dela. Bichinha da minha menina… Sonhava em casar virgem. E agora…”

A Diretoria de Proteção à Criança e ao Adolescente do Ministério da Justiça fez um apelo a todos os internautas. “Entendemos a boa vontade e apoio de todos que aderem às campanhas, mas pedimos que agora colaborem conosco retornando às imagens normais de seus perfis para que possamos identificar como mais facilidade os pedófilos”, pronunciou a diretora Jussara Leitte. Até o momento, estão sendo procurados, além do Pikachu, um Bob Sponja, dois Cavaleiros do Zodíaco, um Telettubie, uma Xuxa e, até mesmo, uma Maísa. (Diário de Pernambuco)

Reitoria da USP retira placa de obra que falava em 'Revolução de 1964'

A placa de um monumento em construção na Cidade Universitária, em São Paulo, foi retirada após receber protestos da comunidade da Universidade de São Paulo (USP). Ela indicava que, na Praça do Relógio, estava sendo construído um “Monumento em homenagem aos mortos e cassados na Revolução de 1964”.
Em protesto, membros da comunidade uspiana escreveram as palavras "golpe", "ditadura" e "massacre" ao redor do termo "revolução".
Por volta das 13h desta terça-feira (4), funcionários da construtora que realiza a obra foram até o local para retirar a placa. Ela foi guardada atrás dos muros que fecham a construção. Os funcionários não souberam explicar quando uma nova placa seria afixada.
A reitoria da USP afirmou que "houve um erro na confecção da placa". Segundo a assessoria de imprensa, "o nome correto é 'Monumento em Homenagem aos Mortos e Cassados durante o Regime Militar'. Trata-se de um projeto do Núcleo de Estudos da Violência da USP (NEV/USP)."
A assessoria de imprensa do núcleo confirmou o erro, que teria acontecido no momento de grafar a placa, e afirmou, em nota, que o projeto tem como objetivo lembrar as vítimas dos "numerosos casos de mortes, tortura, prisões ilegais, cassações e casos de perseguição política a indivíduos" que aconteceram dentro da USP.
A lista dos nomes que irão figurar do memorial, segundo o NEV/USP, será produto da pesquisa em andamento, realizada pelos pesquisadores do núcleo, "a partir de diversos levantamentos prévios". Um deles foi publicado em livro em 2004.
A ministra Maria do Rosário, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, considerou "um absurdo" o termo utilizado na placa. "O episódio mostra a importância do projeto Direito à Memória e à Verdade, que demonstra que em 1964 houve um golpe seguido de uma ditadura", diz ela, que lembrou, ainda que o próprio nome da secretaria, que apoia a construção do monumento, foi escrito incorretamento.
Segundo a assessoria de imprensa do órgão, "o nome correto é Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República e não Secretaria Especial de Direitos Humanos".

Homenagem
De acordo com informações da construtora, as obras tiveram início em agosto e devem terminar em novembro. O custo total do monumento é de R$ 89.088,13 e a inauguração está prevista para dezembro de 2011.
Os funcionários disseram que o monumento, que fica em frente ao Auditório Camargo Guarneri e a um dos prédios residenciais da Cidade Universitária, será composto de 14 placas de concreto onde estarão inscritos os nomes das pessoas cassadas e mortas durante o regime militar, que durou entre 1964 e 1985. (Blog DOCUMENTANDO A DITADURA)

O que a Copa e as Olimpíadas fazem pelas cidades


“Bilhões de dólares foram gastos em estádios e outras obras, mas nós permanecemos em barracos sem energia. Eles pediram para a gente “sentir a Copa” [expressão usada no slogan oficial do evento], mas nós não sentimos nada além da dor da pobreza piorada pela dor da repressão. O dinheiro que deveria ser gasto urbanizando as comunidades mais pobres foi desperdiçado. A Copa do Mundo vai terminar no domingo e nós ainda seremos pobres.”

Essa foi a fala de um jovem de Johannesburgo durante a Copa do Mundo de 2010. Reflete o sentimento de muitos sul-africanos em relação ao evento.


Eu estive na África do Sul alguns meses antes do início da Copa. Encontrei um país em obras e muita gente reclamando. Mas, quando os jogos começam, os problemas costumam ser esquecidos. Passada a euforia do momento, começam as discussões sobre os impactos do evento, o uso dos recursos, quem se beneficiou realmente… e por aí vai.


Essa discussão não termina, porque acaba emendando nas discussões daqueles que já estão preocupados com o futuro das suas cidades que serão sede das próximas Copas e Olimpíadas. Já existem muitas informações disponíveis e que merecem atenção.


Em 2010, as Nações Unidas lançaram um relatório sobre o impacto das Olimpíadas nas cidades-sede. Os números são chocantes. Seul (1988): 15% da população foi desalojada, 48 mil edifícios foram destruídos. Pequim (2008): Um milhão e meio de pessoas foram removidas. Atlanta (1996): 15 mil pessoas removidas. E essas remoções e despejos, na maior parte das vezes, foram feitos de forma violenta e desrespeitando direitos básicos da população.


Além do impacto direto das obras e de como elas são feitas, também há o ponto importante de quem realmente se beneficia com a realização destes eventos. Na África do Sul, por exemplo, muitos homens e mulheres artesãos, comerciantes, vendedores, trabalhadores, etc, acreditaram que poderiam se beneficiar e aumentar um pouco sua renda durante os jogos. Mas não foi assim. Os pequenos comerciantes e artesãos não tiveram acesso aos estádios e arredores. Um perímetro de exclusividade foi criado ao redor dos estádios. Ali, apenas as grandes redes e marcas poderiam comercializar seus produtos. Resultado: quem lucrou foram as grandes empresas, não os sul africanos.


E falando em estádio… hoje, apenas um ano depois da Copa, já se discute na África do Sul a demolição de alguns dos estádios construídos. O custo da manutenção é alto demais, não justifica manter o “elefante branco” em pé.


E o que falar dos gastos? A Copa da África do Sul acabou custando 17 vezes mais do que o previsto inicialmente. Cidades que foram sede de mega eventos se endividaram além de suas capacidades e passaram muitos anos pagando a conta. È o caso de Atenas (2004) e Montreal (1976) que sediaram os Jogos Olímpicos.


Quanto mais investigamos, mais vemos cenários desanimadores. Mas, como disse o cientista político Antonio Gramsci, não devemos ficar apenas no pessimismo da razão. Devemos ter o otimismo da vontade.


O otimismo da minha vontade diz que é possível trilhar outros caminhos em que a realização de megaeventos esportivos promova inclusão social, gere renda e diminua desigualdades. Mas o caminho que leva a esse legado é o caminho da participação popular, da transparência, do controle social sobre as políticas e uso de recursos públicos.


O Brasil e o Rio de Janeiro podem aprender muito com outras experiências e escolher um caminho melhor para a realização da Copa do Mundo em 2014 e das Olimpíadas em 2016. (Renata Neder/ONG Action Aid)










Governo investe R$ 664 milhões no ensino superior do Paraná

O governador Beto Richa afirmou nesta sexta-feira (07), ao participar das comemorações dos 40 anos da Universidade Estadual de Londrina (UEL), que o Governo do Paraná já investiu neste ano R$ 664 milhões para melhorar a infraestrutura e a qualidade do ensino superior no Paraná. O valor abrange gastos com pessoal, custeio e investimentos para a modernização das dependências físicas.

Richa reafirmou o compromisso de reestruturar o ensino superior do Estado e disse que as universidades estaduais precisam ser referência em pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias. “Vamos fortalecer o ensino público do Paraná. Estamos investindo para que as nossas universidades irradiem conhecimento e sejam referência na qualidade de ensino”, disse. Ele destacou os investimentos para a região Norte nas áreas de saúde e infraestrutura, com o repasse para a prefeitura de cerca de R$ 15 milhões.

O secretário de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Alípio Leal, afirmou que o governo do Paraná tem tratado o ensino como prioridade e que os investimentos demonstram o compromisso com uma educação forte e desenvolvida: “Buscamos a excelência das nossas instituições. Nosso compromisso é melhorar a qualidade e as notas dos cursos de graduação e pós-graduação”.

De acordo com Leal, a Universidade Estadual de Londrina foi uma das mais beneficiadas com repasses. Em setembro, o governador autorizou a liberação de R$ 6,1 milhões para reformas e adequações físicas na instituição. A previsão é que até o fim do ano sejam repassados mais R$ 338 milhões, para custeio e obras de infraestrutura no campus.

A reitora da UEL, Nádina Aparecida Moreno, afirmou que os recursos liberados em setembro serão usados para a construção de 17 salas de aulas do Centro de Ciências Biológicas, a ampliação em 1,7 mil metros quadrados do departamento de Química, do Centro de Ciências Exatas, e para a sala de cirurgia para grandes animais no Hospital Veterinário. “Ainda apresentaremos um plano de investimento ao governo, mas essas obras são fundamentais. A universidade vem crescendo muito e com credibilidade. Dá para ver que a educação é prioridade do governo, que demonstra isso com ações práticas”, disse ela.

PROFISSIONAL – Outro investimento do governo no ensino superior foi a contratação de 40 professores e 23 agentes técnicos e administrativos para nove universidades estaduais do Paraná, autorizada pelo governador Beto Richa em julho. A UEL foi autorizada a contratar quatro oficiais de manutenção, três técnicos em enfermagem, um cozinheiro, um técnico em laboratório, cinco técnicos em manutenção e cinco técnicos administrativos.

UEL – Após se reunir com a reitora, o governador Beto Richa cumpriu uma tradição da instituição – que a cada ano promove o plantio de uma muda – e plantou a 40ª peroba no bosque do campus universitário.

O evento marca os 40 anos de reconhecimento da Universidade Estadual de Londrina pelo Ministério da Educação. Além do governador, foram homenageados ex-reitores e vice-reitores, o ex-governador Paulo Pimentel, o ex-prefeito Dalton Paranaguá, o ex-governador José Richa, representado por sua viúva, Arlete Richa, e o prefeito Barbosa Neto. “É uma honra receber essa homenagem de uma instituição histórica e conceituada”, disse Richa. Atualmente, a UEL tem 64 cursos superiores e 25 mil alunos. (AEN)




Doença social !!! Sociedade narcisista!!! A estética acima da saúde: Jovem está em coma por tomar anabolizante de cavalo

Um jovem de 18 anos de Bela Vista do Paraíso entrou em coma após ingerir anabolizantes indicados para cavalo e deficientes físicos. Ele está internado em estado grave com trombose cerebral no Hospital Universitário (HU) de Londrina desde a manhã de quarta-feira (5), onde chegou já inconsciente.

Segundo relato da família, João Paulo Mendes dos Santos começou a tomar a medicação há quinze dias para ganhar massa corporal e a transformação física que ele obteve em poucos dias foi brutal. O jovem teria tomado 20 vezes a mais da dose indicada para deficientes físicos.

Como não há vaga na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), o jovem está internado no Pronto Socorro (PS), mas de acordo com a assessoria de imprensa, ele está recebendo a mesma assistência de um leito de UTI. João Paulo está sedado, respirando com ajuda de aparelhos e com risco de morte.

A trombose cerebral, que é a formação de coágulos de sangue em vaso sanguíneo, causou danos no cérebro do paciente mas ainda não se sabe extensão das lesões e se serão permanentes.

O Narcisismo como a perda do ser


O narcisismo representa um dos maiores problemas enfrentados pelo homem moderno, que acredita que a felicidade está na conquista da admiração do outro, seja através do poder, do alto desempenho, da produtividade, da competitividade, da beleza e assim por diante. Nossa cultura promove a personalidade narcisista à medida que entende que o importante é vencer. Para vencer muitos deixam em segundo plano valores humanos e submetem sua existência a esforços para serem admirados

Essa é a dinâmica narcisista – buscar no outro o reconhecimento que ele mesmo não consegue ter sobre si e busca através de sua imagem, deixando de lado características que são essenciais e que além de torná-lo único proporciona sentimentos de pertinência, auto-estima, aceitação de si e dos outros, etc.

Mas de onde vêm nossa necessidade de rejeitar partes de nossa essência, criar um personagem, tudo isso em busca do amor?

Essa forma de buscar o amor tem suas origens na infância – aonde crianças são tolhidas em sua expressão espontânea, e delas é exigido uma forma de comportamento não natural. Muitos se orgulham ao dizer que seus filhos são quietos, não dão trabalho, ou que precocemente sabem limpar-se e comportar-se como adultos. Vão a escola, fazem aulas de línguas, informática, música, esportes, desenho, enfim… em uma rotina que seria massacrante até mesmo para um adulto. A criança, pelo medo da rejeição dos pais se submete a papéis socialmente aprovados.

Muitos podem se encontrar rodeados de conquistas, beleza, admiradores, poder e status e ainda assim sentir um enorme vazio dentro de si. Normalmente atribuem esse vazio à falta de mais conquistas, beleza, poder, etc… e esforçam-se cada vez mais para atingir uma condição que a distância parecia que suprimiria toda essa falta interna, mas que quando conquistada é insuficiente e a insatisfação nunca pára.

Cabe a nós nos perguntarmos não apenas o quanto MAIS disso (ou daquilo) precisamos ..... (Blog Terapia em dia)

Sem Jobs, Apple enfrenta futuro de profundas incertezas

O carismático líder da Apple Steve Jobs perdeu a batalha contra um cancer pancreático, e a dúvida imediata que sua morte traz é se a cultura da inovação que ele forjou dentro da empresa conseguirá sobreviver sem seu criador. Afinal, os produtos da Apple não são apenas proezas tecnológicas. São proezas tecnológicas muito bem projetadas para a comercialização. E Jobs sabia vender. Os gadgets que criou — o Macintosh, a loja virtual do iTunes, a Pixar, o iPod, o iPhone e o iPad –mudaram a vida das pessoas.

Quando Jobs deixou a presidência executiva da companhia há dois meses para cuidar da sua saúde, dúvidas sobre o futuro da Apple já pairavam no ar. Empresas estruturadas em torno de um líder carismático costumam perder o seu vigor após a saída de cena do grande líder. Com a morte de Jobs, a Apple enfrenta um cenário de incertezas ainda mais profundas.

A curto prazo, a Apple diz que tem um plano de sucessão, posto em prática em agosto a pedido de Jobs, com a promoção de Tim Cook a CEO. A empresa também tem um novo iPhone 4 – o seu produto mais vendido –, e pretende lançar em breve o iPhone 5, um smartphone de cujo desenvolvimento Jobs participou.

Mas o que acontecerá daqui a alguns anos? A Apple conseguirá manter o seu “cool” como a empresa de tecnologia que mais influenciou mudanças em quase todas as indústrias na última década? Cook saberá cravar o seu próprio lugar na história da empresa, indo além do papel de gerenciar a forma como a Apple comercializa seus produtos para assumir um papel que define o que são estes produtos e como são percebidos pelo consumidor?

Um dos primeiros lugares onde as pessoas buscaram vislumbrar sinais de uma mudança na Apple foi o evento de lançamento do iPhone 4S no início desta semana. Jornalistas criticaram o desempenho inaugural tanto de Cook como do próprio produto, descrevendo ambos como enfadonhos, em parte porque eles os comparavam a um certo ideal que Jobs havia criado.

A Apple é uma empresa enorme, gerenciada meticulosamente por executivos brilhantes. Mas o brio de Jobs, sua visão e magia serão difíceis de substituir. A perda de um executivo fundador pode levar anos para superar. Cook terá dificuldade para sair dessa sombra.

Em seu discurso para um público de formandos de Stanford, em 2005, um ano após ter sido diagnosticado com câncer, Jobs exaltou a morte como “a melhor invenção da vida”. “(A morte) é o agente de mudança da vida. Ela limpa o velho para abrir caminho para o novo”, disse.

Resta saber se o próprio Steve Jobs será substituído pelo novo, ou se a Apple perdeu algo que não vai voltar. (ON)

Entrada franca!!! Música no Museu Guido Viaro: duonovo - Terça Feira, dia 11 de Outubro às 20:30

No programa: Antonio Vivaldi, Francis Poulanc, Dimas Sedicias, Edino Krieger, Otto Keting, Carlos Secomandi e Cláudio Menandro.

O “duonovo” surgiu em 2011, através do contato entre dois estudantes da Escola de Música e Belas Artes do Paraná com a proposta de uma formação inusitada e pouco explorada. A ideia do duo é experimentar as possibilidades desse encontro a partir das obras já existentes no Brasil para a formação e também através de arranjos e adaptações. O violonista Francisco Luz e o trompetista Audryn Souza, fizeram a primeira mostra do seu trabalho no III Festival de Música de Ponta Grossa (Junho/2011).


Violão e Trompete. Dois instrumentos muito populares na música brasileira. O primeiro possui uma obra extensa e uma linguagem própria bem resolvida a partir do século XX, é relacionado em grande parte a um repertório solo e é reconhecido pela versatilidade de timbres e por um caráter introspectivo. E o trompete, além de possuir um repertório consistente como instrumento solista, é encontrado nas mais diversas formações camerísticas e orquestrais e é reconhecido pelo seu timbre brilhante e sua grande capacidade de projeção. Essas características particulares de cada instrumento somadas a escassez de trabalhos e repertório escritos especificamente para o duo violão e trompete, sugerem uma interessante experiência do diálogo entre as diferentes linguagens dos dois instrumentos.


Como o nome do duo sugere, a formação é inusitada e neste concerto, através de uma proposta mais dinâmica de apresentação, pretende aproximar tais instrumentos e público.

União estável X casamento

Fazer um registro de união estável ou casar de papel passado, como se diria antigamente? A dúvida passa pela cabeça de muitos casais na hora de oficializar o relacionamento. Sob o aspecto jurídico, as diferenças são poucas. A escolha, atualmente, se dá mais no âmbito do grau de formalidade. Para o procurador do estado do Rio de Janeiro e professor de Direito Civil da Faculdade de Direito da Uerj Carlos Edison do Rêgo Monteiro Filho, o caráter menos conservador da união estável está presente até nos detalhes da legislação sobre os deveres de convivência de cada um desses modelos de constituição familiar:

“O casamento tem uma lista definida de deveres de convivência, como vida em comum, mútua assistência, respeito e consideração mútuos e fidelidade. Na união estável, se usa o termo lealdade, que é mais moderno e abrangente. Se as partes têm um relacionamento aberto, que envolva outros parceiros eventuais, estão sendo leais desde que haja uma combinação prévia. Fidelidade pressupõe exclusividade”.

No registro de união estável, os companheiros podem colocar as cláusulas que quiserem com relação à partilha de bens. Se não houver nada especificado, vale a comunhão parcial de bens. Já para se casar é preciso escolher o regime de bens. Quanto à herança, Carlos Edison explica que o cônjuge recebe, mas que o Supremo ainda vai decidir, no caso da união estável, se o companheiro é ou não herdeiro necessário. As duas opções de formação de família prevêem, no entanto, pensão alimentícia em caso de separação.

Na união estável, um membro também pode adotar o sobrenome do outro, mas, além de concordância, é preciso ter filhos ou no mínimo cinco anos de convivência. No casamento, não são feitas essas exigências.

Segundo Carlos Edison, não é necessário o registro para se configurar a união estável, embora ele facilite questões burocráticas como incluir o companheiro no plano de saúde ou fazer um financiamento conjunto. Se não houver o documento, em caso de litígio na separação, fica complicado se confirmar a estabilidade com menos de dois anos de convivência.

Carlos Edison ressalta que o casamento é um ato ultra-solene, o mais formal do Direito Civil. A burocracia e o processo de habilitação são necessários para fazer com que o casal tenha um tempo de reflexão e amadureça a decisão. “A pessoa que decide se casar é inspirada por tradição familiar e quer o respaldo do Estado, que é mais presente. A união estável nasce da espontaneidade de uma relação de fato”, ressalta ele.

Foi em busca de um documento para uma relação que já existia que a advogada Flávia Monteiro resolveu procurar um cartório. Embora já estivesse grávida do segundo filho, ela e seu companheiro não queriam o “peso” do casamento e decidiram fazer o registro de união estável por conta do plano de saúde:

“Nunca fiz questão de casar na Igreja. As pessoas cobram, mas, para mim, casar era viver o dia a dia. Não queríamos assumir algo tão sério, estávamos vendo se ia dar certo. E está dando: já estamos juntos há dez anos”, afirma ela, contando ainda que se dirigiu ao cartório como se fosse assinar qualquer contrato: “Não levamos ninguém da família, e eu nem me lembro da roupa que estava. Foi tudo muito natural”.

O que ainda não é considerado natural e enfrenta resistência de parte da sociedade é o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Para o pastor Marcos Gladstone, fundador da Igreja Cristã Contemporânea – que em cinco anos de existência já fez mais de 50 casamentos homoafetivos – a realização da cerimônia é a realização de um sonho:

“A expectativa vai muito além da de um casamento heterossexual, já que representa para os noivos um marco de uma conquista até pouco tempo improvável de ser vivida. Muito mais do que uma forma de ser aceito pelos outros, a celebração é uma forma de se sentir realizado como ser humano”.

Para Gladstone, além do lado religioso, é importante que o casamento homossexual seja reconhecido juridicamente: “Eu e meu companheiro estamos adotando dois filhos que terão os nossos sobrenomes e o nome dos dois pais no registro de nascimento, mas nosso estado civil continua sendo solteiro”.

Embora o primeiro casamento gay já tenha sido reconhecido por um juiz no Brasil, a decisão não é consenso entre os magistrados. A Constituição diz explicitamente que reconhece a entidade familiar entre homem e mulher. Mas Carlos Edison acredita que “é uma questão de tempo para que haja uma mudança na lei no sentido de reconhecimento da pluralidade”. (ON)

Amazônia: Desmatamento em áreas de proteção cresce 127% em dez anos

Números do Projeto Prodes, que monitora a Floresta Amazônica brasileira por satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), mostram que o desmatamento em 132 Unidades de Conservação avançou de 5.036 para 11.463 quilômetros quadrados entre 2000 e 2010 – um aumento de 127,6%.

Em dez anos foram desmatados 6.427 km², mais do que toda a área devastada até 2000. Apenas nos últimos três anos, 964 km² de mata foram abaixo nessas unidades.

As Unidades de Conservação ficam localizadas na área da Amazônia Legal, que abrange seis estados e parte de Mato Grosso, Tocantins e Maranhão. No Pará, a Floresta Nacional do Jamanxim já perdeu 9,8% de sua área. Entre as Unidades de Conservação, é a que possui maior extensão desmatada, de 1.269 km². A Floresta Nacional do Bom Futuro, em Rondônia, perdeu 27% de seus 2.783 km².

Até mesmo áreas de proteção integral, que deveriam ser intocáveis, não escapam ao desmatamento. É o caso da Reserva Biológica do Gurupi, no Maranhão, que já perdeu 27,7% de seus 2.733,8 km².

Na maioria das vezes, as árvores são cortadas aos poucos, em pequenas clareiras que vão tornando a floresta mais rala. O estrago feito só é detectado pelos satélites do Inpe quando alcançam proporções maiores. No ano passado, a Reserva do Gurupi perdeu 11,9 km².

Chama atenção a situação do Pará. Das dez Unidades de Conservação mais desmatadas, sete estão no estado. Na Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns, nos municípios de Santarém e Aveiro, 7,5% da área de floresta já não existem mais.

Declarada de utilidade pública em 1998, ela deveria abrigar apenas projetos de exploração sustentáveis, garantindo a conservação dos recursos naturais. Antes de ser criada, até 1997, apenas 5% da área haviam sido devastadas. (ON)


Suposta filha de Hitler teria vivido no Paraná: Coleção KBK


COLEÇÃO KBK:

A Vida e a Saga de Holdine e Magda Goebbels

Histórias da Segunda Guerra Mundial ainda causam espanto e curiosidade. Muita coisa ficou mal explicada com o final do maior conflito bélico. Diversos historiadores tentaram desvendar os fatos que, aparentemente, não apresentam uma solução, principalmente quando se trata da complexa cadeia de mortes sem provas concretas e de fugas muito bem tramadas que ocorreram com a queda do império alemão nazista de Hitler.

Os livros que compõem a Coleção K.B.K. trazem uma nova e grande descoberta, a partir de documentos que apresentam Magda Goebbels — a mulher mais influente da Alemanha nazista —, e uma de suas filhas, Holdine Kathrim Goebbels, em trâmite pela América do Sul e estabelecendo moradia no sul do Brasil no final dos anos 1960. K.B.K. é um trabalho capaz de mudar a História universal como conhecemos hoje.

Conclusões inquietantes

Arquivo pessoal / Christiane e Luiz ao lado da condessa Nora Daisy, suposta filha de Adolf Hitler: mistério é detalhado na extensa autobiografia escrita pelo casal de médicos

Christiane e Luiz ao lado da condessa Nora Daisy, suposta filha de Adolf Hitler: mistério é detalhado na extensa autobiografia escrita pelo casal de médicos

Quase 70 anos depois, o fim da Segunda Guerra Mundial e a queda do Terceiro Reich ainda são vistos como uma fonte inesgotável para historiadores, cineastas, romancistas, revisionistas e – por que não? – predestinados. O que alguns passam anos procurando, outros acabam encontrando sem querer. De uma maneira ou de outra, alguns achados têm o poder de reavivar polêmicas imortais. Entre elas, o real desfecho do maior conflito bélico da história universal: Hitler teria mesmo morrido no bunker de Berlim?

Versões mirabolantes, fugas cinematográficas, dúvidas in­­contáveis, mistérios indecifráveis. O que realmente aconteceu no dia 30 de abril de 1945, data que hoje pode ser comparada à do assassinato do extremista Osama bin Laden? Hitler e a es­­posa, Eva Braun, e seus subordinados mais próximos, como o ministro da propaganda, Joseph Goebbels, mulher e filhos, te­­riam mesmo se suicidado no refúgio antibombas onde permaneceram até a tomada aliada?

A fuga em massa de nazistas para países simpáticos ao regime e as teorias de que Hitler queria transformar o Uruguai no Quarto Reich já inspiraram vários livros, reportagens, estudos e documentários que buscam apontar outro sentido para o fim de alguns dos principais personagens deste episódio da História. Com o lançamento de seu primeiro volume neste mês, a coleção K.B.K. – A Biografia e a Saga de Holdine Kathrim e Sua Mãe, Magda Goebbels, na América do Sul Após a Segunda Guerra Mundial (Ed. Schoba) também investe na polêmica.

Escrita pelos médicos Christiane Lopes Pereira e Luiz Monteiro Franco, a obra de quase 1,3 mil páginas divididas em quatro volumes é o resultado de uma pesquisa que já completa seis anos. Baseado no relato de Nora Daisy – figura intrigante que viveu na miséria em Foz do Iguaçu, no Oeste do estado, entre 1972 e 2006 –, o livro traz depoimentos de historiadores e documentos que ajudam a esclarecer fatos que por muito tempo permaneceram apenas em relatórios sigilosos e na memória de testemunhas importantes.

Mais que uma biografia da condessa Nora Daisy Auguste Emilie Carlotte Friz Kirschner Von Kirschberg e de sua mãe, Nora Berthé Auguste Maria Friz, as revelações relatadas no livro, afirmam os autores, levam a uma conclusão inquietante. Nora Friz e Nora Daisy seriam, respectivamente, Magda Goebbels, esposa do então ministro da propaganda nazista Joseph Goebbels, e Holdine Kathrim, filha mais nova do casal e que seria fruto de um relacionamento com Hitler. No livro, o Führer aparece ora como Dom Franzisko, ora como Kurt Bruno Kirschner, cujas iniciais dão nome à coleção.

Encontro

Médica da família em Foz do Iguaçu, a doutora Christiane teve o primeiro contato com a condessa, como era conhecida no bairro, em 2005, no Posto de Saúde onde trabalhava. “Uma senhora idosa, com traje de mendiga, doente e sofrida”, conta a autora. Ao mesmo tempo em que o tratamento avançava, a confiança entre as duas se estreitava. Dramas, lembranças ruins, medos e tristezas permeavam as histórias de mãe e filha, que, na década de 1970, chegaram a ser apontadas por uma revista da região como sendo Eva Braun, esposa de Hitler, e a filha do casal.

“Se no primeiro momento ti­­vemos a sensação de estar diante de uma pessoa portadora de sério distúrbio psíquico, em pouco tempo percebemos que, apesar de toda a camuflagem e da tentativa de esconder a verdadeira história por trás daquilo tudo, estávamos diante de algo muito maior”, lembra Franco. Nora Daisy e sua mãe, defende, foram pessoas importantes na história do nazismo, conviveram com Hitler e conheceram intimamente muitos da­­queles personagens. “Por mais que estivéssemos convencidos, tínhamos que investigar mais seriamente tudo o que a condessa nos dizia. E ainda há muito a ser descoberto e comprovado.”

Memórias

As histórias detalhadamente retratadas em um livro autobiográfico todo desenhado trazem datas, lugares, tramas e coadjuvantes importantes para a compreensão dos episódios convenientemente sustentados e que mãe e filha garantem ter vivido. “Sem dúvida, um dos maiores mistérios embutidos na saga da condessa Nora Daisy está na figura da sua mãe. Sobre ela falamos quase todo o tempo. São informações sobre uma época em que Daisy ainda era menina, recontadas hoje com aparente naturalidade, mesmo que pouca informação seja fruto de vivência própria”, comentam.

Além do livro, a condessa guardava entre seus pertences fotos antigas, cópias de testamentos e registros de nascimento e de óbito. Na memória, datas continuamente decoradas, em especial as que ordenam a viagem de 17 anos que as duas fizeram a cavalo por países da América do Sul, logo após a morte de Kurt Bruno Kirschner, em 1954, na cidade de Encarnación, no Paraguai, onde plantava arroz e criava animais. Coincidência ou não, a saga teve no roteiro conhecidos redutos germânicos de forte apelo nazista.

Respostas

Nora Friz morreu em um misterioso incêndio em 1978 e Nora Daisy em 2006, de causas naturais. Várias, porém, são as interrogações. Os conspiradores estavam certos? Como se deu e quem estava por trás de toda a logística de fuga da Alemanha? Desde quando vinha sendo planejada? Quem foram as vítimas que deram nome aos fugitivos para que pudessem permanecer in­­cógnitos sob seus disfarces? Quem conseguiu escapar e para onde foram? Hitler passou os últimos anos de vida no Paraguai? O Führer teria deixado descendentes? Afinal, quem foram Nora Friz e Nora Daisy? (GM)


DEPOIMENTO DOS AUTORES DA COLEÇÃO DE LIVROS:

SOS JOELMA: ELA ESTÁ SOB AMEÇA DE MORTE

Empresas lucram com repressão contra imigrantes

Austrália é o país que mais terceirizou a detenção dos imigrantes e enfrenta problemas relacionados a maus-tratos dos presos.

Entrada do Centro de Detenção de Imigrantes Curtin, controlado pela empresa Cerco, próximo a Derby, na Austrália

Os homens apareceram em uma pequena cidade no interior da Austrália no início do ano passado, oferecendo seu dinheiro por todos os alojamentos disponíveis. Em poucos dias, sua empresa, a Serco, trazia para a região recrutas de lugares distantes, como Londres, e os colocava em trailers para trabalhar 12 horas por dia como guardas em um acampamento remoto, onde os imigrantes que procuram asilo são detidos indefinidamente.

Isso era apenas uma pequena parte de um padrão mantido em três continentes, onde algumas empresas multinacionais de segurança têm transformado a repressão à imigração em uma indústria em crescimento mundial. Especialmente na Grã-Bretanha, nos Estados Unidos e na Austrália, os governos têm cada vez mais usado os serviços de empresas como esta para expandir a detenção de imigrantes e mostrar aos eleitores que estão reforçando as leis de imigração.

Algumas das empresas são enormes – uma está entre as maiores empregadoras privadas do mundo – e elas dizem que estão atendendo à demanda de maneira mais rápida e menos dispendiosa do que o setor público poderia.

Mas o rápido crescimento da detenção privatizada tem sido acompanhado por relatórios mordazes de inspeção, ações judiciais e a documentação de abuso e negligência generalizada, por vezes letal. Grupos de direitos humanos dizem que a detenção não tem nem funcionado como um elemento de dissuasão ou tampouco acelerado a deportação, como afirmam os governos, e alguns se preocupam com a criação de um “complexo industrial de detenção” com uma dinâmica própria.

“Eles são muito bons na propaganda”, disse Kaye Bernard, secretária-geral do sindicato de trabalhadores de detenção no território australiano das Ilhas Christmas, onde eclodiram protestos esse ano entre os requerentes de asilo e os guardas. “Na verdade, a situação é quase risível, há caos e incapacidade de funcionamento.”

Prisões privadas dos EUA há muito tempo provocam polêmica. Mas enquanto os estudos seguem conflitantes sobre seus custos e benefícios, não há comparações sistemáticas para a detenção de imigrantes, dizem estudiosos como Matthew J. Gibney, cientista político da Universidade de Oxford que monitora sistemas de imigração.

Ainda assim, Gibney e outros dizem que as armadilhas da terceirização da imigração se tornaram evidentes nos últimos 15 anos. “Quando algo sai errado – uma morte, uma fuga – o governo pode colocar a culpa numa espécie de falha de mercado em vez de uma falha de prestação de contas”, disse.

Nos EUA – com quase 400 mil detenções por ano em 2010, em relação a 280 mil em 2005 – empresas privadas controlam agora quase a metade de todos os leitos de detenção, em comparação com apenas 8 por cento em prisões estaduais e federais, de acordo com dados do governo. Na Grã-Bretanha, sete de 11 centros de detenção e centros de permanência em curto prazo para os imigrantes são coordenados por empreiteiros com fins lucrativos.

Mas nenhum país tem a aplicação da lei da imigração mais completamente terceirizada, com resultados mais problemáticos, que a Austrália. Sob leis de detenção obrigatória rigorosas, o sistema tem sido gerido por uma sucessão de três empresas de capital aberto desde 1998. Todas os três são agora grandes jogadoras no negócio internacional de bloqueio e transporte de estrangeiros indesejáveis.

Funcionários da Serco entram no ônibus a caminho do Centro de Detenção de Imigrantes Curtin para uma jornada de trabalho de 12 horas

A primeira, a empresa prisional da Flórida conhecida como GEO Group, perdeu o seu contrato na Austrália em 2003 em meio a descobertas de uma comissão de que crianças detidas foram submetidos a tratamento cruel. Uma auditoria do governo australiano informou que o contrato não tinha cumprido “o custo benefício”. Nos Estados Unidos, a GEO controla 7 mil de 32 mil leitos de detenção.

A segunda empresa, a G4S, um conglomerado anglo-dinamarquês de segurança com mais de 600 mil funcionários em 125 países, foi acusado de negligências letais e uso abusivo do confinamento solitário na Austrália. Em meados da década passada, depois de crianças refugiadas costurarem os lábios durante greves de fome em campos como Woomera e Curtin, e comissões do governo descobrirem que cidadãos australianos e residentes legais estavam sendo injustamente detidos e deportados, protestos levaram o governo do Partido Liberal a desmantelar alguns aspectos do sistema.

Mas depois de prometer devolver a função para o setor público, o governo trabalhista atribuiu um contrato de cinco anos e US$ 370 milhões para a Serco em 2009. O valor do contrato, desde então, disparou para acima de US$ 756 milhões ao mesmo tempo em que os locais de detenção quadruplicaram para 24, e o número de presos subiu de mil para 6,7 mil.

Problemas perigosos

Durante o ano passado, tumultos, incêndios e protestos suicidas deixaram milhões de dólares em danos em centros coordenados pela Serco nas Ilhas Christmas e em Villawood, perto de Sydney, e a auto-mutilação de detentos aumentou vinte vezes, segundo documentos do governo. Em agosto, um relatório de inspeção do governo citou perigosa superlotação, profissionais inadequados e mal treinados, nenhum planejamento de crise e nenhuma exigência de que a Serco aumente o número de funcionários quando a população detida passe da capacidade.

No centro de detenção que a Serco coordena em Villawood, imigrantes falavam de detenções longas e sem previsão de conclusão que os deixavam loucos. Alwy Fadhel, 33, uma cristã da Indonésia, que disse precisar de asilo por perseguição islâmica, perdeu tufos de seus longos cabelos pretos depois de ser mantida por mais de três anos, dentro e fora do confinamento solitário. “Nós falávamos sozinhos”, disse Fadhel. “Falávamos com o espelho, com a parede.”

Naomi Leong, uma tímida menina de 9 anos de idade, nasceu no campo de detenção. Por mais de três anos, a um custo de cerca de US$ 380 mil, ela e sua mãe foram mantidas atrás do arame farpado. Psiquiatras afirmaram que Naomi estava crescendo muda, batendo sua cabeça contra as paredes, enquanto sua mãe, Virginia Leong, uma cidadã malaia acusada de tentar usar um passaporte falso, caiu em depressão.

Naomi e sua mãe se tornaram uma causa célebre em protestos contra o sistema de detenção obrigatória, levando a sua libertação em 2005, com raros vistos humanitários. Elas agora são cidadãs. “Eu venho aqui para dar um pouco de esperança para o povo”, disse Leong durante uma recente visita a Villawood, onde cartazes mostram os princípios que regem a Serco, começando com: “Promovemos uma cultura empresarial.”

Soluções de livre mercado

Empresas costumam dizer que a perda de um contrato está na prestação de contas final. “Estamos conscientes de nossas responsabilidades e estamos comprometidos com um tratamento humano, justo e decente de todos aqueles sob nossos cuidados”, disse um porta-voz da Serco em um e-mail. ”Continuaremos a trabalhar com nossos clientes ao redor do mundo em busca de melhorar os serviços que oferecemos para eles.”

Mas o cancelamento dos contratos de detenção são raros e facilmente substituídos nesse negócio cujo crescimento é rápido. O portfólio de US$ 10 bilhões da Serco inclui muitos outros negócios, do controle de tráfego aéreo ao processamento de vistos nos EUA, passando pela manutenção de armas nucleares, a vigilância por vídeo e programas de bem-estar no trabalho na Grã-Bretanha, onde também opera várias prisões e dois centros de remoção de imigrantes.

“Se uma área ou território desacelera, podemos avançar para onde está o crescimento”, disse Christopher Hyman, presidente-executivo da Serco, aos investidores no ano passado, depois de informar um aumento de 35% nos lucros.

Nesta primavera, a Serco relatou um aumento de 13% nos lucros. A sua rival, G4S, entrega dinheiro para os bancos na maioria dos continentes, realiza a segurança de aeroportos em 80 países e tem 1,5 mil funcionários na fiscalização de imigração na Grã-Bretanha, Holanda e Estados Unidos, onde seus serviços incluem a escolta de imigrantes ilegais que atravessam as fronteiras de volta ao México para o Departamento de Segurança Nacional.

Nick Buckles, presidente-executivo da G4S, não quis falar sobre a empresa. Mas no ano passado ele disse a analistas como os seus negócios na Holanda haviam crescido uma semana após o assassinato de um político com uma forte agenda anti-imigração em 2002. “Não há nada como uma crise política para estimular um pouco de mudança”, disse Buckles.

Na Grã-Bretanha, no ano passado, a empresa passou por investigação criminal sobre a asfixia de um homem de Angola que morreu quando três escoltas da G4S o detiveram em um voo da British Airways. Logo depois, as autoridades de imigração britânicas anunciaram que a empresa havia perdido sua oferta para renovar um contrato de US$ 48 milhões para a escolta de deportados para uma concorrente.

Mesmo assim, a G4S tem mais de US$ 1,1 bilhão em contratos com o governo da Grã-Bretanha, disse um porta-voz, dos quais apenas US$126 milhões da autoridade de imigração. A empresa rapidamente substituiu a perda de receita com contratos para a construção, locação e execução de prisões.

Em 2007, a Comissão da Austrália Ocidental de Direitos Humanos constatou que os motoristas da G4S ignoraram os gritos dos presos trancados em uma van escaldante, deixando-os tão desidratados que um bebeu sua própria urina. A empresa foi condenada a pagar US$ 500 mil por tratamento desumano, mas três das cinco vítimas já haviam sido deportadas. Oficiais da imigração, apostando nas informações incorretas da empresa, tinham rejeitado suas queixas, sem investigação, segundo descobriu a comissão.

Houve clamor público quando um homem aborígene morreu em outra van da G4S em circunstâncias similares no ano seguinte. Em 2009, um legista afirmou que a G4S, os controladores e o governo tiveram culpa. A empresa foi posteriormente premiada com um contrato de US$ 70 milhões de cinco anos para o transporte de prisioneiros em outro Estado, Victoria, sem licitação. A G4S se declarou culpada de negligência na morte este ano e foi multada em US$285 mil.

Uma política que saiu pela culatra

“A Grã-Bretanha não é mais suave”, Damian Green, o ministro da Imigração, disse em agosto de 2010, quando visitou o centro, perto do Aeroporto de Heathrow, que tinha queimado em 2006, durante distúrbios contra uma empresa privada diferente.

Os motins começaram no dia em que o inspetor-chefe das prisões divulgou um relatório sobre abusos, incluindo excesso de espera para a deportação. Meses após a visita de Green, um conselho independente de monitoração reclamou que no centro expandido – agora o maior da Europa, com 610 detentos – pelo menos 35 homens estavam esperando mais de um ano para serem deportados, incluindo um preso que estava no local há três anos e sete meses a um custo de pelo menos US$ 237 mil.

O acampamento que a Serco assumiu no outback australiano, o Centro Curtin de Detenção de Imigrantes, também havia sido fechado em meio a rebelião e greves de fome em 2002. Mas foi reaberto no ano passado para lidar com uma onda de requerentes de asilo que chegam de barco, mesmo que o governo tenha imposto uma moratória sobre processamento de suas reivindicações. Remodelado para 300 homens, o acampamento fica em uma antiga base da força aérea e mantém mais de 1,5 mil detidos em cabanas e barracas por trás de uma cerca eletrificada. Guardas da Serco comparam o local a uma fazenda de galinhas criadas soltas.

Em 28 de março, um afegão de 19 anos de idade de um grupo de perseguidos pelo Taleban se enforcou após uma detenção de 10 meses – o quinto suicídio no sistema em sete meses. Uma dúzia de guardas, com pouco treinamento e tempo para dormir, se viram lutando contra centenas de detentos com raiva pelo corpo do adolescente. “Perdemos o controle”, disse Richard Harding, que atuou durante uma década como inspetor de prisão da Austrália Ocidental.

Ele não é contra a privatização e até elogiou uma prisão da Serco que está no site da empresa. Mas ele disse que hoje a Curtin é emblemática de “um arranjo imperfeito que vai dar errado, não importa quem esteja no controle”. ”Essas grandes empresas globais, em relação a atividades específicas, são mais poderosas que os governos com os quais estão lidando”, acrescentou. (Canal Brasil)

 
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