segunda-feira, 16 de abril de 2012

Ducci marca encontro com Requião

O prefeito de Curitiba, Luciano Ducci (PSB), tem tentado há tempos um encontro com Roberto Requião para tentar costurar uma aliança com o PMDB ainda no primeiro turno da eleição municipal. Já teria oferecido inclusive a vice para um peemedebista. A reunião vai ocorrer em um jantar na quarta-feira em Brasília.

Vale lembrar que, no primeiro turno da eleição para governador em 2006, Ducci era vice-prefeito de Beto Richa (PSDB) e levou o PSB para fazer campanha para Requião contra Osmar Dias (PDT). (Blog da Joice)

Dilma resgatada

"Quando deixou de dar atenção à organização dos movimentos da base da sociedade e abandonou a organização interna original, que dava voz aos militantes, o PT derrapou no campo ético".

Os infiéis aliados de Dilma Rousseff tomaram um susto com os estratosféricos índices (77%) de apoio popular recebidos pela presidente. O mais desconcertante para eles foi o índice de 75% na Região Sudeste. Na faixa de renda superior a dez salários foram inéditos 60%. Ou seja, não se pode mais dizer que o apoio é fruto da desinformação e da falta de instrução dos mais pobres, como sempre foi alegado. Por que a aprovação da antiga classe média? Justamente por causa da prova de firmeza dada por Dilma ao "peitar” os oportunistas e fisiológicos. Dilma foi resgatada do cerco dos oportunistas.

PUTREFAÇÃO

Não basta ter a aprovação eventual dos cidadãos, é preciso que estes tenham mecanismos para intervir no jogo político e compartilhar das decisões. Não cabe à presidente articular a sociedade para isso, mas aos partidos progressistas de sua base, sobretudo o PT, que tem o compromisso histórico de não ser apenas um partido eleitoreiro. O contrário seria uma traição à sua origem. Só assim será possível conter a putrefação da política, que termina contaminando todos os partidos, sem exceção.

SAL

Foi quando deixou de dar atenção à organização dos movimentos da base da sociedade e abandonou a organização interna originária, que dava voz aos militantes (e mantinha os representantes parlamentares controlados pela base) que o PT derrapou no campo ético. Hoje, está cada vez mais se regendo apenas pelos mecanismos institucionais formais. Cada militante político deveria ser obrigado a ler o livro A mosca azul, de Frei Betto. Só a sociedade organizada e participativa, bem como a retomada dos instrumentos de controle dos parlamentares pela militância partidária poderão exercer o papel de sal providencial na contenção da putrefação da vida política brasileira.

MODELO

A proximidade das eleições municipais enseja a oportunidade de debater não só a Cidade, mas, igualmente, o modelo institucional de gestão. É preciso aproveitar a ocasião para trazer de volta a discussão sobre a democracia participativa no âmbito municipal. O município é o espaço mais apropriado para se experimentar novos modelos de governo. A forma participativa é a mais compatível com uma sociedade municiada por um fluxo incessante de informações, como a contemporânea.

LETRA MORTA?

A Lei Orgânica de Fortaleza é uma das mais avançadas do Brasil, em termos de mecanismos participativos. No entanto, continua praticamente como letra morta. Faz 15 anos, por exemplo, que se pode convocar plebiscito para que os cidadãos decidam sobre questões fundamentais da Cidade; mas esse direito nunca foi aplicado. Chegou a hora de se colocar a efetivação desses instrumentos como compromisso fundamental de qualquer candidatura, tanto para prefeito como para a Câmara Municipal.

DÚVIDAS

O projeto do Acquário, quando olhado a partir dos objetivos declarados, é sedutor. Atrair turistas e assim gerar renda para ser revertida em favor de todos só pode merecer aprovação. O mesmo se diga de utilizá-lo como centro de pesquisa da vida marinha, dando destaque ao Ceará nessa área. No entanto, surgiram dúvidas quanto ao atendimento real dessas duas expectativas. Têm circulado números comparativos com outros empreendimentos semelhantes, no mundo, para contestar o retorno compensatório para os cofres públicos. E dúvidas quanto à sustentabilidade ambiental. São informações equivocadas e maldosas? Seria preciso prová-lo, e a única forma para isso é contestá-las ponto por ponto. Mas, aí é preciso que cientistas isentos venham em socorro do cidadão leigo. Devem isso à sociedade. (Adital)


17 de Abril: Mais de 250 manifestações devem marcar o Dia Internacional das Lutas Campesinas

As reivindicações em torno do 17 de abril - Dia Internacional das Lutas Campesinas - já começaram. Nesta segunda-feira, integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) ocuparam o Ministério do Desenvolvimento Agrário em Brasília, Distrito Federal (Brasil); a Receita Federal, em Cuiabá; a sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), no Rio de Janeiro, e uma fazenda no Rio Grande do Sul. Amanhã, as ações se espalham por todo o mundo.

O Movimento Nacional Campesino Indígena (MNCI), o Fórum da Agricultura Familiar (Fonaf), o Movimento Campesino de Liberação (MCL), a Frente Nacional Campesina (FNC) e a Mesa Provincial de Buenos Aires também estão elevando a voz neste 17 de abril. As organizações se unirão amanhã para exigir que a Lei de Freio às Desocupações no Campo volte imediatamente às pautas de debate.

Hoje, os povos do campo vivem oprimidos pelas corporações que se dedicam ao agronegócio, atividade que traz problemas como o monocultivo e as fumigações de agrotóxicos. Para erradicar este mal no campo, as organizações se apresentarão em frente ao Congresso Nacional para exigir a aprovação do projeto de lei de suspensão das desocupações, apresentado no ano passado, e tentar combater a violência que a população rural presencia e sofre cotidianamente.

O movimento internacional Via Campesina prevê a realização de mais de 250 atividades no marco desta data. Além de Brasil e Argentina, campesinos e campesinas do Uruguai, Bolívia, México, Estados Unidos, Indonésia, Moçambique, Canadá, França, Espanha, Austrália, Palestina, entre outras nações, devem se manifestar. Serão realizadas ocupações, conferências, atos públicos, exibições de filmes, exposições fotográficas, marchas, atividades de conscientização e formação.

As manifestações querem chamar atenção para a necessidade de se realizar uma reforma agrária integral e com justiça social; para barrar o acúmulo de terras nas mãos de grandes proprietários e para reforçar a relevância do sistema de produção agrícola baseado na agricultura campesina e na soberania alimentar.

Neste ano, a Via Campesina quer chamar atenção especial para a concentração de terras nas mãos de estados e empresas, que se utilizam da terra para desenvolver o monocultivo para exportação e a produção de agrocombustíveis. Esta conduta, além de provocar a devastação do meio ambiente causa mal estar social, fome e pobreza entre os campesinos e suas famílias, desocupações de populações locais (campesinos/as e indígenas) e violação de direitos humanos.

As terras e recursos naturais, como água e sementes, geralmente, estão nas mãos de grandes investidores, donos de plantações, empresas madeireiras, grupos que investem em mineração e hidrelétricas, empreendedores turísticos e imobiliários, autoridades portuárias e de infraestrutura, entre outros. Segundo aponta a Via Campesina, estes grupos possuem forte influência política que, com frequência, paralisa as instituições democráticas. "Além disso, atuam com a cumplicidade da classe dirigente local e nacional (comerciantes, políticos e líderes comunitários), que não protegem seu próprio povo do saqueio”, denunciam.

Por estes motivos, a Via Campesina está convocando todos os interessados em mudar esta realidade a se unirem às mobilizações que acontecem amanhã. Da mesma forma, a organização reforça o chamado aos seus membros e aliados a se manifestarem de forma massiva para demonstrar a resistência popular ao acúmulo de terras e chamar atenção para a luta contra o controle coorporativo dos recursos naturais e agrícolas.

Eldorado do Carajás: impunidade

No dia 17 de abril de 1996, 19 sem-terra foram mortos no Estado brasileiro do Pará, em Eldorado dos Carajás, quando se manifestavam em favor da reforma agrária. Cerca de 1.500 homens e mulheres organizados pelo MST bloqueavam a BR-150 quando foram surpreendidos por dois grupos de policiais que cercaram os manifestantes lançando bombas de gás lacrimogêneo e tiros de armas de fogo.

O saldo da violência foi a morte de 22 pessoas (19 morreram durante o massacre e três morreram depois em decorrência dos ferimentos). Além destes, 69 ficaram feridos. Acredita-se que além da polícia, exército e autoridades estatais, grandes proprietários de terra também estiveram envolvidos no planejamento e execução do massacre. Até hoje, 16 anos depois, ninguém foi punido.

Para lembrar o episódio, o MST e os deputados federais Marcon e Valmir Assunção estão convocando todos e todas a um ato político contra a impunidade e em favor da reforma agrária, que acontecerá às 17h30 de amanhã no Plenário 2 da Câmara dos Deputados, em Brasília.

A lista completa das atividades promovidas amanhã pela Via Campesina está aqui. (Adital)

Justiça bloqueia bens do ex-prefeito Nedson

O juiz Emil Gonçalves, da 2ª. Vara de Fazenda Pública de Londrina, concedeu liminar indisponibilizando os bens do ex-prefeito Nedson Micheletti (PT) e do ex-secretário e atual vereador, Jacks Dias (PT) proposta pelo Ministério Público com relação as irregularidades ocorridas no contrato da prefeitura de Londrina com a SP Alimentação, entre 2006 e 2009.
Segundo o promotor Renato Lima Castro, o MP acusa suposta cobrança de propina na licitação e o recebimento de uma comissão mensal que variava entre 5% e 8% do valor total da fatura.

O Ministério Público acusa Dias e o ex-prefeito Nedson Micheleti (PT) de terem “acrescido indevidamente ao patrimônio (pessoal)” R$ 1 milhão por conta das supostas irregularidades na merenda.

Enquanto o CM local adota o tucaninho caído do ninho, e tenta colocar um discurso de oposição no bico dele, o Marcos Maia elogia o Ducci

"O que Curitiba está fazendo precisa ser levado a todo o Brasil. A Linha Verde é modelo para as cidades-sedes da Copa do Mundo 2014 e também ao Rio de Janeiro que será sede das Olimpíadas em 2016”

“Para pensar no desenvolvimento da humanidade, temos que pensar em novas formas de energia, e Curitiba é modelo para todo o país”

Marcos Maia (PT)

Presidente da Câmara Federal

Será que é um tucaninho sem ninho sendo assado?

Solidariedade!!!

PSDB/RS vai protocolar representação contra o deputado estadual Alexandre Lindenmeyer, que votou contra os professores e depois foi vender serviço

A Comissão Executiva do PSDB/RS vai protocolar nesta segunda-feira (16) representação na Comissão de Ética da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul contra o deputado estadual Alexandre Lindenmeyer (PT), por falta de decoro parlamentar.


Após ter votado a favor do Projeto de Lei nº 15/2012, que mantém os vencimentos-base da carreira de magistério abaixo do definido pela legislação, o deputado e advogado enviou cartas a professores oferecendo assessoria jurídica para que estes ajuizassem ação, protocolada por ele, por ser a legislação inconstitucional.


Oferecido através do escritório de advocacia “Lindenmeyer Advocacia & Associados”, o serviço acusa o comportamento do deputado petista como incoerente frente à Lei Federal nº 8.906/94. Tal lei dispõe sobre o Estatuto da Advocacia e determina, em seu art. 30, que os membros do Poder Legislativo estão impedidos de exercer a advocacia contra ou a favor das pessoas jurídicas de direito público.


Além de praticar ação incompatível com o mandato, o deputado afronta o art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT) da Constituição Federal, bem como a Lei do Piso do Magistério (nº 11.738), que institui o piso salarial profissional nacional dos profissionais do magistério público, ao assinar o Projeto de Lei nº 15/2012.

Escândalo Cachoeira: Com Collor e Calheiros participando será uma CPI ou um rodízio de pizza?

Passados 21 anos de seu impeachment na CPI do PC Farias, o senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL) se sentará agora na cadeira dos juízes na CPI Mista que o Congresso instala nos próximos dias para apurar as relações do bicheiro goiano Carlinhos Cachoeira com o mundo político em Brasília. Collor foi indicado na vaga do PTB pelo líder do partido, Gim Argello (DF). E estará acompanhado de caciques do PMDB, como o conterrâneo Renan Calheiros (AL), que renunciou à presidência do Senado para escapar da cassação do mandato por quebra de decoro parlamentar, em 2007. Renan ainda quer levar Romero Jucá (RR) para a CPI. (AG)

Super armas russas

Soldado robô
A Rússia planeja conduzir estudos para criar tipos de armas fundamentalmente novos – a resposta ao Ocidente será assimétrica e de baixo custo.

Generais se preparam para uma guerra passada, e cientistas – para uma futura, diz o provérbio conhecido. Não é nenhum segredo que projetos e tecnologias totalmente novos sempre nasceram em laboratórios militares.

Armas psicotrópicas, de radiação, de ondas, climatéricas, são apenas algumas das perspectivas novas super armas. Assim, geradores de energia criados na Rússia eram capazes de influenciar com sua radiação a natureza da água ou de combustível. Durante o experimento, os radiadores paralisaram um batalhão de tanques em marcha – o combustível diesel carregado nas máquinas perdeu suas propriedades funcionais. No entanto, são geralmente jornalistas ocidentais que expressam preocupação com a existência de tais armas na Rússia, disse em entrevista à Voz da Rússia o analista militar Alexander Golts:

“Nos relatórios da inteligência dos EUA, por exemplo, não se vê nenhuma preocupação com os programas militares da Rússia. Eles estão preocupados com os programas militares da China. É necessário um forte avanço em pesquisas fundamentais para criar tais armas. Justamente como foi com a criação da bomba atômica, por exemplo. É mais ou menos óbvio que na área de armamentos a Rússia chama de novas tecnologias as que foram criadas no final dos anos 80 e só são novas por não terem sido usadas e implementadas na década de 90.”

Por outro lado, isso não diminui a eficácia destas tecnologias. E hoje elas podem muito bem se tornar uma base para novos projetos. Os especialistas são muito cautelosos quanto à questão de que armas fundamentalmente novas podem aparecer nos arsenais russos nas próximas décadas. Discuti-lo é, pelo menos, prematuro, diz o editor-chefe da revista Natsionálnaia Oborona (Defesa Nacional) Igor Korotchenko:

“Por enquanto, abordamos este problema só para avaliar a realidade de tais armas serem desenvolvidas por nós e nossos potenciais adversários. É claro que, avaliando a evolução do pensamento científico e técnico no estrangeiro, vemos que vários projetos de armas baseadas em novos princípios físicos estão sendo ativamente desenvolvidos em outros países, principalmente nos EUA e nos países da OTAN, bem como na China. Não podemos ficar à margem deste processo. Temos uma boa base tecnológica para armas de laser. Ao mesmo tempo, para nós é contra-produtivo nos envolvermos em uma corrida direta aos armamentos. Por conseguinte, a resposta russa será equilibrado, baseada em medidas assimétricas, e de baixo custo ao mesmo tempo.”

Em qualquer caso, todo o trabalho nesta área será classificado como secreto, mesmo se houver necessidade de uso prático. Assim, qualquer discussão pública sobre super armas não passa de conjecturas. (VR)

Memórias da luta contra a ditadura: Entrevista com Alencar Furtado

Alencar Furtado critica o MDB que se fazia passar por oposição, mas apoiava o governo militar
José Wille

Oposicionista cassado por liderar os autênticos do MDB, ele fala da maioria dos políticos do seu partido, que tinha um discurso oposicionista, mas votava secretamente apoiando o governo militar. Apesar de ter um discurso de oposição, uma boa parcela do MDB estava alinhada com o governo?


Alencar Furtado – Não há dúvida! Por exemplo, vamos colocar uma das figuras que se tornou uma das maiores do MDB, o Tancredo Neves, que era simpático, agradável, bom companheiro. Participei com Tancredo Neves, desde 1970 até a sua morte. Tornou-se, ao final da vida, líder das oposições desse país e seu candidato, mas nunca teve um dia de oposição. Se você consultar os anais da Câmara dos Deputados, encontra Tancredo prestando elogios da tribuna a quem já morreu, e só. Estou dizendo isso para responder a sua pergunta, não como demérito a ele. Ele foi de muita habilidade. Chegou a ser nosso candidato a presidente da República, numa eleição indireta que combatíamos. Tanto excesso de habilidades! E que foi sem nunca ter sido, ou seja, fez oposição sem nunca ter feito. E assim foram outros.


José Wille – O começo da década de 70, que foi o período mais fechado do regime militar, no governo Médici, havia o medo daquela situação de cassações, de perseguições, de desaparecimentos. Como era conviver com isso em Brasília?

Alencar Furtado – Foram dias sombrios, dias tristes, dias de desgraça política. Os nossos companheiros, quando cassados, com holofotes sobre eles, eram arrasados, destroçados na sua vida pública. E não apenas os deputados, mas os perseguidos políticos que não tinham mandato. Eles foram torturados e assassinados – e digo isso dando um testemunho muito próximo pela vivência que tive como líder do MDB. Para o gabinete do presidente do MDB, Ulisses Guimarães, e para o meu, como líder da bancada de então, ia toda a angústia nacional. Filhos procurando pais, esposas procurando maridos... Aquela angústia terrível! Lembro que procurei as embaixadas várias vezes lá em Brasília, mas havia um receio muito grande da ditadura. Os embaixadores não queriam se solidarizar com a luta da oposição. Mas houve um embaixador da Venezuela, que disse “Consiga com que um preso político chegue à nossa embaixada, que eu darei guarida a ele”. Este homem nos acolheu, e muito. Defendeu muita gente perseguida. Uma vez, ele me telefonou, dizendo “Olha, esse aí não dá, porque o Itamaraty não permite a saída.” O Itamaraty tinha que conceder que a pessoa saísse do país. E eu disse “Se ele não sair, vai morrer! Você tem que dar um jeito!” E esse embaixador, que vivia angustiado, sofrendo conosco, mesmo arriscando sua carreira, chegou ao ponto de fazer um caixão, furá-lo, botá-lo no malote da embaixada e, assim, o homem saiu do país. Então, eram dias terríveis por que passávamos – muito sofrimento, muito sofrimento nacional!


José Wille – Como foi organizada a anticandidatura de Ulisses Guimarães? Ele próprio não tinha muita convicção, a princípio, diante dessa ideia. Os Autênticos é que defenderam essa posição?

Alencar Furtado – É verdade! Foi ideia do Grupo Autêntico. O grupo levou ao Ulisses Guimarães a proposta de ele ser anticandidato. Como não tínhamos mídia, com a imprensa censurada, nós precisávamos que o país nos ouvisse, que a nação nos ouvisse. E a anticandidatura era uma maneira de percorrer o país em pregação. Ulisses resistiu – “Não, isso é muito desagradável! Nós vamos ter dificuldade demais para fazer essa campanha. Não dá, não estou gostando disso!”. Procuramos o dr. Barbosa Lima Sobrinho, que disse “Mas o Ulisses é que deve ser e tal”. E, antes de terminar a conversa com ele, o Ulisses nos telefonou para dizer que aceitava. E o Barbosa Lima saiu como anticandidato a vice-presidente da República. Foi uma campanha oportuna e importante, porque o Brasil passou a ser esclarecido do que acontecia. A pregação foi grande, houve muitos fatos – por exemplo, o governo da Bahia colocou os cachorros em cima de Ulisses lá na Caminhada da Bahia. Houve uma série de coisas, mas foi uma pregação importante e o povo passou a acreditar na oposição. Passou a prestigiar e eleger a oposição de forma admirável.


José Wille – Em 1974, foi o grande exemplo, o grande crescimento da oposição pelo Brasil.

Alencar Furtado – Mas é bom que se diga aqui – um registro histórico – que o Ulisses tinha um compromisso com o Grupo Autêntico de não ir ao Plenário juntamente com o Geisel, para contestar um processo que estava sendo repugnado por todos nós e por ele mesmo, na pregação como anticandidato. Dez dias antes da antieleição em Plenário, da eleição do Geisel, Ulisses nos chamou e nos disse que não podia honrar aquele compromisso com o Grupo Autêntico. Teria que submeter seu nome à coordenação do Plenário, porque seria um desafio muito grande ao sistema e que, talvez, houvesse consequências muito sérias. Então, nos rebelamos contra ele e argumentamos que ele podia chegar no Plenário como gigante e não como pigmeu político. Era proibido regimentalmente aos deputados e aos delegados falarem no Plenário – só o líder da Arena ou do MDB podiam falar. Então, fomos ao presidente do Senado, que ia presidir a sessão, e lá conseguimos que nos abrisse uma brecha para que levantássemos uma questão de ordem, que seria nosso protesto. Eu fui escolhido para fazer essa questão de ordem – foi um instante muito tenso politicamente, o Plenário cheio, os militares presentes... Fui avisado, minutos antes, pelo líder do governo de que seria cassado, e se os meus colegas do Grupo Autêntico apresentassem o documento, todos seriam cassados também. E nesse clima apresentamos o documento, dizendo que eram usurpadores da liberdade, usurpadores da República, usurpadores da democracia... Por uma dessas contradições que só a política pode oferecer, eles estavam dispostos a nos cassar. Porém, como o nosso documento foi enviado a todos os quartéis, o pessoal do Geisel achou que a cassação de 22 deputados naquele instante, antes da eleição dele, podia acarretar na continuidade do governo Médici e ele não iria para a presidência da República. Então, a cassação não aconteceu.


José Wille – Mas sua cassação aconteceu depois no governo Geisel, por uma manifestação na televisão, no horário do MDB.

Alencar Furtado – Exatamente. Eu já estava na liderança da bancada, quando surgiu um programa, pela primeira vez naqueles anos da ditadura, pois o nosso colega do Rio Grande do Sul, um jurista, nos disse “Temos uma brecha na lei e podemos requerer esse programa.” O Ulisses Guimarães subscreveu o requerimento e a Justiça Eleitoral nos concedeu o direito de falar em todas as televisões e rádios do Brasil via Embratel. Ulisses Guimarães, como presidente do partido, Franco Montoro, como líder do Senado, Alceu Colares, como presidente da Fundação Pedroso Horta, e eu, como líder do MDB da Câmara, fomos para lá. Aproveitei a oportunidade e disse “Não posso participar de um programa desses sem denunciar à nação o que está se passando...” Aí, fiz um pronunciamento de denúncia. Coloquei a censura, a tortura, o que havia de escabroso institucionalmente e o sofrimento do povo naquele discurso. E fui cassado por isso.

O cantor Agnaldo Timóteo, excremento da ditadura e vivandeira de quartel, exalta ditadura e defende ‘porrada’ para os opositores


imageTimóteo: polêmica na criação da Comissão da Verdade SP

Em discurso na Câmara Municipal de São Paulo nesta quarta-feira (11), o vereador Agnaldo Timóteo (PR) exaltou a ditadura militar e defendeu os generais que mandaram “meter a porrada” em opositores.

Ele, que é conivente com a prática dos crimes hediondos cometidos pela ditadura acusou a imprensa de não lembrar “coisas maravilhosas” feitas pelo regime ditatorial:


“É uma lástima que os meios de comunicação não se disponham a contar as coisas maravilhosas que foram realizadas neste país pelo regime militar”.


Timóteo também defendeu o uso da força, o que implicava no uso da tortura, pelos ditadores:


“Meia dúzia de brasileiros zé-manés queriam depor o regime militar na porrada. Se sou general, vou deixar os caras me deporem na porrada? Não, mando meter a porrada neles. Que negócio é esse? Governo é governo”.

O vereador discursou durante a sessão que aprovou a criação de uma Comissão da Verdade municipal. Ele criticou a iniciativa e elogiou a Lei da Anistia aprovada em 1979, durante o governo João Figueiredo:


“Em 1979, João Batista de Oliveira Figueiredo disse ‘Lugar de brasileiro é no Brasil’ e trouxe todos de volta, ... a todos voltaram. Então, por que esta Comissão da Verdade de um lado só? Que negócio é esse? Tenha piedade!”, ma não disse que a Lei da Anistia foi unilateralmente a força imposta pelos ditadores para descriminalizar os que praticaram crimes hediondos, como os de tortura e assassinato, precedidos por sequestro e manutenção em cárcere privado.


Este pequeno canalha, filhote da ditadura, só não disse que o golpe de 64 derrubou um governo democraticamente eleito, que contava com o apoio de mais de 60% da população, suprimindo todas as liberdades civis, incluindo o fim do habeas corpus.


Tmóteo não disse que os ditadores forçaram a migração de mais de 20 milhões de brasileiros para as insalubres periferias das grandes cidades, o que hoje, pela miséria institucionalizada por eles geram os bolsões de exclusão social e violência nos grandes centros.


Faltou a ele também dizer que a nossa impagável dívida externa teve origem no endividamento do Brasil provocado por eles. Ele também não disse que a ditadura, comprometida com os interesses do grande capital internacional abriu as nossas fronteiras para a sanha especulativa deste.


Como também "esqueceu de dizer" que o acordo MEC/USAID destruiu com o nosso sistema de educação e pesquisa, o que hoje nos leva a total dependência da tecnologia estrangeira e nos mantém como meros exportadores de produtos primários.


Este cantor de terceira não tem cabedal cultural, ético e moral para estar onde está!

São Paulo cria Comissão da Verdade Municipal

A Câmara de Vereadores de São Paulo aprovou na sessão de quarta-feira (11/4), por unanimidade, a instalação da Comissão da Verdade municipal, que deverá investigar os crimes cometidos na capital durante a ditadura militar. O projeto teve 43 votos a favor, 2 contrários e 2 abstenções.

A Comissão deverá ter 7 vereadores e 180 dias para concluir os trabalhos a partir de sua instalação, que tem prazo de 15 dias para ocorrer. O vereador Ítalo Cardoso (PT), autor do projeto e que presidiu em 2009 a subcomissão que acompanhou a abertura dos arquivos da ditadura, afirma que o esforço será compor a Comissão com vereadores que tenham relação com o assunto e o período.

"O que é fundamental na Comissão é que a cidade de São Paulo se coloca na vanguarda. Aqui aconteceram muitos crimes, como a morte de Herzog", lembra ele. O jornalista, inclusive, vai ganhar um busto na praça ao lado da Câmara, segundo o vereador.

Casos
Entre os casos que a Comissão deve investigar, além de Herzog, é a morte de Carlos Marighella, emboscado pela repressão em novembro de 1969 e que ganhou nova versão recentemente com revelações do fotógrafo que fez a imagem mais conhecida de seu corpo colocado no carro - na nova versão, a cena do crime foi maquiada.

Ainda há as ossadas de Perus, que o vereador diz pretender atualizar o relatório feito à época, início dos anos 90. Outro caso de enterrados sem identificação e que deverá ser investigado está no cemitério da Vila Formosa, onde havia suspeitas de corpo, mas uma nova quadra de túmulos foi construída em cima.

O vereador diz que a Comissão Municipal deverá trabalhar em compasso com a Estadual e Nacional. (CA)

 
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