terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Colecionadores compram tanques de guerra britânicos


Com os cortes de 8% nos próximos quatro anos no orçamento de defesa do Reino Unido, cada vez mais equipamentos militares estão sendo vendidos para colecionadores particulares.

Shaun Mitchell é um deles e restaura em casa, antigos veículos militares.

Atualmente, ele tem quatro veículos, entre eles, um tanque de reconhecimento Sabre de 1972, um dos mais rápidos já usados pelo exército britânico. O potente motor da Jaguar faz cerca de 1,4 km por litro, e custou 20 mil libras --cerca de R$ 54 mil.

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Em geral, os veículos descartados pelo Estado são vendidos para o exterior, mas quando não há interesse, acabam com compradores domésticos.

Os clientes são colecionadores particulares e empresas de diversão corporativa. Segundo um comerciante, a procura vem subindo.

Surpreendentemente, entre os itens vendidos pelo ministério da Defesa, há até veículos novos. Recentemente, a decisão de se livrar de toda a frota de caças Harrier causou polêmica.

Hoje é possível entrar em leilões para comprar um modelo 1971 do jato pelo preço inicial de 70 mil libras. Isso, apesar de a aeronave não voar mais.

Desde 1993, o ministério da Defesa britânico já recuperou 900 milhões de libras com a venda de equipamentos obsoletos: de caças e blindados a garrafas d'água.

40 anos do voo da liberdade

14 de janeiro de 1971 – 14 de janeiro de 2011

Umberto Trigueiros Lima (Mazine)

Fazia um calor insuportável no Rio, naqueles dias de janeiro de 1971, 40º à sombra. Lembro que no dia 13, fomos levados para a Base Aérea do Galeão, espremidos em 2 ou 3 camburões pequenos, desde o quartel do Batalhão de Guardas, no bairro de São Cristóvão, onde estávamos recolhidos aguardando o desenlace das negociações do sequestro. Éramos: eu (Umberto), Antonio Rogério, Aluízio Palmar, Pedro Alves, Marcão, Ubiratan Vatutin, Irani Costa, Afonso, Afonso Celso Lana, Bretas, Julinho, Mara, Carmela, Dora e Conceição. Fazia sol a pino e os caras pararam os camburões em algum pátio descampado da Base e deixaram a gente lá torrando dentro daqueles verdadeiros fornos e de puro sadismo e sacanagem riam e gritavam uns para os outros, “...olha aí cara, os rapazes estão com calor, você esqueceu de ligar o ar, eles vão ficar suadinhos...”. Um outro dizia, “...deixa esses filhos da puta esturricarem aí dentro, pode ser que algum deles vá logo para o inferno...”. A viagem ao inferno não era possível, pois já estávamos nele, ou seja nos cárceres da ditadura, há algum tempo. A temperatura dentro dos carros era altíssima, mal conseguíamos respirar pelas poucas frestas de ventilação, os miolos pareciam que iam estourar. Foi um horror!

Ficamos na Base durante todo o dia 13, onde já estavam muitos outros companheiros vindos de outras prisões e de outros estados e lá nos mantiveram o tempo todo algemados em duplas. Nos deram comida podre, tiraram mais impressões digitais, nos obrigaram a tirar fotos nus em diferentes posições. Alguns deles diziam que era para o futuro reconhecimento dos cadáveres... Perto da meia noite nos levaram para o embarque, nos agruparam do lado do avião, frente a um batalhão de fotógrafos postados há uns 50 metros de distância, atrás de uma corda. Éramos 70, mais as filhas do Bruno e da Geny Piola, as menininhas Tatiana, Kátia e Bruna. Os flashes espocavam e muitos de nós levantamos os punhos, outros fizeram o V da vitória, enquanto os caras da aeronáutica por trás davam socos nas costas de alguns companheiros.

Nosso voo da liberdade para o Chile decolou aos 2 minutos de 14 de janeiro. Durante o voo, íamos algemados e os policiais da escolta nos provocavam. “...Olha aí malandro, se voltar vai virar presunto, nome de rua...”. A tripulação da Varig, mesmo discreta, foi simpática e afável conosco e quando chegamos a Santiago um comissário de bordo veio correndo me contar que havia uma faixa na sacada do aeroporto que dizia “Marighella Presente”.

Foram 2 longos dias, cheios de tensão, de expectativa, de esperança, todos os sentidos em atenção. Talvez, alguns dos mais longos dias das nossas vidas. Tenho a certeza de que nenhum de nós jamais se esquecerá daqueles momentos. Nas últimas horas da madrugada do dia 14 chegamos ao Chile. Depois de 38 dias de negociações muito difíceis, de risco extremo, mas com muita firmeza e equilíbrio por parte do Comandante Carlos Lamarca e dos companheiros da VPR que realizaram a operação de captura do embaixador suíço, aquela que seria a última grande ação armada da guerrilha urbana brasileira terminava vitoriosa. Começava um novo tempo nas nossas vidas.

Fomos descendo do avião, já sem algemas (os policiais brasileiros da escolta foram impedidos de desembarcar), nos abraçando emocionados, rindo, chorando, cantando a Internacional, acenando para os companheiros brasileiros e chilenos que faziam uma carinhosa manifestação para nos recepcionar.

Um general de Carabineros nos reuniu no saguão do aeroporto e fez uma preleção sobre tudo que estávamos proibidos de fazer no país. Logo em seguida, funcionários do governo da UP e companheiros dos vários partidos da coalizão nos disseram ali mesmo para não levar a sério nada do discurso do tal general. Era o Chile de Salvador Allende que íamos viver e conhecer tão intensamente.

Amanhecia o dia 14 de janeiro de 1971 quando saímos do aeroporto de Pudahuel em ônibus, escoltados por Carabineros. Amanhecia também aquele novo tempo das nossas vidas e amanhecia o Chile da Unidade Popular, da imensa liberdade, das grandes mobilizações populares, da luta de classes ao vivo e a cores saltando diante dos nossos olhos todos os dias.

Pelas ruas de Santiago, a caminho do Parque Cousiño onde ficaríamos alojados, os operários que trabalhavam nas obras do Metrô acenavam para a gente, outros aplaudiam, alguns levantavam os punhos cerrados. Imagens que ficariam para sempre na memória, fotografias de um tempo.

Aquele dia parecia infindo, ninguém conseguia pregar um olho, foi um dia enorme, cheio de encontros, de descobertas, de luz. Estávamos bêbados de liberdade e ao mesmo tempo ainda marcados pela sombra da prisão, pelas tristes notícias de mais companheiros covardemente assassinados pelos cães da ditadura. Na nossa primeira refeição no Hogar Pedro Aguirre Cerda a maioria deixou os garfos e facas sobre a mesa e comeu de colher, como fazíamos na prisão. Quando íamos para os quartos de alojamento, alguns cometiam o ato falho de dizer “...vou para a cela...”.

Na nossa primeira saída, um grupo se perdeu na cidade e voltou para o Hogar de carona num camburão dos Carabineros, motivo de gozação geral. Lembro da imensa solidariedade e carinho com que fomos recebidos pelos companheiros chilenos e também por estudantes, intelectuais, artistas, operários, pessoas do povo enfim que iam nos visitar, que fizeram coletas para nos arranjar algum dinheiro e roupas, que nos queriam levar para suas casas.

Nas semanas e meses seguintes, pouco a pouco fomos nos dispersando, construindo nossas opções de militância, de vida.

Viveríamos intensamente aquele processo chileno e também nossos vínculos com a luta no Brasil. Encharcaríamos-nos com o aprendizado daquela magistral aula de história e de política “em carne viva”. Paixões, alegrias, nostalgias, saudade, amores, amizade, solidariedade, companheirismo, tudo junto, ao mesmo tempo.

Muitos de nós estivemos no Chile até o fim, vivendo e testemunhando os horrores do golpe de 11 de setembro de 1973. Em muitos casos, mais uma vez, escapando por pouco, por muito pouco.

Outros companheiros, por diferentes razões de militância e pessoais foram viver em outros países. Alguns trataram de organizar suas voltas clandestinas ao Brasil, na esperança de continuar a luta armada. Uns poucos conseguiram manter-se, mas infelizmente, nessa empreitada de luta, vários companheiros foram assassinados. Honro as suas memórias e me orgulho de termos compartido aqueles momentos tão significativos das nossas vidas.

Foi o tempo que nos tocou viver. Era um tempo de guerra, mas também de uma enorme esperança.

Na passagem dos 40 anos da nossa libertação, acho que deveríamos dedicar a memória desse encontro fraterno, em primeiro lugar aos companheiros do nosso grupo chacinados pelas ditaduras brasileira e chilena, como também aqueles que marcados por sequelas e feridas psicológicas insuportáveis não conseguiram continuar suas vidas: Daniel José de Carvalho, Edmur Péricles Camargo, João Batista Rita, Joel José de Carvalho, Wânio José de Matos, Tito de Alencar Lima, , Maria Auxiliadora Lara Barcelos, Gustavo Buarque Schiller. Em segundo lugar, com saudade, a todos os companheiros daquela viagem para a liberdade de 14 de janeiro de 1971, que já nos deixaram. Com eterna gratidão e reconhecimento ao Comandante Carlos Lamarca e aos combatentes da VPR que realizaram aquela ação revolucionária audaz e vitoriosa. E também a todos os brasileiros da nossa geração (e aqui não falo em idade, que pode ter ido dos 12 aos 80) que não se acovardaram, que foram capazes de enfrentar aqueles duros e difíceis tempos, quando dizer não poderia significar a morte, “...quando falar em árvores era quase um crime...”.

Enfim, a todos os que OUSARAM LUTAR...!

Netinho de Paula usa empresas fantasmas para justificar gastos

O vereador Netinho de Paula (PC do B-SP) usou notas fiscais de empresas com endereços fantasmas para justificar os gastos de seu gabinete na Câmara Municipal. A informação é da reportagem de Daniela Lima publicada na edição desta terça-feira da Folha.

Em uma das empresas citadas em sua prestação de contas, a "Paulo Sérgio Rodrigues de Souza EPP", a Folha encontrou uma creche. Além dessa empresa, outras quatro listadas pelo parlamentar estão sob a mira do Ministério Público, que investiga o caso.

Um vereador paulistano pode gastar até R$ 184.725 anuais em despesas do mandato. Ele paga as contas, e é reembolsado pelo Legislativo mediante nota fiscal. No ano passado, Netinho --que tem planos de disputar a Prefeitura de São Paulo em 2012-- utilizou R$ 147.009.

OUTRO LADO

Procurado pela Folha, o vereador Netinho de Paula (PC do B-SP) afirmou que "sempre atendeu às exigências da Câmara na utilização" da verba indenizatória.

"Sou, por princípio, contrário a qualquer uso indevido do dinheiro público. Acho fundamental que existam órgãos de fiscalização e investigação e defendo que todas as denúncias de mau uso de verbas públicas sejam apuradas", afirmou, em nota.

A reportagem questionou quem checava a procedência das empresas contratadas pelo vereador, mas não obteve resposta. Netinho disse, no entanto, que apoia a atuação do Ministério Público.

Batalhões estratégicos da Polícia Militar têm novos comandantes



A Polícia Militar trocou, na manhã desta terça-feira (15), o comando de unidades estratégicas da corporação. São eles: o Batalhão de Operações Especiais (Bope), Batalhão de Polícia Rodoviária (BPRv), Batalhão de Polícia Ambiental Força Verde (BPAmb/FV) e Batalhão Metropolitano (17.º BPM) - responsável pela Região Metropolitana de Curitiba. A solenidade foi realizada no Quartel do Comando Geral, em Curitiba.

O secretário da Segurança Pública, Reinaldo de Almeida César, pediu integração para os serviços oferecidos à população. “Daremos o que a sociedade espera: polícia preventiva na rua, policiamento ostensivo e redução dos índices de criminalidade”, afirmou o secretário.

Já para o comandante-geral da PM, coronel Marcos Teodoro Scheremeta, as mudanças buscam melhorias nas unidades e nos serviços prestados pela Polícia Militar. “Espero muita dedicação, muito comprometimento, trabalho cada vez mais ético e profissional e, principalmente, integração com a comunidade, porque precisamos resgatar a confiança da população na Polícia Militar”.

Participam da solenidade secretários de estado, prefeitos, deputados, vereadores, além de outros comandantes de batalhões e companhias e autoridades do Exército.

UNIDADES

Assumiu o Bope o tenente-coronel Nerino Mariano de Brito, que foi subcomandante do 20.º Batalhão. Antes dele, comandava a Companhia de Polícia de Choque – que por decreto governamental virou Bope no final do ano passado – o tenente-coronel Rui Rota da Purificação. “Iremos intensificar a radiopatrulha de alto risco que é feita pela Rone (Rondas Ostensivas de Natureza Especial) e o Comandos e Operações Especiais (COE) terá novos equipamentos de instrução”, disse Nerino. O trabalho da unidades será baseado em estatísticas.

A Força Verde será comandada pelo tenente-coronel Daniel Jacinto Berno que substituirá o tenente-coronel João Alves da Rosa Neto. Berno exercia a função de Chefe do Estado Maior do Comando do Policiamento do Interior (CPI). “O meio ambiente precisa cuidados específicos. Vamos trabalhar para conscientizar a população sobre ações para evitar enchentes e coibir a depredação”, afirmou o novo comandante.

O tenente-coronel Maurício Tortato, que chefiou a 1.ª Seção do Estado Maior (Legislação e Pessoal), assumiu o comando do 17.º BPM (Batalhão Metropolitano), no lugar do tenente-coronel Washington Lee Abe. “A sociedade espera que a Polícia Militar seja o principal instrumento de defesa social na área de segurança pública. O crime é um fenômeno social e não simplesmente um fenômeno jurídico”, enfatizou Tortato.

A Polícia Rodoviária fica sob o comando do tenente-coronel João Vieira – que chefiou a 6.ª Seção do Estado Maior (Orçamentos e Finanças) –, substituindo o tenente-coronel Antônio Carlos Fernandes. “Uma das principais metas é a redução no número de acidentes e para isso usaremos metodologias e aplicaremos novamente as Rotam (Rondas Tático Móvel) nas rodovias”. Vieira explicou que os policiais rodoviários receberão treinamento para combater criminosos em pontos críticos, identificados pelo setor de planejamento da unidade.

Cohapar apresenta plano habitacional para prefeitos do norte do Estado

O presidente da Companhia de Habitação do Paraná (Cohapar), Mounir Chaowiche, participou, nesta sexta-feira (11), da reunião que elegeu a nova diretoria da Associação dos Municípios do Norte do Paraná (Amunop) e do Consórcio Intermunicipal de Saúde (Cisnop) para o biênio 2011 -2012.

Chaowiche apresentou o plano habitacional para os próximos quatro anos do governo de Beto Richa. Ele afirmou aos prefeitos que o governador Beto Richa assumiu o compromisso com a habitação. “Beto está construindo relação de parceria com o governo federal para que possamos construir casas e mudar a realidade social do nosso Estado”.

Entre as frentes de trabalho citadas pelo presidente da Cohapar estão habitação rural, para que os pequenos agricultores se fixem no campo; regularização fundiária e o programa em que o morador faz as pequenas reformas no imóvel. Ainda neste mês, a Companhia voltará a enviar projetos para todos os municípios, de acordo com reuniões feitas com a Caixa Econômica Federal.

“Quando uma família tem moradia própria, ela reconquista a dignidade, tem mais vontade de trabalhar, as crianças têm melhores condições de estudo e, além disso, a saúde melhora significativamente. Não queremos apenas levantar tijolos, mas construir lares”, declarou Chaowiche.

PARCERIA

O presidente eleito da Amunop e prefeito de Cornélio Procópio, Amin Hannouche, disse que a parceria com a Cohapar é fundamental para a execução de mais moradias nos municípios. “Ficamos um tempo sem investimentos significativos na região, mas agora tenho certeza que conseguiremos implantar programas habitacionais para mudar a vida das famílias que hoje vivem em condições precárias”.

Um quinto das plantas do planeta corre risco de extinção, alerta estudo

Mais de um quinto das espécies de plantas do mundo corre o risco de se extinguir, uma tendência com efeitos potencialmente catastróficos para a vida na Terra, revela um estudo publicado nesta quarta-feira.

Uma segunda pesquisa também alertou para o fato de a extinção dos mamíferos ter sido superestimada e sugeriu que algumas espécies que se acreditavam extintas ainda poderão ser redescobertas.

Diretor do Royal Botanic Gardens em Kew, Londres, Stephen Hopper disse que o relatório sobre a perda de plantas é o mapeamento mais preciso já feito sobre a ameaça para as estimadas 380 mil espécies de plantas do planeta.

"Este estudo confirma o que nós já suspeitávamos. As plantas estão sob ameaça e a principal causa é a perda de habitat pelas mãos do homem", disse no lançamento do chamado "Sampled Red List Index".

O estudo, realizado em conjunto com o Museu de História Natural, em Londres, e com a IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza), estabelece "linhas gerais" dos futuros esforços de preservação, afirmou.

"Não podemos nos sentar o observar o desaparecimento das espécies de plantas. Elas são a base de toda a vida na Terra, fornecendo ar limpo, água, comida e combustível. Toda a vida animal depende delas, assim como nós", acrescentou Hopper.

O estudo é publicado antes de uma reunião, em Nagoia, no Japão, entre 18 e 29 de outubro, quando membros da Convenção da Biodiversidade, das Nações Unidas, estabelecerá novas metas para salvar as espécies ameaçadas.

Craig Hilton-Taylor, da IUCN, disse esperar que o encontro de Nagoia estabeleça uma meta para se evitar a extinção de quaisquer espécies ameaçadas até 2020. "Queremos nos assegurar de que as plantas não serão esquecidas", afirmou.

Em seu estudo, os pesquisadores avaliaram cerca de 4.000 espécies, das quais 22% foram classificadas como em risco, especialmente nas florestas tropicais.

As plantas estão mais ameaçadas do que as aves, tão ameaçadas quanto os mamíferos e menos do que os anfíbios e os corais, destacou a pesquisa. Os gimnospermas, grupo de plantas que inclui os pinheiros, estão entre os mais ameaçados.

O maior perigo é representado pela perda de habitat provocada pelo homem, a maioria, conversão de habitats naturais para cultivo e criação de gado. A atividade humana responde por 81% das ameaças, disse o pesquisador do Kew, Neil Brummitt.

RESSURGIMENTO

Outro estudo realizado por dois autores australianos demonstrou que menos espécies de mamíferos podem se extinguir, especialmente aquelas ameaçadas por perda de habitat.

Diana Fisher e Simon Blomberg, da Universidade de Queensland, disseram ter identificado 187 mamíferos que foram dados como "perdidos" desde 1500, 67 espécies das quais foram reencontradas. Seu artigo foi publicado na revista "Proceedings of the Royal Society B: Biological Sciences", da Academia de Ciências britânica.

"A extinção é difícil de detectar", ressaltou o estudo. "Espécies com grandes vácuos em seus registros de avistamento, o que as torna passíveis de ser consideradas extintas, frequentemente são redescobertas."

Os mamíferos afetados por perda de habitat eram "muito mais propensos a ser desclassificados como extintos" do que aqueles afetados por predadores ou enfermidades introduzidos ou por sobrecaça. Consequentemente, impactos de perda de habitat ou extinção provavelmente foram superestimados, especialmente no que diz respeito a espécies introduzidas", acrescentou.

Os autores disseram que esforços para caçar mamíferos extintos devem ser desviados das tentativas frequentemente infrutíferas para redescobrir espécies "carismáticas", como o lobo-da-austrália, um marsupial carnívoro, considerado o último exemplar morreu em 1936 na Tasmânia.

Na semana passada, os conservacionistas anunciaram que duas espécies de um sapo africano e de uma salamandra mexicana, que se temia estarem extintos no século passado, foram reencontrados por equipes de cientistas que exploravam lugares remotos, às vezes colocando-se em grande risco.

Fonte: France Presse

Líder em genômica não espera avanços médicos científicos imediatos com mapeamento de genes

Uma das maiores referências na pesquisa do genoma humano, Eric Green aconselha o meio científico a baixar as expectativas sobre os avanços que podem surgir em decorrência do mapeamento do genoma humano. Levará anos para aproveitar toda informação obtida até o momento, diz.

Dez anos depois do surgimento do sequenciamento completo do genoma humano, a medicina não se transformou. E ninguém poderia antever isso, argumenta Green, do Instituto Nacional de Pesquisa do Genoma Humano (EUA), que antes era um dos que apostavam em grandes descobertas.

Cientista Eric Green acreditava que descoberta do genoma levaria a estudo aprofundado de doenças e a cura delas

Ele diz que há uma sobrecarga que atrapalha a pesquisa científica. "Nossa capacidade de gerar informação superou nossa capacidade de analisá-la", diz. "A tecnologia avançou tão rápido, que agora nos deparamos com esse problema."

Green acredita que a genômica --estudo do genoma humano ainda vai gerar um grande achado que beneficiará os seres humanos. Mas levara mais uma década para se absorver todos esses dados, aplicá-los em humanos e a doenças, e mudar os tratamentos existentes, como para a cura do câncer.

Fonte: Nature

Entrevista com o estudioso em metodologia da educação, escritor e professor Moacir Gadotti

O professor Moacir Gadotti é um dos mais respeitados educadores brasileiros. Lecionou nos vários níveis do ensino e nas principais universidades do país. Aposentou-se pela USP, depois de 46 anos de magistério. Autor de muitos livros, inclusive em parceria com Paulo Freire – com quem estudou nos anos 70, na Suíça. Foi assessor de Freire na Secretaria de Educação de São Paulo, durante a gestão da prefeita Luiza Erundina (1989-1992). Atualmente é diretor do Instituto Paulo Freire, que desenvolve inúmeros projetos de educação popular. Nesta entrevista exclusiva para Caros Amigos, Gadotti analisa a situação da educação no Brasil, aponta por que o país não conseguiu erradicar o analfabetismo, indica os pontos de avanço e de atraso no sistema educacional.

Caros Amigos - Fale sobre a sua trajetória, como se tornou educador, quando passou a trabalhar com Paulo Freire.
Moacir Gadotti - É muita responsabilidade falar de si mesmo, não é muito fácil. Mas eu acho que eu sou um professor, simplesmente. Tenho 46 anos de magistério. Trabalhei desde a pré-escola até a pós-graduação, hoje ainda continuo na USP.

Está na USP ou na Unicamp?
Na USP. Aposentado no ano passado, mas continuo dando aula e orientação na pós-graduação.

Como começou na área da educação?
Eu comecei como professor de Matemática, quando eu estava fazendo o curso de Pedagogia. Terminei em 67. Iniciei também um curso de Filosofia, mas demorei dez anos para terminar, porque estava trabalhando e estudava, foi difícil. Então eu comecei dando aula de Matemática, porque o curso de Pedagogia daquela época dava uma licença para ensinar Matemática nas séries iniciais, não era Matemática avançada. Trabalhei em creches, em pré-escolas, dei aula de Filosofia depois do curso de Pedagogia.

Em São Paulo?
Em São Paulo. Eu cheguei a dar aula em oito escolas ao mesmo tempo.

No ensino público?
Ensino público e privado. Havia uma aula minha de Filosofia que, depois de 69, o meu programa foi substituído por Educação Moral e Cívica, foi proibida a Filosofia. Eu me lembro muito bem, nesse dia eu estava lecionando no Colégio Sagrado Coração de Jesus e a diretora me falou assim: “Olha, a partir de hoje você não é mais professor de Filosofia, você é professor de Moral e Cívica, e aqui está o programa”. Ai eu disse: “Bom, então eu vou passar a ser professor de Educação Moral e Cívica, mas não vou mudar o programa”, o programa já estava em andamento. Uma história daquele período difícil. Depois eu terminei meu curso de Filosofia. Comecei a dar aula de Filosofia na Faculdade Nossa Senhora Medianeira, na Avenida Paulista, enquanto concluía na PUC o mestrado. O mestrado conclui em 73, e no mesmo ano fui para Genebra fazer o doutorado a convite de uma associação de Filosofia de lá. Participei de um concurso em 73, havia uma só vaga de bolsista e consegui ganhar essa única vaga. Eu também queria muito ir à Genebra porque o Paulo Freire, em 70, tinha mudado para lá, e eu tinha trabalhado em 67 com o primeiro livro que saiu do Paulo Freire, que era “Educação como prática da liberdade”, foi no trabalho de conclusão de curso de Pedagogia.

Ele estava exilado nessa época?
Ele foi pra Genebra em 70, o exílio começou em 64. Ele foi primeiro para a Bolívia, depois para o Chile, fez uma rápida passagem nos Estados Unidos, em 69, em 70 ele foi pra Genebra e de lá voltou ao Brasil em 1980. Então eu peguei esse período até 77 com ele, voltei ao Brasil a convite da Unicamp, em 77. O Paulo conseguiu voltar, definitivamente em 80, como professor da Unicamp e da PUC. Eu lecionei na PUC São Paulo, na PUCCamp e também na USP, mas eu comecei na Unicamp. Então isso é um pouco a minha trajetória. E nesse período também me envolvi na fundação do PT, fui um dos dirigentes da Fundação Wilson Pinheiro, que era a fundação do Partido dos Trabalhadores na época, um grupo extraordinário, foi uma grande escola para mim. Tinha a Marilena Chauí, o Paul Singer, o Florestan Fernandes, o Perseu Abramo. Então para mim foi uma vivência muito bonita, de participar da executiva do partido como membro da fundação. Foi lá que eu escrevi o livro “Pra quê PT”, sobre a origem do PT. Foi lançado na campanha presidencial de 89.

Você participou também da gestão da prefeita Luiza Erundina em São Paulo?
Na época da fundação do PT o pessoal estava muito envolvido com educação. Então a gente tinha um pé na escola, um pé na militância. E para mim o Paulo Freire também foi uma grande escola, uma escola de formação mesmo como ser humano, como educador. Então, em 89, fui ser assessor de gabinete na prefeitura. Acho que o Paulo deu para a educação brasileira uma contribuição enorme, por várias razões: primeira, a fundação do Mova, movimento de alfabetização, para mostrar que a superação do analfabetismo brasileiro precisa que a sociedade se envolva. O Estado não dá conta sozinho, a luta
contra o analfabetismo exige a mobilização da sociedade. Nós tivemos 97 convênios de uma vez só e não é só para alfabetizar, ele queria fazer uma alteração social. Eu lembro que algumas entidades não tinham condição alguma de fazer convênio com a prefeitura mais burocrática do planeta. Então o que ele fazia? Tinha um departamento jurídico para ajudar as entidades a se estruturarem, terem um estatuto, gerarem uma diretoria, terem uma sede, e assim fazerem o convênio. A ideia era a de que a educação não era só ensinar o be a bá, era ensinar a população a ser soberana. E para ser soberana precisa ter organização social. A educação tem esse papel, não tem que ficar só na questão do letramento, precisa conscientizar. O Paulo nunca abandonou a ideia da emancipação, da luta pela libertação, a educação como caminho para a libertação do ser humano como um direito. A emancipação é um direito. É um direito de quem vai à escola. A emancipação humana tem a formação da consciência. Então, o Mova foi algo extraordinário que devia ter sido assumido como política pública no governo Lula, que
nós, movimento social, propomos como um avanço da sociedade brasileira nesse sentido.

Por que o Brasil não conseguiu até hoje erradicar o analfabetismo?
Bom, primeiro existe um atraso secular de décadas, um atraso crônico na educação brasileira, que vem desde os jesuítas, a colônia, o império, a república. Nós despertamos para a educação no século XX, na década de 30, já que na década de 20 tivemos as primeiras formações de educadores. Então, esse atraso é crônico, o esforço é muito maior do que o esforço de dois governos. Nós tivemos um dado muito negativo que saiu no dia 19 de setembro de 2009, do Pnad. Eu me lembro dessa data porque dia 19 é o dia do nascimento de Paulo Freire, ele completaria 88 anos nesse dia. O dado é que aumentou o número oficial de analfabetos no Brasil de 2007 para 2008, foram dados do IBGE de 2009. Aumentou o número. Nós temos hoje o mesmo número de analfabetos que tinha quando Paulo Freire deixou o Brasil para ir para o exílio: 15 milhões. Continua e aumentou. Quer dizer, essa pergunta procede. Aumentou em número absoluto e diminuiu a taxa de analfabetismo, de 9,9% para 9,8%, a taxa caiu 0,1%.

Mas aumentou a população.
Aumentou a população. O Estado de São Paulo deu uma grande contribuição para isso. No Estado de São Paulo nós temos mais de 600 mil analfabetos, só na região da Grande São Paulo, em torno de 600 mil.

Na Grande São Paulo?
Na Grande São Paulo. Então, o analfabetismo é a negação de um direito. O analfabetismo tem a ver com um conjunto do bem viver das pessoas. Imagina agora: chegamos a ter mais de 300 classes de catadores de produtos recicláveis de lixo. Imagina que a pessoa está na rua das 5 horas da manhã até as 7 horas da noite, catando lixo, e às 7 horas da noite vai para uma sala de aula. É muito difícil essa pessoa ter condições, depois de um dia passando fome, de se alfabetizar. Então, as condições sociais são determinantes. Condições sociais de moradia, de trabalho, de emprego, de saúde, fora a educação. A educação não está desligada, não é um problema setorial, é um problema estrutural com os outros condicionantes. Então, a qualidade da educação tem a ver com esses outros fatores, está ligada. Não estou dizendo que precisa primeiro resolver o problema da moradia, do emprego, do transporte, para depois resolver a educação. Isso vai ser junto. O nosso analfabetismo é muito maior do que de outros países da América Latina. O do Mercosul, por exemplo, é 2,5%, 3%, o nosso é 9,8%, são 15 milhões de pessoas. Vou dar dois pontos onde o atraso continua, em que nós paramos, simplesmente estacionamos: educação de adultos, nós praticamente estacionamos nos analfabetos. E a outra é na creche, de 0 a 4 anos, onde 34% das vagas são pagas e apenas 14 em cada 100 crianças de 0 a 4 têm acesso à creche.

O que isso representa?
Bom, claro que não vamos considerar que nasceu e já vamos colocar em uma creche, mas quando eu vejo, principalmente em São Paulo, que uma mãe trabalhadora, empregada doméstica, sai lá da zona leste para trabalhar nos Jardins e amarra, acorrenta uma criança de quatro anos e ela é responsabilizada criminalmente por isso, quem deve ser responsabilizado é o Estado. A prefeitura aqui tem 84 mil pedidos de vagas em creche que não são atendidos. É um crime que se faz com essa criança e com essa mãe. Como é que está uma mãe que vai trabalhar em uma casa, é de chorar isso aí, é de chorar, é de arrepiar. Eu me coloco na pele dessa mãe que deixa uma criança em casa, que não tem onde deixar, ou que deixa com uma outra de sete anos. Essa criança teria que estar na escola, caramba! Não pode. E é isso que nós sustentamos ainda. Não podemos ficar com 84 mil crianças esperando em São Paulo para ter uma vaga em creche. Está certo que tem muitos problemas, mas eu acho que começa na base. E
quando se fala em ensino fundamental, por que a Unesco coloca a gente lá em 88º lugar? É porque há muita evasão. A gente matricula as crianças, mas a média de evasão de primeira a oitava série está em torno de 20%.

É uma quebra de 20%?
É uma quebra de 20%, e se mantém. E há 40% de defasagem em torno da questão idade-série. Então, a criança está fora da série que deveria estar. Isso causa, primeiro, um custo muito elevado, porque você paga duas, três vezes a mesma matrícula. Então, a evasão custa caro para o Brasil. Eu sei que o governo federal avançou muito, não só nas últimas décadas, eu diria até, fazendo jus ao que o FHC fez há oito anos, ele deixou uma boa legislação. Deixou um plano nacional de educação, que bem ou mal faz um diagnóstico; deixou uma lei de atividades, bem ou mal, se fossem cumpridas, dão uma boa base; deixou o sistema nacional de avaliação de educação básica; do ponto de vista legal, deixou o Fundeb; deixou os parâmetros curriculares nacionais. E Lula avançou mais ainda. Os três ministros de Lula avançaram. Mas que há um avanço é reconhecido, há avanço. Mas aqueles dois pontos, para mim, acho que nós ainda precisamos avançar muito.

Vamos retomar um pouco o ponto do analfabetismo. Você não concluiu a resposta do analfabetismo.
Então, a resposta do analfabetismo é que, no caso, é muito mais difícil você zerar no ensino básico, o analfabetismo zero, tem que ter cuidado com esse slogan, eu vi isso em outros países, na Venezuela, nos Estados Unidos. Cuidado, porque não é só saber ler, só saber assinar o nome, é muito mais que isso. Mas haverá, sempre haverá, mesmo nos países mais avançados, sempre tem lá 0,1%, 0,5% ou 1%. Não é zerar. Mas digamos, o índice de analfabetismo razoável de 2%, 2,5% têm muitos municípios que conseguem. Eu mesmo nasci em um município que, na minha época, não havia nenhum analfabeto, município pobre de Santa Catarina.

Fonte: Caros Amigos

Carne do futuro poderá ser produzida em laboratório

A produção de carne futuramente dependerá mais das provetas do que dos bonivos, ou pelo menos assim pensa o biólogo Vladimir Mironov, que espera colaborar com a solução para a crise alimentar mundial em seu laboratório da Carolina do Sul (EUA).

O cientista de 56 anos e seu colaborador Nicholas Genovese, 32, esperam não apenas lutar contra a fome no mundo, com a criação de carne artificial, mas também tornar possíveis as missões de mais de seis meses a Marte.

"Imagine, por exemplo, a colonização de outro planeta ou apenas que a população aumente", afirma Mironov, antes de citar como exemplo o fato de que não há mais nenhum espaço disponível para criar gado em Nova York ou Cingapura.

O biólogo, que trabalha em um laboratório de dimensões modestas, mas com tecnologia de ponta, na Faculdade de Medicina da Universidade da Carolina do Sul (EUA), espera que a criação do bife artificial aconteça em breve, apesar de atualmente o processo de "cultivar carne" em laboratório ser longo e complexo.

"É um assunto de tempo e dinheiro", afirmou.

Há 10 anos, Mironov obteve uma bolsa da Nasa, agência espacial americana, para tentar concretizar o sonho de "cultivar carne". No entanto, atualmente os trabalhos do cientista não são mais financiados pela agência que, segundo ele, passou a priorizar a pesquisa sobre as plantas transgênicas como fonte alternativa de proteínas.

O trabalho de Mironov e Genovese segue adiante graças ao financiamento de três anos da organização de defesa dos animais Peta.

SORO DE BOVINO

A dupla pesquisa células-tronco embrionárias responsáveis pela formação dos músculos, chamadas mioblastos, procedentes de perus e que são impregnadas com soro de bovino para fazer crescer os tecidos musculares.

"Nós trabalhamos em pequena escala com o biorreator Synthecon da Nasa, a partir de esferas porosas de quitosano [uma fibra natural derivada da carapaça dos crustáceos], onde podem ser cultivados os mioblastos de animais compatíveis", explica Mironov.

A carne assim cultivada, se chegar aos supermercados, será bastante parecida com a encontrada nos açougues, garante ele, que lembra que a carne modificada já é uma prática corrente, e inofensiva.

Vladimir Mironov e Nicholas Genovese integraram em agosto do ano passado o grupo de 30 convidados pela Fundação Europeia da Ciência, que participaram de um laboratório de fabricação de carne em Gotemburgo (Suécia).

No local conseguiram abordar com outros investigadores as dificuldades que enfrentam. A repulsa dos consumidores é um dos mais prováveis, apesar do procedimento de cultivo ser realizado em outros alimentos, como nos iogurtes.

Outro obstáculo é o financiamiento. Nos Estados Unidos, o Instituto Nacional da Alimentação e Agricultura não parece estar disposto a liberar dinheiro, ao contrário do que acontece, por exemplo, na Holanda.

"Parece que os europeus estão na dianteira no tema da carne in vitro", reconhece Mironov.

Apesar dos problemas, ele é otimista. Sem revelar a quantidade de carne artificial produzida até o momento, planeja realizar uma degustação na Suécia nos próximos meses.

"Nós estamos prontos, mas o setor do capital de risco e as agências federais ainda não estão", destacou, antes de afirmar ter convicção de que o "momento chegará".


A ONG Peta dará prêmio de US$ 1 milhão

A ONG Peta (People for the Ethical Treatment of Animals) informou que vai dar um prêmio de US$ 1 milhão para quem, até 2012, criar um método de produzir carne in vitro que seja semelhante em gosto e aparência à de verdade.

Deve ganhar o prêmio o indivíduo que conseguir desenvolver, produzir em escala comercial e ainda vender carne de frango feita em laboratório. O produto deve estar à venda até 2012 em dez Estados norte-americanos a preços competitivos.

"A produção de carne in vitro poderia usar células-tronco animais colocadas em um meio para crescerem e reproduzirem. O resultado imitaria a carne real e poderia ser cozinhada e comida", afirmou a ONG, em um comunicado.

Segundo a organização, como muitas pessoas "se recusam a deixar seu vício por carne, a Peta deseja ajudá-los a ter acesso a uma carne que não causa sofrimento e morte".

Equipes ao redor do mundo já trabalham para produzir carne em laboratório, mas deve levar algum tempo até que esses produtos cheguem de fato ao mercado. No concurso, dez jurados da ONG vão provar a carne artificial para ter certeza de que a textura e o sabor são semelhantes aos do frango comum.

De acordo com a Peta, a medida tem o objetivo de diminuir o sofrimento animal. "Mais de 40 bilhões de frangos, peixes, porcos e bois são mortos por ano de modos horríveis para gerar comida nos Estados Unidos", diz a organização.

"A carne in vitro poderia livrar os animais do sofrimento. Além disso, a carne in vitro poderia reduzir de modo dramático os efeitos devastadores dessa indústria no ambiente", diz.

Fonte: France Presse

Egípcios podem ser os pioneiros no uso de prótese humana


A egiptóloga Jacky Finch, da Universidade de Manchester (Reino Unido), ficou intrigada com artefatos que lembravam próteses rudimentares em múmias. Ela fabricou réplicas e as testou em voluntários, e descobriu que as peças realmente podem ter sido próteses médicas criadas pelos egípcios.

A descoberta revelaria a existência de próteses para membros amputados muito antes da perna romana artificial, feita de bronze, descoberta em 300 a.C. --destruída durante um ataque aéreo em Londres, em 1941, só resta uma cópia de gesso.

Finch analisou próteses de dedões do pé de duas múmias. Uma, encontrada perto de Luxor (Egito) e confeccionada antes de 600 a.C., era feita de uma mistura de papel machê, gesso e restos de tecidos. A outra, fabricada em madeira e provavelmente couro, pertence à filha de um religioso chamado Tabaketenmut, que viveu entre 950 a.C. e 710 a.C.

Duas pessoas que tiveram os dedões do pé amputados se submeteram aos testes com as réplicas. "Elas funcionaram realmente bem e produziram movimentos surpreendentes", conta a egiptóloga.

Os voluntários andaram em um tapete eletrônico, que calculou a pressão criada pelas passadas, e câmeras instaladas no laboratório da Universidade Salford (Reino Unido), onde ocorreram os experimentos, forneceram dados sobre a marcha e os movimentos nas juntas.

Embora o dedão de madeira tenha oferecido maior conforto, a da mistura com gesso e papel machê mostrou uma mobilidade superior.

Fonte: NEW SCIENTIST

Governo prepara proposta de flexibilização do Código Florestal


O governo prepara uma proposta de flexibilização do Código Florestal que prevê o plantio em áreas de preservação permanente para a agricultura familiar e exclui qualquer anistia a desmatadores.

A base da proposta foi elaborada pelo Ministério do Meio Ambiente e está neste momento sendo discutida com outras pastas.

A presidente Dilma Rousseff, que se comprometera na campanha a não anistiar desmatamentos, encarregou a ministra Izabella Teixeira de costurar um consenso entre ruralistas e ambientalistas.

A ideia é impedir a aprovação do polêmico projeto de reforma do código do deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP), que tem votação em plenário marcada para o mês que vem.

Segundo os ambientalistas, o texto de Rebelo é conivente com o desmatamento, ao propor, por exemplo, que áreas desmatadas até 2008 sejam isentas de multa.

Os ruralistas pressionam pela mudança imediata do código, argumentando que a lei atual criminaliza o setor produtivo e atrapalha a produção de alimentos.

Um decreto presidencial de 2009 determina multa para fazendeiros que não estiverem em conformidade com a lei. Sua entrada em vigor vem sendo prorrogada há mais de um ano --a nova data é 11 de junho.

"Noventa e cinco por cento das propriedades brasileiras vão entrar na ilegalidade", diz o deputado federal Marcos Montes (DEM-MG). "A punição já está havendo, por falta de crédito", continuou. O Banco do Brasil já anunciou que só terá financiamento quem cumprir o código ou aderir ao programa de regularização do governo, o Mais Ambiente.

Fonte: Folha/UOL

Durante o governo Lula, no Paraná, desacelerou o projeto de reforma agrária


A reforma agrária no Paraná sofreu uma desaceleração na gestão Lula na comparação com o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Nos oitos anos de presidência petista, 4.293 famílias foram assentadas no estado – menos da metade da era FHC, quando 10.547 famílias receberam um lote de terra. Em contrapartida, o total de assentados no país cresceu 12%.

A dificuldade para obter áreas, a priorização de investimentos na qualidade de vida dos assentamentos e até mesmo o arrefecimento no conflito fundiário são os argumentos do Instituto Nacional de Colonização e Re­­forma Agrária (Incra) para justificar a redução no número de assentados no estado.

Apesar do desempenho inferior, o superintendente do Incra no Paraná, Nilton Bezerra Guedes, destaca que a destinação de recursos para investimentos no estado aumentou, demonstrando que o governo federal não deixou de lado o Paraná. Em números não corrigidos pela inflação, o montante aplicado no estado em programas de financiamento, assistência e em indenizações cresceu de R$ 12 milhões em 1995 para R$ 38 milhões em 2010. Há oito anos, uma família assentada recebia apenas um lote de terra, menos de R$ 5 mil a título de ajuda para construir uma casa ou comprar o mínimo para começar a produzir e quase nenhuma assistência, alega Guedes. Atualmente, os assentados recebem até R$ 45 mil, sendo R$ 15 mil para edificar a residência, e tem mais acesso a programas de financiamento para alavancar a produção.

A mudança na política de reforma agrária, que passou a dar mais apoio ao assentado, também teve impacto no desempenho dos números da reforma agrária no Paraná. “Antes, a única meta era conseguir terra. Agora, é fornecer a terra e também meios para construir a casa, além de ofertar recursos para plantar e produzir, e dar acesso à saúde, escola e boas estradas”, explica o superintendente. Guedes afirma que, sem menosprezar as metas para criar novos assentamentos, a prioridade atual é desenvolver os já existentes.

Valorização

Hoje o Incra tem mais dificuldade para encontrar áreas improdutivas para desapropriação. Além da batalha pela revisão dos índices de produtividade, que definem se uma área é adequadamente aproveitada ou não – prometida pelo presidente Lula, mas barrada pela pressão da bancada ruralista no Congresso e pelo Ministério da Agricultura –, o preço das terras no estado disparou. Na década de 90, de cada 100 propriedades vistoriadas pelo Incra, 70 eram declaradas improdutivas. Hoje, a cada 100 vistorias, seis propriedades se en­­caixam nos índices que definem os limites de improdutividade.

Sem conseguir terras para desapropriar, o governo federal passou a priorizar a compra de fazendas. Mais da metade das áreas destinadas à reforma agrária no Paraná nos últimos oito anos não foram frutos de desapropriação. E o processo de compra e venda que vem dominando o cenário de obtenção de terras no estado envolve negociações muitas vezes demoradas. Além disso, houve incremento nas despesas. “Há uma década, o custo para assentar uma família era de R$ 20 mil. Atualmente está em R$ 50 mil”, explica.

Análise

Com o foco no estudo do direito humano à terra, o professor Sérgio Sauer, doutor em Sociologia na Universidade de Brasília, avalia que o governo Lula manteve a prática adotada na gestão FHC de priorizar a desapropriação de áreas em regiões com maior estoque de terras, portanto, com terras mais ba­­ratas, nas Regiões Norte e Centro-Oeste. Assim, as fazendas paranaenses não estavam em primeiro plano, refletindo no número de assentamentos no estado nos últimos oito anos, em detrimento dos dados nacionais. O pesquisador também aponta que a não revisão dos índices de produtividade está entre os principais fatores na queda no número de novos assentamentos no estado.

Mas Sauer concorda que o governo petista dedicou um pouco mais de atenção ao setor, em relação à gestão antecessora. “Além dos dados da política fundiária, como quantidade de hectares desapropriados, houve um incremento na destinação de recursos orçamentários”, analisa. “Mas havia um compromisso histórico do PT com a luta pela terra. Consi­derando este fato, a administração Lula deixou a desejar”, complementa.

Fonte: JL

Já estão definidos os que presidirão as Comissões Técnicas na ALEP?

Segundo a ALEP o processo ainda está em discussão:

Os líderes de bancadas na Assembleia Legislativa tiveram nesta terça-feira (15) mais uma reunião com a Comissão Executiva para tratar da composição das Comissões Técnicas Permanentes da Casa para os próximos dois anos. Ao final do encontro, que aconteceu na sala de reuniões da Presidência no início da tarde de hoje (15), os líderes do Governo, Ademar Traiano (PSDB), e da Oposição, Enio Verri (PT), saíram elogiando a maturidade dos debates e enfatizando que todas as agremiações com representação no Legislativo foram contempladas nas negociações. “O presidente Rossoni e o líder do Governo souberam contemporizar e chegar a um consenso”, comemorou Verri.

Traiano disse que a intenção é ampliar ao máximo as discussões na busca do entendimento, de modo a evitar a solução dos eventuais conflitos pelo voto: “Acreditamos que isso será possível. Com as comissões instaladas na quinta-feira, na segunda (21) elas já estarão à postos para examinar as matérias que aguardam parecer técnico”.

Entre as decisões tomadas na reunião de hoje, a de que o DEM indicará a presidência das Comissões de Constituição e Justiça e de Educação; o PMDB, das Comissões de Finanças, de Orçamento, de Ciência e Tecnologia e de Ecologia e Meio Ambiente; o PSDB, as das Comissões de Segurança Pública, de Direitos da Mulher, Criança, Adolescente e Idoso; o PSB, a da Comissão de Agricultura, o PDT, a da Comissão de Indústria, Comercio e Turismo; o PP, a da Comissão de Tomada de Contas; o PT, as das Comissões de Cultura e de Direitos Humanos, o PPS/PMN, a presidência das Comissões de Saúde e Obras Públicas, Transporte e Comunicações. A Assembleia tem hoje 19 Comissões Técnicas Permanentes, e discute a possibilidade do desmembramento de algumas delas. Essa e outras questões deverão ser solucionadas até quinta-feira (17), em reunião convocada pelo presidente Valdir Rossoni (PSDB) para às 10h.

Segundo a Gazeta do Povo já estão definidos os que serão presidentes:

O deputado Nelson Justus (DEM) será o novo presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Assembleia Legislativa do Paraná – considerada a mais importante da Casa. O nome dos presidentes das comissões da Casa foram escolhidos nesta terça-feira (15), durante um almoço. O ex-presidente da Casa vai comandar a comissão que analisa a constitucionalidade de todos os projetos de lei apresentados pelos parlamentares.
O PMDB é o partido que mais vai comandar as comissões da Assembleia – quatro no total. O deputado Nereu Moura vai presidir a comissão de Orçamento; Ademir Bier, a de Finanças; e a comissão de Ecologia ficou com o deputado Eduardo Cheida. O partido deve indicar ainda esta tarde o presidente da comissão de Ciência e Tecnologia.

Já os tucanos vão presidir duas comissões: a de Segurança Pública, com o deputado Mauro Moraes, e a do Direito da Mulher, Criança, Adolescente e Idoso, que ficou com a deputada Rose Litro. O PP também ficou com duas comissões. Ney Leprevost será presidente da comissão de Esportes e Duílio Genari, de Tomada de Contas.

O deputado Hermas Brandão Jr (PSB) vai ser o presidente da comissão de Agricultura da Assembleia, Osmar Bertoldi (DEM) ficou com a de Educação, o petista Péricles de Mello vai presidir a comissão de Cultura, André Bueno (PDT) ficou com a de Indústria, Comércio e Turismo, a comissão de Defesa do Consumidor ficou com Leonaldo Paranhos (PSC) e o PMN, do deputado Dr. Batista, vai presidir a comissão de Saúde. Marcelo Rangel (PPS) vai presidir a comissão de Obras Públicas, Transportes e Comunicação.

Documento que teria apressado fim da 2ª Guerra é divulgado


Um documento mostrando que os nazistas tinham sido enganados por um espião duplo em um momento decisivo da Segunda Guerra Mundial foi divulgado no Reino Unido.

O memorando em alemão, interceptado e decodificado por agentes britânicos, confirmou que os alemães tinham acreditado em informações falsas recebidas de um espião espanhol e haviam concentrado suas tropas na região de Pas de Calais, na França, na expectativa de uma invasão britânica.

Isso permitiu que os britânicos seguissem em frente com a planejada invasão da Normandia, em junho de 1944, confiantes de que milhares de tropas alemãs estariam de prontidão em outro local, incapazes de reagir.

Segundo historiadores, a informação contida no memorando salvou vidas e teria apressado o final da Segunda Guerra.

'NENHUM JAMES BOND'

O documento, publicado em primeira mão pela BBC, revela a importância do papel desempenhado pelos especialistas britânicos que trabalhavam para decodificar mensagens secretas alemãs no famoso centro de Bletchley Park, no condado de Buckinghamshire.

Outra figura de destaque no incrível plano armado pelos britânicos para enganar Hitler nos dramáticos momentos que antecederam a invasão da Normandia foi um espanhol, Juan Pujol Garcia.

Pujol, conhecido pela inteligência britânica como Garbo, um homem de negócios de aparência comum, foi um dos mais eficientes espiões duplos da Segunda Guerra.

"Ele não era nenhum James Bond", disse Amyas Godfrey, especialista do Royal United Services Institute, envolvido em um projeto para disponibilizar digitalmente documentos históricos do arquivo de Bletchley Park.

"Era um baixinho calvo, tedioso e soturno, mas enganou completamente os alemães. Eles achavam que as informações que ele enviava eram absolutamente precisas."

Os nazistas consideravam Pujol --a quem deram o codinome Alaric Arabel-- um dos seus mais importantes informantes. Eles acreditavam que o agente comandava uma rede de espiões e enviava informações cruciais para Berlim através de seu homem de confiança em Madri.

Na verdade, o espanhol trabalhava para os britânicos e quase toda a sua suposta rede de informantes era fictícia.

Para não ser desmascarado, Pujol enviava aos alemães várias informações genuínas. Mas no que se refere à aguardada invasão da França pelos aliados, a coisa era diferente.

Quando se preparavam para o crucial Dia D, o dia em que ocorreria a invasão, os britânicos puseram em ação a Operação Fortitude, um complô para confundir os nazistas sobre o local exato da invasão. Pujol era parte integral dessa operação.

PISTAS FALSAS

A partir desse momento, o espanhol passou a enviar informações fictícias, levando os alemães a acreditar que ataques críticos ocorreriam, com grande probabilidade, na região costeira de Pas de Calais.

Ele disse também que 75 divisões haviam sido reunidas na Inglaterra antes do Dia D, dando a entender que muitas tropas adicionais deveriam ainda desembarcar na França.

Os alemães acreditaram nas informações. O documento reproduzido pela BBC mostra que os relatos foram transmitidos ao alto comando nazista pelo contato alemão de Pujol.

Como resultado, tropas alemãs foram mantidas na região de Calais à espera dos ataques, impedidas de oferecer suporte na defesa da Normandia.

Tão importante quanto o fato de que tropas alemãs estavam concentradas longe do local da invasão foi o fato de que os britânicos sabiam que os alemães haviam sido enganados.

ENIGMA

Berlim não sabia que o código de sua máquina Enigma, usada para criptografar comunicados secretos enviadas pelos alemães, havia sido decifrado por especialistas poloneses.

Para nazistas, mensagens criptografadas pela Enigma não poderiam ser decodificadas
Em Bletchley Park, cerca de dez mil pessoas trabalhavam decifrando as mensagens.

Quando o documento divulgado agora foi decifrado, os aliados tiveram a certeza de que podiam prosseguir com o plano de invasão, já que milhares de tropas alemãs estariam fazendo guarda em Calais.

"O século 20 poderia ter sido muito diferente se não fosse por isto", disse Kelsey Griffin, diretor de operações do museu de Bletchley Park.

"Nós tínhamos um exército de intelectuais desarmados aqui. "

Vários documentos estão arquivados no centro, intocados, há muitos anos.

O museu espera que, ao serem publicados na internet, os arquivos ajudem historiadores e público em geral a conhecer outros episódios empolgantes da Segunda Guerra Mundial.

Imagens mostram índios que vivem isolados no Brasil:

Toque de recolher: Dois oficiais do Exército, que defendem mais democracia nos quartéis, enfrentam a ira das Forças Armadas e são presos


O capitão paraquedista Luiz Fernando Ribeiro de Sousa está há quase dois meses proibido de sair de sua residência em uma vila militar na pacata cidade de General Câmara, a 80 quilômetros de Porto Alegre. Militar da ativa e oficial do Arsenal de Armas do Rio Grande do Sul, capitão Fernando, como é conhecido, está preso e sentará no banco dos réus nos próximos dias diante de um Tribunal Militar que poderá afastá-lo dos quartéis. Considerado inimigo do Exército brasileiro, ele fundou há dois anos um movimento, junto com outros capitães, batizado de Capitanismo – que defende a adequação das normas da caserna à Constituição Federal. Na prática, Fernando advoga pela reformulação do Estatuto e do Código Penal Militar, ambos anteriores à Carta Magna de 1988. “Defendemos a manutenção da hierarquia e da disciplina militar, mas as coisas mudaram nas últimas quatro décadas”, escreveu ele à presidente da República, Dilma Rousseff, ainda durante a campanha eleitoral.

Fernando foi candidato do PT a deputado federal no Rio Grande do Sul nas últimas eleições. Durante a campanha, saiu às ruas defendendo propostas que causaram extremo desconforto no alto comando do Exército, como mais democracia nos quartéis, a descriminalização da presença de homossexuais assumidos nas tropas, assim como a implantação da Comissão da Verdade, apuração dos crimes praticados por militares durante a ditadura. O capitão não se elegeu, teve 2.158 votos, mas suas propostas têm repercutido até hoje.

Também no Rio Grande do Sul, um outro oficial do Exército tem enfrentado reprimendas severas das Forças Armadas por conta de suas opiniões. Autor do livro “Exército na Segurança Pública: uma Guerra Contra o Povo Brasileiro” (editora Juruá), o capitão Mário Soares, lotado no 3º Batalhão Logístico do Exército, em Bagé (RS), também enfrentou a prisão domiciliar ao criticar as Forças Armadas. “O Exército não pode mais ser uma ilha dentro do Estado”, argumenta. O livro, lançado no final de 2010, é resultado do mestrado em ciências penais que ele concluiu no ano passado e contém críticas ao uso das Forças Armadas no combate ao crime comum. “O preparo do Exército para desenvolver ações de polícia enfraquece a Defesa Nacional”, afirma Soares. Para ele, os armamentos adotados pelos militares em operações na cidade “têm capacidade de perpassar e destruir várias pessoas, pois os militares têm na força de seus armamentos a condição única de sua existência”.

Em ambos os casos, o Exército justifica que, oficialmente, os militares foram confinados em seus respectivos quartéis não pelas opiniões, mas pelo crime de deserção, ou seja, se afastarem por mais de oito dias consecutivos da caserna. A mesma estratégia já havia sido adotada com o casal de sargentos homossexuais Leci de Araújo e Fernando Figueiredo, em 2008. Após se declararem abertamente gays, os dois foram detidos por deserção. Agora, o Ministério Público Federal investiga se houve irregularidades na detenção e se houve tortura enquanto os dois estavam presos no quartel em que eram baseados.

No episódio dos militares do Rio Grande do Sul, não há acusações de agressão. Mas em ambos os casos os oficiais dizem que foram detidos de forma irregular. Soares se defende, afirmando que tinha bons motivos para não estar no quartel na data prevista de seu retorno. O militar foi passar as festas de fim de ano na Bahia, onde vive sua família, e encontrou o pai com uma doença degenerativa em estágio adiantado, a mãe em depressão profunda e procurou ajudar o irmão, deficiente físico, que mora com os dois. Diante dos problemas, Soares – que é tutor do pai – resolveu ficar um pouco mais para ajudar e, por fim, o drama familiar acabou por abatê-lo também. “Um psiquiatra diagnosticou que eu estava emocionalmente abalado”, explica Soares. “Tive o cuidado de levar o atestado ao quartel na Bahia no dia 31 de dezembro, para justificar o fato de não estar presente na data marcada para o regresso.” O documento não foi suficiente para justificar sua ausência, e ele ficou preso durante oito dias.

Como o companheiro de farda, o capitão Fernando também está sendo acusado da prática do crime de deserção. Assim que terminaram as eleições em outubro, o Exército exigiu o retorno imediato do militar ao trabalho, antes mesmo da publicação oficial dos resultados do Tribunal Regional Eleitoral, que aconteceu em 3 de novembro. Segundo o militar, ele não recebeu a ordem: “O Exército enviou a convocatória para um endereço errado e não para o meu na vila militar onde vivo”. O imbróglio não para por aí. Ao convocar seu retorno ao quartel, a ordem do Comando do Sul contraria a decisão do chefe-maior do Exército, general Enzo Martins Peri, que, em março de 2010, afastou o capitão Fernando das atividades militares por tempo indeterminado até que ele responda ao Conselho de Justificação – um tribunal que pode expulsá-lo das fileiras militares por causa de suas opiniões públicas sobre as Força Armadas. A decisão de Peri foi baseada em entrevistas que Fernando deu a órgãos de imprensa e a blogs na internet, em que defendia suas ideias.

De acordo com especialistas em área militar, as Forças Armadas utilizam-se do artifício da deserção para condenar as vozes dissidentes. Quem desqualifica a tese de deserção é o procurador aposentado da Justiça Militar João Rodrigues Arruda. Uma das maiores autoridades brasileiras sobre direito militar, Arruda explica que o crime não tem mais lugar entre os oficiais, já que eles não precisam desertar para sair do Exército. “A qualquer momento, eles podem pedir demissão. Então, para que praticar um crime?”, questiona Arruda. Procurado para explicar os motivos das prisões dos dois oficiais baseados no Rio Grande do Sul, o Exército não quis se pronunciar.


Fonte:Isto É Independente

Polícia Federal prende 13 PMs por formação de grupo de extermínio em GO


A PF (Polícia Federal) prendeu na manhã desta terça-feira 13 policiais militares suspeitos de participar de um grupo de extermínio em Goiás. Foram presos um coronel, um tenente-coronel, um major, dois capitães, um tenente, dois subtenentes, um sargento e quatro cabos da Polícia Militar.

A operação, batizada de "Sexto Mandamento", também investiga a participação de um ex-secretário de Segurança Pública e de um ex-secretário da Fazenda de Goiás. Eles são suspeitos de praticar tráfico de influência. A polícia não deu mais detalhes.

As investigações da presença de um possível grupo de extermínio em Goiás começaram há um ano. Segundo a Polícia Federal, muitas das vítimas eram mulheres e crianças que não tinham ligação com a prática de crimes.

Ainda de acordo com a PF, as prisões têm caráter preventivo (planejadas como forma de não prejudicar as investigações) ou provisório (válidas por cinco dias).

A organização criminosa praticava homicídios e fazia a simulação de que os crimes teriam sido praticados em confrontos com as vítimas. Dentre as mortes, há casos de execução de crianças, adolescentes e mulheres, sem qualquer envolvimento com práticas ilícitas.

De acordo com a Polícia Federal, alguns dos crimes foram praticados durante o horário de serviço e com uso de carros da Polícia Militar, de maneira clandestina e sem qualquer motivação.

Além do tráfico de influência, os presos devem responder pelos crimes de homicídio qualificado, formação de quadrilha, tortura qualificada, falso testemunho, ocultação de cadáver, entre outros crimes.

RIO: Chefe da Polícia Civil deixa o cargo após operação da PF

O chefe da Polícia Civil do Rio, Allan Turnowski, deixou o cargo nesta terça-feira. A saída do delegado foi definida em reunião com o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame.

Segundo nota emitida pela secretaria, os dois concluíram que a saída de Turnowski era a mais adequada para "preservar o bom funcionamento das instituições".

A posição de Turnowski à frente da Polícia Civil ficou desgastada após a operação Guilhotina, desencadeada pela PF (Polícia Federal), e que prendeu dezenas de policiais ligados a traficantes e milícias. O principal preso na operação, o delegado Carlos Oliveira, foi, até agosto do ano passado, subchefe de Polícia Civil. Há anos, é apontado como braço-direito de Turnowski.

Após a operação ser deflagrada, Beltrame chegou a afirmar que Turnowski tinha sua confiança. "O doutor Allan goza da minha confiança. Como chefe da instituição tem algumas informações a prestar. Não vou fazer juízos de valor", afirmou Beltrame

Ontem, Turnowski decidiu fechar a Draco (Delegacia de Combate ao Crime Organizado), alegando ter recebido carta anônima com denúncias de corrupção, e que investigaria a delegacia.

A Draco é chefiado pelo delegado Cláudio Ferraz, ligado a Beltrame e desafeto de Turnowski. Ferraz admitiu que contribui para a PF durante a operação Guilhotina.

Em nota, Turnowski agradeceu ao governador Sérgio Cabral (PMDB) e a Beltrame pelo tempo em que comandou a Polícia Civil. "Tenho certeza que esta é a melhor decisão para o momento", afirmou ele.

Fonte: Folha/UOL

PF cria base em SP para achar vítimas da ditadura


A Polícia Federal começou a usar ontem uma base de exames permanente em São Paulo para buscar a identificação de corpos de desaparecidos políticos vítimas da ditadura militar (1964-1985) supostamente enterrados nos cemitérios paulistanos de Vila Formosa e Perus.

As atividades no novo posto de trabalho, viabilizado por uma parceria com o IML (Instituto Médico Legal) de São Paulo, terão como foco inicial a descoberta dos restos mortais do militante Sérgio Corrêa, da ALN (Ação Libertadora Nacional).

No início de dezembro, peritos da PF retiraram do cemitério de Vila Formosa várias ossadas de uma vala que provavelmente recebeu o corpo de Sérgio, de acordo com as apurações do órgão.

Jeferson Evangelista Corrêa, chefe de medicina forense do INC (Instituto Nacional de Criminalística da PF), afirma que serão feitos exames antropológicos nos restos mortais, o que inclui a verificação de arcadas dentárias, dimensões de ossos e características de sexo e idade.

Essas perícias permitirão uma triagem inicial para definir quais ossadas serão submetidas a exames de DNA.

Segundo Corrêa, o trabalho será feito em uma sala do IML em caráter permanente, com pelo menos dois peritos da PF e dois do instituto paulista até o final dos trabalhos de identificação.

MAIS RAPIDEZ

Anteriormente, as atividades de investigação foram realizadas em etapas e com interrupções, e agora a meta é dar um andamento mais rápido às apurações, de acordo com o perito da PF.

Na próxima segunda-feira vão ser retomados os trabalhos de busca da ossada do também militante da ALN Virgílio Gomes da Silva, supostamente enterrado no cemitério de Vila Formosa.

Nas últimas semanas, peritos de geofísica da PF analisaram fotos aéreas, mapas e registros antigos do cemitério para delimitar as áreas com maior probabilidade de ter recebido o corpo.

As ossadas eventualmente retiradas na nova etapa de exumações em Vila Formosa também deverão ser analisadas em São Paulo.

Em Brasília, equipes da área de genética do INC estão realizando exames de DNA em restos mortais recolhidos no cemitério de Perus em outubro de 2010.

A meta é identificar os corpos dos militantes de esquerda Luiz Hirata, da organização AP (Ação Popular), e Aylton Adalberto Mortati, do Molipo (Movimento de Libertação Popular), desaparecidos desde 1971.

A PF também prevê a realização de trabalhos nos cemitérios do Araçá e de Parelheiros nos próximos meses.

Fonte: Folha/UOL

Militares espionaram esquerda na década de 90


Documentos confidenciais do Exército, Marinha e Aeronáutica localizados por Caros Amigos revelam que a espionagem política das Forças Armadas se manteve no período democrático, após o fim da ditadura militar.

O DOI-Codi (Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna), o centro de tortura mais temido pelos ativistas de esquerda no final dos
anos 60 e na década de 70, pode até ter deixado de existir, mas os serviços de inteligência do Exército, da Marinha, Aeronáutica e das polícias Civil, Militar e Federal não foram extintos com a queda da ditadura.

Apesar de os arquivos da ditadura militar ainda não terem sido abertos, documentos confidenciais encontrados pela reportagem da Caros Amigos revelam que as Forças Armadas continuaram agindo de maneira integrada na investigação da esquerda nos anos 90. Partidos políticos, movimentos sociais e até mesmo ativistas estrangeiros estiveram na mira dos agentes da repressão.

A reportagem da revista encontrou documentos inéditos no meio de quase 20 mil documentos distribuídos em 454 pastas que repousam empilhadas nas prateleiras de aço do Arquivo Público do Estado de São Paulo. Os relatórios da repressão estavam junto com os demais documentos do arquivo secreto da Divisão de Informações Sociais do Departamento de Comunicação Social da Polícia Civil de São Paulo, órgão de inteligência que substituiu o antigo Dops (Departamento de Ordem Política e Social), no monitoramento político no período pós-redemocratização.

A documentação encontrada revela que, além do monitoramento, havia também a troca de informações entre as três Forças Armadas e as polícias Civil, Militar e Federal. Esse compartilhamento de informações entre as Forças Armadas e os órgãos policiais foi o que possibilitou o encontro desses documentos confidenciais e que estavam sob a guarda do setor de espionagem da Polícia Civil de São Paulo. Em 1999, veio à tona que o órgão que sucedeu o Dops mantinha o monitoramento político. O material foi repassado ao Arquivo Público do Estado de São Paulo, mas só foi disponibilizado para a consulta pública em fevereiro deste ano.


Apesar de conter elementos cruciais que revelam o modo de agir do setor de espionagem militar no monitoramento à esquerda brasileira e internacional, a documentação é apenas uma pontinha no imenso iceberg que poderá ser revelado quando os arquivos da repressão forem de fato abertos. Nem tudo foi repassado. É possível verificar hiatos temporais significativos no acervo da espionagem do pós-Dops.

Sindicalismo

A Central Única dos Trabalhadores (CUT), maior central sindical do país, foi investigada pelo Exército, pela Marinha e Aeronáutica nos anos 90. Relatórios confidenciais das três Forças Armadas revelam a preocupação dos militares com a atuação da CUT.

O informe do Exército 247/91, de 26 de setembro de 1991, relata a decisão da Central de disputar a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), tomada durante o 4º congresso da entidade. “Essa decisão coloca em jogo a luta pela liderança de três mil sindicatos e vinte e duas federações da categoria”, alerta o agente, que aproveita para informar que durante o congresso “os trabalhadores rurais realizaram um ato de protesto contra a violência no campo e a concentração de terras no Brasil.”

O relato evidencia um claro viés ideológico na investigação. O responsável pelo texto sobre a CUT utiliza aspas quando se refere ao golpe militar. “AVELINO GANZER, membro da Executiva Nacional da CUT e ex-presidente do Sindicato Rural (sic) de Santarém/PA, lembrou as últimas estatísticas das mortes no campo. Destacou que do “golpe militar” até hoje foram registradas 1.630 mortes em conflito por terra e, dos 24 processos concluídos, apenas três mandantes foram condenados.” O relatório traz ainda parte do discurso de Ganzer. “Dramaticamente, nos últimos cinco anos, 53 dirigentes foram mortos em aproximadamente 687 conflitos, finalizou”, ressalta o araponga.

O documento informa que o relatório deve ser repassado para a Comissão Naval, o IV Comar (Comando Aéreo Regional), a Polícia Militar do Estado de São Paulo, o Departamento de Comunicação Social da Polícia Civil de São Paulo. No informe consta ainda que a origem dessas informações partiram do 4º BIB (Batalhão de infantaria Blindado) do Exército . A difusão anterior também é informada. Foi feita pelo Comando Militar do Sudeste (Exército), órgão que substituiu o DOI-Codi no período pós-democratização.

Já a Marinha em seu informe 0130/20/1991, de 25 de setembro de 1991, discorre sobre o Suplemento nº 28 do Departamento de Estudos Socioeconômicos e Políticos (Desep), da CUT. “O SUPLEMENTO, que tem o apoio da CUT Estadual de São Paulo, reúne textos e análises sobre a conjuntura e as tendências do movimento sindical, tem como objetivo principal a elaboração de análises, estudos e pesquisas para subsidiar a atuação da CUT e para estimular o debate e a crítica sobre a evolução das lutas sindicais”, afirma o texto.

O nome dos membros que compõem a Direção Executiva do Desep, sua coordenação e equipe constam desse informe. À época o Desep era chefiado pelo metalúrgico Oswaldo Bargas, que viria a ocupar o cargo de secretário de Relações do Trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego no primeiro mandato do presidente Lula.

A força naval anexa às informações cópia do Suplemento, para que seja compartilhada com o Comando do 1º Distrito Naval, localizado no Rio de Janeiro, Comando Militar do Sudeste (Exército), IV Comar (Aeronáutica), a Superintendência Regional do Departamento da Polícia Federal no Estado de São Paulo, o Departamento de Comunicação Social da Policial Civil de São Paulo, Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) e a Polícia Militar do Estado de São Paulo. A origem desse documento, segundo informações contidas no relatório, partiu da Comissão Naval em São Paulo.

O comunicado 008/A-2/IV Comar, de 02 de outubro de 1991, da Aeronáutica trata das teses do 6º Congresso Estadual da CUT São Paulo e da programação do Seminário Internacional sobre Socialismo que aconteceria no Instituto Cajamar, instituição ligada ao Partido dos Trabalhadores. “Remetemos para conhecimento as cópias xerox constantes do anexo.” A origem das informações, segundo o relatório, é da Embraer, a empresa da aeronáutica que fabrica aviões. Assim como o Exército e a Marinha, a Aeronáutica compartilha suas informações. O Comando Militar do Sudeste, a Comissão Naval em São Paulo, o Departamento da Polícia Federal em São Paulo, a Polícia Militar de São Paulo, o Departamento de Comunicação Social e o Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) da Polícia Civil de São Paulo constam como órgãos para os quais o informe deve ser repassado. Envio de publicações sindicais é o título do comunicado encaminhado pela Aeronáutica.

Os relatórios das três Forças Armadas vêm acompanhados, sempre, por carimbos de confidencial e fichar e arquivar. O da Aeronáutica tem ainda o carimbo do Ministério da Aeronáutica – IV Comar – 2ª Seção, o da Marinha, o da Comissão Naval em São Paulo; o do Exército sobre a CUT apresenta carimbo da 2ª Seção da 2ª Divisão do EMG (Estado Maior Geral). Os documentos do Exército e da Aeronáutica vêm acompanhados ainda por outro carimbo, que informa: “o destinatário é o responsável pela manutenção do sigilo deste documento (art. 12 do RSAS – Dec. 79.099 de 05 JAN 77)”. Trata-se do Regulamento para a Salvaguarda de Assuntos Sigilosos fixado durante a ditadura militar.

A atuação da Corrente Sindical Classista (CSC), ligada ao PC do B, também foi monitorada pelo Exército no 4º Congresso Nacional da CUT. “A CORRENTE SINDICAL CLASSITA (CSC) composta por sindicalistas do PARTIDO COMUNISTA DO BRASIL (PC do B) participou do IV CONGRESSO DA CENTRAL ÚNICA DOS TRABALHADORES (IV CONCUT), realizado em SÃO PAULO/CAPITAL), no período de 04 a 08 SET 91, com uma delegação de cerca de 213 representantes eleitos em quase todos os estados do País.”

O relato de 30 de setembro de 1991 e que teve origem no Comando Militar do Sudeste, informa ainda que o número de delegados da CSC presentes ao congresso permitiu à entidade se tornar a terceira força na entidade, atrás apenas da Articulação e da CUT pela base. “Este fato foi muito comemorado por militantes do Partido como altamente positivo considerando que, a CSC foi fundada a menos de 3 anos e filiou-se à CUT há pouco mais de 1 ano (MAR 90)… Conseguiu, ainda, eleger ALOISIO SÉRGIO ROCHA BARROSO, coordenador nacional da CSC e ANTONIO RENILDO SANTANA DE SOUZA para membros da Direção Nacional da CUT.”

Os militares também se preocupavam em produzir relatórios mensais intitulados Panorama Mensal do Movimento Sindical. Esses relatos faziam uma análise das atividades sindicais que se desenvolveram ao longo do mês. Caros Amigos encontrou dois desses relatórios. Eles não estão com o timbre de nenhuma das Forças Armadas, embora sejam redigidos no mesmo tipo de papel (textura, coloração, tamanho). A primeira e a última página aparecem cortadas, uma tinta preta parecida com a de um pincel atômico esconde provavelmente a origem do material.

Fonte: Caros amigos

 
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