segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Pedreiro acusado de abusar sexualmente do enteado é morto a pauladas pela população

Um pedreiro de 37 anos foi executado na noite deste domingo (27), no Jardim Ana Terra, em Colombo, na região metropolitana de Curitiba (RMC), depois que populares foram informados de que Jacson Cesar da Conceição (37) estaria tentando abusar sexualmente de seu enteado de apenas seis anos.

A tentativa de estupro teria ocorrido ainda na tarde do domingo enquanto o pedreiro dormia na mesma cama da criança, de acordo com informações da mãe do menino, Rosana de Souza Ferraz. Ainda segundo a mãe, Conceição era viciado em tiner e nunca havia atendado contra a integridade dos enteados. “Eu não sei o que essa droga fez na cabeça dele”, relatou a mulher, em entrevista à Banda B.

Segundo a versão de alguns moradores da rua Mário Guarise que falaram com a equipe de reportagem da Banda B, após perceber que o homem tentava estuprar o garoto, Rosana saiu até a rua para buscar socorro e teria sido prontamente atendida. Sabendo de sua crítica situação, o pedreiro tentou fugir, no entanto, foi alcançado e morto por pauladas e pedradas desferidas por cerca de 10 populares enfurecidos. "Eles acabaram cometendo um crime para tentar fazer justiça, mas a polícia existe para isso", afirmou o sargento Caron, do 17º Batalhão, condenando a atitude dos envolvidos.

A Polícia Militar (PM) foi até o local, porém, apenas foi informada de que o homem teria sido morto pela população. Testemunhas do episódio não repassaram os nomes dos possíveis assassinos. Investigadores da Delegacia de Colombo também estiveram na cena do crime e devem abrir um inquérito para tentar identificar os assassinos.

As crianças e a guerra







Ação contra mínimo via decreto no STF amanhã


Será protocolada nesta terça-feira (1), a ADI (Ação Direta de Inconstitucionalidade) contra o artigo 3º da nova lei do salário mínimo.

Por esse artigo, o Congresso delegou a Dilma Rousseff poderes para baixar por meio de decreto os próximos aumentos do salário mínimo até 2015.

Serão signatários da ação o PPS, o PSDB, o DEM e o PV da ex-presidenciável Marina Silva.

Convidado a assinar a peça, o PSOL ainda não deu resposta.

O projeto que fixou o salário mínimo de 2011 em R$ 545 foi sancionado por Dilma Rousseff na sexta-feira (25).

Será publicado no ‘Diário Oficial’ desta segunda (28). Daí o agendamento da entrega da ação ao Supremo para terça.


Precursor do questionamento ao uso do decreto, o deputado Roberto Freire (PPS-SP), disse que a causa extrapola o embate oposição versus governo.

Envolve, segundo ele, uma questão institucional: a defesa das prerrogativas do Congresso, que considera “usurpadas”.

A redação da petição contra o artigo 3º da nova lei ficou a cargo da assessoria jurídica do PPS, partido presidido por Freire.

O deputado disse ao blog que será um documento “simples”. Invocará o artigo 7º inciso 4º da Constituição.

Nesse trecho, o texto constitucional anota que o valor do salário mínimo deve ser fixado em lei. “Não precisa de muito floreio, a questão é simples”, disse Freire.

Para o governo, a reclamação é improcedente. Alega-se que a regra para o cálculo do salário mínimo consta da lei que acaba de ser aprovada pelo Congresso.

Prevê que o aumento terá periodicidade anual e será calculado de acordo com a variação da inflação, acrescida do PIB dos dois anos anteriores.

Segundo a visão do governo, os futuros decretos de Dilma se limitarão a dar consequência à lei, traduzindo em cifras a fórmula aprovada pelos congressistas.

Na prática, suprimiu-se do Congresso a prerrogativa de debater e aprovar o salário mínimo até o final do governo Dilma.

Longe dos holofotes, ministros do STF levaram o pé atrás em relação à possibilidade de elevação do mínimo por decreto.

Um dos ministros, Marco Aurélio Mello, chegou a expressar suas dúvidas em público. São indicativos de que a ação ateará polêmica no plenário do STF.

Fonte: Blog do Josias de Souza

Geração Y


Eles já foram acusados de tudo: distraídos, superficiais e até egoístas. Mas se preocupam com o ambiente, têm fortes valores morais e estão prontos para mudar o mundo

Priscila só faz o que gosta. Francis não consegue passar mais de três meses no mesmo trabalho. E Felipe leva a sério esse papo de cuidar do meio ambiente. Eles são impacientes, preocupados com si próprios, interessados em construir um mundo melhor e, em pouco tempo, vão tomar conta do planeta.

Com 20 e poucos anos, esses jovens são os representantes da chamada Geração Y, um grupo que está, aos poucos, provocando uma revolução silenciosa. Sem as bandeiras e o estardalhaço das gerações dos anos 60 e 70, mas com a mesma força poderosa de mudança, eles sabem que as normas do passado não funcionam - e as novas estão inventando sozinhos. "Tudo é possível para esses jovens", diz Anderson Sant'Anna, professor de comportamento humano da Fundação Dom Cabral. "Eles querem dar sentido à vida, e rápido, enquanto fazem outras dez coisas ao mesmo tempo."

Folgados, distraídos, superficiais e insubordinados são outros adjetivos menos simpáticos para classificar os nascidos entre 1978 e 1990. Concebidos na era digital, democrática e da ruptura da família tradicional, essa garotada está acostumada a pedir e ter o que quer. "Minha prioridade é ter liberdade nas minhas escolhas, fazer o que gosto e buscar o melhor para mim", diz a estudante Priscila de Paula, de 23 anos. "Fico muito insatisfeita se vejo que fui parar em um lugar onde faço coisas sem sentido, que não me acrescentam nada."

A novidade é que esse "umbiguismo" não é, necessariamente, negativo. "Esses jovens estão aptos a desenvolver a autorrealização, algo que, até hoje, foi apenas um conceito", afirma Anderson Sant'Anna. "Questionando o que é a realização pessoal e profissional e buscando agir de acordo com seus próprios interesses, os jovens estão levando a sociedade a um novo estágio, que será muito diferente do que conhecemos."

Nessa etapa, "busca de significado" é a expressão que dá sentido às coisas. Uma pesquisa da Fundação Instituto de Administração (FIA/USP) realizada com cerca de 200 jovens de São Paulo revelou que 99% dos nascidos entre 1980 e 1993 só se mantêm envolvidos em atividades que gostam, e 96% acreditam que o objetivo do trabalho é a realização pessoal. Na questão "qual pessoa gostariam de ser?", a resposta "equilibrado entre vida profissional e pessoal" alcançou o topo, seguida de perto por "fazer o que gosta e dá prazer". O estudo, desenvolvido por Ana Costa, Miriam Korn e Carlos Honorato e apresentado em julho, tentou traçar um perfil dessa geração que está dando problema para pais, professores e ao departamento de RH das empresas.

No trabalho, é comum os recém-contratados pularem de um emprego para o outro, tratarem os superiores como colegas de turma ou baterem a porta quando não são reconhecidos. "Descobrimos que eles não são revoltados e têm valores éticos muito fortes, priorizam o aprendizado e as relações humanas", diz Miriam. "Mas é preciso, antes de tudo, aprender a conversar com eles para que essas características sejam reveladas."

BERÇO DIGITAL

E essa conversa pode ser ao vivo, pelo celular, e-mail, msn, Twitter ou qualquer outra ferramenta de comunicação que venha a surgir no mundo. Essa é a primeira geração que não precisou aprender a dominar as máquinas, mas nasceu com TV, computador e comunicação rápida dentro de casa. Parece um dado sem importância, mas estudos americanos comprovam que quem convive com ferramentas virtuais desenvolve um sistema cognitivo diferente.

Uma pesquisa do Departamento de Educação dos Estados Unidos revelou que crianças que usam programas online para aprender ficam nove pontos acima da média geral e são mais motivadas. "É a era dos indivíduos multitarefas", afirma Carlos Honorato, professor da FIA. Ao mesmo tempo em que estudam, são capazes de ler notícias na internet, checar a página do Facebook, escutar música e ainda prestar atenção na conversa ao lado. Para eles, a velocidade é outra. Os resultados precisam ser mais rápidos, e os desafios, constantes.

É mais ou menos como se os nascidos nas duas últimas décadas fossem um celular de última geração. "Eles já vieram equipados com a tecnologia wireless, conceito de mobilidade e capacidade de convergência", diz a psicóloga Tânia Casado, coordenadora do Programa de Orientação de Carreiras (Procar) da Universidade de São Paulo. "Usam uma linguagem veloz, fazem tudo ao mesmo tempo e vivem mudando de lugar." O analista Francis Kinder, de 22 anos, não permanece muito tempo fazendo a mesma coisa. "Quando as coisas começam a estabilizar fico infeliz", diz. "Meu prazo é três meses, depois disso preciso mudar, aprender mais."

Um estudo da consultoria americana Rainmaker Thinking revelou que 56% dos profissionais da Geração Y querem ser promovidos em um ano. A pressa mostra que eles estão ávidos para testar seus limites e continuar crescendo na vida profissional e pessoal. Essa vontade de se desenvolver foi apontada como fundamental para 94% dos jovens entrevistados pelos pesquisadores da FIA. Os dados refletem a intenção de estar aprendendo o tempo todo. Mas, dessa vez, o professor precisa ser alguém ético e competente.

"Esse ambiente onde qualquer um pode ser desmascarado com uma simples busca no Google ensinou aos mais novos que a clareza e a honestidade nas relações é essencial", afirma Ana Costa, pesquisadora da FIA. "Não consigo conviver com gente pouco ética ou que não cuida do ambiente onde vive", diz Felipe Rodrigues, 22 anos, estudante de administração. O sentimento do rapaz é compartilhado por 97% dos nascidos na mesma época, que afirmam não gostar de encontrar atitudes antiéticas ao seu redor, de acordo com os dados da FIA. "Chegou a hora dos chefes transparentes, alguém que deve ensinar. A geração passada enxergava os superiores como seres para respeitar e obedecer. Não é mais assim."

Mas, além de aprender com os superiores, eles sabem que também podem ensiná-los, em uma relação horizontal. Os jovens modernos funcionam por meio de redes interpessoais, nas quais todas as peças têm a mesma importância. "A Geração Y mudou a forma como nós interagimos", diz Ana Costa. "O respeito em relação aos superiores ou iguais existe, mas é uma via de duas mãos. Eles só respeitam aqueles que os respeitam, e veem todos em uma situação de igualdade", afirma.


VIDA PESSOAL EM PRIMEIRO LUGAR

Os sinais mais claros da importância que os jovens dão aos próprios valores começam a piscar no mundo do trabalho. Como seus funcionários, as empresas estão flexibilizando as hierarquias, agindo em rede, priorizando a ética e a responsabilidade. E, se no passado a questão era saber equilibrar a vida íntima com uma carreira, hoje isso não é nem sequer questionado: a vida fora do escritório é a mais importante e ponto final.

Uma oficina sobre carreiras com estudantes da Faculdade de Administração da USP mostrou que a prioridade da maioria deles é ter "estilo de vida", ou seja, integrar o emprego às necessidades familiares e pessoais - e não o contrário. "A grande diferença em relação às juventudes de outras décadas é que, hoje, eles não abrem mão das rédeas da própria vida", diz Tânia Casado. "Eles estão customizando a própria existência, impondo seus valores e criando uma sociedade mais voltada para o ser humano, que é o que realmente importa no mundo."

"VAMOS MUDAR O MUNDO!"

Nos últimos 60 anos, três gerações marcaram época e mudaram os valores e o jeito de a sociedade pensar. Agora é a vez da abusada Geração Y

TRADICIONAIS (até 1945)

É a geração que enfrentou uma grande guerra e passou pela Grande Depressão. Com os países arrasados, precisaram reconstruir o mundo e sobreviver. São práticos, dedicados, gostam de hierarquias rígidas, ficam bastante tempo na mesma empresa e sacrificam-se para alcançar seus objetivos.

BABY-BOOMERS (1946 a 1964)

São os filhos do pós-guerra, que romperam padrões e lutaram pela paz. Já não conheceram o mundo destruído e, mais otimistas, puderam pensar em valores pessoais e na boa educação dos filhos. Têm relações de amor e ódio com os superiores, são focados e preferem agir em consenso com os outros.

GERAÇÃO X (1965 a 1977)

Nesse período, as condições materiais do planeta permitem pensar em qualidade de vida, liberdade no trabalho e nas relações. Com o desenvolvimento das tecnologias de comunicação já podem tentar equilibrar vida pessoal e trabalho. Mas, como enfrentaram crises violentas, como a do desemprego na década de 80, também se tornaram céticos e super protetores:

Busca da Individualidade sem a perda da convivência em grupo.
Maturidade e escolha de produtos de qualidade.
Ruptura com as gerações anteriores.
Maior valor a indivíduos do sexo oposto.
Busca por seus direitos.
Respeito à família menor que o de outras gerações.
Procura de liberdade.

GERAÇÃO Y (a partir de 1978)

Com o mundo relativamente estável, eles cresceram em uma década de valorização intensa da infância, com internet, computador e educação mais sofisticada que as gerações anteriores. Ganharam autoestima e não se sujeitam a atividades que não fazem sentido em longo prazo. Sabem trabalhar em rede e lidam com autoridades como se eles fossem um colega de turma.

Estão sempre conectados.
Procuram informação fácil e imediata.
Preferem computadores a livros.
Preferem emails a cartas.
Digitam ao invés de escrever.
Vivem em redes de relacionamento.
Compartilham tudo o que é seu: dados, fotos, hábitos.
Estão sempre em busca de novas tecnologias.
Preocupação com os direitos humanos.
Preocupação com o meio ambiente.
Debatem e se organizam pela rede.

O SENHOR Y

Bruce Tulgan, 42, fundou uma consultoria e se dedica a estudar os jovens que estão entrando no mercado de trabalho. Seu último livro, Not Everyone Gets a Trophy: How to Manage Generation Y (Nem todo mundo ganha um troféu: como lidar com a geração Y, ainda sem edição brasileira), traça um perfil dessa nova geração.

* É lenda urbana ou de fato esses jovens não respeitam os superiores?

Tulgan: A geração Y respeita seus superiores, mas não cede de uma hora para outra. Ela não vê as relações em termos hierárquicos. O que eles querem dos chefes é oportunidade de aprendizado, responsabilidades e chances de melhorar o que fazem. Eles querem se afirmar e estão à vontade com os mais velhos - às vezes até um pouco à vontade demais.

* Isso é porque eles nasceram no que você chama de "década da criança"?

Tulgan: Talvez. Essa geração foi superprotegida, educada em uma época em que valorizar a auto-estima e fazer as crianças se sentirem bem era a linha dominante. O resultado foi a criação de uma mentalidade que é uma fonte inesgotável de energia, entusiasmo e inovação que, se não for bem conduzida, pode causar muitos problemas.

* E isso fez com que eles se tornassem mais individualistas?
Tulgan: Mesmo sendo altamente individualistas e focados nas próprias recompensas, têm uma profunda consciência social, preocupação com o meio ambiente e com os direitos humanos. A maioria tem valores morais muito fortes e tentam viver por eles.

Fonte: Revista Galileu

Secretário Hauly presta contas na ALEP

Nesta segunda-feira, durante sessão plenária da Assembleia Legislativa, às 14h30, acontece uma audiência pública com o secretário estadual da Fazenda, Luiz Carlos Hauly, que prestará contas do Poder Executivo referentes ao 3º quadrimestre de 2010. A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) determina que 30 dias após o término do quadrimestre o relatório fiscal esteja publicado em site oficial e que até 60 dias seja realizada a audiência pública de prestação de contas.

Hauly deverá abordar sobre a situação financeira do estado, que o governo Beto Richa (PSDB) herdou do antecessor.

O "maio de 68" do mundo árabe




O que ocorre no mundo árabe se assemelha ao levante jovem (ou seria juvenil?) de maio de 68. Os sindicatos participaram em mobilizações anteriores na Tunísia (onde a central sindical foi chamada à concertação) e Egito. Mas no restante, não se tem notícia alguma a respeito de outra organização oposicionista que não a de jovens que se articularam, em sua grande maioria, em redes sociais. Uma rebelião da Geração Y, que rejeita até a medula sistemas hierárquicos, preza a liberdade individual e as expressões culturais de cunho pessoal, inusitado, independente. As redes sociais são o reflexo desta geração. Por seu caráter libertário intimista, sofrem o mesmo que ocorreu em 68: mobilizam, mudam o modo de entender o mundo, mas por não aspirarem o poder, abrem espaço para o quase-novo (ou quase-antigo).

Fonte Blog de Esquerda em Esquerda

Segundo Rudá Ricci: "O lulismo odeia a participação popular"


Os oito anos do governo de Luiz Inácio Lula da Silva foram marcados por um processo de conciliação de interesses, e não de enfrentamento, defende o cientista político mineiro Rudá Ricci, professor da PUC-MG. “E um governo de conciliação parece de esquerda num país tão conservador como o Brasil”, afirma, em entrevista, o autor de “Lulismo - da era dos movimentos sociais à ascensão da nova classe média brasileira”.

Para Rudá, o lulismo é um “neogetulismo”, pois o primeiro recriou a mesma estrutura de poder do segundo, dando seguimento à modernização conservadora iniciada por Getúlio Vargas: “Uma modernização econômica sem mudar de maneira alguma a estrutura de poder”. Segundo o ex-militante petista, embora o lulismo tenha tirado 30 milhões de pessoas da pobreza, não gosta da participação popular. “É a visão sindicalista, de metalúrgico, que não gosta de participação, gosta de centralização, é muito pragmático”, sustenta. Para ele, o lulismo é muito claro, mas “as pessoas de esquerda não querem entender o que foi o lulismo”.

O cientista político também analisa o comportamento dos novos integrantes da nova classe C, que “são conservadores, tem medo de tudo, desconfiam de tudo que é público, não vêm muita utilidade na democracia”. Assim, acredita na possível emergência de um movimento de massa ultraconservador. “Há algumas movimentações nesse sentido”.

No entanto, o cientista político não vê apenas legados negativos do lulismo. Para ele, o grande mérito do governo Lula é que “ele fez o país se reencontrar consigo mesmo. O Brasil é uma potência, está cada vez mais evidente para todo mundo”, defende Rudá, que também elogia a política externa do ex-presidente: “A política entrou como centro da diplomacia brasileira para valer, e não como habilidade para fazer negócio. Pela primeira vez, a política não foi só para abrir mercado”.

Caros Amigos - O que é o lulismo e como ele se manifestou durante o governo Lula?

Rudá Ricci - O lulismo é um sistema de gerenciamento do Estado e de políticas públicas. Portanto, não é uma ideologia, não é um movimento. Ele moderniza economicamente, mas é conservador do ponto de vista político, o que a gente chama em ciência política de modernização conservadora. E ele se montou como nos EUA o fordismo se montou no século passado. Aliás, os dados de ascensão social no Brasil são muito parecidos com os dados da ascensão social dos E tados Unidos desse período. Eu acho que é um fordismo tupiniquim, com um Estado muito forte e centralizador. 65% do orçamento público está concentrado na execução da União. Os municípios brasileiros dependem, em sua maioria, de convênios estabelecidos com ministérios.

Ele usou como mecanismo de suporte social e desenvolvimento os recursos do BNDES, o PAC e as obras públicas e, com isso, conquistou o grande empresariado nacional.

Todos os grandes conglomerados têm financiamento com o BNDES. E, na outra ponta, há, principalmente no aumento real do salário mínimo, a grande política de ascensão social no Brasil. Depois dela, vem o crédito consignado e, depois, o Bolsa-Família, que tirou da pobreza mas não gerou uma grande ascensão social, principalmente para os pobres se tornarem classe média, classe C. E aí vem a base do lulismo.

E aí tem o suporte político. De um lado, a coalizão presidencialista, que é algo inédito no Brasil. O Getúlio Vargas até tentou montar algo, mas o Estado Novo acabou destruindo o que ele tentava forjar. Nós não tivemos na história republicana nenhuma situação parecida com a atual.
O Brasil desmontou o sistema partidário, criou uma coalizão de tipo parlamentarista e jogou a política do Brasil entre governistas e não governistas, mas não é qualquer governismo, é lulista ou não lulista. E os partidos de oposição estão completamente em frangalhos, tanto PSTU quanto Psol de um lado, que não conseguem nem somar com todos os partidos de esquerda 1% da intenção de voto nacional e de outro, à direita, o PSDB e o DEM; o primeiro num de seus momentos de maior tensão interna, a ponto de muitas lideranças falarem em refundação, e o segundo praticamente destruído com a saída do Gilberto Kassab. A última ponta é a do financiamento pelo Estado das organizações populares no país, principalmente as centrais sindicais.

Caros Amigos - Qual é a relação entre a emergência do lulismo e a institucionalização dos movimentos sociais surgidos na década de 1980, tratados no seu livro?

Os movimentos dos anos 1980 se basearam numa concepção anti-institucional, ou seja, nós acreditávamos, e isso vem do combate à ditadura, que todas as organizações públicas e autoridades eram ilegítimas. Acreditávamos que qualquer tipo de chamamento das autoridades para a participação das organizações populares na questão significaria cooptação. A legitimação das lideranças sociais nesse período se dava pela capacidade de mobilização, por isso que os líderes sociais dos anos 1980 eram carismáticos, tinham capacidade de retórica muito desenvolvida, falavam com emoção. A partir do final dos anos 1980 em diante, a esquerda começou a assumir gestões municipais, algumas estaduais e aí houve uma participação direta de muitos desses líderes.

E aí nós temos a primeira ruptura desse anti-institucionalismo. Isso se dá no final dos anos 1980 até 1994, e, depois disso, temos uma partidarização muito grande de todos os movimentos sociais no Brasil, e das organizações populares. E a terceira questão, que não é impacto, e s m causa, é que começa enfim o financiamento externo às pastorais sociais, a muitas ONGs, e começa a longa jornada que estamos vivendo até hoje no Brasil. Essas ONGs, ao prestarem serviço, começam a criar estrutura de gestão controversa, e hoje o gerente de projetos tem mais poder do que o diretor, às vezes.

Caros Amigos - O senhor afirma que o Lula finalizou a modernização conservadora iniciada pelo Getúlio Vargas. Como isso aconteceu?

O conceito de modernização conservadora é da sociologia e foi elaborado por um autor chamado Barrington Moore. Atualizando isso para o caso brasileiro, significa que se faz uma modernização econômica sem mudar de maneira alguma a estrutura de poder, ela é conservadora nesse sentido do poder. O Lula articulou todas as lideranças clientelistas do Brasil, assim como Getúlio fez isso.

A impressão que se dava do Getúlio era que ele estava atacando toda a base clientelista, dos coronéis, mas muitos deles foram recriados através do getulismo. O lula recriou a mesma estrutura de poder. A marca do getulismo e do lulismo é a conciliação de interesses e não o enfrentamento.

Um exemplo é que se tem o Ministério da Agricultura de um lado, tem o do Desenvolvimento Agrário do outro. Isso não é por acaso. Se o Getúlio criou a base da industrialização do país com um Estado organizado a partir de uma estratégia desenvolvimentista e gerou a urbanização acelerada do país, o Lula deu o passo final, que é a emergência de um merca o consumidor de massa, da organização do investimento dos empresários através do PAC.

Líbios criam conselho para governar cidades 'liberadas'


Os líderes do levante popular contra o regime do presidente Muamar Kadafi, há 41 anos no poder, anunciaram ontem a formação de um Conselho Nacional para administrar as cidades sob seu controle. Ele será composto por integrantes dos conselhos municipais das cidades "liberadas", ou seja, nas mãos dos opositores de Kadafi, que contam com a adesão de grande parte das Forças Armadas líbias.

O nome e o número dos integrantes do Conselho não foram definidos. Em entrevista à imprensa, o novo porta-voz do grupo, o advogado de direitos humanos Abdul Hafeed Thouga, disse que o Conselho não tem um "líder", que não se trata de um governo transitório e que não há previsão de eleições. "Não se pode falar nisso quando a capital do país ainda está nas mãos do regime", explicou Thouga em uma sala de audiência da Corte de Justiça de Benghazi, segunda cidade do país.

Respondendo a perguntas de jornalistas de veículos predominantemente estrangeiros - toda a imprensa líbia é estatal -, o advogado rejeitou a possibilidade de aceitar ajuda externa para derrubar o regime Kadafi, o mais longevo ditador no mundo árabe.

"Somos totalmente contrários a qualquer intervenção internacional", afirmou Thouga, falando em árabe, com tradução para o inglês. "O restante da Líbia será liberada pelos participantes da Revolução de 17 de fevereiro, e os remanescentes das Forças Armadas leais ao regime serão derrotados pelo povo."militar, em 1969.

Fonte: AE

Brasileiros que deixaram Líbia estão na Grécia

Os 148 brasileiros que saíram da Líbia já chegaram em Atenas, na Grécia, segundo confirmação do Ministério das Relações Exteriores.

O navio que transportou os funcionários da construtora Queiroz Galvão chegou ao porto de Pireu, na capital da Grécia, às 7h20 de hoje (27), no horário local, por volta de 2h do horário de Brasília.

O grupo deve seguir por volta das 8 horas de amanhã (28), horário local, para o Brasil, em um voo fretado pela construtora, segundo o Itamaraty, que ajudou os brasileiros dando assistência com a documentação necessária para o desembarque na capital grega e fornecimento da segunda via de passaporte e autorização de retorno ao Brasil. Os brasileiros estão hospedados em hotéis reservados pela construtora.

Todos os brasileiros estão bem e não há nenhum relato de atendimento a feridos, segundo o Itamaraty. Fora o grupo de Benghazi, não há mais brasileiros a serem retirados da Líbia, a não ser funcionários da chancelaria do País.

Fonte: AE

Brasil realiza o primeiro transplante de artéria

O aposentado Hamilton Bispo da Conceição, de 56 anos, foi o primeiro brasileiro a ser submetido a um transplante de artéria de doador falecido para evitar a amputação de sua perna direita - comprometida pela aterosclerose. A cirurgia, inédita no Brasil, foi realizada no Hospital São Paulo no final do mês de janeiro. "Depois de dez dias, o paciente saiu do hospital totalmente recuperado, sem dor e andando", afirmou José Carlos Baptista Silva, responsável pelo transplante.

Antes do procedimento, Conceição já não podia mais andar. Por causa da doença, passou os últimos meses tomando analgésicos potentes e dormindo sentado, com a perna levemente inclinada, para tentar aliviar a dor. "Queimava por dentro", diz. A doença atingiu sua perna direita, obstruiu quase completamente a principal artéria (femoral) e, por consequência, provocou a má circulação. A saída para o problema seria amputar a perna do joelho para baixo.

Conceição é ex-fumante e possui insuficiência renal crônica. "Tentamos todas as possibilidades de tratamento que existem, mas não deu certo. A solução drástica seria amputar a perna do paciente. Por isso, pensamos que o transplante seria uma boa alternativa", diz o médico.

A equipe entrou em contato com a Central de Transplantes do Estado, que localizou o doador - um menino de 17 anos. Conceição conta que não temeu os riscos da cirurgia. "Meu medo era perder a perna e ficar preso a uma cadeira de rodas para sempre."

Fonte: O Estado de S. Paulo.

Usuária de drogas mata traficante dentro de ônibus


Usando a arma que lhe foi entregue pelo traficante “para se defender”, Aline Cristina Teska Silva, 20 anos, usuária de drogas, matou o “patrão” com um balaço no peito.

O crime aconteceu no final da tarde de sábado, dentro do ônibus da linha Monte Santo, na Rua São Paulo, em Almirante Tamandaré. Ela estava sentada no último banco do coletivo e levava a filha de 3 anos e a bolsa com algumas peças de roupa, além de pequena quantidade de maconha, cocaína, 12 pedras de crack e R$300, resultado da venda do dia. Diego Fernando de Souza, 21, invadiu o ônibus e a agrediu com uma coronhada. Na reação, a jovem atirou.

Segundo a polícia, Diego era o principal traficante da região e Aline “trabalhava” para ele há pouco mais de um mês, vendendo drogas no varejo, para quitar uma dívida.

Ela estava sendo ameaçada de morte e tinha sido agredida algumas vezes. De acordo com o superintendente Job de Freitas, Aline já tinha avisado em casa que queria mudar de vida, mas precisava sair da região onde morava.

Diego queria que ela quitasse a dívida e entregasse o dinheiro das outras pedras que levava para vender. “O que sabemos é que ele, acompanhado de outros três rapazes, entraram no ônibus. Ele pulou a roleta com uma arma na mão, foi até Aline e deu uma coronhada nela, na frente da filha, que começou a chorar. Quando ele virou, ela apanhou a arma que estava na bolsa e disparou três tiros contra ele.O traficante morreu na hora”, contou Job.

O motorista parou o coletivo e a jovem, com um ferimento na cabeça, desceu carregando a filha aos prantos em um braço e no outro a bolsa. Ela fugia a pé, ainda com a arma do crime na mão.

Um soldado da Polícia Militar, que estava de folga, ouviu os tiros e viu a moça correndo. Foi atrás e conseguiu detê-la.”Ela estava com um ferimento na cabeça, provocado pela coronhada. Foi levada ao pronto socorro e em seguida à delegacia, onde foi atuada por homicídio e tráfico de drogas”, explicou o superintendente.

A arma e as drogas que ela levava na bolsa, bem como o dinheiro foram apreendidos. A filha de Aline foi levada para a casa dos avós paternos. Na delegacia Aline disse que só teve “uma chance’ e não desperdiçou. “Era ele ou eu. Se não tivesse atirado, estaria morta e minha filha órfã”, declarou. Diego era conhecido da polícia, com diversas passagens por delegacias, por diferentes crimes.

Fonte: Paraná online

PARANÁ, PMDB no divã

A Executiva Estadual do PMDB volta a se reunir hoje para definir o futuro do partido na Capital. A expectativa é em torno da participação do presidente municipal da sigla, Doático Santos, na reunião que avalia o pedido de dissolução do atual diretório, feito pelo deputado Reinhold Stephanes Júnior. Na semana passada, Doático admitiu inicialmente deixar o cargo, mas depois voltou atrás, acusando os parlamentares peemedebistas de tentarem um golpe para isolar o ex-governador Roberto Requião, e abrir caminho para o retorno ao partido do ex-deputado federal Gustavo Fruet (PSDB), que voltaria ao PMDB com a garantia de ser o candidato da sigla à prefeitura de Curitiba em 2012.

Fonte: Política em Debate

Saúde recebe mais recursos mesmo sem CPMF


Enquanto governadores, sobretudo do Nordeste, tentam articular a volta da CPMF - apesar dos sinais de que o Planalto não quer criar um novo tributo -, a análise dos valores destinados à Saúde no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixam um recado claro: o fim do "imposto do cheque" não afetou o crescimento nos repasses para o setor.

De 2003 a 2007, quando o tributo era cobrado, o orçamento do Ministério da Saúde - excluídos gastos com servidores inativos, pagamento da dívida e Fundo de Combate à Pobreza -, cresceu em média 6% ao ano. Já nos três anos seguintes - de 2008 a 2010 -, quando o governo não contava mais com os recursos da CPMF, o crescimento anual foi maior: média de 6,4%.

Enquanto o orçamento da União, em valores corrigidos pelo IPCA (índice oficial de inflação do governo), manteve-se relativamente estável ao longo do governo Lula, o montante destinado ao gasto com Saúde aumentou anualmente, no mínimo, no mesmo porcentual do Produto Interno Bruto (PIB).

No período em que o governo ainda contava com o dinheiro arrecadado pela CPMF, por duas vezes - 2004 (11,8%) e 2006 (8,3%) - o valor ultrapassou o mínimo estabelecido por lei. O aumento recorde foi em 2009, após o fim do imposto. Mesmo em meio à crise financeira que fez com que o PIB brasileiro diminuísse 0,6%, os recursos destinados à Saúde cresceram 14,7% em relação a 2008.

Fonte: O Estado de S. Paulo.


A desconstrução do SUS alimenta a corrupção

O Sistema Único de Saúde ou SUS – foi instituído pela Constituição Federal de 1988, e decorre de suas disposições que reconhecem a saúde como direito social; estabelecem ser dever do Estado garantir esse direito, mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e ao acesso universal e igualitário a ações e serviços de saúde; declaram ser de relevância pública essas ações e serviços; e determinam sua organização por meio de uma rede regionalizada e hierarquizada, constituindo um sistema único, sob diretrizes de descentralização, atendimento integral e participação da comunidade.

A construção desse novo sistema de saúde exigiu um novo arcabouço institucional e de financiamento, previsto pela Constituição de 1988 e pela Lei Orgânica da Saúde. No entanto, essa concepção, esse modelo, esse arcabouço institucional e esse esquema de financiamento passaram a ser paulatina e sistematicamente solapados, desde sua instituição, pela implementação, como políticas de governo, de um projeto político com objetivos exatamente opostos, quais sejam a restrição do papel do Estado e a expansão do setor empresarial e liberal privado de saúde, cujo principal objetivo é o lucro e não a saúde da população.
A construção do SUS dependeu, assim – e depende, ainda, – da resistência e da capacidade de articulação e atuação das forças sociais e políticas que conseguiram insculpir aqueles dispositivos na Constituição Federal, e de uma oposição diuturna às políticas de governo, posteriores a 88, não harmônicas com a política de estado e contrárias à implantação do SUS como manda a Lei Orgânica da Saúde.

A crise política atual deixa isso claro – mais do que uma opção ideológica, o desmonte do SUS é sustentáculo importante do sucesso do esquema de corrupção instalado nos governos. Sua origem em interesses espúrios – e não em ideologia – é demonstrável pelo fato de que esse desmonte vem sendo feito desde vários governos passados até os atuais, composto por uma frente amplíssima, capitaneada por vários partidos, e nisto se inclui até partidos que se dizem de esquerda.

A desconstrução do SUS tem, por características, a opção pelo descumprimento criminoso do papel do Estado em assegurar ações e serviços públicos de saúde para sua população e a adoção de artifícios para escamotear as determinações da Lei Orgânica de Saúde quanto à organização e ao funcionamento do sistema, especialmente no que se refere à gestão financeira.

O grande e exponencial crescimento, evidente desde a ditadura, do número de ações judiciais e reclamos nas ruas por parte da população pleiteando medicamentos, internação, leito de UTI, medicina preventiva e outras ações e serviços em todas as unidades federadas é a demonstração cabal da omissão das Secretarias de Saúde em organizar e prestar os serviços e ações de saúde de que necessita a população é, ao mesmo tempo, a expressão marcante da falta de compromisso político de seus integrantes com as questões da saúde da população.

Em relação à organização da maior parte do sistema, ela caracterizou-se pela adoção de soluções meramente formais que, na prática, caracterizam claro descumprimento das determinações da Lei Orgânica. Dessa forma, os planos de saúde – tornados obrigatórios pela Lei Orgânica e condicionantes das transferências federais – têm-se caracterizado por meras repetições retóricas de princípios constitucionais e legais, sem explicitação clara de ações, metas e recursos. Ao mesmo tempo, os Fundos de
Saúde transformaram-se em simples artifícios contábeis, já que os recursos da
Saúde - e de outras áreas - são repassados para “Fundões”, geridos sem a fiscalização direta das autoridades federais e estaduais de Saúde. Esses artifícios
têm permitido no destino a manipulação de recursos e sua destinação com a lógica dos
interesses da corrupção e não da Saúde.

Como os recursos de transferências federais têm destinação determinada esão objeto de controles mais rígidos, parte deles ficam abandonados nas contas do GDF sem a aplicação a que se destinavam ou são desviados para aplicações no mercado financeiro e uso de seus rendimentos para corrupção. Exemplo desse fato foi revelado, no ano passado, por auditoria realizada pelo Departamento Nacional de Auditoria do SUS no Programa Distrital de Controle do Dengue que evidenciou que apenas uma pequena porcentagem dos recursos federais destinados ao programa tinham sido executados e que a realização de ações de controle do vetor foi grandemente reduzida. Esses
fatos estão na origem da atual epidemia da doença que grassa por todo o Brasil.

O sucateamento da rede de serviços e a não execução de ações que vêm caracterizando as últimas gestões da maior parte dos Governos são parte da estratégia que permite dar suporte ao discurso oficial que defende a “insuficiência” da capacidade instalada do setor governamental frente à demanda e justifica a compra preferencial de serviços na rede privada (terceirização). Por outro lado, a terceirização, juntamente com os
investimentos não efetivados, permite gerar superávits que têm sido desviados para a corrupção.

A terceirização cada vez mais estendida de serviços – nutrição, informática, exames de laboratório, segurança – tem sido a estratégia mais importante do esquema. Com freqüência feita à revelia da Lei de Licitações, permite a negociação de contratos e o superfaturamento que dão campo fácil para o suborno e a cobrança de propina. Para piorar a situação, ela tem sido feita a um custo que permitiria, com folga, dotar os serviços públicos de condições para vir a realizar as ações de saúde, que estão sendo compradas, caso os investimentos fossem dirigidos para o setor público.

Esse modelo gerencial fragiliza a administração de serviços que “fica na mão” desses fornecedores, sendo freqüentes os atrasos de licitação, as quebras de contrato e o desabastecimento. Na crise atual, o fato alguns fornecedores de bens e serviços terceirizados por causa dos escândalos que explodem todos os dias estarem se recusando a continuar a pagar a propina acertada para os corruptos desmascarados interrompeu os pagamentos desses fornecedores e, da parte deles, por sua vez, interrompeu a prestação de serviços essenciais para o funcionamento de hospitais, centros de saúde e programas de controle de doenças, com um ônus enorme para a população que deles depende.

Tão grave quanto a corrupção dos dirigentes é a cooptação do empresariado médico local que ganha com o sucateamento da rede pública e a terceirização. Esses empresários não apenas se deixaram cooptar, como passaram a participar do esquema “por dentro”: nas últimas administrações, com muita freqüência, empresários médicos locais ocuparam cargos diretivos de alto escalão na Secretaria de Saúde, ao arrepio da lei e sem qualquer pejo ético. Nessas posições, as negociações são especialmente facilitadas pela dupla militância daqueles gestores que, em verdade, são sócios camuflados ou com interesses nem sempre explícitos nas empresas prestadoras dos serviços terceirizados.

Por fim, o mais escandaloso dessa situação toda talvez seja a manipulação das instâncias de controle social das políticas de saúde, do que constituem tristes exemplos a utilização, na administração passada, de recursos da saúde para outros fins alheios ao setor e a entrega para exploração pela iniciativa privada de Hospitais Públicos.

Diferentemente daquela que se dá em outros setores da vida pública, a corrupção na saúde tem pernas bem mais curtas: seu impacto sobre as condições de saúde da população e a qualidade do atendimento que lhe é prestado nos serviços públicos é imediato. A crise atual do sistema de Sáude está demonstrando esse fato, e permitindo que se desvendem as ramificações dos esquemas de corrupção sustentados por governantes, cujas ações políticas diferem dos propósitos e diretrizes legais da Reforma Sanitária brasileira.

Reconstruir o SUS não é apenas uma questão de cumprir a Constituição ou a Lei Orgânica da Saúde. Reconstruir o SUS-DF não é apenas uma questão de justiça social. Reconstruir o SUS-DF é uma forma efetiva de combater a corrupção – e prevenir o seu retorno.

A crise nacional na Saúde vem demonstrando que, mesmo dispondo de meios: instrumentos legais, rede instalada de serviços públicos, e recursos financeiros superiores, a implantação efetiva da Reforma Sanitária depende não apenas dos técnicos setoriais que a vem sustentando.
Ela depende fundamentalmente da ação política dos governantes e do compromisso destes dirigentes com o SUS, com a saúde e a qualidade de vida das populações que os elegeram.
Nestas circunstâncias, assegurar que a Reforma Sanitária brasileira se torne uma realidade e que o país venha a ter um nível de saúde pelo menos compatível com o seu desenvolvimento econômico, implica necessariamente em duas vertentes de atuação.

A primeira diz respeito à busca de uma articulação política efetiva do Movimento Sanitário, com os diversos segmentos da população organizada, para que, em conjunto, se possa vir a ter poder de influencia real na efetivação de políticas de saúde asseguradoras do aprofundamento da Reforma Sanitária. Trata-se, portanto, de uma atuação política.

A segunda, de ordem mais técnica, refere-se a uma retomada aos rumos iniciais do SUS, de forma a efetivar sua reconstrução. Em relação a isto, o ano de 2010, por ter sido ano eleitoral, poderia ter favorecido a possibilidade de articulações para que os diversos partidos adotassem em seus programas as diversas postulações necessárias à reconstrução do SUS, mas os discursos, nada estratégicos, não passaram de meras promessas eleitorais de cunho pontual eleitoreiro.


Reconstrução do SUS como estratégia contra a corrupção na saúde:


1. Atualização dos planos de Saúde e das correspondentes propostas orçamentárias, nos termos do que dispõem as leis, de tal forma que contemplem a atenção às necessidades de saúde da população dos estados e municípios e os investimentos necessários à recuperação da rede pública de saúde reformas e ampliações, novos equipamentos, qualificação profissional, medicamentos, contrataçãlo de pessoal etc.) ; feita de forma participativa; aprovação dos planos de saúde e propostas orçamentárias pelos Conselhos de Saúde.

2. Reforma dos Conselhos de Saúde, com instituição de presidências rotativas; qualificação da participação de usuários para assegurar representatividade e indicação livre de qualquer interferência governamental; e dotá-los de meios e assistência técnica adequada para assumir a função de controle social da execução dos planos de saúde.

3. Administração dos recursos orçamentários e financeiros destinados à saúde por meio do Fundo Distritais de Saúde (FDS); abandono da estratégia de “Fundão”; gerência do FDS pelos Secretários de Saúde; produção regular de relatórios de prestação de contas das gestões; controle social sobre a gestão financeira. Suspensão dos repasses federais para o estados e municípios até que se cumpram as determinações do referido art. 4º da Lei nº 8.142/90, como recomendado pelo Conselho Nacional de Saúde.

4. Descentralização real, com elaboração de planos de saúde próprios em cada regional / cidade; gestão autônoma e controle social; prioridade para a construção das respectivas redes hierarquizadas (art. 17, II da LOS) e pactuação e posterior cobrança de resultados em termos de impacto sobre a saúde da população do território correspondente.

5. Utilização máxima da capacidade instalada do setor público (art. 24 da LOS); investir na recuperação dos próprios distritais; dotar a rede pública dos recursos humanos e dos meios materiais suficientes à execução do plano de saúde e, sobretudo, reverter terceirizações e privatizações.

6. Aumentar a cobertura do Programa de Saúde da Família.

7. Impedir a ocupação de cargos de gestão na Secretaria de Saúde por proprietários, sócios e acionistas de empresas prestadoras de serviços para a Secretaria de Saúde(dar cumprimento ao que dispõe o § 4º do art. 26 da LOS)

Fonte: Texto baseado em documento elaborado pelo CEBES

Julgamento de morte de índio frustra Cimi




O Conselho Indigenista Missionário (Cimi), vinculado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), divulgou ontem nota manifestando indignação e preocupação com o resultado do julgamento de três dos acusados pela morte do cacique Marcos Veron, ocorrido em 2003, em Mato Grosso do Sul. Por decisão do tribunal do júri, na 1.ª Vara Federal Criminal de São Paulo, eles foram absolvidos da acusação de homicídio.

O júri aceitou, porém, parte das acusações feitas pelo Ministério Público Federal - o que levou à condenação de cada um dos acusados a 12 anos e 3 meses de prisão, por sequestro, tortura e formação de quadrilha. Por terem recebido habeas corpus preventivo do Supremo Tribunal Federal (STF), eles poderão recorrer da sentença em liberdade.

O julgamento, encerrado na noite de sexta-feira, em São Paulo, durou cinco dias. Ao se manifestar, a regional do Cimi em Mato Grosso do Sul disse: "A decisão que acolheu parcialmente as alegações do MPF, mas que não reconheceu a prática do crime de homicídio praticado contra o cacique e da tentativa de homicídio contra seus familiares, e o fato dos acusados poderem recorrer da sentença em liberdade, traz relevante indignação e preocupação desta entidade pela impunidade do fato e as consequências deste precedente".

O Cimi também diz que vai brigar pela reforma da sentença. Na avaliação da entidade, trata-se de um caso emblemático. "Que este julgamento signifique, ao menos, o início de uma fase de responsabilização e condenação dos culpados pelos vários outros assassinatos de lideranças indígenas em Mato Grosso do Sul."

O crime ocorreu no município de Juti. Os índios guaranis haviam ocupado uma fazenda, alegando que se tratava de terra indígena. Em seguida, foram ameaçados e espancados por quatro homens armados. O cacique, de 72 anos, morreu em decorrência do espancamento.

Um dos acusados está foragido. O dono da fazenda e outros 23 acusados ainda aguardam julgamento. O caso deveria ter sido julgado na região de Dourados, mas foi transferido para São Paulo, por solicitação do MPF, que alegou a impossibilidade de isenção dos jurados locais.

Surpresa. O procurador Luiz Carlos dos Santos Gonçalves, que atuou no julgamento, considera o resultado parcialmente satisfatório. "Ao condenar os três por tortura, sequestro e quadrilha armada, o júri deixou claro que o direito do índio não pode mais ser desrespeitado impunemente. Ficamos surpresos, porém, com o fato de não terem sido condenados por homicídio."

Santos deve recorrer, pedindo agravamento das penas, que considerou brandas. Do lado dos réus, o advogado Alexandre de Sá Domingues, que defendeu a tese, vitoriosa, da inexistência de provas para condenação por homicídio, também vai recorrer, pedindo o abrandamento das penas.

Fonte: AE


ENTREVISTA COM A FILHA DO CACIQUE ASSASSINADO

Clique na imagem e assista ao vídeo que retrata de forma emocionante o assassinato de Verón:




HISTÓRICO:

O caso Verón
11/05/2010 at 12:05 (Hermano de Melo)
Hermano de Melo*

O fato aconteceu na passagem do dia 12 para o dia 13 de janeiro de 2003, no acampamento indígena Takuara, localizado na fazenda Brasília do Sul, em Juti, sul de Mato Grosso do Sul, de propriedade do senhor Jacintho Honório Silva Filho. Quatro homens armados e empregados da fazenda – Estevão Romero, Carlos Roberto dos Santos, Jorge Cristaldo Insabralde e Nivaldo Alves Oliveira (foragido) – foram responsabilizados pelo crime, mas o proprietário, suspeito de ser o mandante, foi apenas indiciado. Segundo consta, eles ameaçaram, espancaram e atiraram nos líderes indígenas, incluindo Marcos Verón, que na época tinha 72 anos e morreu de traumatismo craniano. (Thiago Gomes/Correio do Estado, 03, 05,08/05/2010).

“Eles chegaram às 3 horas da madrugada de terça-feira, já atirando. Todo mundo correu para o meio do mato, a beira do rio, menos um filho meu de 11 anos, eu, meu pai e minha irmã, que estava grávida de seis meses. Tiraram a gente do barraco, puseram eu e meu e meu pai de joelhos e começaram a espancar nós dois, com chutes, coronhadas de espingarda e revólver. Aí me amarraram e queriam botar fogo em mim com gasolina. Fizeram um fogo e eu fiquei de lado, ardendo, tanto que depois no hospital o doutor disse que eu tava com queimadura de 2º e 3º graus. Meu pai continuou amarrado, e eles batendo o tempo todo com chutes e coronhadas. Aí chegaram outros com mais duas mulheres e duas crianças e começaram a espancar todo mundo. Nas crianças eles batiam de cinto. Aí puseram a gente numa caminhonete e levaram para beira de uma estrada. Bateram tanto na gente que eu desmaiei (…) Meu pai tava do lado, todo machucado, cheio de sangue. Consegui pegar uma carona até uma parte da estrada. Aí levei meu pai num carro da aldeia até o hospital de Dourados, mas ele já chegou praticamente morto. Só depois, na Polícia Federal, foi que avisaram que meu pai tinha morrido”. (Depoimento de LadioVerón Cavalheiro que na época tinha 37 anos, e conta como foi a morte do pai, Marcos Verón, na madrugada do dia 12 para o dia 13 de Janeiro de 2003) (Marta Ferreira/Campo Grande News, 19/04/2010).


MPF/MS: Julgamento histórico de morte de indígena acontece dia 21 em São Paulo

É a primeira vez que acusados pela morte de um indígena em Mato Grosso do Sul vão para o banco dos réus.

O julgamento dos três acusados pelo assassinato do cacique guarani-kaiowá Marcos Veron, ocorrido em janeiro de 2003 em Juti, no interior de Mato Grosso do Sul, acontece na próxima segunda (21), em São Paulo. A pedido do Ministério Público Federal (MPF), o Tribunal do Júri foi transferido de MS para SP para garantir a imparcialidade dos jurados e evitar que a decisão sofra influência social e econômica dos envolvidos no crime.

Pelo MPF, participam do julgamento, no Fórum Jarbas Nobre, na capital paulista, os procuradores da República Marco Antônio Delfino de Almeida, de Dourados, Rodrigo de Grandis e Marta Pinheiro de Oliveira Sena, de São Paulo, além do procurador regional da República Luiz Carlos dos Santos Gonçalves.

O julgamento é considerado histórico pois é a primeira vez que acusados pela morte de um indígena em Mato Grosso do Sul vão para o banco dos réus. Estevão Romero, Carlos Roberto dos Santos e Jorge Cristaldo Insabralde são acusados de homicídio duplamente qualificado por motivo torpe e meio cruel, tortura, seis tentativas qualificadas de homicídio, seis crimes de sequestro, fraude processual e formação de quadrilha. Outras 24 pessoas foram denunciadas por envolvimento no crime.

O júri foi suspenso em maio do ano passado, depois que o MPF abandonou o plenário, em protesto contra a decisão da juíza Paula Mantovani Avelino, da 1ª Vara Federal (SP), que iria designar intérprete apenas para os índios que não falam português. Para o MPF, o fato de um indígena compreender o que é perguntado não significa domínio completo do idioma e do universo simbólico que ele representa. Além disso, a ordem para que os índios falem apenas Português, sem auxílio de intérprete, viola convenções internacionais e a Constituição Federal.

Entenda o caso

Acampados na Fazenda Brasília do Sul, em Juti, região sul do estado, na área reivindicada por eles como Tekohá Takuara, os kaiowá sofreram ataques nos dias 12 e 13 de janeiro de 2003, de um grupo de trinta a quarenta homens armados que foram contratados para agredi-los e expulsá-los daquelas terras.

No dia 12, um veículo dos indígenas com 2 mulheres, um rapaz de 14 anos e 3 crianças de 6, 7 e 11 anos foi perseguido por 8 km, sob tiros.

Na madrugada do dia 13, os agressores atacaram o acampamento a tiros. Sete índios foram sequestrados, amarrados na carroceria de uma camionete e levados para local distante da fazenda, onde passaram por sessão de tortura. Um dos filhos de Veron, Ládio, quase foi queimado vivo. A filha dele, Geisabel, grávida de sete meses, foi arrastada pelos cabelos e espancada. Marcos Veron, à época com 73 anos, foi agredido com socos, pontapés e coronhadas de espingarda na cabeça. Ele morreu por traumatismo craniano.

Transferência do júri

Entre os motivos levantados pelo MPF para pedir a transferência do Tribunal do Júri de Dourados (MS) para a capital paulista estão o poder econômico e a influência social do proprietário da fazenda, Jacinto Honório da Silva Filho. Ele teria negociado com dois índios a mudança de seus depoimentos. Eles assinaram um documento em 2004 mudando a versão que deram ao crime, no dia seguinte ao assassinato, inocentando os seguranças contratados pelo fazendeiro. O fazendeiro teria tentado, inclusive, comprar o depoimento do filho do cacique assassinado, oferecendo-lhe bens materiais em troca da assinatura de um termo de depoimento já redigido.

O MPF citou as manifestações de juiz estadual contra os indígenas e contra o procurador da República do caso. Manifestações na Assembléia Legislativa sul-mato-grossense, condenando os acampamentos indígenas e relativizando a morte das lideranças, bem como opiniões desfavoráveis aos índios em diversos jornais do estado também foram juntadas ao processo, para mostrar que um júri federal realizado em qualquer subseção judiciária do estado teria viés contrário aos índios.

Este foi o terceiro caso de desaforamento interestadual do Brasil. Os dois primeiros ocorreram no julgamento do ex-deputado federal Hildebrando Pascoal. Dois de seus júris federais foram transferidos de Rio Branco (AC) para Brasília.

Referência processual na Justiça Federal de São Paulo -

nº 2003.60.02.000374-2.

Assessoria de Comunicação Social
Procuradoria da República em Mato Grosso do Sul

Líderes querem votar Comissão da Verdade até julho


Líderes de partidos aliados vão trabalhar para votar, neste semestre, o projeto de lei que cria a Comissão da Verdade, encarregada de aprofundar as investigações dos crimes cometidos durante o regime militar. A proposta é apontada como uma das prioridades dos governistas, principalmente dos parlamentares do PT.

"O ideal é votarmos a proposta como ela veio do Executivo", afirmou hoje o líder do PT na Câmara, Paulo Teixeira (SP). O projeto foi encaminhado ao Congresso Nacional pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na época, houve uma reação dos militares que temeram tratar-se de uma proposta revanchista. "O projeto já foi costurado com os Direitos Humanos, com a Defesa e a Justiça", observou Teixeira.

Em janeiro, quando tomou posse na secretaria de Direitos Humanos, a ministra Maria do Rosário comprometeu-se a acelerar a tramitação do projeto na Câmara e no Senado que trata da criação da Comissão da Verdade para apurar as circunstâncias das mortes e dos desaparecidos durante a ditadura.

Enviado em maio do ano passado para o Congresso, o projeto diz que a comissão tem por objetivo "promover a reconciliação nacional" e terá a função de "promover o esclarecimento circunstanciado dos casos de torturas, mortes, desaparecimentos forçados, ocultação de cadáveres e sua autoria, ainda que ocorridos no exterior".

Fonte: AE

GOVERNO LULA: Incra infla números de reforma agrária


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez mais pela reforma agrária do que todos seus antecessores juntos. É o que assegura uma série de números divulgada pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). São dados que impressionam à primeira vista, mas também causam polêmica: segundo especialistas, eles foram anabolizados.

Pelos números do Incra, 48,3 milhões de hectares de terras foram incorporados às áreas de assentamentos e 614 mil famílias ganharam lotes rurais no período de 2003 a 2010. Isso significa que Lula teria garantido 56% do total de 85,8 milhões de hectares incorporados à reforma agrária em toda a história. Mais do que isso: ele seria responsável, sozinho, por 66,4% do total de 924 mil famílias assentadas no País.

Na opinião do geógrafo Ariovaldo Umbelino de Oliveira, pesquisador e professor de pós-graduação da USP, esses números não refletem a realidade da reforma de Lula. Para chegar a ela, é preciso desdobrar os números.

Ao fazer isso com os dados acumulados de 2003 a 2009, Oliveira verificou que quase um terço (26,6%) das famílias assentadas por Lula é, na verdade, constituído por famílias que já viviam e produziam na zona rural, mas sem título de propriedade. O trabalho do governo foi dar-lhes o título e incluí-las nos programas de apoio à agricultura familiar. "É acertado atender essas famílias", diz o professor. "Mas o governo deve esclarecer que não foram assentadas pela reforma."

Oliveira observou que também foram adicionados à coluna de novos assentamentos casos de famílias que ocuparam lotes abandonados em áreas de reformas já existentes. Pelas suas contas, eles representam 38,6% do total: "Isso é reordenação fundiária e não deveria aparecer na coluna de novos assentamentos".

Famílias que já tinham propriedade e tiveram que ser transferidas de um local para outro, em decorrência da formação de lagos para hidrelétricas, também foram usadas para engrossar a lista de novos assentados.

Após depurar os números do Incra, o professor concluiu que os novos assentamentos representam apenas 34,4% do total registrado de 2003 a 2009. Aplicando essa taxa ao número divulgado agora, pode-se concluir que foram assentadas 211 mil novas famílias – e não 614 mil.

A polêmica se estende ao volume de terras incorporadas. Quando se desdobra o total de 48,3 milhões de hectares destinados à reforma agrária no governo Lula, verifica-se que somente 4,5 milhões (9,3%) foram obtidos com desapropriações de áreas particulares. O grosso das terras – 43,3 milhões de hectares – eram terras públicas, da União ou dos Estados, localizadas sobretudo na Região Norte. "Isso é colonização e não reforma agrária, uma vez que não altera a estrutura fundiária", diz Oliveira.

Reforma possível. Para outro estudioso, o professor Bernardo Mançano Fernandes, do Núcleo de Estudos, Pesquisas e Projetos de Reforma Agrária (Nera), da Unesp, uma das principais características da política de Lula foi justamente a substituição da desapropriação pela regularização de terras. "Não havia força política para se fazer a reforma agrária com ênfase na desapropriação de terras improdutivas", afirma.

Lula, segundo Fernandes, fez a reforma possível, beneficiando famílias que podiam perder suas terras por falta de títulos e de assistência do governo. Transferiu para o futuro, porém, o problema da concentração da propriedade rural. "Ele apenas adiou o conflito pela terra."

Fonte: AE

Guerra Civil: Líbios traçam tática de guerrilha para derrubar Kadafi na ''batalha de Trípoli''

"Não temos medo, não temos fome, não temos sede, não temos cansaço. Por muitos anos tivemos nossas cabeças na alça de mira de Muamar Kadafi. Agora chegou a hora da liberdade." A frase, dita por um rebelde líbio na noite de sexta-feira, enquanto dirigia em meio ao Saara, resume o estado de espírito dos insurgentes. Eles já dominam grande parte do interior da Líbia e preparam a tomada de Trípoli.

Reunidos às centenas em cada vilarejo, armados de fuzis AK-47 e espingardas de caça e comunicando-se por meio de rádios e celulares, os revoltosos coordenam ações para o que chamam de "batalha de Trípoli", o assalto simultâneo da capital nos próximos dias, com o qual pretendem encerrar os mais de 41 anos do regime de Kadafi.

A reportagem do Estado ingressou no oeste da Líbia, uma região que Kadafi ainda considera sob seu completo controle. A realidade é diferente do discurso oficial. Em diferentes cidades e vilarejos, grupos revoltosos abafam - pela dissuasão ou pela força, com um mínimo de vítimas possível - a resistência de tribos vizinhas ainda fiéis ao coronel.

Fonte:AE

REFORMA: “Distritão” e fim de coligação beneficiariam PT, PMDB e PSDB. Bancadas dos três maiores partidos cresceriam até 33%. Nanicos perderiam


O disparate do ''distritão''

Se é para adotar o "sistema eleitoral Tiririca", é melhor deixar tudo como está. Menina dos olhos dos oligarcas do PMDB, a pretendida modalidade leva o nome do palhaço que se elegeu deputado federal por São Paulo com 1,3 milhão de votos porque evitaria que pencas de outros candidatos da mesma legenda ou coligação se elegessem com as sobras dos sufrágios recebidos pelos companheiros puxadores de votos, como o campeoníssimo Tiririca, deixando de fora políticos mais bem votados de outros partidos. É assim que funciona o sistema proporcional de lista aberta, em vigor no Brasil desde 1945 e uma raridade no mundo das democracias.

O que o vice-presidente da República, Michel Temer, o presidente do Senado, José Sarney, e outros caciques e subcaciques peemedebistas oferecem no lugar dessa regra - no âmbito da reforma política que começa a ser discutida hoje no Congresso - é a que promoveria a eleição dos candidatos a deputado mais votados em seus Estados, sejam quais forem as siglas pelas quais concorreram. Os 70 parlamentares que representam São Paulo na Câmara Federal, por exemplo, seriam os que lideraram as preferências do eleitorado paulista. No já apelidado "distritão", portanto, os deputados passariam a ser eleitos como os senadores, pelo sistema majoritário.

A ideia corrobora o velho ditado que diz que todo grande problema tem uma solução simples, clara - e errada. Esta é pior do que errada: a sua eventual adoção levará ao retrocesso um sistema já crivado de vícios que distorce a manifestação política da população a que deveria servir. A Câmara dos Deputados que daí resultar será uma confraria de Tiriricas - não necessariamente iletrados, mas figuras salientes da indústria de entretenimento, com credenciais políticas inversamente proporcionais à sua popularidade nos auditórios e estádios.

Nas sociedades de massa, os nomes mais conhecidos e admirados pelas multidões são os ídolos em torno dos quais se organiza o seu lazer. Mas, ainda que fossem eles luminares da alta cultura ou ativistas das causas mais caras a uma coletividade, e por isso tivessem mais chances de se eleger que os políticos convencionais, o sistema não se tornaria menos personalista, ficando os partidos relegados à penumbra. Ora, por maior que seja o sentimento de desdém que possam provocar na opinião pública, são insubstituíveis como pilar da efetiva ordem política democrática.

Modelos eleitorais que favorecem o prevalecimento das personalidades sobre os partidos não só não asseguram necessariamente que as Câmaras legislativas venham a ser a tradução fiel da vontade da maioria expressa periodicamente nas urnas, como tornam o sistema de partidos refém dos presumíveis campeões do voto na composição de suas chapas. A discussão decerto não é abstrata. O PMDB deu de patrocinar o "distritão" por prever que a mudança lhe será vantajosa. O cálculo é que o tipo de candidato que o novo sistema tenderá a favorecer se abrigará preferencialmente nessa que é a agremiação mais enraizada no País, onde sempre cabe mais um, sobretudo quando se é alguém aos olhos da multidão.

Recentemente, o Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) recalculou como ficaria a Câmara dos Deputados se o pleito de 2010 para todos os cargos já tivesse transcorrido sob o sistema majoritário. Nessa hipótese, o PMDB, conquistando 88 cadeiras em vez das atuais 78, seria o principal partido na Casa. O PT, embora agregasse 3 cadeiras às suas atuais 88, seria desalojado do pódio. Outros partidos beneficiados seriam o PSDB, com 12 vagas a mais, e o DEM, com 7. Não é à toa que Sarney escolheu um velho adepto do distritão, o pepista Francisco Dornelles, presidente da comissão especial de reforma política do Senado.

Dê no que dê a reforma - por ora um balaio de disparatadas sugestões, muitas das quais não deveriam frequentar conversas de gente séria -, parece provável que ela acabará com as coligações para as eleições proporcionais. Se fosse para mudar uma única peça do processo eleitoral brasileiro, teria de ser esta, porque nenhuma outra rivaliza com ela em matéria de deformação da representatividade do voto e de cambalachos entre os partidos.

Fonte: Estadão


Tanto a adoção do modelo de eleição para vereador e deputado conhecido como “distritão”, no qual venceriam apenas os mais votados, quanto o fim das coligações partidárias beneficiariam as três maiores siglas na Câmara dos Deputados, PT, PMDB e PSDB. Simulação feita pelo Departa­mento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) com base nos resultados de 2010 mostra que a soma das bancadas das três siglas aumentaria entre 16% e 33% com as mudanças. Do outro lado, elas prejudicariam legendas médias como PP, PSB, PR e PDT e acabariam com a representação dos nanicos PSL, PHS e PRP.

Com o fim das coligações partidárias, o número de deputados petistas eleitos em 2010 subiria de 88 para 108. Já o PMDB se transformaria no partido mais representativo da Casa – saltaria de 78 para 109 cadeiras. Enquanto isso, a participação do PSDB aumentaria de 53 para 65 parlamentares.

Os tucanos seriam os principais beneficiados com o “distritão”, modelo que transforma as eleições proporcionais em majoritárias – ganham os candidatos com mais votos, independentemente da legenda. Se o sistema fosse adotado, eles ficariam com 65 deputados, contra 91 petistas e 88 peemedebistas. O PP, que atualmente é o quarto maior partido da Câmara com 44 deputados, perderia o posto para o DEM, que tem 43, com ambas as mudanças.

Com o fim das coligações, o PP cairia para 37 parlamentares. Com o “distritão”, para 41. Já o DEM, respectivamente, ficaria com 39 e 50 deputados. Juntas, as bancadas de PP, PSB, PR e PDT, que hoje somam 144 parlamentares, passariam a 128 com o fim das coligações e a 127 com o uso do “distritão”. A situação também pioraria para os partidos pequenos, com menos de 20 eleitos no ano passado. PSC, PPS e PRB perderiam com o fim das coligações e empatariam com o “distritão”, enquanto o PCdoB perderia nos dois casos. O PV ganharia com o fim das coligações, mas perderia com o “distritão”.

Influência

A simulação feita pelo Diap ajuda a entender o encaminhamento da discussão sobre a reforma política no Congresso Nacional. O presidente da comissão especial instalada no Senado na semana passada para discutir o assunto, Francisco Dornelles (PP-RJ), é um dos principais defensores do “distritão”. Outro padrinho da proposta é o vice-presidente da República e presidente licenciado do PMDB, Michel Temer.

“É uma proposta que vai na contramão do fortalecimento dos partidos, mas que cai muito bem para uma parte da elite política”, avalia o diretor de documentação do Diap, Antônio Augusto de Queiroz. Dornelles tem enfatizado que a sugestão corrige a principal distorção do sistema proporcional utilizado no Brasil – o eleitor vota pensando em eleger apenas o candidato escolhido, mas acaba beneficiando outros nomes da coligação. É o caso do deputado federal Tiririca (PR-SP), que fez 1,2 milhão de votos e ajudou a eleger outros quatro deputados de outros partidos.

“É uma proposta lógica e democrática porque parte daquilo que o eleitor pensa, e não os políticos”, defende o deputado paranaense André Zacharow (PMDB). Além de PP e PMDB, o PR já se manifestou a favor do “distritão”. A proposta também começa a atrair simpatizantes no PSDB, como o senador mineiro Aécio Neves, que já admite uma proposta mista.

Até o PT, que historicamente é favorável às listas fechadas (na qual o eleitor vota apenas no partido, que apresenta uma lista preordenada de candidatos), admite uma negociação. “Eu, particularmente, acho que as listas devem ser abertas, que o eleitor vota no partido, mas mantém um certo direito de escolha dos nomes. Uma solução mista também é interessante”, diz Angelo Vanhoni (PT-PR).

Para Queiroz, entretanto, os petistas não vão apoiar a proposta pura do “distritão”. “Mesmo que o PMDB consiga trazer o PSDB para o seu lado vai ser uma votação muito difícil. O PT é ainda o partido mais forte institucionalmente e não vai abrir mão disso.”

Segundo ele, a única maneira de transformar a eleição para vereador e deputado de proporcional para majoritária é por meio de uma proposta de emenda à Constituição, que exige maioria qualificada (três quintos do total) na Câmara e no Senado. Já a mudança para listas fechadas pode ser feita por projeto de lei, que exige maioria simples. A decisão será o ponto de partida para o restante da reforma.

Dela depende a proposta sobre uso exclusivo de financiamento público nas campanhas e a que trata do fim das coligações. Com o “distritão”, ambas estariam praticamente descartadas. “O ‘distritão’ não cabe no modelo de financiamento público. Além disso, privilegia as campanhas mais caras”, diz Queiroz.

Fonte: Gazeta do Povo


Trecho de Honoráveis Bandidos, de Palmério Dória

Capítulo 1
Estado de permanente sobressalto

Comemoração com cara de velório • Por que Roseana chora, se os outros aplaudem? • Tem sujeira por trás do impoluto jurista o Rolo justifi ca outro rolo e assim por diante • A qualquer momento nas páginas policiais

Estamos em 2009. Na data em que completa meio século de carreira política, aos 78 anos, o velho coronel comemora sem o menor sinal de euforia. Por certo pesam-lhe na memória as palavras de seu falecido amigo Roberto Campos, tão entreguista que lhe pespegaram o apelido de Bob Fields, ministro do Planejamento de Castelo Branco, primeiro general de plantão do governo militar:

"Certas vitórias parecem o prenúncio de uma grande derrota. É um amanhecer que não canta."

Deputado federal, governador do Maranhão, presidente da República, cinco vezes senador. E, no início desse ano pré-eleitoral, eis que em 2010 se dariam eleições presidenciais, ele chegava pela terceira vez à presidência do Senado. Mas tinha a sensação de que tudo aquilo que havia conquistado em meio século de vida pública podia estar por um segundo. Não foi de bom agouro a cena que se seguiu a seu discurso de pouco mais de cinco minutos, ao apresentar sua candidatura à presidência da Casa, naquela manhã de 2 de fevereiro, dia de festa no mar. Em sua fala, ele citou por sinal Nossa Senhora dos Navegantes, depois de se comparar a Rui Barbosa pela longevidade na vida pública e de proclamar que não houve escândalos em suas outras passagens no cargo. Esperava uma sessão rápida, mas, para sua inquietação, vários pares passaram a revezar-se para defender o outro candidato à presidência do Senado, o petista acreano Tião Viana, e aproveitaram para feri-lo. Assim, quando abriram a inscrição para os candidatos, ele pediu para falar. Queria dar a última palavra.

Marcado pela fama de evitar confrontos em plenário, fugiu a seu estilo e fez um pronunciamento duro. Um improviso daqueles que a gente leva um mês para preparar. Deixou claro que não gostou de ver Tião Viana posar de arauto da modernidade e higienizador da podridão que paira nos ares do parlamento brasileiro.

Depois de lembrar a coincidência de 50 anos antes, quando no dia 2 de fevereiro de 1959 assumia o primeiro mandato no Congresso como deputado federal, atacou:

"Não concordo quando se fala na imoralidade do Senado. O Senado é os que aqui estão. Reconheço que, ao longo da nossa vida, muitos se tornaram menos merecedores da admiração do país, mas não a instituição."

Então, pronunciou as palavras seguintes, que trazem os sinais trocados, pois tudo quanto você vai ler é tudo quanto o velho senador não é:

"Durante a minha vida, passei aqui nesta Casa 50 anos. Muitas comissões, vamos dizer assim, muitos escândalos existiram envolvendo parlamentares, mas nunca o nome do parlamentar José Sarney constou de qualquer desses escândalos ao longo de toda a vida do Senado." Disse mais: "A palavra ética, para mim, que nunca fui de alardear nada, é um estado de espírito. Não é uma palavra para eu usar como demagogia ou uma palavra para eu usar num simples debate."

A filha Roseana Sarney, senadora pelo Maranhão, do Partido do Movimento Democrático Brasileiro, o mesmo PMDB do pai, caminhava pelo plenário, muito nervosa. Estava em lágrimas quando o pai encerrou sua fala. Os oitenta pares o aplaudiram protocolarmente, mas um deles, de um salto pôs-se de pé e bateu palmas efusivas, acompanhadas do revoar de suas melenas. Tratava-se de Wellington Salgado, do PMDB mineiro, conhecido como Pedro de Lara ou Sansão.

Onde se encontravam os jornalistas de política nesse momento, que não registraram tal despautério? Pedro de Lara é aquela figura histriônica que roubava a cena no programa Silvio Santos como jurado ranzinza, debochado e falso moralista. E Sansão, o personagem bíblico que perdeu o vigor quando Dalila o traiu cortando-lhe a cabeleira.

Esta figura caricata pareceria um estranho no ninho em qualquer parlamento do mundo. Nascido no Rio, é dono da Universidade Oliveira Salgado, no município de São Gonçalo, e responde a processo por sonegação de impostos no Supremo Tribunal Federal. Conseguiu um domicílio eleitoral fajuto em Araguari, Minas Gerais, e praticamente comprou um mandato de senador ao financiar de seu próprio bolso, com 500 mil reais, uma parte da milionária campanha para o Senado de Hélio Costa, o eterno repórter do Fantástico da Rede Globo em Nova York.

Com a ida de Hélio para o Ministério das Comunicações de Lula, seu suplente Wellington então ganhou uma cadeira no Senado Federal, presente que ele paga com gratidão tão desmesurada, que separa da verba de seu gabinete todo santo mês os 7 mil reais da secretária particular do ministro. Nesse tipo de malandragem, fez como seu ídolo, colega de Senado Renan Calheiros, que vinha pagando quase 5 mil mensais para a sogra de seu assessor de imprensa ficar em casa sem fazer nada.

Mas o cabeludo senador chegou à ribalta em 2007, justamente como aguerrido integrante da tropa de choque que salvou o mandato de Renan Calheiros, então presidente do Senado e estrela principal do episódio mais indecoroso daquele ano, com amante pelada na capa da Playboy, bois voadores e fazendas-fantasma. O alagoano Renan, com uma filha fora do casamento, que teve com a apresentadora de tevê Mônica Veloso, bancava a moça com mesada paga por Cláudio Gontijo, diretor da construtora Mendes Júnior. Ao tentar explicar-se, Renan enredou-se em notas frias, rebanho superfaturado, rede de emissoras de rádio em nome de laranjas, enquanto Mônica mostrava aos leitores da revista masculina da Editora Abril a borboleta tatuada na nádega.

Durante 120 dias, enxotado pela mídia e pela opinião pública, Renan resistiu no cargo, suportando humilhações como o plenário oposicionista virando-lhe as costas no dia em que tentou presidir uma sessão. Esse era o Renan que, quase dois anos depois, no 2 de fevereiro de 2009 posaria vitorioso como articulador-mor da volta de José Sarney à presidência da Casa.

Quem diria, não? O José Sarney que já foi companheiro de um nacionalista respeitado como Seixas Dória, de um articulador do calibre de José Aparecido de Oliveira, de um jurista do porte de Clóvis Ferro Costa, todos três integrantes do grupo Bossa Nova, espécie de esquerda da União Democrática Nacional, a conservadora UDN, todos três ostentando o galardão de ter sido cassados pelo golpe militar de 1964, e sabe-se lá por quais artes só ele, Sarney, dentre os quatro amigos escapou da cassação, esse mesmo Sarney agora festejado pelo cabeludo sonegador e por uma das mais desmoralizadas figuras do cenário político brasileiro, Renan Calheiros, que tinha nos costados um inquérito com 29 volumes tramitando no Supremo.

Quer fechar o círculo direitinho? Em 2007, depois de absolvido pelo plenário em votação secreta e escapar da cassação por quebra de decoro parlamentar, na casa de quem Renan Calheiros comemorou a preservação do mandato? Na casa de seu salvador, Sarney, junto com outras figuras, como o deputado federal e ex-presidente do Senado Jader Barbalho, com know-how em renúncia para escapar de cassação; Romero Jucá, líder do PMDB no Senado; Edison Lobão, futuro ministro das Minas e Energia; e, claro, Roseana Sarney. Nesse festejo, no Lago Sul de Brasília, não se esqueceram de "homenagear" o senador amazonense Jefferson Peres. Esta fi gura íntegra do parlamento brasileiro, relator do caso Renan no Conselho de Ética, recomendou a cassação, pedida pelo povo brasileiro. Os convivas mimoseavam Jefferson a todo momento, referindo- se a ele como "aquele pobre relator".

Memorável dia 2 de fevereiro. Surpreendentes seriam as fotografias nos jornais do dia seguinte. Sarney de óculos escuros como os ditadores latino-americanos do passado, amparado pelo colega de PMDB Michel Temer, eleito presidente da Câmara, igualmente pela terceira vez. Barba e bigode. Este Michel Temer merece umas pinceladas.

 
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