quarta-feira, 10 de julho de 2013

Um em cada 3 chocolates vendidos nĂ£o Ă© chocolate real, diz AssociaĂ§Ă£o

  • Cacau de fazenda de IlhĂ©us (BA); para ser considerado chocolate, produto precisa ter ao menos 25% do fruto
    Cacau de fazenda de Ilhéus (BA); para ser considerado chocolate, produto precisa ter ao menos 25% do fruto
    Um em cada trĂªs chocolates comuns vendidos no Brasil, produzidos pelas grandes indĂºstrias, nĂ£o pode ter esse nome de chocolate porque nĂ£o Ă© feito com o percentual mĂ­nimo de cacau exigido pela legislaĂ§Ă£o.
Segundo as regras, para ser considerado chocolate, Ă© preciso que o produto tenha pelo menos 25% de cacau, mas muitos nĂ£o chegariam nem a 5%.
A denĂºncia Ă© de Marco Lessa, 43, produtor de cacau, presidente da AssociaĂ§Ă£o de Turismo de IlhĂ©us (BA) e organizador de feira de chocolate, que reĂºne agricultores e pequenas indĂºstrias.
"O que o brasileiro encontra nas prateleiras de supermercados, vendido como chocolate, Ă© apenas doce, nĂ£o chocolate", afirma. "Estimo que um terço dos chocolates estejam nessa situaĂ§Ă£o. Esses nĂ£o devem ter nem 5% de cacau."
Lessa tambĂ©m diz que muitos chocolates amargos, com suposto alto teor de cacau (de 50% a 70%), produzidos pelas grandes indĂºstrias e vendidos no mercado nacional por preço maior nĂ£o tĂªm esse percentual declarado.
"Dizem que tĂªm 70%, mas nĂ£o tĂªm. NĂ£o existe fiscalizaĂ§Ă£o para confirmar esse percentual", declara. Ele nĂ£o apresentou nenhuma pesquisa ou teste que comprovem essa avaliaĂ§Ă£o, mas diz que o problema se manifesta no prĂ³prio sabor dos produtos.
"Basta comer algumas vezes um bom chocolate para saber que muitos dos vendidos por aĂ­ nĂ£o tĂªm o teor de cacau prometido." AlĂ©m do  sabor considerado melhor e menos doce pelos especialistas, os chocolates com maior teor de cacau tambĂ©m sĂ£o tidos como benĂ©ficos Ă  saĂºde. Por terem porcentagem reduzida de gordura, aĂ§Ăºcar e leite, fazem bem bem para o coraĂ§Ă£o.
A Abicab (AssociaĂ§Ă£o Brasileira da IndĂºstria de Chocolate, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados) emitiu uma nota, dizendo que os produtos feitos com menos de 25% de cacau sĂ£o considerados doces com "sabor de chocolate".
"A Abicab reforça que, de acordo com portaria da Anvisa [AgĂªncia Nacional de VigilĂ¢ncia SanitĂ¡ria], somente Ă© chocolate o produto que possua pelo menos 25% de cacau. Abaixo disso, o produto Ă© considerado com sabor de chocolate", registra o documento.
A entidade, que representa as grandes indĂºstrias, como NestlĂ© e Garoto, nĂ£o comentou a suposta irregularidade no percentual de chocolates amargos informado nos produtos nacionais.

Falta informaĂ§Ă£o nos rĂ³tulos, conclui pesquisa do Idec

Pesquisa divulgada em março deste ano pelo Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) conclui que falta informaĂ§Ă£o nos rĂ³tulos dos chocolates brasileiros.
Entre 11 marcas de chocolate ao leite pesquisadas, apenas uma informou o percentual de cacau na embalagem. As outras dez nĂ£o fizeram nenhuma menĂ§Ă£o Ă  quantidade.
De acordo com o Idec, ainda nĂ£o existe nenhuma lei que obrigue as empresas a colocarem esse dado na embalagem, mas, para o instituto, seria "razoĂ¡vel que essa iniciativa partisse dos prĂ³prios fabricantes".
"Seria muito importante que o teor de cacau viesse impresso no rĂ³tulo. Fica a sensaĂ§Ă£o de que essa informaĂ§Ă£o Ă© uma estratĂ©gia de marketing, usada apenas quando isso Ă© conveniente aos fabricantes", afirma Ana Paula Bortoletto Martins, nutricionista do Idec, em documento divulgado na Ă©poca da pesquisa.
O teor de cacau tambĂ©m nĂ£o Ă© estampado nas embalagens de muitos chocolates meio amargo e amargo. Segundo o Idec, dos oito chocolates meio amargo pesquisados, apenas trĂªs tĂªm a informaĂ§Ă£o indicada no rĂ³tulo.

DefiniĂ§Ă£o oficial de chocolate nĂ£o limita gordura estranha ao cacau

A definiĂ§Ă£o oficial de chocolate da Anvisa Ă© a seguinte: "Chocolate: Ă© o produto obtido a partir da mistura de derivados de cacau (Theobroma cacao L.), massa (ou pasta ou liquor) de cacau, cacau em pĂ³ e ou manteiga de cacau, com outros ingredientes, contendo, no mĂ­nimo, 25 % (g/100 g) de sĂ³lidos totais de cacau. O produto pode apresentar recheio, cobertura, formato e consistĂªncia variados".
Uma regra anterior, de 1978, exigia um percentual maior de cacau (32%), mas isso foi mudado em 2005 para os 25% atuais.
Para o Idec, a regra atual tem uma outra falha, que Ă© nĂ£o limitar a adiĂ§Ă£o de "gorduras equivalentes" (gorduras com propriedades fĂ­sicas e quĂ­micas muito parecidas com as da manteiga de cacau, mas que nĂ£o sĂ£o de cacau).
A norma anterior proibia qualquer adiĂ§Ă£o de "gordura e Ă³leos estranhos" ao chocolate. (Uol)

 
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