quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Negros, vĂ­timas esquecidas do nazismo


Soldados africanos (Infantaria Senegalesa) embarcando para participarem da libertaĂ§Ă£o da França das mĂ£os dos nazistas

As pessoas de cor tambĂ©m estiveram na mira de Hitler, mas poucos historiadores cuidam do tema, apresentado agora pela primeira vez numa exposiĂ§Ă£o no Centro de DocumentaĂ§Ă£o do Nazismo, em ColĂ´nia.

InĂ­cio dos anos 30 na Alemanha. Os rĂ¡dios transistorizados tocam jazz. Josephine Baker dança suas criações, que se tornariam lendĂ¡rias. Nos salões de baile na capital alemĂ£, as pessoas dançam entusiasmadas o ritmo da moda. MĂºsica negra Ă© chique, moderna, na RepĂºblica de Weimar. Composta por Ernst Krenek, a Ă³pera Jonny spielt auf, sobre um mĂºsico negro de jazz, torna-se um sucesso em 1927.
Josephine Baker, 1936
Mas a vida de quem tem pele de cor na Alemanha passa a ser cada vez mais perseguida pela sombra do nazismo e suas idĂ©ias desvairadas sobre o "puro" povo alemĂ£o. Ao lado dos judeus e dos polĂ­ticos oposicionistas, os negros eram um cisco no olho ariano de Hitler e seus homens. E assim o destino de todos eles foi sacramentado pela Lei das Raças, de 1933.
Esta parte da histĂ³ria alemĂ£ estĂ¡ apresentada agora na primeira exposiĂ§Ă£o do mundo sobre o tema. "IdentificaĂ§Ă£o especial: preto – Negros no Estado Nazista" (Besonderes Kennzeichen: Neger – Schwarze im NS-Staat) reĂºne pĂ´steres, panfletos, filmes, Ă¡udios e fotos e estĂ¡ Ă  disposiĂ§Ă£o do pĂºblico num local mais do que autĂªntico: o Centro de DocumentaĂ§Ă£o do Nazismo em ColĂ´nia. O velho prĂ©dio pertenceu Ă  Gestapo, a polĂ­cia secreta de Hitler, que ali interrogava e torturava suas vĂ­timas.
Soldados franceses no campo de prisioneiros de guerra de Luckenwalde
Passado desprezado – AtĂ© hoje a histĂ³ria do negros que viviam na Alemanha antes da subida ao poder dos nazistas permanece desconhecida do grande pĂºblico. Naquela Ă©poca, nĂ£o era apenas atravĂ©s da cultura que os negros se sobressaĂ­am, mas tambĂ©m com sua presença nas ruas: imigrantes do Caribe, africanos, norte-americanos negros que haviam fugido da crise econĂ´mica nos EUA para a Alemanha, diplomatas, imigrantes das colĂ´nias e marinheiros. Idealizador da exposiĂ§Ă£o, Peter Martin, da FundaĂ§Ă£o de Incentivo Ă  Cultura e CiĂªncia, de Hamburgo, estima em 10 mil o nĂºmero de pessoas de cor residentes na Alemanha naquela Ă©poca.
"Perigosa peste", segundo a propaganda nazista
Eram negras e negros que haviam construĂ­do suas vidas na Alemanha, se casado com alemĂ£es e alemĂ£s e com eles gerado filhos – os chamadosRheinlandbastarde (bastardos da RenĂ¢nia). Muitos deles foram mais tarde esterilizados Ă  força pelos nazistas. A mĂ¡quina de propaganda nazista atacava as pessoas de cor. Eram rotuladas como uma perigosa peste. E assim elas sumiram da vida pĂºblica. O que restou foi uma montanha de papĂ©is da burocracia. As pessoas simplesmente desapareceram, segundo Martin, que hĂ¡ anos dedica-se Ă  histĂ³ria da minoria negra na Europa.
Negro ataca uma mulher em cartaz de propaganda
Destino ignorado – O denuncismo, sobretudo atravĂ©s da imprensa, estava na ordem do dia. Cartazes apresentavam os negros como um perigo para as mulheres alemĂ£es. O que aconteceu com a maioria deles, de 1933 a 1945, Ă© difĂ­cil de saber. Muitos conseguiram deixar o paĂ­s a tempo. Outros foram enviados para os campos de concentraĂ§Ă£o. NĂ£o poucos serviram de cobaias para pesquisas dos nazistas.
Campo de concentraĂ§Ă£o de Dachau, 1945
Talvez tenham sido centenas, possivelmente milhares os que morreram. Em apenas 15 a 20 casos os historiadores encontraram provas de assassinato por nazistas, ressalta Martin, que conseguiu montar a atual mostra graças a donativos financeiros de Jan Philipp Reemtsma, realizador da polĂªmica exposiĂ§Ă£o Crimes da Wehrmacht.

DW.DE

 
Design by Free WordPress Themes | Bloggerized by Lasantha - Premium Blogger Themes | belt buckles