“O dia em que vemos a verdade e nos calamos é o dia em que
começamos a morrer.” - Martin Luther King
20 de agosto de 2012 “Information Clearing House” —- As teorias da conspiração
floresceram agora naquilo que os complacentes mídia prostitutas chamam a
“cultura da conspiração” (N.T. - prestituta é a tradução possível do neologismo
presstitute, mistura de press, imprensa e prostituta, prostituta, denotando o
caráter mercenário da imprensa dominante). De acordo com os prostitutos, os
americanos precisam de encontrar qualquer explicação para as suas frustrações e
falhanços e por isso viram-se contra os Bilderbergs, os Rotschilds, a Nova
Ordem Mundial e por aí adiante.
Os leitores não ficarão surpreendidos que discorde dos prestitutos. De facto, a
cultura da conspiração é o resultado do falhanço dos media prestitutos para
investigarem e contarem a verdade. Estou certo que os media ocidentais são
piores do que foram os media soviéticos. Os media soviéticos arranjavam maneira
de ajudar o público a ler nas entrelinhas, ao passo que os ocidentais são tão
orgulhosos por serem da confiança do governo que fornecem propaganda sem darem
pistas aos leitores de que se trata de propaganda.
Os americanos têm sido alimentados com mentiras pelo “seu” governo e pelos
media prestitutos durante tanto tempo que não é surpreendente vê-los acreditar
cada vez mais haver conspiração contra eles. Milhões de americanos foram
despejados dos seus empregos, carreiras e habitações enquanto os pulhas que os
roubaram andam em liberdade e financiam os candidatos presidenciais. O mundo
que milhões de americanos conheciam acabou e ninguém foi responsabilizado por
isso. A explicação que os americanos tiram dos media é que é sua a culpa. Compraram
casas que não deviam ter comprado e não se prepararam para os empregos certos.
Não é desrazoável que os americanos cheguem à conclusão que existe uma
conspiração contra eles.
Dizem aos americanos que o “seu” governo não consegue
ajudá-los por causa do défice do orçamento e da carga sobre os nossos
descendentes. Mas, os americanos veem os biliões que são gastos com os
banksters (N.T. – neologismo intraduzível, mistura de banker, banqueiro e
gangster, bandido), com as guerras e com a segurança interna. Porque é que um
estado policial e mais um ataque a um país muçulmano são mais importantes do
que manter os americanos com os seus empregos e as suas casas?
O 11º aniversário do 11/9 está a menos de um mês. Será que os media prestitutos
vão lembrar aos americanos que o governo gastou mais de 6 milhões de milhões de
dólares do seu dinheiro em custos futuros incontroláveis e já despendidos nas
despesas da invasão e tentativa de ocupação do Afeganistão e do Iraque, tudo
isso com o único resultado de enriquecer as administrações e os acionistas do
complexo militar securitário, à custa da destruição da reputação dos Estados
Unidos e de pôr a segurança Social e o Medicare no cepo?
Não, claro que não. A conversa vai ser sobre as nossas
corajosas tropas que lutam e morrem para tornar o mundo mais seguro para a
democracia e os direitos das mulheres. Washington vai enrolar-se na bandeira e
exortar os americanos a “apoiarem as nossas tropas” na guerra orquestrada para
o dia. Hitlery Clinton (Hillary Clinton, verdadeiro nome – N.T.) ainda monta o
cavalo da moral e acusa a China e a Rússia, mas o que o mundo vê é hipocrisia.
Ninguém, nem mesmo os governos-fantoche de Washington, já vê nas moralidades de
Washington mais do que uma máscara para o domínio pela simples força. A
democracia, segundo declara Washington, vem dos canos das armas.
A moral actual é toda sobre dinheiro, mas não para os 99%.
Os 99% não podem encontrar bons empregos ou ganhar qualquer rendimento com as
suas poupanças, porque a economia é para os 1%. Os licenciados universitários
não conseguem emprego e pagar os empréstimos de estudante. A reciclagem de
milhões de americanos cujos empregos foram deslocalizados ou preenchidos por
estrangeiros com visa H1-B (visa temporário de não imigrante – N.T.) provou-se ser
uma fraude, pois não há emprego para a força de trabalho americana substituída
a longo prazo e reciclada. A projeção oficial do emprego pelo governo americano
é que poucos licenciados universitários são necessários na força de trabalho,
donde que o velho slogan “educação é a resposta” seja outra mentira dos
departamentos económicos da Ivy League (grupo de oito universidades privadas de
prestígio do nordeste dos EUA – N.T.) que vendem as mentiras do sistema por
dinheiro.
Qualquer cidadão americano habituado a viajar nos “grandes
espaços” da América antes do 11/9 deve estar espantado com o súbito crescimento
da intrusiva Homeland Security (segurança interna – N.T.), palavra com
ressonâncias de gestapo como poucas terão existido. Os porno-scans (inspeções de
raios X de corpo inteiro – N.T.) e as apalpações genitais passaram dos
aeroportos para as estações rodoviárias e ferroviárias e as autoestradas
públicas, apesar da ausência de acidentes terroristas. Ninguém de pleno juízo
imaginaria que a avózinha de 90 anos numa cadeira de rodas é um terrorista
cujas fraldas têm que ser inspecionadas ou que pais loiros e de olhos azuis
terão atado uma bomba na cintura da filha de 5 anos. Ninguém, exceto o
departamento gestapo da Homeland Security.
Até alguns dos ingênuos conservadores patriotas agarrados à
bandeira começam a reflectir sobre tanta segurança. As notícias de que o
departamento da Homeland Security encomendou 750 milhões de cargas de munições
letais são intrigantes mesmo para esses conservadores que sentem prazer por
delegação com a matança dos “cabeças de turbante”.
Para que precisa o departamento da segurança interna de
munições suficientes para atingir cada americano 2 vezes e meia? Porque está a
Homeland Security a equipar-se com couraças de corpo inteiro? Porque estão a
adquirir nova tecnologia que pode “saber tudo sobre nós instantaneamente a 500
metros?” Um novo manual do exército para as “Operações de Perturbação Civil”
descreve como os militares podem ser usados internamente nos EUA para reprimir
protestos, confiscar armas de fogo e matar cidadãos.
O estado policial que está em construção na América da
“liberdade e democracia” não tem paralelo na história. Quando os únicos
terroristas são farsantes organizados pelo FBI, é evidente que o propósito do
estado policial não é proteger os americanos de terroristas muçulmanos. O
objetivo é aterrorizar os cidadãos americanos.
Não é apenas a Homeland Security que está a ser
militarizada. O governo anunciou que foi feita uma encomenda de munições pelo
Serviço Meteorológico Nacional , mais tarde corrigido para Gabinete das Pescas.
Se isto causa surpresa, porque encomendou a Administração da Segurança Social
174,000 cargas de balas de ponta cortada? (balas de expansão após o impacto,
com efeitos mais destrutivos – N.T.)
As listas da encomenda das munições pela Homeland Security
estão disponíveis online. É óbvio que não são munições para treino de tiro. São
munições para matar pessoas: as balas de ponta cortada são para a espingarda
militar M-16. Balas match grade são para espingardas de atirador especial
(sniper) 0,308. Munições calibre 12 são para caça grossa. Balas de ponta
cortada são para magnum 0,357 e pistolas calibre 0,40.
Como não houve qualquer ataque terrorista nos EUA desde o
11/9 (este, por seu lado, sob suspeita dos peritos), exceto os que foram
organizados pelo FBI, esta compra maciça de poder de fogo não é obviamente para
proteger os americanos dos terroristas muçulmanos. Então, é para quê?
Talvez este filme explique o que está reservado para o povo
americano que confiou no “seu” governo. Os que protestam contra a guerra e os
críticos do governo estão sendo redefinidos como “extremistas internos” que
podem ser presos por ajudarem e serem cúmplices dos inimigos dos Estados
Unidos. Se os americanos acordarem para a realidade de que estão a ser
desapossados econômica, política e socialmente, enquanto Washington os arrasta
para a III Guerra Mundial e ocuparem as ruas em protesto, encontrarão uma força
militar extrema.
A esquerda liberal é ainda mais ingênua que os conservadores
agarrados à bandeira. Seja o que for que o governo faça, os conservadores estão
do lado do governo. Isto porque os conservadores confundem patriotismo com
apoio ao governo e não com defesa da Constituição, documento suspeito,
tolerante para os criminosos, os terroristas e os que protestam contra a guerra
e que fazem a América perder as guerras. A esquerda liberal considera Obama com
a sua origem semi-negra como membro da classe oprimida, que para a esquerda
liberal significa pessoas dotadas da mais elevada moralidade. A esquerda
liberal continua a considerar Obama como um redentor, mesmo com Obama assinando
no Gabinete Oval listas de cidadãos americanos a serem executados sem devido
processo legal. Nem mesmo Naomi Wolf consegue acordar a esquerda liberal.
Não se espere que o Congresso ou os prestitutos façam o que
quer que seja sobre a rápida concentração de poder no estado policial que Bush
e Obama criaram. Não se espere ser resgatado pelos tribunais federais. Ainda que
alguns juízes estejam inclinados a defender a Constituição contra o seu inimigo
interno, os tribunais não têm poder quando o ramo executivo não respeita o
primado da lei. Atualmente, o ramo executivo ignora a determinação de um juiz
federal contra a detenção indefinida de cidadãos americanos. Os advogados do
Departamento de Justiça (sic) nem sequer respondem às perguntas do juiz.
Um povo crédulo está desamparado se o governo decide
escravizá-lo. É uma brincadeira de crianças para o governo lançar o descrédito
sobre os líderes naturais do povo e os que lhe dão informação rigorosa. A
maioria dos americanos tem uma base de conhecimentos muito estreita e
preconceitos ideológicos muito vastos. Por conseguinte, não conseguem
distinguir entre factos e ficção.
Veja-se o caso de Julian Assange. Quando o governo dos EUA,
furioso com a publicação pela WikiLeaks da fuga de documentos que revelaram a
falsidade e mentira de Washington, começou por atacar Assange, este teve um
apoio quase universal. Então, Washington pôs na internet a história que Assange
era um agente de informações a trabalhar para a CIA ou até para a ainda mais
odiosa Mossad. Tanto os sítios da internet de esquerda como de direita caíram
na óbvia esparrela. Temos aqui uma ingenuidade ao nível dos que acreditavam na
acusação de Stalin de que Bukharin era agente capitalista.
Uma vez iniciado, o libelo contra Assange foi cancelado pelo
esclarecimento pelo gabinete do procurador sueco das queixas feitas pelas duas
mulheres que o seduziram. Vendo Assange recuperado, uma procuradora reabriu o
caso arquivado e, segundo muitos acreditam, sob pressão de Washington. As
feministas saltaram para a cena, exigindo que Assange seja punido pela sedução
por mulheres que obviamente tinha enganado e de alguma maneira coagido.
Foi a repetição do caso Dominique Strauss-Kahn. Falsamente
acusado de assédio sexual a uma empregada de hotel em New York, o diretor do
Fundo Monetário Internacional, procurado em dois continentes por mulheres
caçadoras de celebridades, foi eliminado da corrida à presidência da França e
teve que se demitir da sua posição no FMI. A polícia de New York, habituada por
décadas de propaganda feminista a encarar cada acusação sexual apresentada por
uma mulher como a verdade absoluta, fez figura de parva e incompetente quando
era evidente que a acusação era fabricada, com o objetivo de extorquir dinheiro
a Strauss-Kahn e possivelmente para eliminá-lo da corrida à presidência
francesa.
Muitos sítios da internet e comentadores normalmente de confiança foram apanhados
pela falsa história.
Os hegemônicos de Washington e seus media prostitutos foram ainda mais
bem-sucedidos a enganarem os americanos sobre ataques terroristas, Osama Bin
Laden, os talibãs, o Afeganistão, o Iraque, a Líbia, a Somália, o Iêmen, o
Paquistão, a Síria e o Irão. O que é espantoso é o fato de não ter havido
quaisquer ataques na América, apesar das enormes provocações que Washington tem
feito assassinando nada menos que um milhão de muçulmanos, destruindo três
países muçulmanos, conduzindo operações militares contra sete países muçulmanos
e preparando um ataque a um oitavo, o Irão.
O presidente da Rússia, cujos mísseis balísticos
termonucleares podem varrer os EUA da face da terra, disseram para todo o mundo
ouvir que Washington tem o mundo inteiro amedrontado com a sua deriva hegemônica.
“Ninguém se sente seguro,” disse Putin. E acima de tudo os russos, com bases de
mísseis americanas nas fronteiras e uma “oposição” política traidora e desleal
financiada por Washington, que serve de sua quinta coluna na Rússia.
Putin reconheceu que a América quer mandar no mundo. Mas,
Washington não vai mandar na Rússia e na China. Se o atual atrasado mental da
Casa Branca mantiver a sua promessa ao primeiro-ministro de Israel Netanyahu de
que os EUA atacam o Irão em Junho próximo se o Irão não encerrar o seu programa
de energia nuclear (programa não militar autorizado ao Irão como signatário do
Tratado de Não proliferação Nuclear), a Casa Branca terá aberto a porta à III
Guerra Mundial. Nessa guerra, os EUA não ficariam imunes contra um ataque, como
na I Grande Guerra e na II Grande Guerra. Desta vez, a América pode desaparecer
em holocausto nuclear. Se algum dos mundos sobreviver, as pessoas agradecerão
que seja Washington a sair de cena.
É Morte aquilo que o “nosso” governo em Washington, tanto de
republicanos, como de democratas, nos traz. Ambos os partidos são dirigidos por
neoconservadores que acreditam valer a pena uma guerra nuclear para conseguir a
hegemonia americana no mundo. Se estes perigosos ideólogos continuarem a
dominar, a vida na Terra tem fracas perspectivas.
*Paul Craig Roberts foi Secretário Assistente do Tesouro
para a Política Económica e editor associado do Wall Street Journal. Foi colunista da Business Week, do
Scripps Howard News Service e do Creators Syndicate. Teve diversos
cargos universitários. As suas colunas na internet têm atraído seguidores no
mundo inteiro.