quinta-feira, 10 de maio de 2012

CPI poderĂ¡ convocar mulher de Roberto Gurgel

Parlamentares da ComissĂ£o Mista de InquĂ©rito (CPMI) do Cachoeira cogitam a hipĂ³tese de convocar para depor a subprocuradora ClĂ¡udia Sampaio, mulher do procurador-geral da RepĂºblica, Roberto Gurgel. A convocaĂ§Ă£o de ClĂ¡udia dependerĂ¡ dos depoimentos previstos para hoje (10) na CPMI. Quando Gurgel recebeu em 2009 as informações que envolviam o senador DemĂ³stenes Torres (sem partido-GO) com o esquema do bicheiro Carlinhos Cachoeira, ele designou a ClĂ¡udia a tarefa de analisar a documentaĂ§Ă£o e abrir o inquĂ©rito. Ela, entĂ£o, Ă© quem teria segurado a investigaĂ§Ă£o. Dentro da comissĂ£o, a avaliaĂ§Ă£o Ă© que o depoimento na terça-feira (8) do delegado Raul Marquez Souza, responsĂ¡vel pela OperaĂ§Ă£o Vegas, fragilizou a posiĂ§Ă£o de Gurgel por conta do atraso na investigaĂ§Ă£o de DemĂ³stenes. Se os depoimentos marcados para hoje (10) forem na mesma linha, cresce a ideia de, para evitar a convocaĂ§Ă£o de Gurgel, chamar para depor sua mulher.


Nesta quinta, devem ocorrer os depoimentos do delegado Matheus Mella Rodrigues e dos procuradores da RepĂºblica Daniel de Rezende Salgado e Lea Batista de Oliveira, responsĂ¡veis pela investigaĂ§Ă£o da operaĂ§Ă£o Monte Carlo. A sessĂ£o serĂ¡ fechada, assim como foi do delegado Raul Alexandre Marques Sousa, responsĂ¡vel pela OperaĂ§Ă£o Vegas, considerada um embriĂ£o da Monte Carlo. Foi na primeira operaĂ§Ă£o que os policiais encontraram indĂ­cios de envolvimento de polĂ­ticos com Cachoeira.
Anteontem (8), o delegado informou aos integrantes da CPMI que a Vegas ficou inconclusa e que, desde 2009, nĂ£o teve resposta do MinistĂ©rio PĂºblico Federal. Quando começaram a aparecer os primeiros indĂ­cios de envolvimento do senador DemĂ³stenes Torres (sem partido, ex-DEM-GO) com o bicheiro, os investigadores remeteram o processo ao MPF. Caberia ao procurador-geral da RepĂºblica abrir um inquĂ©rito para investigĂ¡-lo. No entanto, isso nĂ£o aconteceu.
Gurgel, de acordo com o delegado Raul, enviou a documentaĂ§Ă£o para sua mulher, a subprocuradora ClĂ¡udia Sampaio. PorĂ©m, apĂ³s receber os autos, ela nĂ£o se pronunciou. NĂ£o mandou arquivar nem prosseguir com a investigaĂ§Ă£o. Assim, pode-se inferir que o atraso teria sido dela, e nĂ£o de Gurgel. “A convocaĂ§Ă£o da ClĂ¡udia vai depender do que disserem os procuradores. Se eles derem bons motivos para a investigaĂ§Ă£o nĂ£o ter continuado, a situaĂ§Ă£o de Gurgel e dela melhoram”, avaliou o deputado Fernando Francischini (PSDB-PR).
O pedido de convocaĂ§Ă£o pode partir do prĂ³prio PSDB, de acordo com o deputado tucano. A convocaĂ§Ă£o de ClĂ¡udia resolveria alguns problemas formais que poderiam ocorrer com Roberto Gurgel. Primeiro, hĂ¡ uma discussĂ£o sobre se a CPI teria poder para convocĂ¡-lo ou sĂ³ apenas para convidĂ¡-lo (um convite que ele pode recusar). No caso de ClĂ¡udia, nĂ£o hĂ¡ dĂºvida: a CPI pode convocĂ¡-la. O segundo problema Ă© que a convocaĂ§Ă£o poderia tornar Gurgel impedido de conduzir os inquĂ©ritos relacionados ao caso. O terceiro problema Ă© mais complexo: a exposiĂ§Ă£o de Gurgel Ă s vĂ©speras do julgamento do mensalĂ£o no Supremo Tribunal Federal. Em tese, nĂ£o sendo ele convocado, ficaria mais preservado. Mas a  convocaĂ§Ă£o de ClĂ¡udia poderia, da mesma forma, gerar o que alguns parlamentares de oposiĂ§Ă£o estĂ£o chamando de “tese do fruto proibido”: o fato de Eva ter dado a maĂ§Ă£ a AdĂ£o nĂ£o diminuiu a sua responsabilidade pelo pecado original. “Depois da reuniĂ£o, vamos nos reunir para decidir o que fazer”, informou Francischini.
A discussĂ£o na oposiĂ§Ă£o de alternativas para apurar a possĂ­vel leniĂªncia da Procuradoria Geral da RepĂºblica na apuraĂ§Ă£o do envolvimento de DemĂ³stenes surgiu apĂ³s o depoimento do delegado responsĂ¡vel pela OperaĂ§Ă£o Vegas. Raul disse aos parlamentares que de 2009 atĂ© a deflagraĂ§Ă£o da OperaĂ§Ă£o Monte Carlo, simplesmente nĂ£o houve resposta da Procuradoria Geral da RepĂºblica sobre o caso do senador goiano. Segundo o policial federal, nem decisĂ£o sobre quebra de sigilo bancĂ¡rio houve.
MensalĂ£o
Acuado, Gurgel ontem (9) voltou a disparar contra seus acusadores. Disse que sĂ£o pessoas que “morrem de medo do julgamento do mensalĂ£o”. “É compreensĂ­vel que algumas pessoas ligadas a mensaleiros tenham essa postura de querer atacar o procurador-geral. SĂ£o pessoas que, na verdade, aparentemente, estĂ£o muito pouco preocupadas com a questĂ£o do desvio de recursos e a corrupĂ§Ă£o”, disse Gurgel, no intervalo da sessĂ£o desta tarde no STF, de acordo com a AgĂªncia Brasil.
Para o deputado CĂ¢ndido Vaccarezza (PT-SP), o procurador-geral deveria se explicar “perante Ă  sociedade” e nĂ£o “fazer polĂ­tica”. “Ele precisa se explicar porque se comportou dessa forma. É uma postura desqualificada do Gurgel”, disparou. Vaccarezza, porĂ©m, nĂ£o defendeu a convocaĂ§Ă£o de Gurgel na CPI agora. “Seria muito cedo para isso”, avaliou. Ele garantiu que a bancada petista nĂ£o debate no momento a convocaĂ§Ă£o de Gurgel.
“O foco da CPI Ă© investigar uma organizaĂ§Ă£o criminosa e seus desdobramentos. Se ficar comprovado que Gurgel tem envolvimento com esta organizaĂ§Ă£o criminosa, vamos investiga-lo”, afirmou. Segundo Vaccarezza, a possibilidade maior, neste momento, Ă© de o partido fazer uma representaĂ§Ă£o pedindo a investigaĂ§Ă£o de Gurgel pelo Conselho Nacional do MinistĂ©rio PĂºblico (CNMP). (CF)

Bati no meu limite, nĂ£o posso apoiar o Rafael Greca, diz DoĂ¡tico Santos


Acompanho o Senador RequiĂ£o hĂ¡ muito tempo. 

Tenho atuaĂ§Ă£o dele como minha principal referĂªncia polĂ­tica. 

Por  mais de uma dĂ©cada, fui presidente do PMDB de Curitiba, conduzindo o partido de acordo com as orientações polĂ­ticas do senador, governador e senador.  Assim, recebi a filiaĂ§Ă£o de Rafael Greca Ă  nossa legenda. Assim, recebi o ex-prefeito como presidente da COHAPAR, ao qual fui diretor subordinado. Tenho meus limites. 
Fui preso e levado a PenitenciĂ¡ria do AhĂº, por tentar impedir o despejo de ocupantes da Ferrovila. AlĂ­ aprendi o que sĂ£o lĂ¡grimas do coraĂ§Ă£o. Tudo isso, por obra do senhor Rafael Greca. Me submeti Ă  autoridade do governador e estive na companhia de habitaĂ§Ă£o, presidida pelo ex-prefeito. Agora, deparado com a propositura do RequiĂ£o  de apresentar Rafael Greca como candidato a prefeito de Curitiba, dou-me o direito a rebeldia. 

NĂ£o! NinguĂ©m me verĂ¡ nas ruas pedindo votos para o Greca. 

Estarei, isto sim, defendendo a coligaĂ§Ă£o com o PSB do prefeito Luciano Ducci. Por uma Curitiba social e popular. 

DoĂ¡tico Santos – SecretĂ¡rio Geral do PMDB de Curitiba.


SĂ³ o RequiĂ£o nĂ£o aprendeu com o passado:



  

O MaranhĂ£o e o Brasil perdem Neiva Moreira


Robert Lobato

ex-deputado federal e jornalista Neiva Moreira, 95 anos, um dos grandes nomes do cenĂ¡rio politico do paĂ­s, morreu nesta madrugada de quinta-feira (10/05) por vota de 1h em SĂ£o Luis. Neiva estava internado no Hospital UDI, apĂ³s complicações respiratĂ³rias.

O corpo do velho combatente trabalhista serĂ¡ veleado na sede estadual do PDT a partir das 10h. O sepultamento estĂ¡ previsto para Ă s 16h no cemitĂ©rio do GaveĂ£o.
Com o seu falecimento, Neiva Moreia sobe para o andar de cima para encontrar-se com amigos pedetistas de longas datas como Leonel Brizola, Darcy Ribeiro e Jackson Lago.
Ă€ famĂ­lia, amigos e Ă  militĂ¢ncia pedetista maranhenses os mais sinceros sentimentos de pesar do blog.
Abaixo, homenagem da companheira de Neiva Moreira “por quase trĂªs dĂ©cadas de caminhada”, Beatriz Bissio.
NEIVA MOREIRA POR BEATRIZ BISSIO
Beatriz Bissio
Acabo de saber por minha filha Micaela que o Neiva Moreira – seu pai, meu companheiro de caminhada por quase trĂªs dĂ©cadas – estĂ¡ internado no Hospital SĂ£o Domingos, em SĂ£o Luis, e que o seu estado inspira muitos cuidados.
Escrevo para aliviar o meu sentimento de dor diante do quadro, diante de um desenlace que sabemos que um dia chegarĂ¡, mas diante do qual todos sentimos a mesma impotĂªncia e perplexidade.
Um deselace que nos abre tantos interrogantes sobre o sentido da vida e da morte, e nos coloca a necessidade de fazer balanços e retrospectivas…
Nestos momentos a pergunta que mais martela na miha cabeça Ă©: qual deveria ser a puniĂ§Ă£o por matar um sonho? Que pena merece quem nos tira o sonho que nos alimenta a vida?
Pode parecer a primeira vista uma pergunta pouco pertinente, mas nĂ£o Ă©. Quem conhece o Neiva sabe de seu amor ao MaranhĂ£o; sabe que o MaranhĂ£o foi o eixo em torno do qual ele teceu a sua vida pĂºblica e sua militĂ¢ncia polĂ­tica.
Quando eu o conheci, no exilio do Uruguai, entre as primeiras coisas que fez questĂ£o de me apresentar do Brasil estavam o doce de buriti e o guaranĂ¡ Jesus – que ele recebia atravĂ©s das visitas anuais de sua irmĂ£ Gel, do filho Antonio Luis e da sobrinha MemĂ©lia – e a “CanĂ§Ă£o do ExĂ­lio”, do poeta maranhense Gonçalves Dias, que ele recitava como se fosse de sua autoria, tal a identificaĂ§Ă£o que sentia com aqueles versos, principalmennte com os que enfatizava sempre:
“NĂ£o permita Deus que eu morra, sem que eu volte para lĂ¡”… Minha terra tem palmeiras, Onde canta o SabiĂ¡; As aves, que aqui gorjeiam, NĂ£o gorjeiam como lĂ¡.(…) NĂ£o permita Deus que eu morra, Sem que eu volte para lĂ¡; Sem que desfrute os primores Que nĂ£o encontro por cĂ¡; Sem qu’inda aviste as palmeiras, Onde canta o SabiĂ¡.
Quando finalmente o Neiva voltou do exĂ­lio, apĂ³s a anistia, fez questĂ£o de optar por uma conexĂ£o aĂ©rea no mĂ­nimo exĂ³tica, com uma escala no Amazonas, para viajar diretamente do MĂ©xico ao MaranhĂ£o, sem passar primeiro pelo Rio nem por SĂ£o Paulo…
Essa devoĂ§Ă£o ao MaranhĂ£o, que sonhava democrĂ¡tico e livre!, livre da pesada carga que lhe tinham imposto gerações de polĂ­ticos elitistas e corruptos, contra os quais ele sempre se insurgira, primeiro como jornalista e, depois, como polĂ­tico que representava uma renovaĂ§Ă£o na atrasada geografia polĂ­tica local, teve um desfecho feliz quando Neiva Moreira entrou ao PalĂ¡cio dos Leões, em janeiro de 2007. Pelo braço do amigo, irmĂ£o, companheiro de lutas, Jackson Lago e das forças polĂ­ticas que o tinham conduzido Ă  vitĂ³ria, Neiva Moreira recebia a mais clara demonstraĂ§Ă£o de que a sua vida de luta – a prisĂ£o, o exĂ­lio – tinham valido a pena. As sementes de rebeldia que ele tinha ajudado a plantar estavam dado frutos…
Jackson Lago nomeou Neiva Moreira o seu assessor especial e o colocou perto dele, no PalĂ¡cio dos Leões, numa sala por onde passavam prefeitos, deputados, amigos, correligionĂ¡rios, e atĂ© adversĂ¡rios polĂ­ticos, que ele sempre atendia prontamente e ouvia com extrema paciĂªncia, buscando encaminhar da melhor forma possĂ­vel as suas reivindicações, sugestões ou mesmo crĂ­ticas.
Vieram depois dias tenebrosos e inesquecĂ­veis: a canalhice e a mesquinharia, a corrupĂ§Ă£o e a mentira tomaram conta dos destinos do MaranhĂ£o. Mais uma vez, o Neiva acompahou a resistĂªnci. Mesmo com a saĂºde jĂ¡ debilitada, esteve no PalĂ¡cio dos Leões, resistindo junto ao amigo e irmĂ£o Jackson Lago, atĂ© o desfecho.
Quando saĂ­mos do PalĂ¡cio dos Leões, acompanhando Jackson Lago, naquele dia que ficarĂ¡ para sempre gravado na nossa memĂ³ria e que s historiadores do futuro chamarĂ£o DIA DA VERGONHA – porque um governador dignamente eleito foi tirado do cargo em nome da lisura eleitoral pelo grupo polĂ­tico que mais pisoteou na histĂ³ria deste paĂ­s todo o que pode ser lisura!!!! – eu tive a nĂ­tida sensaĂ§Ă£o de que aquilo que para qualquer um de nĂ³s era um dia profundamente doloroso, para o Neiva era como uma sentença de morte! Senti que muitos de nĂ³s talvez teriamos tempo, ainda, de ver germiar as sementes da rebeldia e de ver o povo do MaranhĂ£o dando a sua resposta a esse ato covarde que teve a chancela da Justiça.
Mas, senti que para o Neiva o tempo nĂ£o era o mesmo e que ele percebia isso nitidamete. Do alto de seus mais de 90 anos, ele sabia que dificilmente chegaria a ver o dia em que novamente o povo do MaranhĂ£o tomaria o destino nas suas mĂ£os.
De lĂ¡ para cĂ¡, o Neiva mergulhou nas lembranças do passado, buscando nelas o alivio para o peso do presente. Voltou a viver com intensidade os anos de juventude, as lutas que ele protagonizou junto a homens e mulheres que tanta falta nos fazem hoje – Brizola, Dona Neuza, Darcy Ribeiro, JoĂ£o Goulart, Edmundo Moniz, Luiz Carlos Prestes, Maria AragĂ£o, BrandĂ£o Monteiro, Doutel de Andrade, Lysaneas Maciel, e tantos outros que jĂ¡ nĂ£o estĂ£o mais entre nĂ³s e que semearam este pais de sonhos de futuro.
Ao tirar o mandato do Jackson Lago, o grupo de forças polĂ­ticas do MaranhĂ£o que representa o atraso estava tirando do Neiva o sentido de sua vida! Tinham apunhalado o seu maior sonho: o de viver para ver o novo MaranhĂ£o germinar!! E, sem alimento para a sua alma inquieta, ele começou a definhar…
Diante da notĂ­cia de seu estado de saĂºde, esta foi a forma que encontrei de prestar-lhe homenagem!
Querido Neiva: seu sonho nĂ£o morrerĂ¡!NĂ³s nĂ£o vamos esquecer as suas lições de vida e continuaremos a lutar por seus ideais.

Papa Paulo VI e o inesperado presente dado pelo Jango


Na coroaĂ§Ă£o do papa Paulo VI, em 1963, cada chefe de Estado presente Ă  cerimĂ´nia entregou uma pequena e nada singela lembrança ao Sumo PontĂ­fice. O entĂ£o presidente JoĂ£o Goulart deu-lhe um elaborado estojo de madeira para as joias do Vaticano. O lĂ­der espiritual da Igreja CatĂ³lica pareceu ficar muito satisfeito com a caixa. Mal sabia ele que Manuel Oliveira, o marceneiro responsĂ¡vel pela obra, tinha feito uma pequena brincadeira. Por trĂ¡s do forro, gravou a foice e o martelo e embaixo a inscriĂ§Ă£o: “Viva o Partido Comunista”. (Revista HistĂ³ria)

Corpo do tupaense Osvalmir Carrasco Melati JĂºnior, delegado chefe do Grupo Aeropolicial e piloto do helicĂ³ptero que caiu em GoiĂ¡s, Ă© identificado


O corpo do piloto e delegado chefe do Grupo Aeropolicial, Osvalmir Carrasco Melati JĂºnior, que estava no helicĂ³ptero que caiu em GoiĂ¡s nesta quarta-feira (9), foi identificado. Ă€s 9h desta quinta-feira (10), o corpo jĂ¡ havia sido liberado do IML (Instituto MĂ©dico Legal). A identificaĂ§Ă£o foi feita por meio da arcada dentĂ¡ria, jĂ¡ que estava carbonizado.

AlĂ©m dele, o  corpo do delegado-titular de IporĂ¡ (GO), VinĂ­cius Batista da Silva, foi reconhecido. Ele foi enterrado Ă s 16h no cemitĂ©rio Jardim das Palmeiras, na capital nesta quarta-feira (9). Ainda faltam seis corpos a serem identificados

Os oito corpos das vĂ­timas da queda do helicĂ³ptero da PolĂ­cia Civil foram retirados do local do acidente no inĂ­cio da tarde desta quarta-feira (9). Segundo a Secretaria de Segurança PĂºblica, eles serĂ£o levados ao IML (Instituto MĂ©dico Legal) de GoiĂ¢nia para identificaĂ§Ă£o.

O corpo do delegado-titular de IporĂ¡ (GO), VinĂ­cius Batista da Silva, foi o Ăºnico jĂ¡ reconhecido. Ele serĂ¡ enterrado Ă s 16h no cemitĂ©rio Jardim das Palmeiras, na capital. Ele foi removido ainda durante a manhĂ£.

Durante a queda, pedaços da aeronave se soltaram. Destroços foram encontrados a 300 m do local do acidente, que ocorreu na terça-feira (8), prĂ³ximo Ă  cidade de Piranhas, a 325 km de GoiĂ¢nia. A aeronave saiu de da capital de GoiĂ¡s em direĂ§Ă£o Ă  DoverlĂ¢ndia, onde aconteceu a segunda reconstituiĂ§Ă£o da chacina que deixou sete mortos. De acordo com a polĂ­cia, ela caiu quando voltava para a capital goiana.
Estavam na aeronave o suspeito de participaĂ§Ă£o na chacina Aparecido Souza Alves; o delegado-superintendente da PolĂ­cia JurĂ­dica, AntĂ´nio Gonçalves Pereira dos Santos; o delegado chefe-adjunto do Grupo Aeropolicial, Bruno Rosa Carneiro; o delegado chefe do Grupo Aeropolicial, Osvalmir Carrasco Melati JĂºnior; o delegado titular da delegacia Estadual de RepressĂ£o Ă  Roubo de Cargas, Jorge Moreira da Silva; o delegado titular da delegacia de IporĂ¡, Vinicius Batista da Silva; e os peritos criminais Marcel de Paula Oliveira e Fabiano de Paula Silva.
RevisĂ£oO helicĂ³ptero que caiu passou por revisĂ£o na segunda-feira (7). Por causa dessa manutenĂ§Ă£o, a simulaĂ§Ă£o do crime — que estava marcada para ocorrer na segunda — sĂ³ pode ser retomada na manhĂ£ da terça-feira. A aeronave foi a mesma usada na primeira reconstituiĂ§Ă£o, realizada na semana passada. O modelo do helicĂ³ptero Ă© o chamado Koala.
O suspeitoAparecido Souza Alves era o Ăºnico suspeito que havia confessado ter participado da chacina que deixou sete pessoas mortas. A polĂ­cia diz acreditar que mesmo com as contradições no depoimento de Alves, nĂ£o hĂ¡ dĂºvida da participaĂ§Ă£o dele no crime. O que Ă© investigado agora Ă© a motivaĂ§Ă£o da chacina e quem sĂ£o os outros participantes. O suspeito chegou a afirmar que recebeu R$ 50 mil pelas mortes. Em seguida, disse que matou por vingança.

A polĂ­cia passou a trabalhar com trĂªs hipĂ³teses para os assassinatos. A primeira seria de que o suspeito tenha recebido R$ 50 mil para cometer o crime. A segunda seria de que ele quis matar por vingança, depois de ter sido demitido pelo dono da fazenda.

A terceira, e a mais provĂ¡vel na visĂ£o da delegada, seria de que um mandante propĂ´s pagar Alves pelas mortes e ele teria aceitado por estar com raiva. Todos os nomes citados pelo suspeito estĂ£o sendo investigados, mas todos negam a participaĂ§Ă£o no crime.


Assista ao vĂ­deo:





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    Caso Cachoeia: “Era uma verdadeira metĂ¡stase”, classificou o delegado

    O delegado da PolĂ­cia Federal Raul Alexandre Marques Sousa classificou na noite de terça-feira, no depoimento reservado Ă  CPI do Cachoeira, como “verdadeira metĂ¡stase” a atuaĂ§Ă£o do grupo comandado pelo contraventor. Nas seis horas de reuniĂ£o com os parlamentares, Sousa detalhou a forma de agir do grupo, que, aos moldes das mĂ¡fias, pagava regularmente propina a servidores pĂºblicos por informações e nĂ£o admitia que os integrantes se apropriassem de recursos do esquema de jogos ilegais.
    Segundo parlamentares que acompanharam o encontro, Sousa afirmou que a OperaĂ§Ă£o Vegas, que comandou, teve 55 alvos entre 2008 e 2009. Foram realizadas 61.803 ligações, num total de 1. 388 horas de gravaĂ§Ă£o durante os 60 dias de interceptações telefĂ´nicas autorizadas pela Justiça. Isso dĂ¡, nas contas do delegado, 1.030 ligações feitas por dia. O chefe do esquema, Carlinhos Cachoeira, teve 234 horas de conversas interceptadas, uma mĂ©dia de quatro horas diĂ¡rias no perĂ­odo.
    Segundo Sousa, o “grupo poderoso”, principalmente seu lĂ­der Carlinhos Cachoeira, tinha grande preocupaĂ§Ă£o com o vazamento de informações. Por precauĂ§Ă£o, Cachoeira sempre trocava de telefones. O delegado admitiu aos integrantes da comissĂ£o que essas constantes trocas dificultavam a continuidade das apurações. Mas a sorte virou quando o grupo passou a usar os famosos Nextel. Esses aparelhos nĂ£o sĂ£o imunes Ă  interceptaĂ§Ă£o dos Ă¡udios, apenas os registros das ligações sĂ£o apagados.
    Direto do escritĂ³rio
    “Era uma verdadeira metĂ¡stase”, classificou o delegado. Na ocasiĂ£o, as investigações jĂ¡ mostravam a relaĂ§Ă£o de Cachoeira com a empreiteira Delta. O contraventor jĂ¡ foi visto despachando matĂ©rias no escritĂ³rio da Delta em GoiĂ¢nia, onde atuava ClĂ¡udio Abreu. Cachoeira tambĂ©m, segundo indicaram as escutas telefĂ´nicas, tinha interesse na compra de bens em Miami. Mas, no depoimento, o delegado disse que a movimentaĂ§Ă£o do grupo nĂ£o conseguiu ser mapeada porque nĂ£o foi pedida a quebra do sigilo bancĂ¡rio do contraventor e das empresas do grupo.
    O delegado disse que a apuraĂ§Ă£o da PF parou no momento em que apareceram as conversas com parlamentares com prerrogativa de foro, como o senador DemĂ³stenes Torres (sem partido, ex-DEM-GO). O caso foi remetido ao procurador-geral da RepĂºblica, Roberto Gurgel, em meados de 2009. Mas a mulher dele, a subprocuradora ClĂ¡udia Sampaio, avaliou que nĂ£o havia indĂ­cios suficientes para que a apuraĂ§Ă£o contra essas autoridades continuasse no Supremo Tribunal Federal (STF).
    “NĂ£o tenho conhecimento de devoluĂ§Ă£o para a primeira instĂ¢ncia”, respondeu o delegado, quando perguntado por um parlamentar se soube da volta do inquĂ©rito da OperaĂ§Ă£o Vegas. Ele disse ter colaborado posteriormente com a OperaĂ§Ă£o Monte Carlo, que acabou por prender, em fevereiro passado, Cachoeira e seu grupo. (AE)

    STF LIBERTA BICHEIRO QUE FOI TORTURADOR DA DITADURA


    Por Celso Lungaretti
    Momento da detenĂ§Ă£o, em
    2007; acaba sempre saindo.
    Ele foi toi um dos principais torturadores da PE da Vila Militar (RJ), unidade na qual morreu assassinado, no final de 1969, o militante Chael Charles Schreier, 23 anos, companheiro de Dilma Rousseff na VAR-Palmares.

    Ele Ă© citado nos testemunhos de outros presos como autor de alguns dos chute e pontapĂ©s que causaram a morte de Schreier por “contusĂ£o abdominal com rupturas do mesocĂ³lon transverso e mesentĂ©rio, com hemorragia interna”.

    Foi  surpreendido, com outros integrantes da sua equipe de torturadores, tentando roubar a carga de contrabandistas aos quais eles achacavam habitualmente.

    Estigmatizado no prĂ³prio ExĂ©rcito, iniciou nova carreira como bicheiro em NiterĂ³i.

    Foi  vĂ¡rias vezes preso como chefĂ£o do jogo do bicho e dos bingos.

    É acusado de pertencer a grupos de extermínio do Espírito Santo.

    Acaba de ser libertado pelo Supremo Tribunal Federal, que conseguiu enxergar motivos para conceder a um cidadĂ£o com tal prontuĂ¡rio o direito de aguardar em liberdade o julgamento do seu  recurso contra a condenaĂ§Ă£o a 48 anos de detenĂ§Ă£o que lhe foi imposta pela juĂ­za Ana Paula Vieira de Carvalho, da 6ª Vara Federal Criminal do RJ, como consequĂªncia da  OperaĂ§Ă£o FuraĂ§Ă£o, deflagrada pela PolĂ­cia Federal em 2007.

    Seu nome, claro, Ă© Ailton GuimarĂ£es Jorge, vulgo  CapitĂ£o GuimarĂ£es.

    A decisĂ£o de emporcalhar as ruas do Rio, infelizmente, partiu do ministro Marco AurĂ©lio Mello, de atuaĂ§Ă£o muito digna em casos como o de Cesare Battisti e do garoto Sean, que Gilmar Mendes trocou por um subsĂ­dio a exportadores. Depois de muitas no cravo, Mello acaba de acertar uma na ferradura --e das piores!

    Para ele, como a sentença Ă© de primeiro grau, cabe recurso. EntĂ£o, o rĂ©u ainda disporia do benefĂ­cio da dĂºvida, jĂ¡ que o processo nĂ£o transitou em julgado.  Mas, atĂ© este rĂ©u?!

    O  CapitĂ£o GuimarĂ£es  foi um dos 25 contraventores  que a PF acusou hĂ¡ cinco anos de explorarem jogos de azar no PaĂ­s, inclusive subornando membros do Executivo, Legislativo e JudiciĂ¡rio.

    Schreier Ă© da fase em que o CapitĂ£o
    GuimarĂ£es assassinava resistentes
    Presidente da Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro, ele jĂ¡ havia sido condenado em 1993 por envolvimento com o jogo-do-bicho, ao lado de outros 13  banqueiros, pela juĂ­za Denise Frossard. Sabia-se que eles todos eram responsĂ¡veis por, pelo menos, 53 mortes.

    Pegaram seis anos de prisĂ£o cada, a pena mĂ¡xima por formaĂ§Ă£o de quadrilha. Mas, em dezembro de 1996 estavam todos de volta Ă s ruas, beneficiados por liberdade condicional ou indultos.

    Afora os crimes atuais, que fazem do  CapitĂ£o GuimarĂ£es  um personagem emblemĂ¡tico do que hĂ¡ de pior neste paĂ­s, ele continua sendo o mais notĂ³rio exemplo vivo do banditismo inerente aos Ă³rgĂ£os de repressĂ£o da ditadura militar.

    A outra celebridade capaz de rivalizar com ele nesse quesito jĂ¡ morreu, como um arquivo queimado  pelos prĂ³prios cĂºmplices: o delegado SĂ©rgio Paranhos Fleury, em cujo benefĂ­cio os militares chegaram atĂ© a criar uma lei, com o Ăºnico propĂ³sito de mantĂª-lo fora das grades.

    CapitĂ£o GuimarĂ£es atuava na II seĂ§Ă£o (InteligĂªncia) da PE da Vila Militar (RJ), que, como todas as equipes de torturadores da ditadura, auferia ganhos substanciais ao capturar ou matar militantes revolucionĂ¡rios.

    Tudo que era apreendido com os resistentes e tivesse algum valor, virava butim a ser rateado entre aqueles rapinantes. Jamais cogitavam, p. ex., devolver o dinheiro aos bancos que haviam sido  expropriados  pelos guerrilheiros urbanos. NumerĂ¡rio, veĂ­culos, armas e atĂ© objetos de uso pessoal iam sempre para a  caixinha  do bando. De mim, atĂ© os Ă³culos roubaram.

    Havia tambĂ©m as vultosas recompensas oferecidas pelos empresĂ¡rios fascistas. Estes acertaram inclusive uma tabela com os Ă³rgĂ£os de repressĂ£o: dirigente revolucionĂ¡rio preso valia tanto; integrante de  grupo de fogo, um pouco menos, e assim por diante. 

    Ruralistas nĂ£o aceitam nem sequer o fim do trabalho escravo

    Daniel Santini/RepĂ³rter Brasil


    A votaĂ§Ă£o da Proposta de Emenda Constitucional 438/2001, a PEC do Trabalho Escravo, foi adiada para o prĂ³ximo dia 22. A decisĂ£o foi tomada na noite desta quarta-feira, 9 de maio, pelo presidente da CĂ¢mara dos Deputados Marco Maia depois de pedido feito por Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), que alegou acreditar que nĂ£o haveria segurança de uma vitĂ³ria caso o tema fosse colocado em votaĂ§Ă£o. A votaĂ§Ă£o ficou para dia 22, data sugerida pelo deputado que fez a solicitaĂ§Ă£o. A bancada ruralista, que chegou a negociar um acordo com o governo, fez forte oposiĂ§Ă£o ao novo instrumento de combate ao trabalho escravo proposto e conseguiu esvaziar a votaĂ§Ă£o.

    Apesar de haver quĂ³rum, com 338 presentes quando a sessĂ£o extraordinĂ¡ria começou, Maia aceitou a sugestĂ£o apĂ³s pedir para que os lĂ­deres se manifestassem sobre o tema. Todos os partidos concordaram com o adiamento, com exceĂ§Ă£o do PSOL. Os ruralistas adotaram como estratĂ©gia aproveitar para negociar mudanças profundas quando o texto for para o Senado e usar a PEC 438 para tentar descaracterizar o que Ă© a escravidĂ£o contemporĂ¢nea. Eles devem aproveitar a votaĂ§Ă£o para tentar propor uma nova lei para redefinir o crime.

    A despeito de tal crime jĂ¡ estar tipificado no artigo 149 do CĂ³digo Penal, de o conceito estabelecido estar detalhado na lei, de ter respaldo em tratados internacionais e de jĂ¡ contar com ampla jurisprudĂªncia, os ruralistas manipularam o debate e conseguiram convencer atĂ© mesmo integrantes da bancada governista sobre a necessidade de mudanças. Pouco antes da votaĂ§Ă£o, o lĂ­der do PT, o deputado federal Jilmar Tatto (PT-SP) deu entrevista Ă  AgĂªncia CĂ¢mara falando que Ă© necessĂ¡rio “especificar” o que Ă© escravidĂ£o.

    Na visĂ£o de quem acompanha o combate ao trabalho escravo, a revisĂ£o dos critĂ©rios que tĂªm servido de base para as ações de fiscalizaĂ§Ă£o do MinistĂ©rio do Trabalho e Emprego pode gerar insegurança jurĂ­dica e prejudicar os agricultores e empresĂ¡rios que adotaram boas prĂ¡ticas, alĂ©m de beneficiar os que mantĂªm linhas de produĂ§Ă£o baseadas na exploraĂ§Ă£o de pessoas em condições anĂ¡logas Ă s de escravos. Na manhĂ£ de quarta-feira, os integrantes da ComissĂ£o Nacional Para a ErradicaĂ§Ă£o do Trabalho Escravo (Conatrae), Ă³rgĂ£o que reĂºne autoridades envolvidas no combate e representantes da sociedade civil, incluindo a ONG RepĂ³rter Brasil, se posicionaram em consenso contrĂ¡rios a qualquer revisĂ£o do conceito sobre o que Ă© escravidĂ£o contemporĂ¢nea. A votaĂ§Ă£o sĂ³ aconteceu devido Ă  pressĂ£o da sociedade civil.

    Negociações

    A PEC 438 estĂ¡ parada na CĂ¢mara dos Deputados hĂ¡ sete anos e nove meses. Ela voltou Ă  pauta apĂ³s forte pressĂ£o social. A votaĂ§Ă£o estava inicialmente prevista para terça-feira, dia 8 de maio, mas acabou adiada apĂ³s reuniĂ£o de lĂ­deres na CĂ¢mara dos Deputados. Os ruralistas negociaram com o presidente da CĂ¢mara dos Deputados Marco Maia (PT-RS) mudanças futuras no texto e construĂ­ram as bases para um acordo. Maia levou entĂ£o a questĂ£o Ă  presidenta do Senado Marta Suplicy (PT-SP), que, no inĂ­cio da tarde desta quarta-feira, reuniu-se com os lĂ­deres da casa e selou o acordo. Para tentar garantir que a PEC avançasse ambos se comprometeram a fazer mudanças no texto.

    Ficou acertado que uma comissĂ£o mista formada por cinco deputados e cinco senadores seria formada para debater alterações. O governo diz que a mudança seria apenas para incluir uma nova menĂ§Ă£o sobre a regulamentaĂ§Ă£o da aplicaĂ§Ă£o da lei. “SerĂ¡ feita uma alteraĂ§Ă£o simples, apenas para determinar como a medida serĂ¡ aplicada”, afirmou Marta, logo apĂ³s a reuniĂ£o de lĂ­deres. A senadora descarta a possibilidade de a PEC ser desconfigurada nesta revisĂ£o e tambĂ©m diz que nĂ£o se trata de uma medida para, mais uma vez adiar a aprovaĂ§Ă£o definitiva da medida. “É uma vĂ­rgula apenas, nĂ£o vai mudar nada. E nĂ£o vai demorar nĂ£o. Todos querem votar e resolver isso logo”, afirmou. A emenda em questĂ£o foi apresentada em 2001, mas a primeira proposiĂ§Ă£o legislativa nesse sentido (que inclusive estĂ¡ apensada Ă  PEC 438) foi procolocada inicialmente ainda em 1995.

    DivergĂªncias internas tanto entre os ruralistas, quanto entre os governistas, fizeram com que o acordo passasse a ser questionado, o que levou a mais um dia adiamento da votaĂ§Ă£o. Os ruralistas nĂ£o escondem a intenĂ§Ă£o de combinar a votaĂ§Ă£o da PEC com a imposiĂ§Ă£o de uma leis infraconstitucionais com restrições Ă  caracterizaĂ§Ă£o do trabalho escravo contemporĂ¢neo e de alterar significativamente o texto da emenda no retorno ao Senado. Parlamentares que sĂ£o contrĂ¡rios ao trabalho escravo ressaltam o risco de que a matĂ©ria seja desvirtuada. “A princesa Isabel enfrentou resistĂªncia de escravocratas, mas em nenhum momento teve que explicar o que era escravidĂ£o”, lamentou o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ), ao final da sessĂ£o.

    A PEC do Trabalho Escravo determina que as propriedades em que for flagrado trabalho escravo sejam confiscadas e destinadas Ă  reforma agrĂ¡ria ou uso social. Com ou sem acordo, ela teria que voltar ao Senado de qualquer maneira por ter sofrido alteraĂ§Ă£o na votaĂ§Ă£o em primeiro turno na CĂ¢mara, que aconteceu em 2004. Na ocasiĂ£o, foram incluĂ­dos no texto os casos de trabalho escravo urbano.

    Delta Construções quer receber quase R$ 1 bilhĂ£o do governo


    Presidente-tampĂ£o da Delta, o engenheiro Carlos Alberto Verdini afirmou nesta quarta-feira que a construtora, envolvida no escĂ¢ndalo Cachoeira, tem "direito adquirido" sobre os contratos jĂ¡ assinados com o poder pĂºblico. Ocupando o lugar de Fernando Cavendish, que se retirou do comando para negociar a transiĂ§Ă£o, Verdini diz que, caso a Delta seja considerada inidĂ´nea pelo Tribunal de Contas da UniĂ£o, seria "legĂ­timo" ajuizar uma aĂ§Ă£o judicial. Ele disse, no entanto, nĂ£o acreditar que isso acontecerĂ¡. Segundo ele, a empresa, que tem hoje R$ 4,5 bilhões em 200 contratos com UniĂ£o, estados e municĂ­pios, Ă© credora de R$ 900 milhões nesses contratos. Verdini relutou em falar sobre a operaĂ§Ă£o de venda da Delta para a J&F Holding.
    O GLOBO: Como os governos federal, estadual e municipais, que sĂ£o clientes da Delta, estĂ£o se comportando diante das denĂºncias que pesam sobre a empreiteira?
    CARLOS ALBERTO VERDINI: Alguns deram uma parada para fazer auditagem e jĂ¡ estĂ£o começando a pagar. NĂ£o temos medo de auditagem. Todos os contratos sĂ£o fiscalizados. O cliente Ă© obrigado a fiscalizar. E as concorrĂªncias foram feitas. Uma questĂ£o Ă© que, como fizeram um estardalhaço, cria um certo receio na conjuntura atual; quem estĂ¡ com a caneta, na hora de dar a canetada final, fica com medo.
    A CGU pode declarar a empresa inidĂ´nea. Como o senhor vĂª isso?
    VERDINI: Estamos fazendo um trabalho para levar Ă  Casa Civil, mostrando nossa defesa. Uma coisa Ă©: uma estrada depois de feita ficou com um buraco. É preciso saber se foi mal executado ou se foi erro de projeto: 99% sĂ£o erro de projeto. Porque tudo Ă© feito em cima de projeto bĂ¡sico. Agora Ă© que o Dnit, em funĂ§Ă£o da troca de diretoria, declarou que todos os projetos serĂ£o feitos em cima de projetos executivos. O projeto executivo leva um ano, no mĂ­nimo, para ser feito. E a responsabilidade Ă© do gestor. Quando a gente entra na concorrĂªncia, executa o projeto que Ă© oferecido ali.
    O senhor teme que a CGU decida pela inidoneidade da Delta?
    VERDINI: Essa hipĂ³tese nĂ£o passa na minha cabeça. Primeiro, porque somos muito grandes. VocĂª nĂ£o pode tirar da Delta e dar a qualquer um. É direito adquirido. Primeiro, tem de gerar um momento para rescisĂ£o. Tem de fazer o encontro de contas. E depois vai ter de licitar. Esse processo Ă© demorado. Tenho certeza de que, ao licitar, vocĂª vai contratar por um preço mais alto do que Ă© praticado hoje. E as obras vĂ£o ficar paradas. Vai atrasar todos os cronogramas. NĂ£o Ă© uma coisa fĂ¡cil de ser executada. É direito adquirido da Delta. NĂ³s ganhamos as licitações. VocĂª vai ter de provar que estou errado para rescindir meu contrato. Eu posso ir para a Justiça e dizer: "eu nĂ£o concordo". E vai ficar uma discussĂ£o atĂ© chegar a um determinado fim, para entĂ£o licitar aquela licitaĂ§Ă£o especĂ­fica.
    Estamos falando de que universo de contratos? E de que valores?
    VERDINI: Estamos tocando hoje 200 contratos, em 25 estados. O saldo desses contratos hoje Ă© de R$ 4,7 bilhões. Temos a receber hoje R$ 900 milhões, sendo R$ 450 milhões jĂ¡ no caixa. E R$ 450 milhões em tramitaĂ§Ă£o de mediĂ§Ă£o e faturamento. Isso em todas as esferas de governo.
    Como o senhor viu o envolvimento do seu nome com o dos homens do contraventor Carlinhos Cachoeira?
    VERDINI: Dizer que tenho relacionamento com uma pessoa que tenta falar comigo e nĂ£o fala, e que diz que tenho uma amizadezinha... Isso Ă© perder tempo. Eu o conheci (o ex-sargento da AeronĂ¡utica Idalberto Araujo, o DadĂ¡, flagrado em escuta da PF citando o empresĂ¡rio) quando fui ao escritĂ³rio de BrasĂ­lia. Estava cuidando do projeto do trem- bala e precisei ir a BrasĂ­lia. No escritĂ³rio, o Claudio Abreu estava com ele e me apresentou. Morreu o assunto. Naturalmente, devia estar querendo, como diz lĂ¡ (na escuta da PF), queria contratar uma empresa e me procurou para ver se eu ajudava. Ele nĂ£o falou comigo. E eu nĂ£o retornei a ligaĂ§Ă£o.
    O senhor conhecia o Claudio Abreu? Foi surpreendido com a sĂ©rie de denĂºncias contra ele?
    VERDINI: Ele trabalhava na empresa. Todo mundo ficou surpreso. Foi surpresa geral porque ele era uma pessoa trabalhadora e idolatrava a empresa. A Delta em primeiro lugar. Ele colava nas paredes o slogan "ame-a ou deixe-a".
    E se o senhor for convocado Ă  CPI?
    VERDINI: Parece que jĂ¡ fizeram um requerimento, mas nĂ£o tenho medo.
    A empreiteira deixou de fazer aportes em obras como a do MaracanĂ£, uma das quais deixou?
    VERDINI: PrecisĂ¡vamos preservar o caixa. NĂ³s vinhamos aportando e discutindo, mas chegou o momento em que resolvemos de vez o assunto. Tanto que ainda temos dinheiro a receber pelo serviço executado. Em torno de R$ 40 milhões. Executamos os serviços juntos e cada um tem a sua parcela. E a nossa parcela era 30%.
    E qual Ă© a participaĂ§Ă£o do dono, Fernando Cavendish, na empresa? NĂ£o no processo de venda, jĂ¡ que o senhor prefere nĂ£o falar deste assunto. Mas qual o papel dele no cotidiano da empresa? Ele estĂ¡ afastado?
    VERDINI: Totalmente afastado. Foi uma decisĂ£o que se tomou para que nĂ£o houvesse interferĂªncia na auditoria que estĂ¡ sendo feita. Isso mostra, ao mesmo tempo, que nĂ³s atuamos na prĂ³pria carne de pronto. Afastamos outros diretores envolvidos.
    Mas acontece um afastamento do prĂ³prio dono da empresa?
    VERDINI: Mostramos que seria melhor para ele e para nĂ³s que ele se afastasse. Porque hoje, infelizmente, coitado, ele estĂ¡ sendo tratado como persona non grata, com vĂ¡rios adjetivos. Como Ă© que ele vai chegar a dizer: minha empresa nĂ£o Ă© assim, nĂ£o fiz isso, nĂ£o fiz aquilo. Foi fruto de muita discussĂ£o. E infelizmente me escolheram.
    HĂ¡ quanto tempo o senhor estĂ¡ na empresa?
    VERDINI: Estou hĂ¡ nove anos na Delta. Trabalhei 14 anos na Queiroz GalvĂ£o e 13 na Camargo CorrĂªa. Trabalhei ainda um ano na Embratel, no inĂ­cio da carreira. Mas, Ă© como se diz, tem que assumir. NĂ£o devo nada a ninguĂ©m. NĂ£o tenho medo de assumir desafios. E, modĂ©stia Ă  parte, acho que tenho competĂªncia para poder tocar a empresa. Tenho certeza de que vamos sair dessa, atĂ© para melhor.
    O resultado dessa auditoria no Centro-Oeste...
    VERDINI: Olha, estamos fazendo auditoria no Centro-Oeste e no paĂ­s inteiro. Estamos fazendo dois tipos de auditoria. Uma para apurar o fato e outra interna, financeira. Isso vai ser encaminhado para a CPI porque Ă© o que vai dizer de fato o que aconteceu. AtĂ© agora, todo mundo sĂ³ fala, fala, fala, fala, mas nĂ£o tem nada de concreto.
    Mas mesmo se a empresa for vendida? Muda alguma coisa nas decisões?
    VERDINI: NĂ£o sei te dizer. NĂ£o sou eu que estou participando. Se eu tivesse participando, diria com o maior prazer. AtĂ© para explicar para dentro, pois estĂ¡ todo mundo me perguntando. Mas essa Ă© uma decisĂ£o do acionista que tem que ser respeitada.
    O senhor falou de direitos adquiridos de qualquer empreiteira com contratos com o poder pĂºblico, e que a declaraĂ§Ă£o de idoneidade nĂ£o Ă© uma coisa simples...
    VERDINI: É. Tem que ter um processo, ele Ă© demorado. E outra coisa: nĂ£o Ă© simplesmente dizer que vocĂª estĂ¡ inidĂ´neo. VocĂª pode pode afirmar isso pelo fato x, mas eu tenho direito de me defender, de provar que eu estou certo.
    O senhor estĂ¡ dizendo que, em tese, isso pode resultar em uma aĂ§Ă£o judicial?
    VERDINI: Claro. Porque Ă© legĂ­timo. Isso Ă© normal. VocĂª tem o direito de defesa em qualquer circunstĂ¢ncia.

    Comunicado

    Assessores da Delta divulgaram um comunicado de duas pĂ¡ginas com 11 pontos. No documento, a empresa "lamenta" episĂ³dios ligados a Cachoeira envolvendo seus funcionĂ¡rios. "Foi determinada a realizaĂ§Ă£o de uma ampla auditoria nos assentamentos da empresa para averiguar todas as prĂ¡ticas de responsabilidade da diretoria do Centro-Oeste. O objetivo Ă© o de verificar, com base nos dados imediatamente disponĂ­veis Ă  empresa, em que extensĂ£o essas ações foram executadas, burlando os procedimentos de controle praticados na companhia", diz um dos pontos.
    No comunicado, a Delta diz que as conclusões e documentos da auditoria serĂ£o colocados Ă  disposiĂ§Ă£o das autoridades. Em outro ponto, a empresa ressalta que Fernando Cavendish e Carlos Pacheco decidiram licenciar-se da administraĂ§Ă£o da companhia pelo prazo necessĂ¡rio para garantir a isenĂ§Ă£o da auditoria.

    "A Delta Construções tem convicĂ§Ă£o de que o empenho de seus mais de 30 mil empregados que diariamente comparecem a seus postos de trabalho nas 195 obras atualmente em andamento em todo o Brasil serĂ¡ fundamental para superar as dificuldades neste momento enfrentadas", cita o texto.


       
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