quinta-feira, 10 de maio de 2012

Acusados de matar Celso Daniel vão a júri hoje: Para promotor, Celso Daniel queria 'dar fim à corrupção'

O prefeito Celso Daniel (PT), de Santo André, foi executado a tiros em janeiro de 2002 porque decidiu dar fim a um esquema de corrupção em sua própria administração. Essa é a tese que o promotor Marcio Friggi de Carvalho vai sustentar no Tribunal do Júri de Itapecerica da Serra, onde nesta quinta serão julgados cinco acusados pelo crime. O julgamento será presidido pelo juiz Antonio Augusto Galvão de França Hristov.
Segundo o promotor, Daniel foi vítima de “encomenda mediante paga”.
O promotor afasta completamente a hipótese levantada pela Polícia Civil, de que o prefeito foi atacado por um bando de criminosos comuns, que o sequestraram para pedir resgate em dinheiro. Ele reafirma tese do Ministério Público, de que Daniel aceitava a corrupção em seu governo enquanto imaginava que dinheiro desviado ia para o caixa 2 do PT.
“O prefeito conhecia o esquema de dinheiro para o caixa 2 de seu partido, para beneficiar o PT nas eleições, inclusive para a campanha do presidente Lula naquele ano”, afirma o promotor. “Ele estava de acordo. Aí descobriu que o dinheiro também servia para enriquecimento pessoal de integrantes do esquema.”
O promotor relata que uma testemunha contou que Gilberto Carvalho, então assessor de Daniel na Prefeitura, “levava dinheiro do esquema de corrupção pessoalmente ao então presidente do PT, José Dirceu”. Carvalho, hoje secretário geral da Presidência, é réu em ação civil por improbidade na Vara da Fazenda Pública de Santo André. Ele e Dirceu negam categoricamente envolvimento.
O principal suspeito, segundo a promotoria, é o empresário Sérgio Gomes da Silva, o Sérgio Sombra. Ele seria o mandante do assassinato e teria pago uma parcela de US$ 40 mil aos executores. Seu advogado, Roberto Podval, questiona no Supremo Tribunal Federal a legitimidade do Ministério Público para fazer investigações criminais. O júri de Sombra ainda não tem data.
O primeiro julgamento do caso Celso Daniel, em novembro de 2010, levou à condenação de Marcos Roberto Bispo dos Santos, que pegou 18 anos de prisão. Hoje serão julgados outros cinco réus, entre eles o líder da quadrilha, Ivan Rodrigues da Silva, conhecido como Monstro. (AE)

MP manterá tese de crime político

O Ministério Público do Estado de São Paulo reafirmará a sua versão de que a morte do prefeito de Santo André Celso Daniel, assassinado em 2002, foi um crime encomendado e com motivação política durante o julgamento de cinco réus do caso, que ocorre nesta quinta-feira. Segundo o promotor Márcio Augusto Friggi de Carvalho, um dos acusados deve reafirmar ao júri a tese do MP para ter o benefício da delação premiada (redução da pena para o réu que contribui com as investigações).
Em uma tentativa de reduzir sua pena, Elcyd Oliveira Brito, conhecido como John, confessou ao MP entre 2005 e 2006 que o assassinato de Celso Daniel não se tratou de um crime comum, como sustenta a versão da polícia. "Para ele ter o benefício da delação premiada, ele terá que manter a versão até o fim. Ainda que ele não repita a tese, ela está consignada no processo", afirmou o promotor.
Elcyd conduzia a Blazer que, junto a um Santana, bloqueou a passagem da Pajero onde estava o prefeito no momento do sequestro, em janeiro de 2002. Celso Daniel foi abordado na saída de um restaurante e estava acompanhado do ex-segurança Sérgio Gomes da Silva, o Sombra, acusado de ser mandante do crime. Sombra não está entre os réus que serão julgados nesta quinta, porque dois recursos fizeram com que o processo que trata da acusação contra ele fosse desmembrado. Ainda não há uma data para julgamento.
Além de Elcyd, responderão pelo crime de homicídio duplamente qualificado no júri nesta quinta Itamar Messias Silva dos Santos e Rodolfo Rodrigo dos Santos Oliveira, o Bozinho - que também estavam na Blazer - Ivan Rodrigues da Silva, conhecido como Monstro, e José Edson da Silva. Eles teriam sido recrutados por Dionísio Aquino Severo, que, segundo o MP, liga Sombra ao grupo que executou a ação. Dionísio foi morto na cadeia logo após sua prisão, em 2002.
A promotoria sustenta que o crime está ligado a denúncias de corrupção na administração pública de Santo André. Celso Daniel teria descoberto que o dinheiro do esquema de corrupção instalado na prefeitura para financiar campanhas eleitorais do PT estava sendo utilizado para arcar com gastos pessoais dos envolvidos. "O esquema para beneficiar o PT ele (Celso Daniel) sabia e concordava. Não concordou com o enriquecimento pessoal dos envolvidos", disse o promotor.
Então, ainda de acordo com o MP, foi forjado um sequestro para encobrir a real motivação do crime. O corpo de Celso Daniel foi encontrado dois dias após sua captura com marcas de oito tiros em Juquitiba, São Paulo. Carvalho afirma que há uma "clareza solar" de que o prefeito foi torturado.
Segundo a polícia, Celso Daniel teria sido sequestrado por engano, por uma quadrilha da favela Pantanal, localizada na divisa entre São Paulo e Diadema, liderada por Ivan Rodrigues da Silva, o Monstro – que, na verdade, tinha planejado o rapto de um empresário que não deu certo.
Para o julgamento, que tem previsão de ser concluído na sexta-feira, a defesa dos cinco réus arrolaram 13 testemunhas - o que não significa que todas serão ouvidas. A acusação não arrolou nenhuma testemunha, segundo o promotor, por "absoluta falta de necessidade", uma vez que as provas técnicas e os autos já seriam suficientes. Carvalho acredita que os réus serão condenados a penas que devem variar de 12 a 30 anos.
Dez anos após o crime, apenas um dos acusados foi julgado. Marcos Roberto Bispo dos Santos, que dirigia a Santana durante o sequestro, foi condenado a 18 anos de prisão em 2010. 


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