terça-feira, 30 de março de 2010

Netuno

Sonho de mãe negra


Mãe negra
Embala o seu filho
E na sua cabeça negra
Coberta de cabelos negros
Ela guarda sonhos maravilhosos.

Mãe negra
Embala o seu filho
E esquece
Que o milho, já a terra secou
Que o amendoim, ontem acabou

Ela sonha mundos maravilhosos
Onde o seu filho iria à escola
À escola onde estudam os homens

Mãe negra
Embala o seu filho
E esquece
Os seus irmãos construindo vilas e cidades
Cimentando-as com o seu sangue

Ela sonha mundos maravihosos
Onde o seu filho correria na estrada
Na estrada onde passam os homens

Mãe negra
Embala o seu filho
E escutando
A voz que vem de longe
Trazida pelos ventos
Ela sonha mundos maravilhosos
Mundos maravilhosos
Onde o seu filho poderá viver.

Marcelino dos Santos

Negros correm mais riscos do que brancos


Pouco beneficiados pelas recentes ações de combate à violência, os jovens negros são 130% mais alvo dos assassinatos cometidos no País

O trabalho também mostra que o risco de um jovem negro ser vítima de homicídio no País é 130% maior do que o de um jovem branco. A desigualdade entre as duas populações, que já era expressiva, aumentou de forma assustadora em cinco anos. Em 2002, morriam 1,7 negros entre 15 a 24 anos para cada jovem branco da mesma faixa etária. Em 2007, essa proporção é de 2,6 para 1.

O abismo entre taxas de homicídios é resultado de duas tendências opostas.

Nos últimos cinco anos, o número de mortes por assassinato entre a população jovem branca apresentou uma redução significativa: 31,6%. Entre negros, o movimento foi outro, um aumento de 5,3% das mortes no período. "Brancos foram os principais beneficiados pelas ações realizadas de combate à violência. Temos uma grave anomalia que precisa ser reparada", diz Jacobo.

Veja também:

Índices de homicídio no País não se alteram entre 97 e 2007

O trabalho revela que em alguns Estados as diferenças de risco entre as populações são ainda mais acentuadas. Na Paraíba, por exemplo, o número de vítimas de homicídio entre negros é 12 vezes maior do que o de brancos. Em 2007, a cada 100 mil brancos, eram registrados 2,5 assassinatos. Entre a população negra, no mesmo ano, as taxas foram de 31,9 homicídios para cada 100 mil.

"As diferenças sempre foram históricas no Estado. Mas as mudanças nesses últimos cinco anos foram muito violentas", avalia Jacobo. Paraíba seguiu a tendência nacional: foi registrada a redução do número de vítimas entre brancos e um aumento do número de assassinatos entre negros.

Pernambuco vem em segundo lugar: ali morrem 826,4% mais negros do que brancos. Rio de Janeiro ocupa a 13ª posição, com percentual de mortes entre negros 138,7 % maior do que entre brancos. São Paulo vem em 21º lugar. No Estado, morrem 47% mais negros do que brancos.

O Paraná é o único Estado do País onde a população branca apresenta maior risco de ser vítima de homicídio. Ali, proporcionalmente morrem 36,8% mais brancos do que negros.

A esmagadora maioria dos assassinatos no País ocorre entre a população masculina. Em 2007, 92,1% dos homicídios foram cometidos contra homens. Na população de jovens, essa proporção foi um pouco maior: 93,9%. Espírito Santo foi o Estado que apresentou maior taxa de homicídios entre mulheres: 10,3 por 100 mil, seguida de Roraima, com 9,6. O Maranhão foi o Estado com o menor indicador. Foram registradas 1,9 mortes a cada 100 mil mulheres.

O estudo conclui ainda que não é a pobreza absoluta, mas as grandes diferenças de renda que forçam para cima os índices de homicídio no Brasil,. O trabalho fez uma comparação entre índices de violência de vários países com indicadores de desenvolvimento humano e de concentração de renda. "Claro que as dificuldades econômicas contam. Mas o principal são os contrastes, a pobreza convivendo com a riqueza", afirma Jacobo.

Busca por morto no Araguaia faz irmã vender apartamento


Folha Online

Na noite do último dia 13, a comerciante Maria Mercês de Castro, 49, uma cearense radicada em Curitiba, resolveu que pernoitaria, mesmo sozinha, no meio de uma fazenda de Brejo Grande do Araguaia (PA), em plena Amazônia. Tinha pavor de que alguém roubasse os pequenos pedaços de ossos e dentes que um ajudante havia encontrado num buraco cheio de lama, aberto por R$ 30.

Agora, esses ossinhos podem se tornar valiosas peças para elucidar onde estão os cerca de 60 comunistas que desapareceram durante a guerrilha do Araguaia, na década de 70.

A descoberta das ossadas por Maria Mercês, que desde 1980 procura os restos mortais do irmão Antônio Teodoro de Castro, o guerrilheiro Raul, só foi possível depois que ela vendeu um apartamento de R$ 100 mil --para custear a viagem e informantes-- e insistiu em ouvir uma dica que, segunda ela, foi desprezada três vezes pelo Grupo de Trabalho Tocantins.

O grupo, composto de civis e militares, é a maior e mais bem equipada missão governamental já feita para resgatar possíveis ossadas na região. No ano passado, vasculhou, sem sucesso, área a 30 metros de onde a comerciante achou vestígios.

Ao acompanhar uma expedição, em 2009, Maria Mercês conseguiu o telefone do ex-colaborador do Exército que viria a confirmar a localização das covas. Imediatamente, segundo contou à Folha, levou a informação à ouvidoria do grupo.

"Por duas vezes perderam o papel em que estava escrito o número. Outra vez me disseram que tinham conversado, mas era 'confidencial'", conta.

A pesquisadora Myrian Alves, uma das ouvidoras do grupo, disse desconhecer a situação e que a área seria alvo do GTT, que deve voltar a atuar em abril. Os restos mortais foram entregues à Procuradoria. O IML do Pará fará a perícia.

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Ossadas que podem ser da guerrilha do Araguaia são encontradas no Pará

da BBC Brasil

Restos humanos que podem ser de um guerrilheiro do Araguaia foram encontrados nesta semana na região conhecida como Tabocão, no Brejo Grande do Araguaia, a 90 km de Marabá (PA).

A descoberta da ossada foi feita por parentes do guerrilheiro Antônio Teodoro de Castro (que usava o codinome Raul na guerrilha) após um informante, que prefere não se identificar, indicar vários locais onde poderiam estar sepultados guerrilheiros.

Com base nas informações, os parentes iniciaram as buscas em um dos pontos no último sábado. Durante as escavações, foram encontrados restos humanos --pedaços de crânio, dentes, tecidos.

Os familiares entraram em contato com o Ministério Público Federal, que solicitou o apoio da Polícia Federal, do Instituto de Perícias Científicas do Pará e do Instituto Médico Legal de Marabá.

Uma equipe de especialistas se deslocou para Brejo Grande na terça-feira. Todo o material recolhido foi encaminhado ao Instituto Médico Legal em Marabá, onde o será analisado.

"Como estávamos a agir diante de fato urgente e imprevisível, as ações da equipe tiveram o objetivo de adotar as providências preliminares e emergenciais para garantir o resgate dos restos e a integridade do local", explicou o procurador Tiago Modesto Rabelo.

Registros

Além de trabalhar no resgate da ossada, outros especialistas ainda registraram depoimentos de moradores da região que possam ajudar na investigação sobre os restos mortais encontrados em Tabocão.

Os agentes e peritos da Polícia estão preparando um relatório e dossiê fotográfico sobre o material recolhido para encaminhar o documento à Brasília, onde poderá passar pelo processo de identificação.

Segundo o informante da família, o local que foi escavado poderia conter os restos dos guerrilheiros Pedro Carretel (Carretel), Rodolfo de Carvalho Troiano (Manoel do A), Gilberto Olímpio Maria (Pedro) ou Maurício Grabois (Mário).

O Tabocão sempre foi apontado como possível área de enterros de guerrilheiros mortos durante os combates da década de 70 e chegou a ser escavado em outubro do ano passado pelo Grupo de Trabalho Tocantins, formado pelo Ministério da Defesa para procurar as ossadas desaparecidas, sem que tenham sido encontrados restos.

Moradores de Brejo Grande prestaram depoimentos ao MPF informando que as escavações do ano passado teriam sido feitas em pontos incorretos.

"Toda a população de Brejo Grande e redondezas comentou que as escavações realizadas no Tabocão foram feitas em local errado", disse uma moradora em depoimento à Procuradoria.

O local onde foram encontradas as ossadas nessa semana fica a cerca de 30 metros do local escavado em 2009.

O Ministério Público está trabalhando para organizar uma equipe multidisciplinar que deve ficar de prontidão para continuar as buscas com base nas novas informações que estão surgindo a partir da descoberta da nova ossada.

A Guerrilha do Araguia foi um movimento guerrilheiro que atuou entre fins da década de 60 e meados de 70 e pretendia derrubar o governo militar a partir da criação de uma base rural. O grupo era composto por cerca de oitenta guerrilheiros, dos quais menos de 20 sobreviveram após os combates com o Exército.

Do blog do Zé Beto:

 
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