sábado, 20 de agosto de 2011

A vazão das Cataratas do Iguaçu está oito vezes acima do normal

A vazão das Cataratas do Iguaçu está oito vezes acima do normal na manhã desta sábado (20). Segundo a diretoria do parque, são 12 milhões de litros de água por segundo, quando o normal é de 1 milhão e 500 mil litros por segundo. Por medida de segurança, a passarela de acesso ao mirante da Garganta do Diabo foi interditada.

De acordo com o Instituto Tecnológico Simepar, da manhã da sexta-feira até a manhã de sábado (20), choveu 80 mm na região Sudoeste, sendo que a média esperada para todo o mês de agosto é de 100 mm. (Bem Paraná)

Revista Época: Por que Paulo Bernardo não responde?

O empréstimo de aviões particulares para autoridades há tempos faz parte do amplo cardápio de relações promíscuas entre o poder público e o setor privado no país. Mas apenas recentemente esse tipo de conduta começou a ganhar ares de escândalo. Em junho, o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, mergulhou em um inferno astral quando foi revelado, após uma tragédia aérea, que ele costumava viajar em aviões de empresários com grandes contratos com seu governo. Na semana passada, um dos motivos da demissão do ministro da Agricultura, Wagner Rossi, foi a divulgação de que ele viajou em um jatinho de uma empresa beneficiada por decisões do ministério.

ÉPOCA perguntou a 30 ministros da presidente Dilma se eles já viajaram em algum jato particular desde que assumiram seus cargos. Dos contactados, 28 responderam prontamente que não. O ministro dos Transportes, Paulo Passos, informou que já teve de usar aviões particulares para vistoriar obras de sua pasta localizadas em áreas remotas, aonde aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) não tinham como chegar. O ministro das Cidades, Mario Negromonte, deputado federal eleito pela Bahia, disse que freta, por sua conta, aviões particulares para chegar a determinadas cidades de sua base eleitoral.

A presteza desses ministros contrasta com o comportamento do ministro das Comunicações, Paulo Bernardo. Por quatro vezes nos últimos 40 dias, ÉPOCA perguntou a Paulo Bernardo sobre suas eventuais viagens em um avião particular quando exercia o cargo de ministro do Planejamento no governo Lula. Trata-se do King Air, matrícula PR-AJT, que pertence ao empresário Paulo Francisco Tripoloni, dono da construtora Sanches Tripoloni. Em nenhuma dessas ocasiões, Bernardo respondeu à pergunta.

A indagação tem duas razões. Um parlamentar que integra a base de apoio do governo Dilma no Congresso relatou a ÉPOCA que viu Paulo Bernardo embarcar no ano passado no avião da construtora Sanches Tripoloni em um terminal do Aeroporto de Brasília, usado por empresas que operam aviões particulares. Outro parlamentar, de oposição ao governo, também afirmou que a chefe da Casa Civil da Presidência da República, a ministra Gleisi Hoffmann, mulher de Paulo Bernardo, usou o avião em sua pré-campanha ao Senado Federal pelo Paraná. Na ocasião, Gleisi era presidente regional do PT e não ocupava cargo público. Bernardo era simplesmente o responsável pelo Orçamento da União e por definir as verbas para obras públicas.

Como ministro do Planejamento, Paulo Bernardo mostrou um empenho especial na construção do Contorno Norte de Maringá, no Paraná – uma obra tocada pela empreiteira Sanches Tripoloni, que já custa o dobro de seu preço original. Inicialmente, Bernardo ajudou a liberar verbas para a obra, destinadas por meio de emendas parlamentares ao Orçamento da União. Depois, Bernardo conseguiu incluir a construção do contorno no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o que livrava o empreendimento da dependência de emendas parlamentares, sempre sujeitas a contingenciamentos e cortes orçamentários. Em junho de 2010, Paulo Bernardo convenceu o então presidente Lula a assinar um decreto incluindo o anel rodoviário de Maringá num regime especial no PAC. No mundo das acirradas disputas por verbas em Brasília, o regime especial equivale a um passe de mágica: assegura transferências obrigatórias de dinheiro público para o empreendimento.

De acordo com o Tribunal de Contas da União (TCU), há problemas graves na obra em Maringá, como superfaturamento de preços pela construtora Sanches Tripoloni. A empreiteira não deixou, porém, de receber dinheiro público, mesmo depois de ter sido declarada “inidônea” pelo TCU em 2009 por causa de outra obra no Paraná: a construção do contorno rodoviário de Foz do Iguaçu. A construtora Sanches Tripoloni é hoje uma das empreiteiras que mais recebem verbas públicas. No ano passado, ela recebeu R$ 267 milhões do governo federal. Sua ascensão é recente. Em 2006, por causa da má situação financeira da empresa, seus sócios chegaram a registrar uma redução de capital.

Durante a campanha para o senado a candidata Gleisi fez comício no pátio da empreiteira Sanches Tripolini

Na campanha eleitoral de 2010, a empreiteira e seus donos fizeram doações de R$ 7 milhões, especialmente para o PR, que comandava o Ministério dos Transportes, e o PT. No Paraná, eles doaram R$ 510 mil para a campanha da ministra Gleisi Hoffmann ao Senado. O deputado estadual Ênio Verri, do PT do Paraná, que foi chefe de gabinete de Paulo Bernardo no Ministério do Planejamento, também foi beneficiado por uma doação.

A recusa de Paulo Bernardo em falar sobre o eventual uso do avião da Sanches Tripoloni deixa várias dúvidas no ar. Se ele não fez nada que pudesse ser caracterizado como um conflito de interesses, bastaria ter adotado o mesmo pro-cedimento de seus colegas de governo Dilma Rousseff e respondido à pergunta. Como não responde, levanta-se a suspeita de que Paulo Bernardo tenha algum tipo de dificuldade para explicar suas relações com a construtora Sanches Tripoloni. Em ambos os casos, o comportamento do ministro pode se demonstrar inadequado, além de inútil. Nos próximos dias, parlamentares de oposição encaminharão à Mesa da Câmara um pedido de informação sobre quem viajou no avião PR-AJT desde que ele foi comprado pela empreiteira, em abril de 2009 – e a identidade dos passageiros do King Air poderá ser conhecida.

ÉPOCA também perguntou à ministra Gleisi Hoffmann se ela viajou no avião da Sanches Tripoloni nos últimos três anos. Até o fechamento da edição, ela mantinha, como o marido, silêncio absoluto sobre o assunto. Questionada se o avião da empreiteira transportou Paulo Bernardo e Gleisi Hoffmann, a Sanches Tripoloni disse que “não tem conhecimento sobre o transporte das autoridades em questão”.


Novo batalhão colocará 500 policiais militares na região de fronteira

O Paraná terá 500 policiais militares atuando no Oeste do estado, na região de fronteira. O anúncio foi feito nesta sexta-feira (19), pelo secretário de Segurança Pública, Reinando de Almeida César, em Foz do Iguaçu. A contratação dos PMs deve ser concluída até o fim deste ano e, em seguida, os policiais devem passar por treinamento, antes de começarem a atuar.

Em nota divulgada pela página da Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp), Almeida Cesar explicou que o Batalhão de Fronteira terá “capilaridade” por toda a região. “A região é estratégica e será sempre preocupação permanente formar um cinturão de proteção nos municípios que têm fronteiras com outros países”, disse.

O secretário também adiantou que a região Oeste também vai sediar uma das cinco bases operacionais que serão criadas no estado. Cada unidade terá à disposição um helicóptero para ações de socorro, resgate, emergência e policiamento.

Ambas as iniciativas estão vinculadas ao Gabinete de Gestão Integrada de Fronteira (GGI-Fron), articulado para integras as forças policiais e atuar como observatório de segurança. A proposta faz parte do Programa Paraná Seguro, lançado pelo governador Beto Richa. O projeto prevê a contratação de dois mil policiais militares, 670 investigadores e 40 delegados.

Bolsas de estudo no exterior serão em áreas estratégicas

A partir desta quarta-feira, o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) informará a 250 universidades e institutos federais de educação tecnológica de todo o país o número de bolsas de estudo a que cada instituição terá direito no programa Ciência sem Fronteiras para enviar alunos ao exterior.

As bolsas têm valor de US$ 870, com duração de um ano, e começarão a ser pagas em 2012 após processo de seleção pública no centro de pesquisa.

O número de bolsas por instituição foi estabelecido de acordo com o desempenho de cada universidade no Pibic (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica) e Pibiti (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação).

Na primeira etapa estarão disponíveis 2.000 bolsas nos cursos de ciências da saúde (como medicina, enfermagem, farmácia, odontologia, nutrição); ciências da vida (biologia, genética, bioquímica, farmacologia); e engenharias e tecnologias (engenharia civil, engenharia de produção, engenharia mecânica, engenharia elétrica-eletrotécnica).

As áreas escolhidas são consideradas estratégicas pelo governo na chamada "economia do conhecimento".

A intenção é que o país desenvolva mais pesquisas com vista à inovação tecnológica e que o mercado crie produtos de maior valor agregado.
Por isso, o pagamento da bolsa prevê que os alunos estudem e pesquisem durante o período de seis a nove meses e que tenham experiência de estágio por pelo menos três meses em laboratórios de tecnologia ou centros de pesquisa de empresas no exterior.

UNIVERSIDADES ESTRANGEIRAS

O anúncio das bolsas ocorreu na terça-feira (16) em Brasília pelo ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aloizio Mercadante, e pelo presidente do CNPq, Glaucius Oliva.

Segundo Mercadante, a exigência do estágio é para que o jovem volte com o currículo profissionalizado, melhorado.

"Quem estiver dentro desse programa vai ter um currículo de excelência e certamente as empresas terão todo o interesse em contratar os alunos que estudarem nas melhores universidades do mundo", disse.

Para o envio dos estudantes, o programa Ciência sem Fronteiras selecionou 238 universidades estrangeiras, escolhidas conforme a lista de instituições da Times Higher Education e QS World University Rankings.

A escolha das universidades é responsabilidade das instituições a que os estudantes estão ligados e os estágios deverão ser providenciados pelos alunos.

O governo está buscando firmar acordos com empresas estrangeiras para a oferta de estágios, como na área de telecomunicações, petróleo e produção de fármacos.

Têm preferência para participar do programa os melhores alunos de iniciação científica e tecnológica, que tenham mais de 600 pontos no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) e sejam premiados em olimpíadas científicas (como matemática e ciências).

As bolsas serão concedidas a estudantes que tenham cumprido de 40% a 80% dos créditos do curso. Os créditos feitos no exterior deverão ser reconhecidos.

O programa Ciência sem Fronteiras começa a sair do papel na próxima segunda-feira (1º), data em que o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) divulgará as regras e os primeiros editais para concessão de bolsas no site do programa.

A informação é do ministro de Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, que participou nesta quinta-feira do programa de rádio "Bom Dia, Ministro", feito pela EBC Serviços em parceria com a Secretaria de Comunicação da Presidência da República.

Segundo o ministro, o governo quer acelerar "a possibilidade de ter uma universidade de classe mundial" e "desenvolver a economia do conhecimento".

"Tem que preparar o enxoval para ter casamento, nós estamos preparando esse enxoval", disse o ministro no rádio.

Em quatro anos, o programa concederá bolsas de estudo a cem mil brasileiros para cerca de 20 áreas consideradas estratégicas para o desenvolvimento nacional, inovação tecnológica e registro de patentes na área de engenharia, tecnologia e ciências da saúde.

O CNPq e a Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) fornecerão 75 mil bolsas. O governo pretende que as 25 mil restantes sejam custeadas pela iniciativa privada.

SETOR PRIVADO

Multinacionais, como a British Gas e a Portugal Telecom, e entidades como a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), a Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores) e a Febraban (Federação Brasileira de Bancos) já manifestaram interesse em custear a formação de pesquisadores e até estágios no exterior, afirma o ministro.

CNPq divulga editais para concessão de bolsas na segunda-feira

O programa Ciência sem Fronteiras terá quatro modalidades. A Bolsa Brasil Graduação será destinada a alunos com melhor aproveitamento e terá duração de um ano (sendo seis a nove meses cumpridos no meio acadêmico e o restante em empresas ou centros de pesquisa e desenvolvimento no exterior).

A Bolsa Brasil Jovem Cientistas, com duração de três anos, é destinada a pesquisadores em início de carreira (doutorandos) que tenham produção científica destacada.

Também terão bolsas os especialistas e engenheiros empregados na iniciativa privada ou instituições de pesquisa tecnológica que tenham sido aceitos nas melhores universidades do mundo para treinamento de até 12 meses.

Além dessas bolsas haverá modalidades para estrangeiros e, especialmente, brasileiros radicados no exterior que queiram ser pesquisador visitante especial no Brasil durante três anos e recebam estudantes e pesquisadores brasileiros no seu laboratório no exterior.

Mercadante avalia que a boa fase da economia brasileira, a crise financeira na Europa e o problema de orçamento do governo norte-americano vão favorecer o intercâmbio com pesquisadores estrangeiros e estimular o regresso de brasileiros que vivem no exterior. Até 2014, o governo deverá investir R$ 3,16 bilhões no programa: R$ 1,7 bilhão da Capes (40 mil bolsas) e R$ 1,4 bilhão do CNPq (35 mil bolsas).

Com os recursos das duas agências, mais de 27 mil bolsas serão destinadas a alunos da graduação; 24,6 mil para estudantes de doutorado sanduíche (um ano); cerca de 9,8 mil para doutorado integral; e 8,9 mil para pós-doutorado.

Haverá 2.660 vagas para estágio sênior de seis meses: 700 para treinamento de especialistas de empresas no exterior; 860 para jovens cientistas; e 390 para pesquisadores visitantes especiais no Brasil. (AB)

Expulsos pela fome, somalis lotam campo de refugiados


A reportagem do Estado está convivendo com os 440 mil refugiados que se amontoam no acampamento mantido pela ONU entre a fronteira da Somália e do Quênia. Considerado o maior campo de refugiados do mundo, Dadaab é resultado de guerras, miséria e agora da fome que atinge o Chifre da África.

Há alguns anos, a esperança da ONU era a de que uma solução começasse a ser dada aos refugiados que chegaram 20 anos atrás ao local. Mas a eclosão nos últimos meses de uma das piores ondas de fome em 60 anos na África enterrou esse plano. Desde o início do ano, 170 mil novos refugiados foram para Dadaab. Por dia, 1,5 mil pessoas chegam ao campo.

Na fuga da fome, o caminho para muitos é dos mais dramáticos. Sobreviveram à falta de alimentos, ao calor, à falta de água, às milícias, aos grupos de bandidos e mesmo aos animais. No caminho, centenas de mulheres são alvo de violência sexual e chegam grávidas.

De 30 para 440 mil pessoas

O acampamento foi criado em 1991, com o objetivo de receber refugiados da guerra civil na Somália. Cerca de 30 mil pessoas eram esperadas. Em poucos meses, o local teve de ser ampliado para comportar 90 mil refugiados da Somália. Hoje, diante da explosão da fome na África, ele já conta com 440 mil refugiados e, em poucas semanas, serão 450 mil. Os números não dão sinais de ceder, enquanto um volume cada vez maior de ONGs desembarca para construir novos locais de acolhimento, ampliando o perímetro da cidade.

Ao sobrevoar em um monomotor o campo em busca da pista de pouso que serve para a ONU e ONGs abastecerem o acampamento, a primeira imagem que se tem de Dadaab é a de um tapete de retalhos. Os tetos de plástico, lixo e outros materiais das barracas perdem-se de vista. São 50 quilômetros quadrados do que certamente é a cidade mais miserável do mundo.

Para deixar a situação mais dramática, os refugiados pouco a pouco abandonam a alegria de chegar a Dadaab pelo desespero de entender que não terão mais para onde ir. “Saímos de um inferno esperando chegar a um lugar que fosse o reinício de nossas vidas. Mas vemos que estamos em outro inferno”, diz Maira.

Para muitos, Dadaab é uma prisão a céu aberto. Os refugiados não podem se mover livremente, falta comida, água e segurança. Quase ninguém tem trabalho, nem mesmo a perspectiva de um dia sair do acampamento. Expulsos de seu país pela fome e a violência, os refugiados descobrem que também não são bem-vindos no Quênia.

Em Nairóbi, o governo queniano faz de tudo para evitar que o campo se transforme em uma cidade estabelecida. Oficialmente, a fronteira está fechada. “Mas isso não significa nada”, diz Luana Lima, uma pediatra carioca que trabalha no acampamento. “No lugar de 20 dias, estão levando 40 dias para fazer caminhos que evitem a segurança. Chegam aos hospitais em estado crítico.”

Relatos feitos à reportagem apontam na mesma direção. “Estamos em uma prisão e a pena é válida por todas nossas vidas”, conta Abu Mal. “Não podemos sair. Quem sai é preso e sofre nas mãos dos policiais.” Para evitar ser espancado, precisam pagar subornos, algo impossível para refugiados já miseráveis.

Em um recente estudo, a entidade Human Rights Watch acusou o governo do Quênia de usar policiais para intimidar os refugiados. O governo do Quênia fechou desde 2006 sua fronteira com a Somália para evitar novos refugiados. Mas Dadaab continua a ganhar terreno.

Vítimas

Se o número de refugiados é recorde, a outra parte da história é que milhares, em busca dessa cidade, ficam pelo caminho. Hana tem 42 anos e sabe muito bem o que isso significa. Ela herdou a missão de salvar seus netos. Seus dois filhos estão lutando na Somália e sua filha morreu de fome no caminho para o campo. Ela diz que as últimas palavras de sua filha foram para que ela cuidasse dos quatro netos. “Dois já morreram depois que minha filha morreu.”

Para os especialistas da entidade Médicos Sem Fronteiras, o pior ainda está por vir. A previsão é a de que a seca continuará pelos próximos dois meses. A crise foi oficialmente declarada pela ONU em julho. Mas a falta de chuvas e a situação cada vez mais desesperadora já vinham sendo registradas há meses.

Em Dadaab, famílias e ONGs perdem a calma quando a crise da fome no Chifre da África é mostrada no Ocidente apenas como um fenômeno natural. “Não há mais como mostrar garotos esqueléticos e estereótipos da fome nas capas de jornais pelo mundo”, afirma um funcionário de uma ONG que pede anonimato. “Dá a sensação de inevitabilidade.”

Os mais críticos alertam que a imagem da vítima passiva, da fome silenciosa permite que governos promovam ações humanitárias, sem serem questionados sobre como é que o mundo deixou isso ocorrer.

Para os refugiados, o envio de alimentos pelo mundo é fundamental. “Mas não queremos apenas sobreviver”, diz Mohamed, de 43 anos, que desde os 29 anos vive em Dadaab. “Podem mandar alimentos para todos e mesmo assim o problema não será resolvido.”

Wolfgang Fengler, economista-chefe do Banco Mundial em Nairóbi, alerta que a crise vivida hoje no Chifre da África é “obra humana”. Para ele, a seca era previsível e ninguém fez nada. Especialistas apontam o fenômeno do La Niña como provável causa da falta de chuvas neste ano. Para ONGs e para a ONU, só haverá uma solução para a fome na África quando houver um plano e investimentos. (AE)

Jovens são mortos após briga em frente à Praça da Espanha

Dois jovens foram mortos em frente a um bar no bairro Batel, na madrugada deste sábado, por volta das 4h30. De acordo com a Delegacia de Homicídios, que investiga o caso, um grupo de aproximadamente dez pessoas iniciou uma discussão dentro do Bar Celebrare, na Rua Fernando Simas, 55, em frente à Praça da Espanha.

Ao saírem na calçada, um homem teria buscado uma arma no carro e atirado contra seis pessoas. Uma morreu no local, e uma a caminho do hospital. Outras três estão feridas.

Todas as vítimas eram homens e tinham menos de 20 anos. O rapaz que morreu no local, identificado como Edson Luiz de Oliveira, tinha 18 anos, e levou dois tiros nas costas. A outra vítima é Guilherme Henrique dos Santos Silva, de aproximadamente 16 anos. Os feridos foram identificados como Vanessa de Paula Torrini, de 18 anos, L.A.P.B., de 15 anos, e Tiago Luiz Araújo, de 18. Diferentemente do que foi colocado, o jovem Eduardo Henrique Moreira, de 20 anos, não está entre os mortos. O jovem informou à Gazeta do Povo que sua identidade foi encontrada junto ao corpo de Guilherme Henrique dos Santos Silva, de quem ele é amigo, mas que não estava no bar no momento da discussão. O nome do jovem inclusive consta do boletim de ocorrência, mas ele ainda não sabe informar por que a identidade estava junto do amigo.

De acordo com testemunhas, os disparos duraram menos de um minuto, e foram feitos em sequência. No local, a perícia encontrou várias cápsulas de pistola calibre 9mm. Os autores dos disparos, de acordo com informações passadas por testemunhas à polícia, fugiram em um veículo Ford Ka. Segundo a assessoria de comunicação da PM, várias denúncias anônimas já foram feitas ao 190, e todas serão repassadas à Delegacia de Homicídios.

Pouco após o tiroteio, uma das vítimas teria entrado no bar para se esconder. Um vídeo feito por um cinegrafista amador mostra equipes do Siate adentrando o local, e pouco depois, comentários de que o rapaz estaria sendo retirado. No momento em que as equipes entram no estabelecimento, é possível perceber que o bar ainda toca música.

De acordo com o proprietário do Celebrare, Liferson Nascimento, esta é a primeira vez que um tiroteio ocorre na frente do bar desde que ele entrou em funcionamento, há seis anos, embora moradores tenham afirmado à Gazeta do Povo que houve pelo menos outros dois ao longo dos últimos dois anos.

O proprietário afirma que não parou a música por recomendação da polícia. “Eles orientaram a continuar com a música para manter as pessoas dentro do bar, para evitar que elas saíssem para a rua e causassem confusão”.

Nascimento nega que o autor dos disparos estivesse no bar, e que ele estava do lado de fora, passando pela rua. “A hipótese é de que quem estava dentro do bar ligou para alguém que estava fora, que foi o autor dos disparos”.

A polícia afirma que ainda investiga o caso e que pretende ouvir clientes do bar e os que se envolveram na discussão.

Nascimento afirmou que não foi chamado para prestar esclarecimentos. "Não tenho responsabilidade, pois isso ocorreu fora do bar. Só teria alguma culpa se isso tivesse acontecido dentro".

Crime no centro

Mais dois homens foram mortos em frente a um bar nesta madrugada. O crime ocorreu em frente ao Bar Crystal, na Avenida Visconde de Guarapuava com a Rua Doutor Faivre, por volta das 2h40.

Houve um desentendimento entre quatro pessoas dentro do estabelecimento e um homem atirou em outros dois. Um deles, identificado como Alessando Alves de Souza, morreu no local. O outro morreu a encaminhado do Hospital Cajuru. Dois homens foram presos e encaminhados ao 1°. Distrito Policial, no Centro. (GP)

Amazônia preservada é a galinha dos ovos de ouro do agronegócio, diz biólogo

O agronegócio sairia ganhando se visse a Amazônia como galinha dos ovos de ouro. Se a floresta morre, as chuvas na região secam, e o lucro evapora junto.

É o que pensa o biólogo americano Thomas Lovejoy, 69, pioneiro nas pesquisas sobre a região amazônica.

Quando visitou a floresta pela primeira vez, em 1965, ele era um jovem biólogo à procura da maior aventura possível. Pai de gêmeas cariocas, de férias no país, defendeu que o cuidado com a Amazônia seja parcelado entre várias nações.

*

Folha - O sr. afirma que a devastação na Amazônia pode chegar a um limite, a partir do qual o sumiço da floresta seria um caminho sem volta. Estamos perto?

Thomas Lovejoy - O Banco Mundial pôs US$ 1 milhão num estudo que projeta pela primeira vez os efeitos de mudança do clima, queimada e desmatamento juntos. Os resultados sugerem que poderia haver um ponto de inflexão em 20% de desmatamento [da floresta original]. Estamos bem perto, 18%.

Isso significa que áreas do sul e sudeste da mata vão começar a secar e se transformar em cerrado. É como jogar uma roleta de dieback [colapso] na Amazônia.

Com o desmatamento subindo de novo, qual é o prazo para esses 20%?

Não fiz cálculos, mas não tomaria muito tempo. Pode ser cinco anos, se continuar assim. Claro que [a devastação] traz implicações para os padrões de chuva, incluindo as áreas agroindustriais de Mato Grosso e mais ao sul, até o norte da Argentina.

O ex-governador [Eduardo] Braga [AM] costumava dizer ao ex-governador [Blairo] Maggi [MT]: Sua soja depende da chuva no meu Estado.

Quais as consequências para a agricultura?

Agricultura e economia teriam menos chuvas. E elas dependem da chuva. Talvez não em São Paulo, mas mais ao oeste, com a água passando pelas hidrelétricas, em projetos como Belo Monte.

O sr. estuda a Amazônia há mais de quatro décadas. Quais previsões deram certo e quais passaram longe?

Meu primeiro artigo sobre a Amazônia, escrito em 1972, chamava-se Transamazônica: estrada para a extinção?. Não acho que alguém tinha a capacidade de imaginar a soma de desmatamento que ocorreu. Lembro quando as primeiras imagens de satélite saíram, nos anos 1980. Todos ficaram surpresos.

Também houve boas surpresas. Uma é a força da ciência brasileira aplicada na Amazônia. A outra é a consciência pública, que em geral é bastante alta no Brasil. E também a extensão das áreas protegidas, incluindo as demarcações de fronteiras indígenas. Tudo isso junto protege 50% da Amazônia, o que é impressionante.

Do jeito que está, o novo Código Florestal pode impedir o crescimento na produção de alimentos?

Não acho que precisemos enfraquecer o [atual] Código Florestal para aumentar a produção agrícola no Brasil.

No caso do gado, o uso médio da terra na Amazônia é de uma cabeça por hectare. Essa é a média mais baixa em qualquer lugar do mundo. É uma questão de organizar a imensa capacidade da Embrapa [Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária], um dos centros líderes de agricultura no mundo.

Comparado com os EUA, o Brasil tem legislação ambiental rígida. Lá, sequer estão na mesa criar coisas como a reserva legal. Pode soar paternalista dizer o que deve ser feito por aqui?

Só estou tentando pensar no que faz sentido para o Brasil, não necessariamente no que faz sentido o Brasil fazer para o resto do mundo. O atual Código Florestal é um dos mais visionários do planeta.

Nos EUA, temos de pagar o preço de não ter tido essa visão há muito tempo. E também não temos florestas tropicais, mais sensíveis.

Economia e ecologia têm a mesma raiz grega: oikos, que remete a casa. Não existe ser no planeta que não afete seu ambiente sem consumo e produzir desperdício. A questão da sustentabilidade está nos detalhes de quanto e como se faz isso.

Qual a sua avaliação do governo Dilma no debate?

Até agora, parece muito prático, sério. Como ela vai responder a qualquer que seja o Código Florestal será, claro, um grande teste.

Mas ter deixado claro que o governo Dilma não aprovaria a anistia [aos desmatadores] é um sinal bem positivo.

O que é perigoso, na lei, é a ideia de dar o poder de demarcar as reservas legais aos Estados. Se você vai administrar a Amazônia como sistema, precisa ser consistente.

O sr. conhece a senadora Kátia Abreu, uma das vozes da bancada ruralista?

Não conheço, mas diria a ela: Você precisa tomar cuidado para não matar a galinha dos ovos de ouro. E o ovo de ouro é a chuva.

O caos nas finanças globais tira os holofotes da questão ambiental?

Geralmente, quando há forte recessão econômica, muitas das coisas que causam problemas ambientais se enfraquecem. Alguns dos motores do desmatamento, como os preços da soja e da carne, enfraquecem quando a demanda é menor.

O Brasil é capaz de cuidar sozinho da Amazônia?

O BNDES tem de ser cuidadoso com os projetos de infraestrutura, pois há todos os outros países [amazônicos]. O Brasil não deveria segurar a responsabilidade sozinho. A Amazônia é um elemento-chave no funcionamento do mundo. É do interesse de outros países ajudar o Brasil.

Já chamaram o sr. até de espião da CIA. Há paranoia sobre um complô internacional para roubar a Amazônia?

Isso não tem fundamento. A pior forma de biopirataria é destruir a floresta.

Parte da comunidade científica minimiza o papel do homem no aquecimento global. O que o sr. acha?

Não há quase nenhum cientista com credibilidade que acredite nisso. Nos últimos 10 mil anos, a história climática do planeta foi bem estável. Agora, nós o estamos mudando. Está claro que 2 ºC a mais é muito para a Terra. (Folha)

Governo quer fazer testes de HIV, hepatite e sífilis em todos os índios do país

O governo lança neste mês um programa destinado a realizar testes rápidos de HIV, sífilis e hepatites B e C em todas as aldeias indígenas do Brasil.

A ação pretende examinar, até o fim de 2012, todos os índios brasileiros com mais de dez anos – idade média para o início da vida sexual no grupo – e encaminhar para o tratamento os que obtiverem resultados positivos.


A prevalência de sífilis na população indígena avaliada foi de 1,43%, inferior à média do resto do país (2,1%), ao passo que a de HIV foi de 0,1%, ante 0,6% da média nacional.Segundo o secretário especial de Saúde Indígena do Ministério da Saúde, Antônio Alves de Souza, resultados de um projeto piloto do programa, aplicado em 46 mil indígenas do Amazonas e de Roraima, indicaram níveis "preocupantes" de HIV e sífilis.

Para Souza, ainda que inferiores aos índices nacionais, ambos os dados exigem atenção por demonstrar que há transmissão dos vírus mesmo em populações isoladas, o que indica que seus integrantes mantêm contato com pessoas contagiadas fora das aldeias.

"Qualquer índio que obtenha resultado positivo numa aldeia é motivo de preocupação", disse o secretário à BBC Brasil.

Em gestantes indígenas, a prevalência de sífilis foi de 1,03%, mais baixa que as taxas encontradas em gestantes nos centros urbanos (1,6%). O índice de HIV em indígenas gestantes foi de 0,08%.

Segundo o IBGE (Instituto de Geografia Estatística), há cerca de 650 mil indígenas em aldeias no Brasil.

Resultados rápidos

De acordo com Souza, os kits para o teste garantem, com poucas gotas de sangue, a obtenção dos resultados em até 30 minutos e podem ser transportados mesmo em condições de calor e umidade, fator essencial para que sejam levados às aldeias mais remotas.

Antes, os indígenas precisavam ser removidos para as áreas urbanas para a coleta de sangue e posterior análise dos resultados, o que podia levar até 15 dias.

Os testes, que são voluntários, começam a ser aplicados em aldeias de Minas Gerais, do Espírito Santo e do Mato Grosso nos dias 27 e 28 de agosto; nos meses seguintes, devem chegar aos demais Estados.

Souza explica que os aplicadores estão sendo treinados por cerca de 70 técnicos que participaram de um seminário em Brasília no mês passado.

Em caso de resultados positivos para sífilis, a equipe dará início imediato ao tratamento; já nos casos de HIV e hepatite, os indígenas serão convidados a realizar testes de confirmação no município mais próximo. Comprovada a doença, serão tratados em unidades do SUS (Sistema Único de Saúde).

Para Souza, ao promover o encaminhamento à cidade somente dos indígenas diagnosticados, o programa garantirá a economia de recursos. Ele afirma ainda que uma das premissas do programa é garantir que os resultados dos exames fiquem sob sigilo, para evitar a discriminação dos infectados.

Segundo Souza, o programa também visa informar os indígenas sobre como as doenças se transmitem e os modos de prevenção. Para isso, explica que os agentes terão de levar em conta as características culturais locais.

"Sabemos que há culturas indígenas que não aceitam o uso de preservativos", afirma. "Teremos que trabalhar para que, se não usarem na aldeia, ao menos usem quando se deslocarem à área urbana, em caso de contato com pessoas de fora."

Ele diz que, em certos grupos, as mulheres costumam ser mais resistentes ao uso da camisinha, questão que também deve ser abordada nas campanhas educativas.

Tratamento de HIV

A médica e idealizadora do programa, Adele Benzaken, da Fundação Alfredo da Matta, diz que, no projeto piloto, quase 100% do público-alvo concordou em fazer o teste.

Ela afirma ainda que a acolhida aos tratamentos indicados para sífilis tem sido igualmente positiva. "A população indígena gosta de ser testada e acredita muito no tratamento injetável", disse ela à BBC Brasil.

O problema maior, segundo Benzaken, é convencê-los a se tratar em caso de HIV, pois diz que os indígenas costumam resistir à ideia de que devem passar o resto da vida ingerindo medicamentos para combater uma doença que, em muitos casos, demora a provocar sintomas.

Outra complicação é removê-lo para o município mais próximo. "Já vi indígena se negar porque quer fazer o tratamento com o pajé, e aí você não pode fazer nada", afirma.

A transferência para a cidade, segundo a médica, torna-se ainda mais improvável quando esses indígenas já tiveram decepções com o sistema de saúde. (BBC)

Manifestação contra Belo Monte reúne mil pessoas em São Paulo

Debaixo de chuva, cerca de mil pessoas participaram hoje (20), na Avenida Paulista, de manifestação contra a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte no Rio Xingu. O cálculo é da Polícia Militar. Os organizadores do protesto, porém, estimam em mais de 2 mil o número de pessoas presentes ao protesto.

Com cartazes, faixas e gritos, os manifestantes reivindicaram a paralisação imediata da obra. Ambientalistas e índios do região do Xingu defenderam, inclusive, a ocupação do canteiro de obras da usina, no Pará. “Belo Monte é injusta, suja e burra”, disse Clarissa Beretz, do Movimento Brasil pela Vida nas Florestas, integrante da organização do ato. “O governo quer enfiar a usina goela abaixo”, acrescentou.

O cacique Megaron Txucarranãe, da etnia Kayapó, reclamou que o governo não tem ouvido os pedidos da comunidade indígena. “A barragem vai prejudicar os índios. O governo não escuta, nem respeita os índios.”

A manifestação começou por volta das 14h30, ao lado do Museu de Arte de São Paulo (Masp). Escoltados pela polícia, os manifestantes seguiram pela Avenida Paulista até a Rua Bela Cintra, onde ocuparam todas as pistas por cerca de meia hora, impedindo a circulação dos carros.

Os manifestantes queimaram um boneco de palha e disseram: “Para Belo Monte ou paramos o Brasil”. Depois, foram para a sede do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), onde protestaram contra as concessões dadas pelo órgão para o início das obras da usina. Por volta das 17h30, colaram cartazes na porta do instituto e encerraram o ato.

Além de São Paulo, os ativistas programaram manifestações em Belém, Brasília, no Rio de Janeiro e em mais 11 cidades. Segundo os movimentos sociais, haverá manifestações também na próxima segunda-feira (22) em cerca de 20 cidades em 16 países - entre eles, os Estados Unidos, a Alemanha, a Inglaterra, a Noruega, o Irã, a Turquia e a Austrália. Os protestos serão em frente às embaixadas e consulados brasileiros. (AB)

Manifestantes se reúnem em frente ao Congresso Nacional para protestar contra Belo Monte

Sob forte calor e baixa umidade do ar, cerca de 100 pessoas se reuniram em frente ao Congresso Nacional, para protestar contra a construção da Usina de Belo Monte, no Rio Xingu, no Pará. A mobilização, que juntou indígenas e defensores do meio ambiente, faz parte de um conjunto de manifestações que ocorreram em outras cidades brasileiras no Dia Internacional da Ação em Defesa da Amazônia.

No encontro, que durou cerca de duas horas, os manifestantes fizeram meditação e dançaram seguindo o índio Olavo Wapichana, de Roraima, hoje estudante de engenharia florestal na Universidade de Brasília (UnB). “Estamos aqui para mostrar o que a gente quer”, disse Olavo, ressaltando que toda obra que afeta áreas de proteção, como as terras indígenas no caso de Belo Monte, são preocupantes.

Olavo Wapichana reclama que os indígenas não foram ouvidos e critica a autorização dada pela Fundação Nacional do Índio (Funai) durante o licenciamento ambiental da obra. “Fizeram isso sem a nossa permissão”, salienta. “Agora, é necessário que o governo e o mundo nos escutem.”

O historiador Leandro Cruz, que também participou da manifestação em Brasília, diz que os indígenas estão dispostos a resistir à construção da obra. Cruz lembrou que, além da retirada das populações tradicionais, há a questão dos efeitos que a chegada de milhares de trabalhadores poderá gerar na região.

Para ele, o empreendimento “não é vantajoso” para o país, porque destrói o meio ambiente, elimina recursos naturais, dos quais não se sabe o “potencial bioquímico” para a fabricação de fármacos, e dizima a cultura “ancestral” de povos da floresta. Apesar dos riscos, o historiador diz que a sociedade brasileira ainda não tomou conhecimento do impacto que a obra causará. “É uma luta bem difícil”, admite.

O projeto de construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte surgiu na década de 1970. Somente em 2010, o governo federal autorizou a obra – quando o Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) deu a licença prévia para o empreendimento.

Em junho deste ano, o Ibama liberou a licença de instalação quando anunciou que o projeto final da hidrelétrica teve o volume de escavação reduzido em 77 milhões de metros cúbicos (43% do previsto) e que o consórcio Norte Energia, responsável pela obra, deverá investir recursos de compensação em saúde, educação, saneamento e segurança pública nas cidades de Altamira e Vitória do Xingu, no Pará.

Protestos contra a construção de Belo Monte também deverão ocorrer no exterior. Segundo os movimentos Brasil pela Vida nas Florestas e Xingu Vivo para Sempre e a Frente Pró-Xingu, haverá protestos na próxima segunda-feira (22) nos Estados Unidos, na Alemanha, na Inglaterra, na Noruega, no Irã, na Turquia e na Austrália, entre outros países. (AB)

O tempo no sul e no resto do país: Serras gaúcha e catarinense podem ter neve e geada à noite

A forte massa de ar polar que chegou ao Sul do país derrubou as temperaturas e pode provocar, ainda neste sábado, queda de neve e formação de geada nas serras gaúcha e catarinense.

Urubici, em Santa Catarina, registrou a menor temperatura da madrugada: -2ºC. No Rio Grande do Sul, as temperaturas também ficaram abaixo de zero em alguns municípios. Em São José dos Ausentes, os termômetros marcaram -0,5ºC.

Temperatura em São Paulo vai cair 14ºC em apenas três dias
Frente fria traz chuva para o Sudeste e melhora a umidade do ar
São Paulo terá tempo instável neste sábado; ouça previsão

Para a próxima noite, a expectativa é de mais frio. O Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) prevê mínima de -1ºC para Rio Grande do Sul e Santa Catarina. A máxima não deve passar dos 16ºC.

O sábado amanheceu nublado com chuva no centro, leste e norte do Paraná; litoral e Vale do Itajaí, em Santa Catarina; e com chuvisco no centro, norte e nordeste do Rio Grande do Sul.

RESSACA

Neste fim de semana, há risco de ressaca entre Torres e Florianópolis. Os ventos podem chegar a 80 quilômetros por hora no litoral catarinense, com formação de ondas de 3 a 4,5 metros.

Segundo o Ciram (Centro de Informações de Recursos Ambientais e Hidrometeorologia) de Santa Catarina), essa massa polar é uma das mais intensas deste inverno.

O frio intenso vai chegar, até domingo, às regiões Sudeste e Centro-Oeste e à parte da Amazônia, caracterizando um fenômeno conhecido como friagem.

Para Brasília, a previsão é que a mínima caia para 12ºC na madrugada de domingo para segunda-feira (22).

Apesar da queda de temperatura na região central do país, não há previsão de chuva.

O Centro-Oeste segue registrando baixa umidade relativa do ar, entre 15% e 20% nas horas mais quentes do dia. (Folha)

 
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