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O ex-dono do banco Marka Salvatore Cacciola, 65, deixou o complexo penitenciário de Bangu (zona Oeste do Rio) por volta das 17h30 desta quinta-feira.
A sua liberação foi anunciada pela Secretaria de Administração do Rio em nota divulgada às 16h30.
Cacciola, que estava de camiseta branca e óculos escuros, deixou o local sem falar com a imprensa e entrou direto em um carro que o esperava.
Um grupo de cerca de 30 pessoas que acompanhou a liberação hostilizou o ex-banqueiro, com gritos de "Ladrão" e "Cadê meu dinheiro?".
Cacciola, condenado em 2005 a 13 anos de prisão por gestão fraudulenta de instituição financeira e peculato, estava preso em Bangu desde 2008.
Ele teve a liberdade condicional concedida pela Vara de Execuções Penais na última terça-feira, mas só foi liberado após 48 horas.
O advogado Manoel de Jesus Soares disse que o ex-banqueiro deverá ir para a sua casa no Rio.
Cacciola foi acusado de se valer de operações ilegais de compra de dólar que resultaram em prejuízo de R$ 1,6 bilhão ao tesouro brasileiro durante a desvalorização do real, no início de 1999.
Por conta disso, Cacciola foi preso provisoriamente, mas em 2000 conseguiu um habeas corpus do ministro do STF Marco Aurélio Mello e viajou para a Itália.
Logo depois, o plenário do Supremo revogou a liminar concedida, determinando uma nova prisão, mas Cacciola não retornou ao Brasil e passou a ser considerado foragido.
Um pedido de extradição do ex-banqueiro foi negado pela Itália, sob o argumento de que ele possui a cidadania italiana.
Depois de ser localizado pela Interpol em Mônaco em setembro de 2007, Cacciola foi preso. Ele foi extraditado ao Brasil em julho do ano seguinte. Desde então, estava no preso no Rio. (Uol)
A mídia local disse que o jovem de 14 anos levou o tiro próximo à barricada da polícia. Manifestantes entraram em confronto com policiais na capital na quinta-feira, no segundo dia de uma greve de dois dias contra o impopular Piñera, que foi marcado por saques esporádicos.
Liderados por estudantes pedindo educação gratuita, centenas de milhares de pessoas foram às ruas nos últimos meses para pedir uma maior distribuição da renda gerada pelo boom no preço do cobre no maior produtor mundial do metal. (Reuters)
A polícia fechou nesta sexta-feira (26) o inquérito dos crimes cometidos na Praça da Espanha, região do bairro Bigorrilho, em Curitiba, na noite do último sábado (20). Na ocasião, duas pessoas foram assassinadas e outras três foram baleadas, na saída do bar Celebrare. Um adolescente de 17 anos, que segundo a polícia, confessou o crime, é apontado como autor dos 11 disparos de pistola 9 mm. Além dele, outro maior de idade foi indiciado por participação nos crimes.
“Ele foi reconhecido nas imagens cedidas pelo bar, além disso, confessa o crime. Em seu depoimento, afirmou que o motivo foi uma briga no interior do bar. Na sequencia, buscou a arma num carro e esperou a saída do desafeto para atirar contra ele”, relatou a delegada Aline Manzatto, que esteve à frente das investigações.
Arma no carro
De acordo com o inquérito, o carro onde a arma estava tinha mandado de busca e apreensão. Estava financiado, mas com várias parcelas atrasadas. O adolescente teria pegado a pistola e pedido para um colega avisá-lo quando o rapaz com que brigara dentro do bar, saísse.
“O garoto confessa que disparou contra o grupo de amigos que estava com seu desafeto. Ele teria tentado executar uma terceira vítima, mas a arma falhou e ele se obrigou a fugir”, contou a delegada Aline, durante uma entrevista coletiva na Delegacia de Homicídios.
O garoto disse que havia jogado a arma no rio Barigui, na Cidade Industrial de Curitiba. Policiais e homens do Gost (Grupo de Operações de Socorro Tático) do Corpo de Bombeiros, fizeram buscas na manhã desta sexta, mas a pistola não foi encontrada.
O adolescente foi encaminhado para a Delegacia do Adolescente na capital e deve sofrer uma medida sócioeducativa de três anos de reclusão. (Banda B)
O senador Fernando Collor (PTB-AL) leu hoje, na Comissão de Relações Exteriores, seu parecer ao projeto de lei que regulamenta o acesso às informações públicas. O ex-presidente mantém a defesa do sigilo eterno aos documentos ultrassecretos ou cujo segredo seja "imprescindível à segurança da sociedade e do Estado". A votação foi adiada depois de um pedido de vista coletiva dos senadores.
O substitutivo ao PLC 41/10, aprovado pelos deputados, prevê o sigilo máximo de 50 anos dos documentos ultrassecretos, ou seja, 25 anos prorrogáveis apenas uma vez. Mas Collor argumenta que a divulgação de documentos relativos às relações internacionais e à defesa nacional, ainda que se passem muitos anos, pode trazer desconforto diplomático. "O tempo dos Estados não é o tempo dos homens", diz Collor.
Ele defende o sigilo renovável indefinidamente, em especial, dos documentos que coloquem em risco conhecimentos tecnológicos sensíveis, como na área espacial e nuclear, das trocas de correspondências entre a chancelaria e as missões diplomáticas, dos planos militares e das informações produzidas pelos serviços secretos.
Neste ponto, Collor critica a falta de uma "política nacional de inteligência" e o desmantelo de um setor, formado por órgãos federais e estaduais que funcionam de forma desarticulada. Ele ressalta que as atividades de inteligência são a fonte principal de informações e documentos sigilosos do Estado e critica a ausência de uma legislação mais profunda e um controle mais efetivo dessas funções.
O senador contesta, ainda, a divulgação obrigatória dos documentos públicos na internet. Propõe que essa publicação seja apenas "possível", por medida de cautela. Ele define esse dispositivo como "a oficialização do Wikileaks" e argumenta que os documentos públicos não devem ser expostos aleatoriamente nem além das fronteiras nacionais.
Por fim, Collor alinha-se ao substitutivo aprovado pelos deputados nas questões de direitos humanos. Ele proíbe qualquer restrição de acesso às informações ou documentos que versem sobre violação de direitos humanos praticadas por agentes públicos ou a mando de autoridades públicas. "Não se pode tergiversar quando o assunto é proteção aos direitos e garantias fundamentais", alegou. (AE)
Pesquisadores acreditam que um método de pesca com conchas pode estar se espalhando entre a população de golfinhos de Shark Bay, no Oeste da Austrália.
Os cientistas fotografaram golfinhos-nariz-de-garrafa do Indo-Pacífico (Tursiops aduncus) pegando conchas com o bico e as sacudindo no ar fazendo com que a água saísse de dentro delas, assim como os peixes que estavam escondidos ali.
O pesquisador Simon Allen, da Universidade de Murdoch, diz que o comportamento - raramente visto anteriormente - parece estar se tornando mais frequente na região. E enquanto outras técnicas de pesca usadas por golfinhos são geralmente ensinadas verticalmente, de mãe para filhos, o uso de conchas pode estar sendo passado entre golfinhos do mesmo grupo.
"Se realmente estamos testemunhando a difusão horizontal deste comportamento, eu assumiria que isso acontece quando um golfinho observa atentamente um companheiro golfinho pescando com conchas e aí imita o comportamento", diz Allen.
"Há uma fascinante possibilidade de que esse comportamento possa se espalhar diante de nossos olhos, ao longo de algumas pesquisas de campo, e de que possamos registrar essa difusão."
Comportamento raro
Os golfinhos de Shark Bay só haviam sido vistos levando conchas nos bicos cerca de cinco vezes durante 25 anos de pesquisas na região, mas ninguém havia conseguido explicar o comportamento.
Entre 2007 e 2009, pesquisadores da Universidade de Murdoch e da Universidade de Zurique observaram que os golfinhos estavam tentando pegar peixes escondidos dentro das conchas.
Durante os quatro meses de pesquisa de campo, em 2011, em Shark Bay, os cientistas conseguiram registrar o comportamento em pelo menos seis diferentes oportunidades. Agora, eles querem descobrir exatamente como os golfinhos usam as conchas.
"Ainda não sabemos se os golfinhos simplesmente seguem os peixes até que eles procurem refúgio em uma grande concha ou se os golfinhos chegam a mexer nas conchas anteriormente, talvez as virando com a abertura para cima com o objetivo de torná-las mais 'atraentes' para os peixes como um lugar de esconderijo", diz Allen. (BBC)
Aviões britânicos dispararam nesta sexta-feira mísseis em um bunker em Sirta, cidade natal do líder da Líbia, Muamar Kadafi, informou o Ministério da Defesa em Londres.
Forças rebeldes buscando Kadafi estavam avançando por Sirta, onde o ditador nasceu, porém encontraram forte resistência a leste da cidade. Há uma especulação de que Kadafi possa estar na cidade, 360 quilômetros a leste de Trípoli, porém não há confirmação sobre seu paradeiro.
A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) lançou ataques aéreos contra forças leais a Kadafi na região de Sirta, para ajudar no avanço das tropas rebeldes.
Nas ruas da capital, Trípoli, o dia era de relativa calma, porém rebeldes disseram que forças de Kadafi ainda disparavam no aeroporto e havia disparos ocasionais em outros pontos da cidade.
A liderança rebelde tenta fechar um acordo para evitar o derramamento de sangue em Sirta. Porém os ataques aéreos da Otan parecem preparar o caminho para um avanço rebelde, caso não haja um acordo.
A Otan também bombardeou instalações de mísseis terra-ar perto de Trípoli, segundo um comunicado. Funcionários disseram que as forças de Kadafi tentam retomar seu arsenal aéreo, para ameaçar voos civis e humanitários no aeroporto de Trípoli. (Associated Press e da Dow Jones)
Por Sérgio Storch
O ataque terrorista que matou 9 israelenses na quinta feira passada (20/8) levou à suspensão das manifestações populares com mais de 300.000 pessoas acampadas em todos os centros urbanos de Israel. A organização das manifestações prepara-se para recuperar o fôlego, programando uma marcha em silêncio para o próximo fim de semana. As duas semanas de manifestações desde o início de agosto já provocaram efeitos que podem ser duradouros. A sociedade civil descobriu uma força insuspeitada, e Israel se revirou ideologicamente. Até mesmo filhos do primeiro ministro Netanyahu participaram dos protestos.
As conexões dessas manifestações com a questão palestina passam por dentro das críticas ao orçamento militar e aos subsídios habitacionais para os assentamentos nos territórios ocupados. Porém as principais conexões não são diretas nem explícitas. É razoável supor que a força das manifestações e a necessidade de atender às reivindicações causem abalos na estabilidade da coalizão de direita que tem conquistado a maioria dos votos para o Parlamento na maior parte das eleições nos últimos 30 anos. Alguns analistas na imprensa israelense acreditam que o protesto social rompeu o padrão que havia se tornado habitual na reação do Exército israelense aos atentados terroristas. Esperemos que não seja excesso de otimismo.
De fato, diferentemente de outras ocasiões, deve ser notado que o governo israelense não se aproveitou da oportunidade de utilizar a ameaça externa como pretexto para um ataque em maior escala. A espiral de violência que acontecia no passado foi contida no nascedouro. Há movimentos de bastidores na relação do governo israelense com o Hamas, que já se sabe não ter sido o autor desses ataques, no sentido de não entornar o caldo de um processo de abrandamento que já vinha ocorrendo: a libertação de mais de 200 prisioneiros palestinos por Israel há algumas semanas (inclusive a principal liderança moderada do Hamas, o religioso Hassan Yousef e a libertação iminente do soldado israelense Guilad Shalit, capturado pelo Hamas já há mais de 5 anos.
Pouco a pouco, as sociedades israelense e palestina vão se preparando para o próximo dia 20 de setembro – tão esperado por uns, e tão indesejado por outros (e a linha de cortenão está no eixo israelenses x palestinos), quando a Assembleia Geral da ONU provavelmente aprovará por maioria esmagadora o reconhecimento do Estado Palestino. Eleições para conselhos locais na Palestina acabam de ser postergadas, para evitar qualquer fato que possa turvar o processo.
Outro ponto importante: haverá eleições em Israel em 2012 (e também na Palestina… e também a reeleição ou sucessão de Obama). Será que o tripé que compõe a coalizão de direita em Israel chega até lá? Repare como esses fatos estão interligados: na semana passada o senador Glenn Beck, da extrema direita norte-americana, foi fazer uma tournée em Israel. Com discurso fundado na paranóia em relação ao ressurgimento do antissemitismo, esse expoente do Tea Party foi tão longe para cabalar votos norte-americanos para as eleições presidenciais de 2012. Pesquisa divulgada em julho sobre as inclinações eleitorais na comunidade judaica norteamericana colocam em dúvida a eficácia desse esforço. É claro que o cálculo político dos dirigentes israelenses e palestinos conta com a alta probabilidade de mais 4 anos com Obama na Casa Branca.
Examinemos com mais atenção a coalizão de direita israelense, e veremos brechas importantes. Ela é formada por partidos e ONGs de diferentes prioridades, mas cujo apoio mútuo tem sido indispensável para que cada um se sustente no poder. Nós brasileiros conhecemos bem isso nos governos FHC e Lula, mas em Israel esse equilíbrio já dura o dobro de tempo, e o recado mais importante do protesto social é que chegou o limite da exaustão.
Quais são as forças no governo?
Pois bem. As ruas mostraram que essa coalizão pode estar com os dias contados. Dependendo de novos fatos, devem derivar conseqüências para o pedregoso caminho a ser trilhado para o que poderá ser um acordo permanente e definitivo de paz entre israelenses e palestinos.
O dia 20 de setembro poderá ser o fim de uma jornada e o início de outra, provavelmente mais complexa e mais interessante, pois trata-se agora do direito dos palestinos à construção de um novo país.
Essa região gosta de mitos bíblicos. Quem não se lembra de que os hebreus precisaram passear por 40 anos no deserto do Sinai para então poderem chegar à terra do leite e do mel, em que nem Moisés pôde entrar? Por que? Porque Jeová quis que somente entrassem aqueles que não tivessem a memória da escravidão. Ora, a ocupação israelense sobre os territórios do futuro Estado Palestino já aniversario os seus 44 anos…
* Sérgio Storch é consultor em Planejamento, ativista de diversas causas ligadas à transformação social.
Cientistas detectaram o que parece ser um planeta que seria um diamante gigantesco orbitando um pulsar a cerca de 4 mil anos-luz da Terra. Os pulsares são estrelas de nêutrons extremamente densas e compactas que giram rapidamente, emitindo pulsos de rádio a intervalos regulares - daí o seu nome.
Utilizando radiotelescópios espalhados pelo mundo, os pesquisadores detectaram um novo pulsar, batizado PSR J1719-1438, e logo perceberam que seus pulsos eram sistematicamente modulados, concluindo que o fenômeno era causado pela força da gravidade de um pequeno planeta em sua órbita. Essas modulações permitiram então que os astrônomos calculassem algumas das características do planeta.
Primeiramente, os cientistas revelaram que o planeta completa uma órbita em torno do pulsar em apenas duas horas e dez minutos a uma distância de 600 mil quilômetros, menor que o diâmetro do Sol. Além disso, o planeta é relativamente pequeno, com menos de 60 mil quilômetros de diâmetro, ou cinco vezes maior que o da Terra. Apesar disso, o astro tem uma massa um pouco maior que a de Júpiter, que tem mais de 11 mil vezes o raio da Terra.
Esta alta densidade do planeta nos dá uma pista sobre sua origem, diz Matthew Bailes, professor da Universidade de Tecnologia Swinburne, em Melbourne, Austrália, e principal autor de artigo sobre a descoberta, publicado na edição desta quinta-feira (25) da revista "Science".
Segundo os pesquisadores, o planeta da diamante é o que restou de o que um dia foi uma estrela maciça que teve a maior parte de seu material capturado pelo pulsar. O PSR J1719-1438 é um tipo de objeto conhecido como "pulsar de milissegundos", girando em torno de seu eixo mais de 10 mil vezes por minuto. Ele teria um diâmetro de apenas 20 quilômetros, mas com uma massa 1,4 vezes a do Sol.
Cerca de 70% de todos os pulsares de milissegundos conhecidos têm algum tipo de astro companheiro. Os astrônomos acreditam que estes objetos transformam pulsares velhos e moribundos em pulsares de milissegundos ao transferirem sua massa, e momento, para eles, fazendo com que girem cada vez mais rápido. O resultado do sistema é um pulsar com velocidade de rotação extremamente alta com um companheiro encolhido em sua órbita, em geral uma estrela anã branca.
No caso do PSR J1719-1438 e seu companheiro, no entanto, eles estão tão próximo que o astro acompanhante foi transformado em uma versão ainda mais reduzida de uma anã branca, perdendo todas suas camadas externas e mais de 99,9% de sua massa.
O que restou foi provavelmente uma esfera de carbono e oxigênio, pois uma estrela com elementos mais leves, como hidrogênio e hélio, seria grande demais para caber no período de órbita calculado, explica Michael Keith, da Australian Commonwealth Scientific and Industrial Research Organisation (CSIRO) e outro integrante da equipe de pesquisadores.
Segundo os cientistas, a alta densidade do objeto indica que todo seu material está em forma cristalina, fazendo com que seja, em grande parte, como um diamante. (O Globo)
O vice-líder do PPS, Arnaldo Jordy (PA), protocolou na Câmara dos Deputados um requerimento pedindo informações à Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República informações sobre voos realizados pela aeronave King Air, da empreiteira Sanches Tripoloni, no período entre 1º de janeiro de 2010 e 31 de julho de 2011. É neste avião que os ministros das Comunicações, Paulo Bernardo, e da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, teriam viajado, segundo denúncias publicadas pela revista Época. Ela nega que tenha usado o avião, enquanto Bernardo diz não se lembrar.
Em seu pedido, Jordy solicita informações sobre a origem e destino dos voos e os nomes dos tripulantes e passageiros em cada um deles. O deputado pede ainda que sejam remetidas as mesmas informações de outras aeronaves que estejam registradas em nome da empresa ou de algum de seus sócios: Antonio Sanches, João Sanches Junqueira e Paulo Francisco Tripoloni.
O pedido será analisado pela Mesa da Câmara e encaminhado à secretaria. (AE)
O PSDB disse ontem que também tentará aprovar uma convocação da ministra para que ela compareça à Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara Federal para prestar esclarecimentos sobre a questão. De acordo com o líder do partido na Câmara, deputado Duarte Nogueira (SP), o caso pode vir a ser caracterizado como improbidade administrativa e peculato. “Como diretora financeira, ela pagou a si própria. Isso precisa ser investigado”, disse o tucano.
O diretor-geral brasileiro de Itaipu, Jorge Samek, confirmou ontem a versão dada por Gleisi para o caso. Ela teria recebido a multa por que ela não teria se demitido: Samek é que teria feito a exoneração. “A Gleisi me procurou e disse que o partido [o PT] queria que ela fosse candidata. Falei para ela que tinha uma regra: se saísse, era para não voltar. E que eu iria exonerar ela”, afirmou Samek.
Samek disse que não houve nenhuma irregularidade no processo e que, quanto às críticas por ter criado um gasto extra para a empresa, que não existiria caso ela se demitisse, afirmou que assume a responsabilidade. “Eu assumo: se tiver algum equívoco não é dela. Essa é a regra que eu adotei.”
O diretor de Itaipu, que está no cargo desde o início do governo Lula, em 2003, admitiu ainda que a única diferença que havia na decisão de ele tomar a iniciativa da demissão era a possibilidade de Gleisi “levantar o FGTS”. “Só muda uma coisa [se a demissão parte do funcionário]. Você não levanta teu fundo de garantia. A Gleisi é pobre, a Gleisi não é rica”, disse.
O salário de Gleisi em Itaipu, segundo sua assessoria, era de R$ 31 mil mensais. Na rescisão, além de receber a multa, a ministra também teria recebido cerca de R$ 104 mil referentes a outros benefícios da rescisão, como o saque do fundo de garantia, férias proporcionais e décimo terceiro salário.
Samek negou ontem que tenha feito qualquer oferta de demitir outro ex-diretor de Itaipu, Rubens Bueno, quando ele decidiu deixar a empresa para disputar a prefeitura de Curitiba, em 2006. Bueno, que hoje está na oposição ao governo Dilma Rousseff, afirmou que a proposta existiu. “Não aconteceu. Sinceramente, não me lembro”, disse Samek. (GP)
Além do Paraná, a Seae informou que foram registrados casos em estados do Norte e Nordeste do país. Empresas nas cidades Camocim (CE), Imperatriz (MA), Bacabal (MA), Colmeia (TO) já são alvo de processos administrativos. A reportagem do JL consultou o Ministério Público (MP), aPolícia Civil e o Procon de Londrina, mas nenhum dos órgãos tinham conhecimento do golpe. EmMaringá, as autoridades responsáveis também não receberam informações ou registraram casos do tipo.
Quem achar que pode ter sido vítima do golpe deve procurar uma delegacia e registrar um Boletim de Ocorrência para que o caso seja investigado. (GP)
A área da infância e juventude foi o setor que mais perdeu recursos destinados pelo governo federal à área social no ano passado. O corte nos repasses chegou a 30%. Em 2010, a área deixou de receber, via Fundo Nacional para a Criança e o Adolescente (FIA), R$ 12,6 milhões para programas de contraturno escolar e atendimento a adolescentes em conflito com a lei. Os dados fazem parte de um estudo divulgado ontem pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Apenas uma área, a de enfrentamento à violência sexual, não foi atingida pelo corte de recursos no FIA, e teve a verba aumentada de R$ 5,3 milhões para 6,5 milhões, um acréscimo de 22% no mesmo período. Em compensação, o mesmo programa, só que executado pelo Ministério da Educação, sofreu cortes da ordem de 60%.
Análise
A vice-presidente da Comissão da Criança e do Adolescente da seção paranaense da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PR), Mayta Lobo dos Santos, afirma que a diminuição da verba revela a pouca importância dada à área por quem aprova o orçamento federal. E também a falta de capacitação da sociedade civil, que não sabe pleitear os recursos, enviando documentos fora do prazo ou incompletos – nesses casos, o dinheiro está disponível, mas não é liberado por questões burocráticas.
“As políticas não acontecem porque não há interesse na hora de se aprovar o orçamento, e também pela falta de competência e fiscalização da sociedade”, critica Mayta, lembrando que a área de infância e juventude é uma área de prioridade absoluta na hora de se elaborar políticas públicas.
Reflexos
O presidente do Conselho Estadual da Criança e do Adolescente do Paraná, Luciano Rosa, afirma que, no caso do Paraná, o corte não chegou a interromper os programas, já que o fundo estadual possui um orçamento igual ou maior do que o do fundo nacional. Em 2009, o orçamento do paranaense foi de R$ 38 milhões, e esse ano, de R$ 42 milhões.
Apesar disso, Rosa lembra que a contrapartida do FIA já tem se mostrado menor em um caso acompanhado pelo conselho recentemente. Em 2010, o fundo estadual custeou integralmente o projeto de uma ONG que atende crianças e adolescentes ameaçados de morte no estado, no valor de R$ 1,1 milhão. Para este ano, foi pedida complementação ao fundo nacional no valor de R$ 1 milhão, mas o FIA, que a princípio aprovou o pedido, disse que agora só poderá colaborar com R$ 700 mil.
“A preocupação é que o valor diminua ainda mais. Há todo um planejamento que precisa ser feito e esses cortes atrapalham”, diz Rosa, que, no entanto, lembra que os fundos não podem ser vistos como os únicos instrumentos de consolidação dos direitos da infância. “Eles existem para complementar e não para manter política pública. Ações básicas em qualquer área são obrigação do Estado.”
Serviço de água e esgoto perde 41,4%
Os programas sociais do Ministério das Cidades (MIC) também registraram quedas na execução orçamentária entre 2009 e o ano passado. Neste período, o governo deixou de investir R$ 1,4 bilhão em serviços de gestão urbana, segurança e educação de trânsito, habitação de interesse social e outros. Segundo o estudo divulgado pelo Ipea, em 2010, o MIC gastou R$ 14,5 bilhões em programas sociais, contra R$ 13,1 bilhões no ano anterior.
Um das áreas que mais perdeu recursos foi o Serviço Urbano de Água e Esgoto. No ano passado, os R$ 873 milhões investidos neste programa foram 41,4% menores do que em 2009. Para Édison Carlos, presidente executivo do Instituto Trata Brasil – que acompanha o andamento dos investimentos públicos no setor –, isto é ruim, já que o panorama não é dos melhores.
De acordo com levantamentos do próprio Trata Brasil, o país precisa investir R$ 270 bilhões até 2030 para garantir água e esgoto a todas as regiões do país. “Se continuarmos neste ritmo [de investimento], vamos chegar em 2030 com apenas metade das obras concluídas”, afirma.
Segundo Carlos, uma das causas deste problema são projetos. “As prefeituras apresentam projetos com problemas técnicos e o ministério é obrigado a mandar refazer. Enquanto isso, o dinheiro fica disponível, mas sem ser executado”, explica.
De acordo com dados do Instituto Trata Brasil, as três obras de saneamento em Curitiba estão atrasadas. Entretanto, a Sanepar afirma que elas estão dentro do cronograma. “É possível que o governo federal tenha atrasado o repasse de recursos e a própria empresa esteja bancando as obras, como é o caso do Paraná. A Sanepar é uma das poucas empresas do Brasil que nos informa, todos os meses, como estão os trabalhos”, diz.
Gestão Urbana
Outro programa do Ministério das Cidades, o de reabilitação de áreas urbanas centrais, foi o que mais perdeu recursos aplicados: R$ 1,3 milhão em 2009 para R$ 278 mil em 2010, uma variação negativa de 79,5%. De acordo com o engenheiro eletricista André Caon, coordenador do Fórum de Mobilidade Urbana, diminuindo ou aumentando, é difícil verificar a aplicação dos investimentos.
Segundo Caon, os relatórios não refletem a realidade. “Onde eles estão? Estes investimentos, principalmente em gestão urbana, urbanismo, não são pautados pela necessidade da população”, diz. Ele cita exemplo das ciclovias. “Em Curitiba existe a previsão de recursos para construção de ciclovias, mas este dinheiro não é aplicado. E se for não será necessariamente para a finalidade a qual foi destinado inicialmente”, diz. (GP)