sĂ¡bado, 29 de dezembro de 2012

Uruguai entrega restos mortais de desaparecido na ditadura argentina

O presidente do Uruguai, José Mujica, entregou à família os restos do uruguaio Alberto Mechoso, sequestrado e desaparecido em 1976, em Buenos Aires.
"É um um momento contraditĂ³rio", com "muita dor", mas tambĂ©m com "certa alegria", disse Mujica.
A urna com os restos de Mechoso, identificados en maio deste ano pela Equipe Argentina de Antropologia Forense, foi entregue Ă  mulher e aos filhos do desaparecido na sede do governo uruguaio.
A famĂ­lia decidiu realizar velĂ³rio pĂºblico e seguir em marcha atĂ© o CemitĂ©rio do Cerro para o sepultamento.
HĂ¡ sete meses, quando soube da identificaĂ§Ă£o dos restos mortais, a viĂºva, Beatriz, que tambĂ©m foi exilada e detida clandestinamente em Buenos Aires, em meados da dĂ©cada de 1970, disse que se sentiu "muito triste e em choque".
A coordenadora da Secretaria de Direitos Humanos da PresidĂªncia da RepĂºblica, Graciela Jorge, destacou a importĂ¢ncia de terem voltado ao Uruguai os restos mortais de Mechoso para que sua famĂ­lia lhe desse um enterro digno e se cumprisse um direito fundamental, que Ă© o do direito Ă  verdade, ignorada durante dĂ©cadas.
O presidente Mujica, ex-guerrilheiro de 77 anos, que ficou 13 anos preso durante a ditadura que governou o Uruguai (1973-1985), participou do ato, mas nĂ£o faz declarações Ă  imprensa.
"Foi um momento de muito recato e grande respeito. NĂ£o houve discursos. Apenas foi firmado um documento de entrega dos restos Ă  famĂ­lia", disse Graciela.
Alberto Mechoso, sindicalista e fundador do PVP, partido de esquerda, que junto com o grupo Tupamaros enfrentou a ditadura uruguaia, foi sequestrado em setembro de 1976 em Buenos Aires por forças de segurança, que participavam da OperaĂ§Ă£o Condor, um plano de aĂ§Ă£o coordenada entre os regimes militares de paĂ­ses sul-americanos contra seus opositores.
Posteriormente, Mechoso foi levado a um centro de detenĂ§Ă£o clandestino, onde foi torturado e visto pela Ăºltima vez por pessoas que sobreviveram aos maus-tratos. Logo, foi assassinado e seu corpo desapareceu.
Os restos foram localizados anos depois, no interior de um tanque de petrĂ³leo com cimento, no Canal SĂ£o Fernando, junto com outros corpos, entre os quais o de Marcelo Gelman, filho do poeta argentino Juan Gelman. A identificaĂ§Ă£o dos restos foi feita mediante comparaĂ§Ă£o com amostras genĂ©ticas de sua famĂ­lia enviadas pela Secretaria de Direitos Humanos do Uruguai.
Seis militares e dois policiais foram condenados a penas entre 20 e 25 anos de prisĂ£o pello caso de Mechoso e mais 27 uruguaios detidos e desaparecidos na Argentina.

 
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