A Europa descobre o outro lado do desespero, caos e falĂªncia da GrĂ©cia: o fortalecimento do extremismo e de um partido neonazista que faz o continente relembrar um dos momentos mais sinistros de sua histĂ³ria. O partido Chryssi Avgi (CrepĂºsculo Dourado) espera conquistar entre 5% e 8% dos votos nas eleições legislativas na GrĂ©cia neste domingo, 6.
LĂderes gregos e europeus, por sua vez, apelam Ă populaĂ§Ă£o para que evite o partido que propõe a volta dos campos de trabalho forçado, a colocaĂ§Ă£o de minas nas fronteiras e a exclusĂ£o de estrangeiros dos hospitais.
Neste domingo, 6, a GrĂ©cia vai Ă s urnas para o que muitos jĂ¡ chamam de a eleiĂ§Ă£o mais importante na histĂ³ria democrĂ¡tica do paĂs, que atravessa seu quinto ano de recessĂ£o e jĂ¡ teve de ser resgatado em duas ocasiões em apenas dois anos. Juntamente com o dinheiro, foram feitas exigĂªncias do FMI e da UniĂ£o Europeia de uma reforma e cortes de gastos que fizeram o paĂs parar.
Ainda que o grupo neonazista ainda nĂ£o seja uma realidade no Parlamento, jĂ¡ Ă© nas ruas de Atenas, num sinal da reaĂ§Ă£o Ă crise. O bloco conta com voluntĂ¡rios que patrulham os bairros da capital, exigindo ver a identidade de moradores. Na maioria dos casos sĂ£o jovens de cabeça raspada e vestidos de negro. Saem em busca de imigrantes que eles acusam de serem culpados pelo desemprego recorde de 21%. NĂ£o sĂ£o poucos os incidentes em que estrangeiros sĂ£o espancados, com os mastros de bandeiras gregas, ou praças que ganham pichações.
E nĂ£o Ă© apenas a ira contra os imigrantes que tem levado o grupo a ganhar popularidade. A frustraĂ§Ă£o com partidos tradicionais e o desemprego de 51% entre jovens vĂªm levando parte do eleitorado a buscar alternativas.
Em 2009, nas eleições legislativas vencidas pelos socialistas, o partido neonazista obteve apenas 20 mil votos, 0,2% da preferĂªncia. Em 2010, em plena crise, um primeiro deputado do movimento foi eleito em Atenas. Neste domingo, o partido que usa uma suĂ¡stica adaptada como sĂmbolo e nĂ£o hesita em fazer a saudaĂ§Ă£o nazista nos comĂcios deverĂ¡ ganhar votos suficientes para entrar no Parlamento. Para isso, deve obter os votos de 3% do eleitorado - que lhes daria 10 deputados. Somados, os trĂªs partidos de extrema direita poderĂ£o ter um quinto dos votos dos gregos.
Tanto os conservadores do partido Nova Democracia quanto os socialistas do Pasok tĂªm apelado aos eleitores que abandonem o movimento fascista, alertando que uma votaĂ§Ă£o expressiva do grupo criaria mais problemas para o paĂs. Nenhum dos dois partidos tradicionais deve obter uma maioria. Eles serĂ£o forçados a formar uma aliança.
Um dos candidatos mais populares do grupo neonazista Ă© Elias Panayiotaros, dono de uma loja de artigos militares, que nĂ£o disfarça sua admiraĂ§Ă£o pelo regime dos coronĂ©is, que governou a GrĂ©cia entre 1967 e 1974. Seu plano de governo Ă© simples: em tempos de crise, a prioridade Ă© a expulsĂ£o de imigrantes.
Segundo ele, o custo do projeto de expulsar um milhĂ£o de pessoas da GrĂ©cia seria equilibrado com o fato de que muitos deles seriam forçados a ingressar em campos de trabalho, antes da expulsĂ£o. Quem nĂ£o aceitar trabalhar nĂ£o receberia alimentos. No campo econĂ´mico, o partido defende que empregos sejam reservados apenas para os gregos e todas as dĂvidas externas seriam alvo de um calote. (AE)