sexta-feira, 4 de junho de 2010

Lula sanciona Ficha Limpa sem vetos


Justiça decidirá se a lei valerá já para eleições deste ano; ficarão inelegíveis candidatos que forem condenados por órgão colegiado

AE

BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou nesta sexta-feira, 4, sem vetos, o projeto Ficha Limpa. A lei deve ser publicada no Diário Oficial da União (DOU) da próxima segunda-feira. Ao sancionar o projeto da forma como foi aprovado pelo Congresso, o presidente mantém o texto da emenda polêmica que estabeleceu apenas para futuros condenados o impedimento de se candidatarem.

A Advocacia Geral da União (AGU) já havia recomendado a sanção do projeto sem vetos. O texto do Ficha Limpa estabelece que pessoas condenadas por corrupção eleitoral, por compra de voto ou por gastos ilícitos de recursos de campanha fiquem inelegíveis por oito anos.

O projeto também torna inelegíveis pelo mesmo prazo detentores de cargo na administração pública condenados em órgão colegiado por abuso de poder econômico.

O texto final do projeto aprovado pelo Senado gerou dúvidas se a lei só valerá para candidatos que forem condenados a partir de agora ou se inclui também quem já tem as condenações previstas no texto. Para valer nas próximas eleições, a medida deve passar ainda pelo plenário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que vai responder consulta do senador Arthur Virgílio (PSDB-AM).

PMDB vai barrar ‘candidatura’ de Requião ao Planalto


Josias de Souza

Ressuscitada pelo senador Pedro Simon (RS), a candidatura de Roberto Requião (PR) ao Planalto deve naufragar antes da convenção do PMDB, marcada para 12 de junho.

A direção do partido decidiu condicionar a aceitação do registro da candidatura, protocolado por Simon nesta quarta (2), a uma exigência.

Para ser tomado a sério, Requião terá de abdicar, por escrito, da condição de candidato ao Senado pelo PMDB do Paraná.

Do contrário, suas pretensões presidenciais serão levadas na brincadeira. E o registro não será submetido à análise da convenção.

Pretende-se convocar para a próxima semana uma reunião da Executiva nacional do PMDB.

Dominada pelo grupo que apoia a chapa Dilma Rousseff-Michel Temer, a Executiva cuidará de sepultar o registro de Requião.

O grupo de Temer alega que nenhuma candidatura pode chegar à convenção sem passar, antes, pela Executiva. Por quê?

Em diálogos privados, Temer, que preside o PMDB, recorda que o partido contabiliza mais de 3 milhões de filiados no país.

Diz que, sem o filtro da Executiva, qualquer filiado poderia, no limite, se apresentar como candidato à Presidência. Ainda que não dispusesse de apoio para tanto.

Twitter do Cria Cuervo:


# Quando a Gazeta vai publicar os nomes de seus funcionários que se aposentaram e eram pagos pela assembléia. Operação VIRA-BOSTA.

Grupo 'decola' em simulação de viagem a Marte

REUTERS

Vestido de azul e acenando bastante, o tripulante Sukhrob Kamolov disse "Vejo vocês em 520 dias!" antes de entrar nas câmaras hermeticamente fechadas nesta quinta-feira com outros cinco homens dentro de uma simulação de viagem a Marte.

Aos beijos e acenos das mulheres e parentes, os três russos, um chinês, um francês e um ítalo-colombiano entraram nos módulos onde viverão até novembro de 2011, numa experiência para testar como o isolamento afeta as pessoas.

A Agência Espacial Europeia, no entanto, disse que levará ao menos 30 anos para que algum humano possa viajar para Marte, acrescentando que só a viagem de ida levaria nove meses.

Diferentemente de uma viagem real ao planeta vermelho, a tripulação do voo simulado do Mars500, abrigada no Instituto de Problemas Biomédicos de Moscou, terá gravidade e não será exposta a radiação.

Mas, assim como numa missão verdadeira para Marte, existe a proibição ao consumo de bebidas alcoólicas, não há ar fresco, as verduras precisam ser cultivadas a bordo e o único contato com a Terra ocorrerá via e-mail, com um atraso de 40 minutos.

Liderada pelo comandante russo Alexei Sitev, a tripulação viverá e trabalhará como os astronautas da Estação Espacial Internacional (ISS) e dividirá o tempo entre experimentos e exercícios.

Eles também passarão trinta dias acampados numa superfície de areia vermelha, como a marciana.

(Reportagem Amie Ferris-Rotman)


China se torna maior mercado para celulose brasileira

País asiático produz 90 milhões de toneladas de papel por ano e quer se tornar um dos líderes mundiais do setor

Cláudia Trevisan, de O Estado de S. Paulo

XANGAI - Depois de se transformar no maior destino das exportações brasileiras de minério de ferro e soja, a China assumiu o primeiro lugar nas vendas de outra commodity, a celulose, com 34% dos embarques no primeiro quadrimestre deste ano. O porcentual é o dobro da participação que o país asiático tinha nas exportações do produto até o ano passado, quando sua demanda deu um salto de 135%, para 1,5 milhão de toneladas, uma participação de 33% no total.

Elizabeth de Carvalhaes, presidente da Associação Brasileira de Papel e Celulose (Bracelpa), disse que os chineses começaram a aumentar suas compras no começo do ano passado, quando o preço internacional caiu em razão da crise mundial. Em junho de 2009 a cotação ficou em menos de US$ 400 a tonelada, comparada a US$ 840 do ano anterior. Atualmente já está em torno de US$ 920.

Segundo ela, a demanda chinesa assumiu natureza "estrutural" no segundo semestre, quando o país anunciou a instalação das três maiores máquinas de papel do mundo, uma das quais com capacidade de fabricar 1 milhão de tonelada por ano.

Em 2009, o Brasil respondeu por 50% das importações de celulose da China, que anualmente produz 90 milhões de toneladas de papel e quer se tornar um dos líderes mundiais do setor.

Para atender ao aumento da demanda chinesa e de outros países emergentes, as indústrias brasileiras de celulose planejam investir US$ 22 bilhões no período 2010-2016, o que poderá levar o Brasil da quarta para a terceira posição no ranking global, à frente da China.

O CEO da Suzano Papel e Celulose, Antonio Maciel Neto, disse anteontem em Xangai que a empresa investiu R$ 8 bilhões em duas novas fábricas, no Maranhão e no Piauí, que terão 50% de sua produção destinada à China.

A companhia produz 1,7 milhão de toneladas de celulose por ano e vai elevar o volume para 4,3 milhões de tonelas quando as duas plantas estiverem em operação, no fim de 2014. "A produção de papel na China cresce 4 milhões de toneladas por ano, o que é quase metade da produção total do Brasil, de 10 milhões de toneladas de papel", disse Maciel depois de encontro do Conselho Empresarial Brasil-China. Atualmente, 35% do que a Suzano produz de celulose é destinado à China.

Com os investimentos previstos para o período 2010-2016, Carvalhaes estima que a produção brasileira de papel poderá subir para 14 milhões de toneladas. A presidente da Bracelpa lembrou que o Brasil tem a maior floresta plantada do mundo, com 7 milhões de hectares, certificada por organismos internacionais.

Carvalhaes afirma que a produção brasileira atende à crescente exigência chinesa de usar processos industriais sustentáveis, em resposta à pressão internacional. "A China joga na atmosfera 12 bilhões de toneladas de dióxido de carbono por ano, o que faz com que o crescimento do país custe muito à humanidade em termos ambientais".

Além de ser certificada, a floresta plantada brasileira é formada basicamente por eucalipto, que é a árvore que mais absorve carbono, diz Carvalhaes. "Os 7 milhões de hectares de floresta retiram da atmosfera 1 bilhão de toneladas de carbono por ano", declarou.

Ativistas em navio com ajuda a Gaza prometem 'resistência pacífica'

Niall Carson/AP

Expectativa de novo confronto com aproximação do último barco da 'Flotilha da Liberdade' eleva tensões em Israel.

A nobel da Paz Mairead Corrigan-Maguire está entre os ativistas a bordo.

As tensões voltaram a se elevar no Oriente Médio nesta sexta-feira, 4, com a aproximação de mais um barco com ajuda humanitária da zona de exclusão marítima estabelecida por Israel no mar mediterrâneo. De acordo com os organizadores da viagem, o navio de bandeira irlandesa Rachel Corrie está a cerca de 240 quilômetros da costa da Faixa de Gaza, e deve chegar ao território palestino na manhã deste sábado, 5. Israel, entretanto, promete impedir que os ativistas rompam o bloqueio marítimo imposto contra o grupo palestino Hamas, que controla o território.

Entre os ativistas a bordo do Rachel Corrie está a irlandesa ganhadora do Nobel da Paz Mairead Corrigan-Maguire. Em entrevista a Associated Press, ela disse que a orientação é a de pressionar, mas sem oferecer resistência às forças israelense caso o barco seja abordado.

"Nós nos sentaremos", disse ela, por telefone. "Provavelmente seremos presos, mas não haverá resistência."

Segundo uma porta-voz do movimento Free Gaza citado pela rede britânica BBC, o Rachel Corrie diminuiu nesta sexta-feira sua velocidade para evitar chegar à noite à zona de exclusão marítima determinada por Israel. Segundo Greta Berlin, a tripulação quer evitar que o encontro com militares israelenses em alto-mar ocorra à noite, como aconteceu com a frota atacada pelo Exército israelense na segunda-feira.

PMDB: Simon lança Requião à Presidência

Senador gaúcho protocolou candidatura que evidencia dissidência no partido com relação ao apoio a Dilma Rousseff

José Cruz/ABr
Dissidência no PMDB: em vez de Dilma, Simon lança Roberto Requião à Presidência

Fábio Góis

O senador Pedro Simon (PMDB) protocolou há pouco na liderança do partido no Senado a candidatura do ex-governador do Paraná Roberto Requião à Presidência da República. Com o aval de Requião em papel timbrado do PMDB paranaense, Simon enviou cópia do requerimento ao presidente nacional do PMDB da Câmara, Michel Temer (PMDB), comunicando o pleito de candidatura própria.

O protocolo é, na verdade, um recado claro ao Planalto de que parcela do PMDB não avaliza a indicação de Temer como vice na chapa petista. O documento seguiu para a cúpula peemedebista no Congresso com carta em anexo entregue "em mãos" pelo filho de Requião, Maurício, autorizando o senador a "inscrever e sustentar" sua indicação, que será apreciada em convenção nacional, no próximo dia 12. O requerimento com o pleito de candidatura própria chegou às mãos de Temer "em nome da vontade soberana da grande maioria dos filiados do partido", segundo consulta realizada pela Fundação Ulysses Guimarães e durante o mais recente congresso estadual da legenda, em 31 de janeiro.

O lançamento da candidatura por Simon expõe a tendência de uma dissidência no PMDB com relação ao apoio à pré-candidata do PT, Dilma Rousseff. Mais uma vez, o partido irá dividido para uma eleição presidencial. No episódio mais grave, em 1998, a divisão foi tão grande que o PMDB não teve candidato e nem apoiou qualquer nome para a Presidência.

Presidente da legenda no Rio Grande do Sul e um dos fundadores do partido, Simon disse, porém, ao Congresso em Foco que o lançamento de Requião para a disputa da candidatura própria não tem o objetivo de rachar o partido – que anunciou, em 18 de maio, o pré-lançamento de Temer como vice na chapa da candidata do PT à sucessão do presidente Lula.

"Hoje nós demos mais um passo. Só Deus sabe o que vai acontecer. Eu não tenho a mínima ideia", disse Simon, logo após o protocolo do requerimento e antes de ir ao plenário reforçar a decisão pelo sistema de comunicação do Senado. Aos 80 anos, o senador de longa trajetória política sabe que emplacar o nome de Requião no atual contexto de aliança entre PT e PMDB depende de inúmeros fatores - entre eles, principalmente, as coligações regionais.

"O problema está em Minas Gerais", disse Simon, referindo-se à pretensões do PMDB em emplacar o nome do ex-ministro de Comunicações e atual senador Hélio Costa - o que contraria em nível regional a aliança do partido com o PT, que deseja lançar o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel ao Palácio da Liberdade. Na hipótese de derrota da candidatura própria, ressalta Simon, Requião teria tempo hábil para tentar uma vaga no Senado pelo Paraná.

Dilma

Na entrevista concedida a este site, Simon ficou no limite entre as críticas sobre a relação PT-PMDB e as boas impressões (embora com restrições) a respeito da candidata petista - que nasceu em Minas Gerais, mas deu os primeiros passos na política do Rio Grande do Sul.

"O PT de Lula tirou do bolso um nome que não tem história, não tem biografia, coisa nenhuma. Eu acho que a Dilma é uma dupla militância, tem toda uma formação mineira. Mas não há como deixar de de reconhecer a trajetória dela no Rio Grande", disse Simon, que hoje (quarta, 2) fez em plenário discurso de mais de uma hora em homenagem aos cem anos de sua terra natal, Caxias do Sul.

Mas, depois de ressaltar a pouca experiência política de Dilma - que foi secretária de Minas e Energia do governo Olívio Dutra (PT), no Rio Grande do Sul (1999-2002), além de ministra de Minas e Energia e chefe da Casa Civil de Lula -, Simon disse que a presidenciável dispensaria mais atenção à região Sul do que fez o seu mentor político.

"A Dilma vai olhar o Rio Grande do Sul com mais carinho do que o Lula, que não fez nada pelo estado", reclamou o senador, que estendeu as críticas ao ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso (PSDB).

Conhecido por sua atuação independente em relação à orientação partidária - e, consequentemente, à aliança com a base governista no Congresso -, Simon voltou a criticar a cúpula do PMDB. O senador acredita que o partido faz jogo duplo ao vender apoio a Dilma, mas sem descartar oficialmente uma guinada e fechar, em nível nacional, uma aliança com o candidato do PSDB à Presidência, José Serra.

"O problema é que o comando do partido insiste na tese de se manter no governo, não importa quem ganhar [Dilma ou seu adversário José Serra, do PSDB]. Eles não sabem se vão ficar com o PT ou com o PSDB. Ganhe quem ganhar, eles vão se enquadrar e não vão para a oposição", fustigou o parlamentar gaúcho, dizendo que "as mesmas pessoas de sempre" insistem em tornar a legenda - a maior na Câmara e no Senado e a que mais elegeu representantes nas eleições estaduais de outubro de 2008 - uma moeda de troca na indicação de cargos importantes do Executivo.

Simon citou nomes como o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), e o ex-presidente da Casa, Jader Barbalho (PA), como figuras centrais do que considera uma conduta partidária fisiológica. Para Simon, a intenção de candidatura de Requião representaria também uma medida de objeção a tal postura. "A maioria dessas pessoas sabe que, se Requião vencer, elas não terão cargo nenhum."

O Estado como parceiro do produtor rural

Beto Richa

Tenho conversado com produtores rurais, grandes e pequenos, com presidentes de associações e cooperativas agrícolas. E todos me dizem que esperam do Governo do Estado um parceiro de todas as horas, articulador de planos locais de desenvolvimento e indutor de oportunidades. Penso da mesma forma.

Seja no caso da aftosa, que agora se discute, seja na agricultura e na pecuária como um todo, o setor deve ter no Estado um parceiro, articulador de planos locais de desenvolvimento e indutor de oportunidades. Um Estado que abra os caminhos para o escoamento da produção, com melhores estradas rurais, pedágio acessível e um Porto de Paranaguá eficente. E que, definitivamente, construa as indispensáveis alternativas ferroviárias. Que alie à competência técnica e científica disponível a liderança política que se espera do governador.

O produtor espera respaldo político, espera ser compreendido como aliado na preservação ambiental, sem o falso dilema entre produção agrícola e conservacionismo, com segurança jurídica para produzir. Espera um Estado que pense o campo com visão estratégica de desenvolvimento sustentável para geração de empregos e renda, com foco nos seguintes eixos:

-Qualidade de vida no campo: moradia, educação e capacitação, saúde, lazer, saneamento e segurança para as famílias.

-Produção sustentável: microbacias adequadas, nascentes e mananciais protegidos, manejo integrado de solos e controle da poluição.

-Mercado: organização da cadeia produtiva, inovação tecnológica, assistência técnica, agroindustrialização e modernização da infraestrutura.

-Agricultura familiar: como atividade complementar ao agronegócio e não excludente.

-Abastecimento alimentar: os Armazéns da Família de Curitiba são a evidência de que as cidades e o campo, de mãos dadas, abrem um novo pólo de consumo.

-Acesso à terra: assegurar o direito de propriedade e apoiar o acesso à terra àqueles que têm aptidão para a agricultura, além da inclusão dos assentamentos legais no processo produtivo e da regularização fundiária.

-Diversificação da produção: apoiar atividades de maior densidade econômica, como os orgânicos, com apoio na organização de cadeias produtivas, assistência técnica e novas tecnologias, infraestrutura e logística adequadas.

-O Paraná deve retomar neste ano a liderança na produção nacional de grãos, mas não pode fechar os olhos para o fato de que persistem problemas, como o endividamento do produtor, crédito caro, real apreciado e os gargalos de infraestrutura de transporte.

Para concluir, volto à questão da aftosa:

Mais que uma proposta de gestão, o Paraná como zona livre de aftosa sem vacinação deve ser um compromisso de Estado, com empenho do setor produtivo e do segmento de sanidade agropecuária.

Este novo status, requerido recentemente ao Ministério da Agricultura, abrirá ao Estado perspectivas consistentes de ampliação da exportação de carnes para mercados como Europa, Japão e Estados Unidos. Além disso, vai qualificar ainda mais o agronegócio paranaense, que já tem preço competitivo e produto de qualidade.

O Estado deve conduzir este processo, em parceria com a União, prefeituras e o setor produtivo, articulando o conhecimento técnico-científico do poder público e das entidades do setor, a experiência do produtor e a construção de uma infraestrutura de fiscalização e controle.

Para desobrigar-se da necessidade de campanhas de vacinação, são necessárias algumas medidas pontuais, tais como:

Aperfeiçoar o controle de acesso de animais nas divisas e fronteiras;
Aprimorar o cadastro de produtores para controle e rastreabilidade dos rebanhos;
Contratar veterinários e técnicos agropecuários para as unidades veterinárias (algumas delas estão sem profissionais) e capacitá-los continuamente;
Construir e readequar a estrutura física dos postos de fiscalização.

A adoção deste programa depende de capacidade técnica, e mais ainda de determinação política e de humildade para aprender com os erros anteriores, como ocorreu em 2005/2006, quando quase sete mil de cabeças de gado do rebanho paranaense foram sacrificadas e enterradas em valas comuns, sob suspeita de aftosa.

Mesmo com dificuldades, a agropecuária e a agroindústria respondem por um terço do PIB paranaense, geram milhares de empregos e contribuem decisivamente para o equilíbrio da balança comercial brasileira. Até que patamares de crescimento econômico será capaz de alavancar o Paraná, se tiver no Governo Estado um parceiro confiável, empenhado em cumprir sua missão fundamental de condutor do processo de desenvolvimento?

Mudança na Lei Pelé gera polêmica no Senado

Disputa por cessão de imagens de eventos esportivos entre TVs vira pano de fundo em discussão de projeto que pretende beneficiar clubes de futebol

Senador ligado à Record quer que TVs sejam obrigadas a ceder mais imagens de eventos esportivos a concorrentes

Mário Coelho

Após cinco anos de discussões, o projeto de lei que modifica a Lei Pelé para beneficiar os clubes de futebol está próximo de ser votado no Senado. No entanto, uma polêmica silenciosa motivou o governo federal a intervir e pedir o adiamento da sua análise na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa. Como objeto de discórdia, os milhões de reais pagos anualmente por emissoras de televisão para a transmissão de espetáculos esportivos e a cessão das imagens para outras empresas.

Na última terça-feira (1º), o ministro do Esporte, Orlando Silva, esteve no Senado. Ele se encontrou com o senador Álvaro Dias (PSDB-PR), relator do Projeto de Lei da Câmara (PLC) 9/10 na CCJ. Orlando teve acesso ao relatório do tucano. Aprovou todas as sugestões. Boa parte delas já estava contida no substitutivo elaborado na Câmara pelo deputado José Rocha (PR-BA). Porém, outros setores do Executivo manifestaram já no dia seguinte interesse em rediscutir a proposta, como a Presidência da República e os ministérios da Fazenda, da Justiça e do Planejamento.

O relatório do senador paranaense estabelece um teto para a cessão das imagens dos espetáculos esportivos. Caso a sugestão seja aprovada, a emissora que detiver o direito de transmissão de um campeonato terá de ceder 3% do tempo total, podendo chegar ao máximo de 90 segundos. Mesmo que esse minuto e meio exceda os 3%. A legislação atual prevê o mesmo percentual, mas não estabelece uma contagem de tempo. “O que nós estabelecemos está de acordo com outras nações, como a Alemanha e a França”, afirmou o relator.

A proposição acabou sendo interpretada como censura por parlamentares ligados a outras emissoras de televisão. O senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), bispo da Igreja Universal do Reino de Deus, a dona da Rede Record, classificou a redação do tucano como “lei Hugo Chávez”. Para ele, 3% de uma partida de futebol não representam nada. Na avaliação dele, a medida censura o trabalho da imprensa. O senador fluminense lembrou que a Record tem os direitos de transmissão dos Jogos Olímpicos de 2012, em Londres. “Como fica o trabalho das outras emissoras? Elas não vão mostrar a Olimpíada?”, questionou.

Crivella chegou a apresentar uma emenda para modificar o texto de Álvaro Dias. A intenção dele era ampliar o tempo máximo para três minutos. Havia também a proposta de manter a redação atual, sem estabelecer o tempo máximo. Elas acabaram negadas pelo relator, mas a pressão para aumentar o período permitido chegou ao Palácio do Planalto. Mesmo indo de encontro à posição do ministro do Esporte, o governo quer mais tempo.
A ideia é conseguir ampliar o tempo para tentar agradar as outras emissoras que não possuem os direitos de transmissão. No caso do campeonato brasileiro, a Globo possui exclusividade, mas repassa à Rede Bandeirantes a permissão para transmitir duas partidas por semana.

A expectativa do governo é aprovar a proposta antes da Copa do Mundo. Como tramita em caráter terminativo no Senado, não precisa ser apreciada pelos senadores em plenário. No entanto, terá uma nova análise pelos deputados. O governo enviou um texto em 2005, que acabou virando um substitutivo na Câmara. A intenção dos ministérios do Esporte e do Trabalho e Emprego era que os conflitos entre atletas e entidades de prática desportiva terminassem.

Debandada de talentos

Ao atender o lobby feito pelos clubes, o tucano estabeleceu a distinção entre a cláusula indenizatória e multa rescisória e regulou a atividade do atleta profissional autônomo, que atua em modalidades individuais, sem vínculo empregatício com a entidade de prática desportiva, "auferindo rendimentos por conta e por meio de contrato de natureza civil para participar de competição".

Uma das maiores reclamações de dirigentes de clubes de futebol é o êxodo de atletas jovens para o exterior. Pelas regras atuais, uma equipe pode firmar contrato por até três anos com o jogador. Agora, esse prazo aumenta para cinco anos, renováveis por mais três. Além disso, a entidade formadora poderá obter indenização limitada a 200 vezes os gastos comprovadamente efetuados com a formação caso fique impossibilitada de assinar o primeiro contrato por oposição do atleta.

A proposta reforça, de acordo com o relator, o “mecanismo de solidariedade”, pelo qual sempre que houver transferência nacional de atleta profissional, até 5% do valor pago pela nova entidade serão distribuídos entre as entidades de práticas desportivas que contribuíram para a formação do atleta. Os recursos serão repassados na seguinte proporção: 1% para cada ano de formação do atleta, dos 14 aos 17 anos de idade; e 0,5% para cada ano de formação, dos 18 aos 19 anos de idade.

Na tentativa de ajudar os clubes, tanto de futebol quanto de esportes olímpicos, a proposta estipula nova distribuição dos 2% da arrecadação bruta dos concursos de prognósticos e loterias federais, prevista na Lei Agnelo/Piva. A nova distribuição ficaria assim: 55% serão destinados ao Comitê Olímpico Brasileiro; 15% ao Comitê Paraolímpico Brasileiro; e 30% para os clubes desportivos brasileiros formadores de atletas olímpicos. Atualmente esses recursos são distribuídos na proporção de 85% para o COB e 15% para o Comitê Paraolímpico. Dos totais distribuídos, 20% deverão ser investidos em desporto escolar e 10% em desporto universitário.

 
Design by Free WordPress Themes | Bloggerized by Lasantha - Premium Blogger Themes | belt buckles