quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Hospital de Ponta Grossa tem 206 novos servidores


O nepotismo  escancarado .... ao inaugurar o ex-governador homenageou o próprio pai, mas eleitoralmente entregou a população apenas um prédio, pois o hospital ainda não tinha condições de funcionamento

Esta semana, a Secretaria da Saúde deu posse aos 206 novos servidores do Hospital Regional de Ponta. Os servidores foram nomeados pelo governador Beto Richa no dia 31 de janeiro.  Com os novos profissionais, o número de leitos ativos passará de 40 para 88. “O Hospital de Ponta Grossa agora passa por fase de estruturação, pois quando foi inaugurado na gestão anterior, não tinha condições de atendimento à população”, disse Richa.

Ao todo, são 18 médicos, fisioterapeutas, nutricionistas, fonoaudiólogos, psicólogos, assistentes sociais e farmacêuticos, 45 auxiliares administrativos e 143 técnicos de enfermagem, de radiologia, segurança do trabalho e contabilidade.

Quando foi entregue a população o hospital não tinha equipe técnica adequada, como faltavam muitos equipamentos, o que impossibilitava o bom funcionamento.

O Hospital Regional de Ponta Grossa quando foi inaugurado há dois anos pelo governo anterior e tinha 193 leitos, mas por falta de funcionário e equipamentos ele funcionava apenas com 10 % da capacidade. 

Papéis do WikiLeaks expõem ação política do Vaticano na América Latina


O regime cubano, a "ameaça" de Hugo Chávez, a crise em Honduras ou mesmo os acordos comerciais do Brasil. O Vaticano sob o pontificado de Bento XVI, longe de ter uma postura de mero espectador, adotou iniciativas políticas nos bastidores para influenciar a situação na América Latina nos últimos anos e defender seus interesses.
É o que revelam mais de 130 telegramas vazados pelo site WikiLeaks, e obtidos com exclusividade pelo Estado, apontando para as entranhas das relações políticas do Vaticano desde 2005 na região latino-americana, que representa mais de 40% de seus fiéis no mundo.
Tentando ter um papel político central no continente, a Santa Sé tratou de algumas das crises no hemisfério com o presidente dos EUA, Barack Obama. Documentos revelam que o cardeal Tarcisio Bertone, secretário de Estado do Vaticano, fez propostas concretas para o governo americano sobre a situação em Honduras quando se reuniu, em 10 de julho de 2009, com o presidente Obama.
Num telegrama de 15 de julho de 2009, a embaixada americana na Santa Sé relata um encontro de diplomatas americanos com monsenhor Francisco Forjan em que o Vaticano rejeita chamar a retirada de Manuel Zelaya da presidência como um "golpe de Estado". A Igreja pedia ao governo americano que insistisse com seus parceiros para que explicassem ao público as "ações anticonstitucionais de Zelaya que precipitaram a crise". O líder da Igreja nesse assunto era o cardeal Oscar Rodriguez Maradiaga, arcebispo de Tegucigalpa e hoje considerado como um dos potenciais candidatos a papa.
Um dos temas mais constantes nas reuniões entre diplomatas americanos e cardeais do Vaticano é a situação de Cuba. Um telegrama de 19 de agosto de 2009 revela que uma viagem de cardeais e bispos americanos a Cuba naquele ano não era apenas uma visita episcopal. A meta era também a de pressionar o governo de Havana em relação aos prisioneiros políticos, um pedido de Washington.
O telegrama escrito pela representação americana em Cuba conta que o cardeal de Boston, Sean O’Malley, um dos que estarão no conclave, reuniu-se com o presidente da Assembleia Nacional de Cuba, Ricardo Alarcón. O documento revela que os cardeais e bispos relataram ponto a ponto ao governo americano como havia sido a conversa com Alarcón. "Apreciamos o fato de a delegação (de religiosos) ter levantado os problemas de prisioneiros políticos", indicou o telegrama.
No dia 15 de janeiro de 2010, o Vaticano fez uma sugestão concreta ao governo americano para enfraquecer o regime cubano: baratear os custos de ligações entre Cuba e os EUA. A proposta foi apresentada por monsenhor Nicolas Thevenin, conselheiro político de Bertone. "Isso poderia ter um impacto positivo na promoção de uma mudança política", indicou.
A Venezuela de Hugo Chávez é apresentada pela Santa Sé como a grande preocupação na região. Para Accattino, um endurecimento da posição dos EUA diante de Cuba poderia acabar ajudando Chávez, "o novo sucesso de Fidel Castro na América Latina". "A diferença é que ele tem os recursos do petróleo", alertou. O Vaticano, em diversas conversas com diplomatas americanos, deixou claro que Caracas vinha pressionando a Igreja e transformado a Santa Sé em um de seus alvos de crítica.
Pressão contra Chávez. Três anos antes, no dia 1.º de fevereiro de 2007, o embaixador americano em Caracas, William Brownfield, e o cardeal Jorge Urosa Savino se reuniram na casa do núncio apostólico na capital venezuelana para discutir a possibilidade de que o papa Bento XVI usasse sua viagem que faria naquele ano ao Brasil para pressionar Chávez. Uma viagem oficial a Caracas estaria descartada pelo Vaticano. "Chávez não o convidaria", disse o cardeal.
Os dois passaram a debater a possibilidade de que o avião que traria o papa de Roma a São Paulo, em maio, fizesse uma parada de 45 minutos em Caracas, com a justificativa de reabastecer. Nesse período, o papa receberia bispos e faria uma declaração. "O cardeal concordou que qualquer parada teria uma importância simbólica", indicou o telegrama, apontando para a reação positiva de Savino. A escala acabou não ocorrendo. (AE)

Apesar do acordo presos palestinos não foram libertados


Os presos veteranos, um termo utilizado para se referir aos presos palestinos que detidos e cumpram as penas, antes da assinatura dos acordos de Oslo (entre OLP e Israel), que chegam a 106 e a maioria já passou de 19 anos na prisão.

As negociações políticas, como o acordo de SHARM EL-SHEIKH_ASSINADO EM 04 DE SETEMBRO DE 1999- que previa a libertação de todos, que cometeram qualquer ato antes de  13 de setembro de 1993 e que tinham sido pressionados antes de 04 de maio de 1994, data da assinatura de declaração de princípios e o estabelecimento da autoridade palestina.

Também a última troca de prisioneiros com o soldado Jilad Chalit foi foi incapaz de libertá-los e fechar o seu caso, apesar dos sucessos alcançados nesta troca.

A respeito da natureza das penas impostas aos prisioneiros, 79 foram condenados á prisão pérpetua, uma vez ou mais de uma vez, e restante 27 cumpra entre 20 á 40 anos de prisão.

A lista dos prisoioneiros veteranos incluem 71 nomes de pessoas qu estão detidas por mais de 20 anos, e estes são chamados "decanos dos prisioneiros", enquanto que o termo de "generais de paciência", se  refere aos prisioneiros que cumpram pena há mais de 25 anos que totalizam  24 presos, e que estes números e infelizmente em ascensão constante, entre eles  dois  ainda estão presos por mais de 30 anos.
Chamamos a sociedade internacional, governos mundiais, os diferentes meios de comunicação, organizações da sociedade civil e do setor privado para dar a questão dos prisioneiros veteranos a importância que merecem e que deve todo assumir as responsabilidades para ativar seu caso e que  permaneça viva e presente em todos os momentos e ocasiões e em todos os níveis.

Abed Elnasser Ferwana
Ministério de Assunto dos presos
Diretor de Departamento de estatísticas
Ex-Preso e especialista em assuntos dos prisioneiros

Blairo Maggi, o "motosserra de ouro": ‘Os radicais nos querem pendurados em árvores’


O senador Blairo Maggi (PR-MT), um dos maiores produtores de soja do país, já foi o inimigo público número um dos ambientalistas e virou símbolo internacional do desmatamento. Chegou a receber o título de “Motosserra de Ouro”. Mas o ex-governador de Mato Grosso jura que isso é coisa do passado. Hoje, ele foi aclamado presidente da Comissão de Meio Ambiente do Senado.

Blairo diz se considerar o parlamentar ideal para presidir a comissão e afirma que as ONGs dispensaram a ele um tratamento de amante: “No gabinete, era beijinho, beijinho, mas lá fora fingiam que não me conheciam”. O senador afirmou que os radicais defensores do meio ambiente querem todo mundo pendurado em árvores comendo coquinhos, “como Adão e Eva”. Mas o senador diz que defende energia, carros e bosques para todos os brasileiros: “Uma vida boa, moderna e bacana”.

Sobre sua indicação para a Comissão de Meio Ambiente, sabe que virá chumbo grosso...

O senhor está preparado para enfrentar os integrantes de movimentos ambientais?
Não tem novidade nesse tipo de coisa. A minha atividade agrícola é inimiga número um dos ambientalistas, embora ache que eles estão absolutamente errados. Não tem vida se não tem comida, se não tem alimentos. A sociedade só se organizou depois da agricultura. É que está tão fácil conseguir comida hoje que ninguém sabe de onde ela vem. Quando assumi o governo de Mato Grosso, o índice de desmatamento era crescente. Quando me elegi, disseram que tinham colocado a raposa para tomar conta do galinheiro. Mas, se pegarem os números de depois que eu saí, verão que houve redução de 90% no desmatamento. É possível aliar produção e preservação. Houve enfrentamento com os ambientalistas, que me deram o famoso prêmio “Motosserra de Ouro”, e acharam uns humoristas para fazer graça. Não fiz nada para merecer esse título.

O senhor não receia que essas investidas voltem com sua nomeação para a Comissão de Meio Ambiente?
Não. Minha história como empresário e agricultor é bem diferente da história que plantaram de minha atuação como governador na área ambiental. Chamei os setores produtivos, reorganizei o setor e disse que a pressão estava muito grande. Haveria o risco de produzirmos e, por barreiras ambientais, não vendermos para ninguém. Comecei a me entender com as ONGs. Procurei as ONGs fora do Brasil, em Washington, mostrei as intenções de meu governo. Houve resistência no início. O acordo foi feito, e avançamos muito. Teve período em que as ONGs começaram a frequentar o estado, a ir ao meu gabinete. Internamente, conversávamos muito bem. Mas, fora, era difícil. Tratavam-me como se trata uma amante: dentro de casa, é beijinho, beijinho. E, do lado de fora, fingiam que nem me conheciam. O Greenpeace e o WWF foram para dentro do governo, e criamos programa de recuperação de floresta que virou até modelo para o Código Florestal. No fim, o Greenpeace me deu um bombom de cupuaçu, simbolizando nosso entendimento com a floresta.

Como vai lidar com as prováveis manifestações?
Já estou acostumado. Nem sei se haverá manifestações, mas, se for assim, fazer o quê? Tenho minhas credenciais, o que minha empresa faz e fez pelo meio ambiente. Sei como fazer. Não passarei vergonha, não tenho medo de discutir e de que se levantem meu passado e meu presente.

Por que o senhor se interessou por essa comissão?
Porque sou um defensor do meio ambiente, cujo conceito para mim é crescer e preservar. Andam juntos. Tenho esse perfil. Conheço bem o que as ONGs e os produtores pensam, como agem e o que querem. Se tiver alguém com currículo mais apropriado que o meu para essa comissão, cedo o lugar. Tenho todas as credenciais para ocupá-lo. As ONGs sérias me conhecem.

Quais são as ONGs sérias?
Todas (risos).

O senhor sempre apareceu cotado para o Ministério da Agricultura. O rumo mudou?
Na política, tudo é muito dinâmico. Não vejo contradição entre as duas coisas. Se tem alguém que sabe cuidar do meio ambiente, esse alguém é o agricultor, que sabe olhar para a terra e defendê-la. Ali estão seu futuro e seu ganha-pão. Agora, os radicais não querem nada! Querem que o país volte a ser uma floresta só, que vivamos pendurados em árvores comendo coquinhos por aí. Como Adão e Eva. Ninguém quer isso. Quer ter energia elétrica, boas estradas, andar de automóvel e parques para darmos caminhadas e uma boa vida no campo. Uma vida boa, moderna, bacana.

É boa a relação do senhor com a presidente Dilma?
A minha, sim. A do partido (PR), eu não sei.

Como avalia o partido que a Marina Silva está lançando (o Rede)?
Com respeito. É uma defesa intransigente do meio ambiente.

O senhor se filiaria?
Não. Somos diferentes na forma como pensamos o mundo. Viva a diferença! (AG)


Jason Berry: As finanças secretas e caóticas da Igreja Católica


Londres - O Papa Bento XVI abandona o barco em meio a sérios problemas financeiros. A investigação por lavagem de dinheiro do Banco do Vaticano, as indenizações pelos escândalos sexuais e o número decrescente de fieis e doações são alguns dos problemas que o próximo pontífice herdará. Ninguém sabe exatamente quanto gasta a Igreja Católica em nível mundial, mas segundo uma investigação da revista inglesa The Economist, publicada no ano passado com base em dados de 2010, a cifra rondaria os 170 bilhões de dólares. Em um livro sobre as finanças secretas da Igreja Católica, o jornalista Jason Berry, que investigou o tema nos últimos 25 anos, afirma que a estrutura financeira da igreja é “caótica” e “opaca”.

Em entrevista à Carta Maior, Berry falou das dificuldades econômicas do Vaticano que, para ele, remetem à guerra fria e à massiva injeção de dinheiro da CIA no Vaticano para neutralizar a ameaça do Partido Comunista Italiano, então o mais poderoso da Europa ocidental.

Carta Maior: Como é a estrutura financeira da Igreja Católica em nível mundial?

Jason Berry: A Igreja Católica é muito hierárquica, monárquica eu diria, com o Papa como líder e dioceses dirigidas por arcebispos e bispos em todo o globo. Mas, em virtude de seu próprio tamanho, é internamente caótica e ingovernável. Cada bispo trabalha em sua diocese como se estivesse comandando um principado.

CM: O que sabemos de concreto sobre a riqueza do Vaticano?

JB: Há uma absoluta opacidade nas contas. Quando o vaticano declara suas rendas e gastos anuais não inclui o Instituto para as Obras de Religião, o IOR, mais popularmente conhecido como o Banco do Vaticano, cujos fundos são estimados em cerca de 2 bilhões de dólares. O IOR tem sido administrado em um clima de absoluta falta de transparência, o que o converteu em um veículo perfeito para o trânsito de todo tipo de fundos. Mas agora, com a investigação do Banco Central da Itália sobre lavagem de dinheiro, isso está mudando.

CM: Segundo algumas informações, o Vaticano tem interesses em uma empresa de espaguete, no setor financeiro, aviação, propriedades e uma companhia cinematográfica. Diz-se, inclusive, que controla entre 7 e 10% da economia italiana. Mas, dada a opacidade de suas contas, até onde é possível confirmar essas informações?

JB: Há informação disponível a instituições que nos permite saber onde está o dinheiro do Vaticano. Na Itália, o Vaticano investiu muito no Banco de Roma, que foi fundamental na reconstrução da Itália depois do “Risorgimento” no século XIX. Também tem negócios na área dos transportes públicos. A isso deve-se somar propriedades na própria Itália, na Europa e nos Estados Unidos. O Vaticano chegou a ser um dos proprietários do edifício Watergate, do famoso escândalo que provocou a renúncia de Richard Nixon. O grande tema hoje em dia é averiguar até onde prestou serviços a clientes que o utilizam como um banco “off shore”.

CM: Que impacto econômico os escândalos sexuais tiveram nas finanças da igreja?

JB: Nos Estados Unidos esse impacto foi muito forte. As dioceses e ordens religiosas pagaram mais de dois bilhões de dólares. Em muitas cidades tiveram que fechar igrejas. Los Angeles, Chicago e Boston, três das mais importantes arquidioceses, tiveram um rombo médio de 90 milhões de dólares em seus fundos de pensão.

CM: Em seu livro “Vows of Silence” você fala do fundador dos Legionários de Cristo, o mexicano Marcial Maciel que chegou a controlar um império de 650 milhões de dólares e contou com a proteção do Papa João Paulo II, apesar das denúncias de abusos sexuais. Maciel teve fortes vínculos com o governo de Pinochet no Chile e com os governos da América Central. Há alguma figura equivalente na igreja de hoje?

JB: Maciel foi o mais bem sucedido coletor que a igreja teve. Começou no final dos anos 40 buscando apoio de milionários católicos no México, Venezuela e Espanha durante a perseguição dos padres no México e pouco depois da guerra civil espanhola. Com este dinheiro, Maciel formou sua própria base de poder em Roma e se converteu no porta-voz do setor mais conservador e militante da igreja. Assim como fez com Franco, se vinculou muito com Pinochet no Chile. Nos Estados Unidos o próprio diretor da CIA durante os anos Reagan, William Casey, fez uma doação de centenas de milhares de dólares aos legionários. Maciel comportava-se como um político que viajava pelo mundo arrecadando fundos para fazer avançar a causa do catolicismo conservador e a agenda política conservadora. Mas a verdade era que toda sua ideologia encobria um delinquente sexual com poderosos contatos.

Apesar de ter sido acusado de abusar de seminaristas, o Vaticano não o investigou até 2004, a pedido do cardeal Ratzinger, quando João Paulo II estava morrendo. Graças a isso sabemos que teve filhos com duas mulheres no México e que manteve ambos os lares com dinheiro da Legião de Cristo. O escândalo é que o Vaticano demorou tanto para investigá-lo e deixou que ele se transformasse em um Frankenstein. Não há hoje uma figura equivalente no que diz respeito à arrecadação de fundos.

CM: Há uma longa história de escândalos nas finanças do Vaticano. Nos anos 80 houve o escândalo do Banco Ambrosiano e seu presidente, Roberto Calvi, que apareceu enforcado debaixo da ponte de Blackfriars em Londres. Calvi tinha fortes vínculos com o então presidente do Banco do Vaticano, o arcebispo estadunidense Paul Marcinkus. Há uma continuidade entre esses escândalos e os atuais problemas do banco?

JB: Creio que na realidade é preciso retroagir à Segunda Guerra Mundial quando a CIA começou a transferir grandes somas para o Banco do Vaticano. Em 1948, foi a primeira eleição na qual o Partido Comunista italiano, convertido no mais importante da Europa, buscava o poder. Neste momento houve uma grande campanha nos Estados Unidos, patrocinada pelo governo, da qual participou Frank Sinatra, para financiar a democracia cristã. Este foi o começo da história do dinheiro que círculos dos serviços de inteligência estadunidenses para o Vaticano. Uma geração depois, com Roberto Calvi e Marcinkus, o banco havia se convertido em uma via muito lucrativa para a passagem de dinheiro. No final dos anos 80, o banco teve que pagar uma multa de 250 milhões de dólares. Já ali o banco funcionava como uma “off shore” para seus clientes privilegiados. Mas ainda falta muito por documentar sobre essa história.

Volks na Amazônia: destruição




Em 1973 Wolfgang Sauer foi chamado para conversar com os executivos alemães da Volkswagen na sede alemã da empresa. Voltou como o chefe da maior fábrica de automóveis em funcionamento do hemisfério sul, instalada em São Paulo. O alemão de Stuttgart estava há 12 anos no Brasil. Chegou no ano traumático de 1961, marcado pela crise de poder desencadeada pela renúncia do presidente Jânio Quadros (o mais votado até então) e a reação militar à posse do vice-presidente, João Goulart.
Depois de 10 anos de peregrinação entre Portugal e a Venezuela, Sauer seria o diretor comercial da multinacional alemã Bosch. O novo posto era um salto: de fabricante de autopeças se tornaria montador de automóveis. A ambição de Sauer, porém, era muito maior: queria ser um dia presidente mundial da Volkswagen.
Ele divisou a oportunidade ainda em 1973, quando foi a Brasília conversar, a convite do então ministro do interior, Rangel Reis. O ministro lhe disse que o governo federal queria mudar a diretriz da ocupação da Amazônia. Desde o início da construção da Transamazônica, três anos antes, a ênfase era na colonização. Lavradores nordestinos, atingidos pela grande seca de 1970, eram levados para as margens da grande rodovia de penetração e assentados em lotes de 100 hectares.
Essa política, de objetivos sociais, não atendia mais à prioridade definida pelo terceiro governo militar desde o golpe de estado de 1964: tornar a Amazônia uma fonte de divisas para o país. Para isso, seria preciso atrair grandes investidores privados, nacionais e estrangeiros, para acelerar a ocupação territorial e a produção de mercadorias de aceitação e competitividade nacional e internacional. O empresário passaria a ser o parceiro preferencial do governo, não mais os colonos.
Não passou pela cabeça de Sauer instalar uma filiação da Volks na selva amazônica. O que ele concebeu na hora foi um grande projeto de criação de gado e beneficiamento de carne. Com tecnologia de ponta e capital intensivo, o empreendimento podia alcançar escala econômica suficiente para vencer as distâncias dos grandes centros consumidores e superar as desvantagens de uma zona pioneira.
Conseguiu convencer os dirigentes alemães da Volks a embarcar numa aventura inteiramente nova em seus mais de 40 anos de história de sucesso: ao invés de continuar a lidar com veículos automotores, a Volks iria tratar de boi na jungle selvagem. Se os êxitos se repetissem, Wolfgang Sauer teria credenciais para se apresentar como pretendente ao topo da direção de uma das maiores multinacionais.
Tudo deu errado, como ele admite em seu recente livro de memórias, nada modestamente intituladoO homem Volkswagen – 50 anos de Brasil (Geração Editorial, São Paulo, 2012, 527 páginas). Mas parecia que tudo daria certo. A Volks comprou uma área de quase 140 mil hectares no sul do Pará, a pouca distância dos limites com Mato Grosso e o atual Tocantins. Laudos de dois institutos alemães atestavam a qualidade do solo e a aptidão para a pecuária.
Sauer reuniu sócios poderosos na indústria e na atividade financeira, brasileiros e estrangeiros – quase todos céticos sobre a iniciativa, mas confiantes no aval do executivo. Implantou a fazenda e, em seguida, o frigorífico. Colocou 60 mil cabeças de gado nos pastos, com exemplares de Nelore cruzados com outras raças europeias.
Quando o caminho já estava aberto e a produção em série, começaram as reações. Primeiro na Alemanha, por parte de ecologistas, com o forte apoio do Partido Verde. Depois em outras paragens do mundo e também no Brasil. A Volks estava destruindo a natureza e eliminando o oxigênio do planeta, impedindo a Amazônia de funcionar como pulmão do mundo. Toda a humanidade seria vítima dessa devastação.
Quando políticos e militantes alemães ameaçaram boicotar os carros da Volks, a direção da empresa se alarmou. Sauer foi chamado e recebeu a ordem de passar em frente o projeto amazônico. Tudo tão às pressas e sem uma checagem nos argumentos dos críticos que o comprador escolhido deu um tombo na poderosa indústria alemã: pagou apenas a primeira parcela da venda, retirou o gado e sumiu.
A Volks teve que encontrar outro dono. A partir de então a Fazenda Vale do Rio Cristalino se desfez. Por incompreensão ou má fé dos que a combateram. Talvez as duas coisas juntas. Mais um dos grandes projetos de ocupação e modernização da Amazônia, para colocá-la no mercado mundial, fracassou. Como, antes, a plantação de borracha de Henry Ford e de arroz de Daniel Ludwig.
Mas a história não é bem essa, ou não é só essa que Sauer conta. Ele não faz a menor referência à autuação que a fazenda sofreu do IBDF (Instituto Brasileiro do Desenvolvimento Florestal), antecessor do Ibama, três anos após o início do projeto. A Volks desmatou em 1976 sem pedir licença ao instituto, que só descobriu o fato quando uma imagem feita pelo satélite Skylab identificou uma queimada, a maior até então registrada documentalmente pelo homem. Espantados pela extensão do incêndio, os cientistas da Nasa enviaram a imagem para seus colegas do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), de São Paulo. A fotografia do satélite engendrou escândalo de dimensões internacionais.
A Volks se defendeu alegando que a Sudam (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia), ao aprovar seu projeto agropecuário, autorizara também a execução do que estava previsto, o que exigia o desmatamento. Logo, estava legal.
Mas o IBDF sustentou que a empresa precisava de uma autorização específica para fazer a derrubada. Sem essa licença, tinha que ser multada. A multa, incidindo sobre cada árvore queimada ou derrubada, chegava a valor superior ao do próprio empreendimento. Estabeleceu-se intensa celeuma. Ao final, a multa foi mantida, mas não foi aplicada. A Volks já estava saindo da área e retornando apenas ao que sabe fazer: veículos automotores.
Foi mesmo só incompreensão a causa desse final desastroso? Claro que não. A resposta estava na forma de encarar a região na qual a poderosa multinacional pretendia se estabelecer. Ao invés de investir contra a floresta, que dominava a paisagem, como o próprio Sauer admite nas suas memórias, devia se posicionar a favor da floresta.
Assim, não teria provocado o desastre ambiental de que foi acusada, com toda razão. É o que hoje faria um empreendedor consciente. Mas não naquela época, em que a palavra de ordem era desenvolvimento e não ecologia, se defende Sauer.
Não é a sua figura de visionário, além e acima do seu tempo, a imagem que o livro projeta, com sua capa made by Hans Donner, o mago do design da TV Globo, e o prefácio de Delfim Netto, o sacerdote tecnocrata do desenvolvimento daqueles idos? Talvez Wolfgang Sauer tenha sido visionário no polo industrial paulista, o maior do continente. Na selva amazônica ele foi um devastador.

O fogo visto do céu: advertência esquecida


LÚCIO FLÁVIO PINTO
Em 1976 a estação espacial americana Skylab, que orbitava a 930 quilômetros da Terra, fotografou o maior incêndio já registrado pelo homem. O fogaréu queimava no sul do Pará. Quando os cientistas da Nasa (a agência espacial americana), que monitoravam o satélite, enviaram a imagem ao Brasil para ser decifrada, foi um escândalo. Um cientista de São Paulo chegou a declarar, em Belém, que a queimada atingia um milhão de hectares. E bradou aos céus, de onde viera a informação, por providências.

A primeira foi identificar o autor do crime. Era a Volkswagen. Ela abria uma fazenda, a Companhia Vale do Rio Cristalino, em 139 mil hectares no município de Santana do Araguaia. Era um fato inédito na sua história de 40 anos, iniciada sob o regime de Adolf Hitler na Alemanha, com um carro revolucionário, por dispensar o uso de água no radiador: pela primeira vez a grande indústria deixava de lado a sua especialidade, a montagem de veículos automotores, para montar bois, o que jamais fizera.

O incêndio, na verdade, atingira “apenas” 1% da superfície anunciada. Eram impressionantes 10 mil hectares (área de 100 quilômetros quadrados), mas a enorme diferença de valores amorteceu o impacto da revelação. Aos poucos, depois de muito estardalhaço sobre o valor da multa, que equivaleria à soma de todo o investimento do projeto (porque a multinacional não fora autorizada a queimar a mata), o assunto foi sendo esquecido. Acabou arquivado.

Mas devia ser lembrado sempre. Ajudaria a corrigir tantos e tão graves erros cometidos ao se tratar da complexa Amazônia. Então como agora.
O primeiro: não basta ter boa intenção e estar empenhado na “causa amazônica” para ajudar a região. É preciso conhecê-la bem, tarefa difícil, árdua e prolongada. O cientista denunciante, que dirigia o Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia), de Manaus, embora uma autoridade, disse um absurdo.

O incêndio da Volks

Qualquer pessoa com conhecimento de campo da Amazônia saberia que é impossível queimar um milhão de hectares de uma só vez, numa única temporada de verão. Pode parecer algo factível para quem se informa sobre a Amazônia à distância ou por via indireta (livros, jornais, internet, televisão). Mas para quem vê com os próprios olhos os acontecimentos e sabe o suficiente para definir parâmetros, era um absurdo. Mesmo que dito com a melhor das intenções, com as quais, como se sabe, pode-se ir ao inferno.

Por causa desse erro atroz, embora bem intencionado, foi deixado de lado a necessária investigação sobre o maior incêndio de todos os tempos, praticado em plena floresta tropical. Como a Volks, com um contingente de trabalhadores (os maltratados “peões”, escravos da nova era de descobrimentos) 10 vezes inferior ao maior desses exércitos de desmatadores em ação, que era o que a Jari utilizava, conseguiu igualar a área de derrubada na mesma época pelo milionário americano Daniel Ludwig, um pouco superior a 10 mil hectares?

Não só por recorrer ao fogo, que Ludwig rejeitava em sua imensa área, de 1,6 milhão de hectares (o desmatamento na Jari era mecânico, com o uso da maior quantidade de motosserras na América Latina). Mas porque, talvez, quem sabe, a Volks aplicasse o agente laranja.

Havia um grande estoque desse herbicida, que já não era mais empregado pelos Estados Unidos na guerra do Vietnam, para desfolhar as árvores e expor os esconderijos e os campos de arroz dos vietnamitas do sul e vietcongues. Sua eficiência era comprovada. E seus malefícios, arrasadores. Dentre outras seqüelas, provocava câncer.

Subsídio mesmo

Atualmente o governo americano realiza, com o governo local, a descontaminação das áreas atingidas pela propagação desse fósforo químico. É trabalho para muito tempo. E não eliminará os danos que já causou a milhões de nativos e milhares de americanos, também contaminados por seu próprio veneno.

Já a Volkswagen, como milhares de outros investidores, recebeu dinheiro do tesouro nacional, a partir de renúncia fiscal da União. O governo federal deixava de recolher parte do imposto de renda devido pelos empresários para que a Amazônia se desenvolvesse em maior velocidade, através da iniciativa privada. Não era crédito, que retorna à fonte, mas subsídio mesmo. Desenvolver a Amazônia seria menos difícil e mais barato. Devastá-la, mais ainda. A proporção chegou a ser de 75% de recursos públicos para 25% de capital privado, dinheiro nem sempre corretamente aplicado.

Às vezes a contrapartida do investidor particular era fraudada, fictícia. Foi o que fizeram os donos do maior conglomerado de comunicação da Amazônia, os irmãos Ronaldo e Romulo Maiorana Júnior, em processo que está pronto para ser sentenciado pelo juiz da 4ª vara federal de Belém, com pedido de condenação pelo Ministério Público Federal. Também acontecia de o empreendimento fracassar, pondo a perder tudo que fora feito a partir da eliminação da paisagem original.

Foi o que sucedeu com a fazenda da Volks. Ela acabou sendo vendida sucessivamente. Ao invés de abrigar um grande rebanho do melhor gado do mundo, como a empresa pretendia, se tornou um assentamento rural. Desses assentamentos fadados a ter vida curta e não dar certo também. Uma vez vendida a madeira da área, a permanência da maioria dos beneficiados pela suposta reforma agrária se torna improvável.

O episódio, contudo, teve também um aspecto positivo. Por causa do impacto mundial, o governo militar, promotor e avalista do processo de ocupação da Amazônia, através de colonizadores externos, teve que fazer uso da mesma tecnologia de ponta para dar uma resposta à comunidade internacional sobre aquela façanha negativa (o que colocou o Brasil na vanguarda desse tipo de tecnologia). Para terem efeito, as medidas corretivas precisam ter o reforço da pressão externa.

Um levantamento que então se procedeu, a partir da interpretação de imagens de satélite, revelou que, até 1976, apenas 0,8% da Amazônia tinha tido sua cobertura vegetal alterada pelo homem. A “última grande fronteira mundial de recursos naturais” mal tinha sido arranhada: era, como observou Euclides da Cunha, na primeira década do século XX, a página do Gênesis que Deus deixou para o homem escrever.

Hoje, 35 anos depois do incêndio recorde da Volks (que nunca mais voltou a pensar em montar bois), a alteração se aproxima de 20% da superfície amazônica – a uma velocidade menor, mas sempre constante, e cumulativa. Essa área que perdeu sua mata equivale a três vezes e meia o tamanho de São Paulo, que concentra um terço da riqueza nacional. É o maior desmatamento da história da humanidade, justamente onde sobrevive um terço das florestas tropicais da Terra. Mais um recorde. Também ruim. Péssimo. Na Amazônia, em regra, tem sido assim.

O PASSEIO PÚBLICO É NOSSO (E DAS P… TAMBÉM)


O portal  do Passeio Público, de inspiração parisiense
Milton Alves
A campanha pela revitalização do Passeio Público, centenário parque localizado em pleno centro da cidade, é uma boa iniciativa. Intelectuais, artistas, ativistas culturais e a Gazeta do Povo animam a campanha. Uma boa e justa causa.
No entanto, como usuário do espaço, me preocupei com algumas opiniões manifestadas acerca do bom e velho Passeio.  É necessário(e muito) revitalizar, mas isso não pode significar exclusão ou profilaxia social. Digo isso,  em função de algumas opiniões que ligam a revitalização com a retirada de “putas” e “maloqueiros” do lugar.  Ou seja, o parque precisa se livrar dos frequentadores indesejáveis. Um viés preconceituoso e excludente pontua esse racíocinio.
Na verdade, o debate sobre a questão deve levar em consideração um projeto mais estrutural de revitalização da região central e do seu patrimônio  histórico. Uma promessa de diversas gestões e também encampada pelo atual prefeito, Gustavo Fruet.
Na gestão do prefeito Luciano Ducci foram realizadas obras e reformas no parque: asfaltamento novo da “pista de cooper”,  novos viveiros para os animais, a sinalização do parque, a academia ao ar livre. Porém, não existiu uma política efetiva de ocupação com atividades e serviços para a população.  Uma iniciativa que vingou foi a feira de orgânicos realizada nos sábados. E só, a coisa parou por aí.  Muito de vez em quando,  um palco com algum grupo musical surgia e a população local correspondia com boa audiência. Até agora a coisa funcionou assim…
Com uma nova gestão na prefeitura, e o impulso de uma campanha, é posssível a realização de uma efetiva política de ocupação cultural, esportiva e cidadã do nosso “central park”.  Há espaços para todos.  As praticantes do ofício mais antigo do mundo já são parte integrante da paisagem do lugar.
Vamos valorizar e cuidar do Passeio Público, sem excluir ninguém. Afinal, o sol nasceu para todos.

Indústria da morte: Acordo militar entre Brasil e Estados Unidos envolve US$ 427 milhões


O acordo militar entre o Brasil e os Estados Unidos, no valor de US$ 427 milhões, envolvendo a Empresa Brasileira de Aeronáutica S/A (Embraer), é considerado essencial nas missões norte-americanas, inclusive no Afeganistão. O subsecretário de Defesa dos Estados Unidos, Ashton Carter, conversou nessa quarta-feira (27), por telefone, com o ministro de Defesa do Brasil, Celso Amorim, sobre o acordo.
O contrato determina a venda de 20 unidades do avião de ataque leve A-29 Super Tucano à Força Aérea dos Estados Unidos com o objetivo de servir de apoio à Força Aérea, segundo autoridades norte-americanas. Em comunicado, o Pentágono detalhou o acordo feito com a Embraer, que apresentou proposta de sociedade com a empresa norte-americana Sierra Nevada Corporation.
“É fundamental para dar apoio às forças afegãs de segurança nacional, como parte do apoio a longo prazo dos Estados Unidos ao país após a conclusão da missão da Força Internacional de Assistência para a Segurança [da Organização do Tratado do Atlântico Norte, Otan] no fim de 2014", disse o porta-voz do Pentágono, George Little.
De acordo com os termos do contrato, 20 aeronaves serão enviadas às bases aéreas no Afeganistão em 2014, para as tarefas de "treino avançado de voo, vigilância, apoio aéreo e missões de interdição aérea".
O porta-voz informou ainda que Carter e Amorim devem se reunir, seguindo o cronograma do acordo denominado Diálogo de Cooperação na Defesa dos Estados Unidos e Brasil para “continuar a cooperação de defesa". (Lusa)

Aposentados e pensionistas da União devem fazer recadastramento a partir de amanhã


Aposentados e pensionistas civis da administração pública federal devem fazer  recadastramento a partir de manhã (1º). Anistiados políticos civis também devem atualizar os dados.
De acordo com o Ministério do Planejamento, o recadastramento anual vai abranger 710 mil beneficiários. No mês de aniversário, essas pessoas deverão comparecer a uma das agências do Banco do Brasil (BB), da Caixa Econômica Federal ou do Banco de Brasília (BRB), em qualquer local do país, para fazer a chamada comprovação de vida. Nesses bancos, estão concentrados cerca de 90% do pagamento dos benefícios. Somente em março, o ministério espera recadastrar 58 mil pessoas.
Os aposentados, pensionistas e anistiados devem apresentar um documento oficial de  identificação (identidade ou carteira profissional) e o CPF.
O ministério informa que o governo vai enviar carta para informar sobre a necessidade de fazer o recadastramento. Entretanto, mesmo quem não receber a carta de convocação deve ir a uma agência de um dos três bancos, no mês de aniversário.
Os aposentados, pensionistas e anistiados que fizeram aniversário em janeiro e fevereiro deste ano vão aguardar 2014 para fazer o recadastramento.
Quem não tiver condições de ir a uma agência bancária precisará agendar uma visita técnica. Isso pode ser feito pelo próprio interessado ou por qualquer outra pessoa, ligando para a Central de Atendimento Alô Segep, pelo telefone 0800 978 2328, ou para a unidade de Recursos Humanos do órgão a que está vinculado. Também está à disposição o e-mail recadastramento@planejamento.gov.br.
Quem não se recadastrar nos prazos determinados pode deixar de receber o benefício. De acordo com o ministério, o prazo é o mês de aniversário e, vencido esse período, haverá mais uma chance nos 30 dias seguintes. Se mesmo assim não houver comparecimento, o benefício será suspenso até que a situação cadastral seja regularizada.
De acordo com o ministério, anteriormente o recadastramento estava centralizado na antiga Secretaria de Recursos Humanos. Como o número de pessoas é muito grande para uma capacidade operativa pequena, o sistema ficou inviabilizado. Agora, com a parceira com os bancos, foi implantado o novo modelo de recadastramento. (AB)

MINISTRO SERGIO KUKINA DO STJ, QUE UM DIA FOI LÍDER ESTUDANTIL, PARTICIPA DE COMEMORAÇÃO DE 30 ANOS DA FORMATURA DE SUA TURMA


O ministro Sergio Kukina do STJ estará em Curitiba nesta sexta-feira, dia 01/03, para participar do jantar comemorativo dos 30 anos da formatura de sua turma de direito da PUC. O jantar será as 20 horas na Associação do Ministério Publico na Rua Mateus Leme, 2018.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Deputado Wilson Quinteiro (PSB) quer instalar Comissão da Verdade na Assembleia Legislativa do Paraná


O deputado estadual Wilson Quinteiro (PSB), apresentou projeto de resolução na Assembleia Legislativa para criar, a Comissão da Verdade do Paraná. O objetivo da iniciativa, segundo ele, é colaborar com a Comissão Nacional da Verdade na apuração das violações dos direitos humanos ocorridas no Estado, ou praticadas por agentes públicos estaduais no período de 1946 a 1988. A Comissão, que deverá ser integrada por onze membros designados pelos líderes partidários – dentre parlamentares identificados com a defesa da democracia, da institucionalidade constitucional e dos direitos humanos – terá prazo de um ano, prorrogável por até seis meses, a partir da sua instalação, para a conclusão dos trabalhos, quando deverá apresentar relatório das atividades realizadas, dos fatos examinados e correspondentes conclusões e recomendações.

Segundo o deputado, e líder do PSB, o objetivo da Comissão é colaborar com todas as instâncias do poder público para a apuração de violações de direitos humanos, promovendo o esclarecimento dos casos de torturas, mortes, desaparecimentos forçados, casos de ocultação de cadáveres, entre outras violências. A ideia é de que a Comissão possa também identificar e tornar públicas informações sobre as estruturas, os locais, as instituições e as circunstâncias relacionadas à prática das violações de direitos humanos e suas eventuais ramificações nos diversos aparelhos estatais e na sociedade. “O reconhecimento da memória e da verdade como direito humano da cidadania é dever do Estado, reconhecido internacionalmente pela Organização das Nações Unidas e pela Organização dos Estados Americanos, e o Poder Legislativo estadual tem papel importante na busca deste resgate histórico”, justifica Quinteiro.

Poderes – O projeto de resolução prevê que, para a execução de seus objetivos, a Comissão estadual poderá receber testemunhos, informações, dados e documentos que lhe forem encaminhados, assegurada a não identificação do detentor ou depoente, quando solicitado; requisitar informações e documentos de órgãos e entidades do poder público; determinar a realização de perícias e diligências; promover audiências públicas; requisitar proteção para qualquer pessoa que se encontre ameaçada em razão de sua colaboração com a comissão; entre outras providências. Poderá, inclusive, requerer ao Judiciário acesso a informações, dados e documentos públicos ou privados necessários para o bom desempenho de suas atividades – que serão públicas, exceto nos casos em que, a seu critério, a manutenção do sigilo seja relevante para o alcance de seus objetivos ou para resguardar a intimidade, a vida privada, a honra ou a imagem de pessoas. (DR)

Polícia Civil nega infiltração de agente na UTI de hospital, em Curitiba


A Polícia Civil informou nesta quarta-feira (27), em nota de esclarecimento, que não houve infiltração de um agente na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Evangélico, em Curitiba, dirigida pela médica Virgínia Soares de Souza. Ela está detida desde terça-feira (19), após uma operação policial que também recolheu prontuários médicos. A informação da infiltração do agente havia sido repassada na sexta-feira (22) pelo advogado de defesa da médica, Elias Mattar Assad.
De acordo com a Polícia Civil, a Justiça autorizou a infiltração do policial, porém, “a medida se tornou inviável do ponto de vista operacional, optando-se pela interceptação telefônica autorizada judicialmente”. A assessoria de comunicação da Polícia Civil explicou aoG1 que, em um primeiro momento, a interceptação telefônica foi negada, mas que depois foi autorizada.
Veja o trecho gravado a partir de ligações em ramais da UTI:
Virgínia - “Esse foi caprichado, né?”.
Médico – “Esse foi. Quadro clínico bonito, caprichou. Bem na hora que nós estamos tranquilos”.
Virgínia - “Nós estamos com a cabeça bem tranquila para assassinar, para tudo, né?”.
No dia anterior, a polícia já havia capturado outro diálogo entre a médica e outro funcionário não identificado:
Virgínia – “Pode ser que ele diga o sobrenome, porque ele está bem espertinho. Agora o outro está morto”.
Médico – “O outro está feio na foto”.
Virgínia – “Está quieto, tem que deixar quieto. A hora em que parar o respirador – foi – pelo amor de Deus”.
Médico – “Ah, tá. Não, tranquilo”.
O advogado de defesa da médica, Elias Mattar Assad, contestou o conteúdo do inquérito. “Vai ficar provado neste processo que a Polícia Civil do Paraná não conhece Medicina Legal”, sustentou. Anteriormente, ao G1, o advogado já havia desqualificado o conteúdo das gravações, alegando que elas foram interpretadas fora de contexto. “Há uma série de equívocos”, disse.
A delegada do Núcleo de Repressão aos Crimes Contra a Saúde de Curitiba não concede entrevistas sobre o caso.

Paraná: Polícia liberta 28 trabalhadores em condições análogas à escravidão


Vinte e oito pessoas foram libertadas de uma fazenda em Inácio Martins, na região central do Paraná, durante uma operação da Polícia Federal (PF) em conjunto com o Ministério Público do Trabalho e Ministério do Trabalho de Curitiba, realizada na segunda-feira (25). De acordo com a PF, os trabalhadores atuavam no corte de erva-mate e eram mantidos no local em condições análogas à escravidão. O município fica localizado a 64 km de Guarapuava. A operação foi realizada após a denúncia de um dos funcionários, que conseguiu fugir da fazenda. 
Ainda segundo a PF, os trabalhadores viviam em situação degradante com filhos menores, sem quaisquer condições de higiene, alimentação e assistência médica em meio à mata nativa. E pelas condições impostas pelo empregador, eles não tinham condições de deixar o local.
O proprietário pela empresa que contratou os trabalhadores foi preso e vai responder pelo crime de redução à condição análoga à de escravo, previsto no artigo 149 do Código Penal Brasileiro. Se for condenado, deve cumprir pena de dois a oito anos regime fechado, segundo a PF. (G1)

O Poder do nosso Pensamento - Mensagens das Águas

Câmara aprova fim do 14º e 15º salários de deputados e senadores


A Câmara aprovou na tarde desta quarta-feira o projeto do Senado que reduz o pagamento do 14º e 15º salários dos parlamentares, em votação simbólica. Apenas um deputado se pronunciou contra o fim do benefício, Newton Cardoso (PMDB-MG).
- Estão votando com medo da imprensa, é uma deslealdade com deputados que precisam (dos valores). Eu não falo aqui pelo PMDB, eu não falo aqui em nome de nenhum partido, eu falo aqui em nome daqueles que não têm coragem de falar aqui algumas palavras - disse. - Estou nesta Casa há três mandatos, e não recebo nada.
 Agora, essa verborragia, essa lenga-lenga, isso de dizer que os deputados não precisam de 14º salário é errado. É verborragia, é lenga-lenga - afirmou o ex-governador de Minas Gerais, que diz que já abre mão do benefício.

O texto aprovado não acaba definitivamente com o benefício: mantém o pagamento no primeiro ano da legislatura e ao final do último ano da legislatura.

Ao final da votação, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), usou o Twitter para comemorar a aprovação. “Parabéns a este Plenário, que resgata a altivez e a dignidade do Parlamento brasileiro”, escreveu.

Ontem, Alves, disposto a mostrar a atuação da Casa, decidiu enfrentar o tema, que encontrava muita resistência por acabar com o privilégio. Henrique conseguiu que todos os líderes assinassem o requerimento para que o projeto, que estava engavetado na Comissão de Finanças e Tributação desde o ano passado e não conseguia ser votado, fosse direto ao plenário da Casa.
- O pagamento do 14º e 15º salários é uma vergonha nacional, é inaceitável. Será o fim imediato desse privilégio – afirmou ontem o líder do PSDB, Carlos Sampaio (SP), um dos que pressionaram pela votação. (AG)


Milhares de bolivianos são escravos em SP. Em nome de Kevin, Corinthians podia gritar por eles


Lúcio de Castro 

A óbvia ideia de que a morte de alguém muito jovem é uma aberração, algo absolutamente sem propósito, absurdo, veio pela primeira vez lá atrás para mim de forma pouco usual. Pelos versos de Ednardo, com seu belo “Pavão Misterioso”, parei pra pensar naquele pedido. “Me poupe do vexame/de morrer tão moço”. O complemento do verso é absolutamente arrebatador: “Muita coisa ainda quero olhar”.

A estupidez de poucos e a omissão de muitos (ou quem sabe de todos nós) não pouparam Kevin Espada de morrer tão moço. Catorze anos. Muita coisa ainda pra olhar...

Nem é preciso repetir o chavão de que nada a ser feito traz essa vida de volta. Mas é possível que muita coisa se faça em nome de Kevin.

Aqui já não estão em questão eventuais decisões da justiça, o destino do Corinthians em uma competição, uma eventual punição para o San Jose. Tudo isso deve ser exemplar. Mas é possível ir além, muito além.

Alguns pronunciamentos foram exemplares e transpiravam sentimento de nobreza no dia da tragédia. Ainda que a vida e a profissão tenham me ensinado a desconfiar muito de tudo o que se fala diante das câmaras e de bons moços do pau oco com os quais cruzei por esses anos todos e me ensinaram a preferir os gauches, não dava para não se impressionar ou não acreditar nas palavras e posicionamento de Tite, Edu Gaspar e outros. E ainda também que jamais me pareça correto cobrar de alguém gestos que devem ser espontâneos ou naturais, tais posturas me inspiram a pedir algo mais para eles, muito além das decisões esportivas. Junto a eles o zagueiro Paulo André, sujeito de ideias claras e sempre disposto a boas causas, poderia se engajar nisso.

Desde que a notícia explodiu, não paro de pensar na estação de ônibus de El Alto, perto de La Paz. Os ônibus partindo para Oruro, Cochabamba...Kevin deve ter passado naquele pedaço esquecido de mundo quando ia em busca do sonho em ver seu time.

Passei por lá quando fiz o documentário “Escravos do Século XXI”, para mostrar onde eram arregimentados os bolivianos que vinham para o Brasil, onde viram escravos. É isso mesmo, trabalho em regime análogo à escravidão, em pleno século XXI. Em São Paulo. Milhares de bolivianos no auge de sua força. Escravizados. Em Itaquera, no Braz, na Mooca, Pari, Liberdade. Na cara de onde teremos uma Copa do Mundo. Ladeado por escravos. Vi tudo isso e digo: que ninguém pense que falar em escravidão é exagero. Fica o convite para quem tiver dúvida para o link no you tube: http://www.youtube.com/watch?v=D2TbuieIW1k

Quando uma tragédia dessas acontece, ficamos sempre a pensar no absurdo da morte aos 14 anos. No que um menino desses podia se transformar. Médico, engenheiro, jogador, advogado. Não conheço a história pessoal de Kevin, se é de uma minoria que tem alguma condição para tanto. Assim, sem conhecer, pensando em milhares de jovens de seu país, digo que uma imensa possibilidade para Kevin era tragicamente virar um escravo numa fétida confecção clandestina de São Paulo. Que revenderia o produto de seu trabalho ilegalmente tomado para uma grande corporação. Que em busca dos lucros fingiria não saber de onde vem os frutos da “flexibilização laboral” que alimentam. Milhares de meninos e meninas de La Paz, Cochabamba, Oruro viram escravos aqui. Em pleno século XXI.
 
Como está no impressionante depoimento de Maria Eugenia (que segue com parte transcrita abaixo) , que conseguiu fugir de uma dessas senzalas e chegou até a Pastoral do Migrante, (cujo trabalho tão maravilhoso nos faz ainda acreditar na espécie) são de jovens do interior como Oruro que os escroques que escravizam mais gostam, pela ingenuidade deles. (O depoimento parece cena de novela das oito e denúncias de tráfico humano mas estão no nosso nariz).

É claro que o exercício de falar em tal destino para Kevin é algo torto. Mas aqui se justifica. Porque me ocorre que algo que daria um pouco de sentido ao que não tem sentido (“nem nunca terá...”), é que alguns desses corintianos tão lúcidos como Tite, Paulo André, Edu Gaspar, viessem a se mobilizar contra a escravidão de bolivianos em São Paulo. 

Tenham certeza de que muitos deles a essa hora nos porões do Braz, Bom Retiro, Mooca, Pari, Itaquera, se apegaram ao Corinthians. Kevin poderia acabar ali. Cada voz que se levante contra isso, uma faixa entrando em campo contra o trabalho escravo de bolivianos em São Paulo, uma entrevista contra essa aberração... Seria em nome de quem morreu tão moço e não pode olhar muita coisa que queria, como ensinou Ednardo.
Kevin não volta. Mas há muito para se fazer por ele. No futebol e muito além dele.


TRECHOS DO DEPOIMENTO DE MARIA EUGENIA – BOLIVIANA VÍTIMA DE TRABALHO ESCRAVO EM OFICINA DE ITAQUERA


“Eu trabalhava na cozinha em Bolívia, e veio uma senhora, 2, 3 vezes se fez de amiga. Eu ganhava uns 100 reais lá. Ela falou que ia pagar 300 dólares no Brasil. Eu achei que era boa oportunidade. Tenho seis filhos, falei com eles, era boa oportunidade.”

“disse que ia pagar 350 dolares pra uma filha que viesse, são 650 dólares ao mês. Ela pagou a vacina de febre amarela”

“pagou as passagens de La Paz”

“quando entramos na sua casa, apenas passamos pela porta, ela passou o cadeado na porta. Botou o cadeado e eu perguntei. Ela disse que entra muitos ladrões, eu disse tá bom...”

“uma semana, sábado, não podíamos sair, estávamos presa. Trabalhávamos desde as 7 da manha até meia-noite, uma da manhã, quando tinha que se entregar o trabalho. Eu cozinhava pra muitas pessoas. “

“quando se cumpriu 1 mês, ela não quis me pagar, a despeito deu ter trabalhado. A comida era muito ruim, não me dava coisas pra cozinhar. Me dava um pouco de carne pra 20 pessoas”

“você tem que ficar 2, 3 meses pra que paguem a passagem, mas fechadas, sem ir a nenhum lugar.”

“passou o segundo mês, agora me pague. Não que você não tem direito.”

“em total era 400 reais, que nos devíamos. Como não podíamos pagar em dois meses?”


“é escravidão; você acorda as 6h30, toma café, as 7h está nas máquinas de costura, ate as 12h. das 12 as 12h30, almoço, meia-hora. Na máquina te trazem o café as 17h. E das 17 a meia-noite, está na maquina. Diga-me: o que se chama isso?

“é escravidão. Não pode imaginar que existem pessoas que vão na Bolívia, botem anúncios na radio, jornal: ‘viaje para Brasil, 400 dolares,” e quando chega aqui com essa ilusão, te põe a chave. Isso é muito ruim”

“eles fechavam o telefone. Abaixo era a oficina, em cima os quartos”

“onde eu trabalhava em Itaquera, as mulheres ficavam aqui, os homens aqui. “

“Um banheiro pra 20 pessoas. Um lugar pequeno, você não sabe como é, sofri muito”

“quando um se resfria, se adoece, todos adoecem. E as trabalhando até meia-noite, as costas doem...voce não sabe, é muito doloroso pros bolivianos. Eu vi muita dor ali”

“imagina quem vem do interior, Oruro, outros estados, chegam a La Paz. A esses são os que buscam, os donos de oficinas, os que não estão integrados, por isso eles se calam, abaixam a cabeça”

“nos trouxeram nós duas. No outro ônibus, trouxeram 5 meninos, 17, 18 anos, 15 anos. Vieram até santa cruz com a gente, depois passaram por Paraguai. Mas os menores passaram por Paraguai.”

“muita gente sofrendo, presa. Mais do que tudo, eles procuram meninos, o que me mais me dói é que eles procuram meninos de 15 anos, 18 anos, 17, 15 anos. É muito ruim, não pode ser...Quando eu voltar a Bolívia, vou fazer uma denúncia, a todos...Eles anunciam nas rádios, na tv, nos jornais, oferecendo 400, 500 dolares...”


 
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