segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Mapa biogeográfico mundial é atualizado após 136 anos

Criado pelo naturalista Alfred Russel Wallace há mais de 100 anos, o estudo que dividia o planeta em seis regiões de biodiversidade ganhou mais cinco áreas graças aos avanços em pesquisas genéticas; cerca de 20 mil espécies estão catalogadas.

Você com certeza já ouviu falar em Charles Darwin, naturalista inglês responsável por desenvolver a teoria até hoje mais defendida no que se refere à evolução das espécies. Mas é provável que desconheça o nome de Alfred Russel Wallace, cujo principal trabalho – um mapa que divide o planeta em seis regiões biogeográficas – teve importantes contribuições para essa teoria.


O mapa de Wallace, criado em 1876, foi uma tentativa de dividir e definir o mundo de acordo com suas espécies, e é usado até hoje em diversos tipos de pesquisa. Só no final do último ano, no entanto, o trabalho ganhou uma versão atualizada desenvolvida por cientistas da Universidade de Copenhague e da Universidade McGill (Canadá), que redividiram as seis regiões biogeográficas de Wallace em 11 e agregaram mais dados sobre as espécies.

Agora, o mapa contém informações de cerca de 20 mil espécies, onde elas vivem, como mudaram através do tempo e espaço e como se relacionam umas com as outras. O trabalho usa diferentes gradientes de cor para transmitir essas relações. Áreas de cores similares têm espécies que se assemelham mais entre si do que as das áreas de cores mais diferentes.
As 11 novas regiões, por sua vez, foram subdivididas em 20 áreas menores, também de acordo com as características das espécies que as habitam. Todo esse detalhamento permite mostrar, por exemplo, como o Hemisfério Sul tende a ter uma abundância maior de comunidades animais únicas.

Neste aspecto, a América do Sul, a Austrália e a ilha de Madagascar se destacam, enquanto a variedade de vida acima da linha do Equador é menor. Acredita-se que isso ocorre por causa do relativo isolamento das áreas ao sul do equador, assim como devido aos seus habitats únicos e à abundância de chuvas e temperaturas quentes, que são fatores que estimulam uma diversidade de vida mais ampla.

“Nosso estudo é uma atualização de um dos mapas mais fundamentais das ciências naturais. Pela primeira vez desde a tentativa de Wallace somos finalmente capazes de fornecer uma descrição ampla do mundo natural baseados em informações incrivelmente detalhadas para milhares de espécies vertebradas”, declarou Ben Holt, principal autor da pesquisa, em um comunicado à imprensa.

As espécies catalogadas no trabalho são sobretudo de mamíferos, aves e anfíbios. O mapa ainda não inclui dados sobre repteis, plantas ou insetos porque essa informação é menos completa, mas poderá ser incorporada facilmente assim que se tornar disponível, afirmaram os cientistas.

DNA

O acúmulo dos novos dados só foi possível, entretanto, por causa dos avanços da tecnologia científica, principalmente em relação a estudos genéticos baseados em pesquisas com o DNA das espécies, algo que não era possível na época de Wallace.

“O mapa é o resultado de 20 anos de compilação de dados sobre a distribuição geográfica de espécies e informações baseadas em DNA que permitem reconstruir relações ancestrais entre as espécies”, comentou Jean-Philippe Lessard, coautor do estudo, em entrevista ao Portal Instituto CarbonoBrasil. “A extração de DNA tornou-se mais acessível na última década, o que permitiu o ganho de novos conhecimentos na evolução de relações entre espécies. É esse conhecimento baseado no DNA que permite criar uma nova geração do mapa das regiões biogeográficas dos vertebrados do mundo”, explicou Lessard.

Conservação

Além de ser extremamente importante para o desenvolvimento de pesquisas no ramo das ciências naturais, permitindo conhecer cada vez mais sobre as espécies, seus habitats e suas relações, o mapa também tem um papel chave no que diz respeito a tentativas de conservação. “Já que esses mapas são usados não apenas nas ciências naturais, mas também para estabelecer prioridades para a conservação, é importante que tenhamos um mapa atualizado como ferramenta de trabalho”, observou Lessard.

“Além disso, nosso mapa baseado em DNA fornece novas informações sobre relações entre regiões, o que permite quantificar o grau de singularidade evolutiva de cada uma. Isso talvez mude a forma que vemos as prioridades de conservação, o que é mais relevante devido à atual crise de biodiversidade”, acrescentou o coautor canadense.

Mas apesar de todos os novos dados, os pesquisadores ressaltaram que ainda é necessário muito estudo para entender completamente a evolução das espécies em todos os seus aspectos.

“O mapa original de Wallace claramente teve uma influência grande e inquantificável no estudo de biodiversidade global. O novo mapa mostra o incrível progresso que fizemos desde o tempo de Wallace e também serve como um lembrete de que ainda sabemos muito pouco sobre como esses padrões [de distribuição da vida] foram formados”, concluiu Holt
*A reportagem é de Jéssica Lipinski e publicada pelo Instituto CarbonoBrasil.


As águas roubadas no Sertão

O ano de 2012 que, logo no início, já brindou a Paraíba com a pior seca das últimas 4 décadas, viu, em seu desfecho, o anúncio oficial de um outro fim: o das obras do Perímetro Irrigado das Várzeas de Sousa (Pivas). Distante cerca de 400 quilômetros da praiana capital João Pessoa, o projeto de irrigação capta, conduz e distribui as águas dos açudesCoremas-Mãe d’Água para 4.390 hectares de propriedades agrícolas encravadas em pleno Sertão, entre os municípios de Sousa e Aparecida. No entanto, o anunciado do término das obras no fim do ano passado não resolveu o problema apontado. A falta de água tem sido uma constante na vida dos agricultores. E não pela seca.

Edinaldo José do Nascimento nasceu e se criou na agricultura familiar. Desde 2006 está no assentamento do Pivas, adquirido em 2005. Com ele, estão 178 pequenos produtores organizados em 14 associações. Uma delas é aApivas, Associação dos Produtores Irrigantes das Várzeas de Sousa, que tem Nascimento como vice-presidente.Em 2011, o agricultor familiar perdeu 2 mil pés de mamão porque a água não chegava em sua propriedade. Ele não consegue nem estimar o valor do prejuízo: “A água não chegava em quantidade e a gente teve que reduzir as áreas. Eu tava com meu plantio de goiaba sendo implantado, eu tive que cuidar dele. E eliminei meu plantio de mamão. Rapaz, 2 mil pés de mamão, nem dá pra fazer a conta assim de repente... a muda em si custa 4 mil reais, só de mudas. Fora a mão de obra”. Nascimento disse que em setembro do mesmo ano teve problemas com a produção de maracujá e se viu obrigado a racionar água.

Com 37 quilômetros de extensão, o canal da Redenção, que conduz a água vinda dos açudes Coremas-Mãe d’Água, é à céu aberto em alguns trechos. E várias propriedades têm colocado canos e desviado a água direto do canal, o que impede que produtores como Edinaldo recebam a quantidade prevista.

“É uma coisa absurda, né?! A gente tem um canal que hoje é pra estar chegando 1,5 metro cúbico por segundo de água dentro do perímetro e tá chegando a 0,5 metro cúbico por segundo Um metro por segundo está sendo desviado do canal. Quer dizer, dois terços dessa água estão sendo roubados no caminho. A verdade é essa: roubo. É coisa preocupante. E não sei se os governos vão ter pulso para resolver esse problema”, reclama Nascimento.
A ineficiência do Estado para resolver a questão também preocupa Valber Matos, da comissão executiva estadual da Articulação do Semiárido na Paraíba, (ASA-PB). Segundo ele, o desvio de água é feito por propriedades particulares, dentre elas, a do prefeito do município de Sousa, Fábio Tyrone Braga de Oliveira. “Mas não é só o prefeito, não. São muitas propriedades particulares que estão usando indevidamente o recurso. Isso por quê? Porque não há uma fiscalização do Estado. Ao governo não interessa a fiscalização. O povo que vive disso também não se interessa em denunciar. É omissão, falta de cuidado com o patrimônio do ser humano, que é o recurso hídrico”.

As denúncias contra o prefeito de Sousa vieram a público no meio do ano passado. Naquela época havia “122 irrigantes de forma irregular” no Perímetro, segundo contou Orlando Soares de Oliveira Filho, o então diretor-presidente da Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado da Paraíba (Aesa).

“Já fizemos essas vistorias e já foram detectados 122 irregulares. Isso vai de pequeno ao grande. Foram detectados e notificados. E agora a gente está procurando a solução para o problema. Mas, pra isso, a gente precisa justamente ver: as vazões necessárias do que está regulamentado, o que foi feito no Marco Regulatório; se precisa aumentar a abertura da comporta para atender a todos, se realmente os projetos iniciais que foram feitos quando da aprovação estão sendo feitos como é pra ser”, disse à época.

Orlando Soares destacou ainda que esse tipo de ação é feita durante a noite e declarou que a fiscalização ainda precisa ser mais ostensiva e vir junto com uma regulação. “Já temos ações concretas para poder chegar junto e corrigir todas essas distrações. Só vai ter direito ao uso correto se realmente tiver outorga, seria dar licença para o uso racional, o uso correto. Isso é o que precisa ser feito”, afirma Soares.

Hoje, a direção da Aesa está à cargo de Ana Maria de Araújo Torres Pontes. A reportagem tentou entrar em contato com a diretora-presidente, através da assessoria de imprensa do órgão, mas, até o fechamento desta edição, não obteve retorno. A Aesa é responsável por gerenciar e controlar a capacidade hídrica do açude e do canal. Com o fim das obras do Pivas decretado pelos governos estadual e federal, houve a transferência de gestão do Projeto por meio de Termo de Ajustamento de Compromisso entre o Estado da Paraíba e o Ministério da Integração Nacional. (BF)





Enquanto o capo mafiosi Carlinhos Cachoeira, blindado na Câmara e liberto, veraneia em um ressort de luxo a corda estoura no lado mais fraco: o contador do bicheiro, Geovani Pereira da Silva, foi condenado a 13 anos e 4 meses de prisão por corrupção e formação de quadrilha


La dolce vita do bicheiro...

O contador Geovani Pereira da Silva, braço direito do bicheiro Carlinhos Cachoeira, se entregou hoje (14) à Polícia Federal (PF), depois de quase um ano foragido. Por volta das 9h, ele se apresentou espontaneamente na delegacia da PF em Anápolis (GO), acompanhado do seu advogado.
De acordo com o delegado regional da PF em Anápolis, Angelino Alves de Oliveira, o contador da quadrilha chefiada por Carlinhos Cachoeira assinou o mandato de prisão e passou por exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML). Em seguida, foi conduzido à Superintendência da Polícia Federal, em Goiânia.
Silva teve a prisão decretada em fevereiro do ano passado depois de deflagrada a Operação Monte Carlo, que revelou o esquema criminoso comandado por Carlinhos Cachoeira e a ligação do bicheiro com políticos e agentes públicos.
Em dezembro, o contador Geovani Pereira da Silva foi condenado a 13 anos e 4 meses de prisão por corrupção e formação de quadrilha.

O padre, o arcebispo e as três gotas de Vodka



O padre, novo naquela paróquia, sentiu-se muito nervoso no seu primeiro sermão.

Antes do seu segundo sermão, no domingo seguinte, perguntou ao arcebispo como poderia fazer para relaxar.

Este lhe sugeriu que, na próxima vez, colocasse três gotas de vodka na água e assim ficaria mais tranqüilo.

No domingo seguinte o padre seguiu a sugestão do arcebispo.

Sentiu-se tão bem, que poderia falar alto até no meio de uma tempestade, tão feliz e descontraído que se encontrava.

Após a missa, ao regressar à Reitoria, encontrou esta nota, assinada pelo
arcebispo:

Seguem algumas observações a respeito:
1) Antes da próxima pregação, coloque três gotas de vodka na água e não três gotas de água na vodka.

2) Não coloque limão e açúcar na borda do cálice.

3) O manto da imagem de Nosso Senhor Jesus Cristo não deve ser usado como guardanapo.

4) Existem 10 Mandamentos e não 12.

5) Existiram 12 Apóstolos e não 10.

6) Judas traiu Jesus, não o "sacaneou".

7) Jesus foi crucificado, não enforcado;

8) Tiradentes não tem nada a ver com a história.

9) A hóstia não é chicletes; portanto evite tentar fazer bolas.

10) Aquela "casinha" é o confessionário; não o banheiro.

11) Evite apoiar-se na imagem de Nossa Senhora, muito menos abraçá-la.

12) A iniciativa de chamar o público para cantar foi louvável, mas fazer trenzinho e correr pela igreja foi demais.

13) Água benta é para se benzer e não para refrescar a nuca.

14) Nunca reze a missa sentado na escada do altar.

15) As hóstias devem ser distribuídas para os fiéis, jamais servidas como aperitivo para acompanhar o vinho.

16) Procure usar cueca embaixo da batina.

17) Evite abanar-se com a batina quando estiver com calor.

18) Jesus nasceu em Belém, mas isto não significa que ele seja paraense.

19) Numa missa não se deve fazer perguntas ao público.

20) Quem peca é um pecador, não um filho da puta.

21) Quem peca vai para o inferno, e não "pra puta que o pariu".

Pelos 45 minutos de missa que acompanhei, notei essas falhas que, espero, devem ser corrigidas já no sermão do próximo domingo.

Ah....Padre,
E "aquele sujeito, sentado no canto do altar", a quem você se referiu como "travecão de vestido" Era EU!!

Atenciosamente,
Arcebispo.

Ponta Grossa: Dino Schrutt discute com a Cohapar novos projetos habitacionais


A meta proposta pelo prefeito Marcelo Rangel para habitação, de construir seis mil casas em quatro anos, pode ser avançada. A Companhia de Habitação de Ponta Grossa (Prolar) irá firmar novos convênios com o governo federal e o governo do Estado, através da Companhia de Habitação do Paraná (Cohapar). Nesta semana, o presidente da Prolar, Dino Schrutt, se reuniu com o presidente da Cohapar, Mounir Chaowiche, para discutir os novos projetos.
Uma das principais medidas a ser adotada da Prolar será ampliar a faixa de renda atendida. Atualmente, a Companhia de Ponta Grossa atende a famílias com renda mensal até R$ 1.600. A intenção, segundo Schrutt, é atender também famílias com renda de dois a seis salários mínimos. “Teremos ótimas oportunidades de viabilizar novos projetos para Ponta Grossa, atendendo a mais famílias. Com isso, teremos condições de cumprir a meta habitacional do prefeito antes do término de seu mandato”, disse Schrutt.
Para dar mais agilidade ao programa de habitação para famílias com renda até R$ 1.600,00, atendidas pelo programa Fundo de Arrendamento Residencial (FAR), já desenvolvido em Ponta Grossa, o município irá firmar parceria com a Cohapar. Com isso, todo o processo, desde o contrato até a entrega das casas, será mais rápido devido à desburocratização, já que a licença do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), necessária para um loteamento, tem prioridade por tratar-se do pedido do Estado.
Ponta Grossa deverá firmar, ainda, novos convênios federais e estaduais de habitação, como, por exemplo, o que permite o uso de recursos para habitação do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). É este programa, segundo Schrutt, que permitirá o atendimento para faixa de renda de dois a seis salários mínimos. O presidente da Prolar estima que somente com este convênio será possível viabilizar duas mil casas, previstas para 2013 e 2014.
Outro projeto de habitação a ser estudado pelo município é o que utiliza o Fundo Rural, destinado para áreas rurais. Para ter acesso ao recurso é necessário que um grupo de pequenos agricultores vizinhos se una e faça o pedido em conjunto. Para o presidente da Cohapar, é importante que a Prolar atue também na área rural, oferecendo todo o suporte necessário para os pequenos agricultores.
Durante a reunião foi abordado também o programa destinado para melhorias. O programa disponibiliza R$ 5 mil a fundo perdido para a reforma de casas, atendendo as famílias de baixa renda. Caberia à Prolar o apoio técnico e social para as famílias. “Ponta Grossa tem condições de aderir a este programa”, disse Chaowiche, que deixou bem claro para o presidente da Prolar que em pouco tempo Ponta Grossa estará entre as principais cidades do Paraná em número de investimentos na área de habitação. (PC)

Protesto de vigilantes fecha agências bancárias em Curitiba

Um protesto do Sindicato dos Vigilantes de Curitiba e Região fecha agências bancárias na capital paranaense nesta segunda-feira (14). A Caixa Econômica Federal já confirmou que a maioria das agências da instituição estão fechadas para atendimento ao público em Curitiba. O banco relata que há uma exigência legal de vigilância, e que, pela falta de agentes, precisou fechar as portas das agências.


“Eu acho que toda a categoria tem o direito de protestar quando não está satisfeita. Certamente o objetivo dos vigilantes não é prejudicar os cidadãos, mas reivindicar os seus direitos e nós não vamos morrer por causa de um dia com o banco fechado”, afirmou a gerente de empresa Marianna Rodrigues, que precisava fazer alguns pagamentos bancários e encontrou as duas agências que precisava – do Bradesco e da Caixa – fechadas.
Para Tatiane Barth, que tinha horário agendado na Agência da Caixa, na Praça Carlos Gomes, a população é sempre a maior prejudicada no caso das paralisações. “Eu não acho certo. Posso perder um negócio porque não sei se vou conseguir fazer a transferência dentro do prazo”, protestou.
Leitores da Gazeta do Povo se manifestam no Facebook e relatam que bancos em outras regiões da cidade também estão fechados. O leitor Geraldo Silva diz que o banco Itaú no bairro Cajuru está fechado. Já a leitora Mariana Francoski registra que uma agência do Santander está fechada na Cidade Industrial de Curitiba.
O Bradesco informou, via assessoria, que o banco não irá comentar o assunto, e não repassou informações sobre dificuldades enfrentadas pelos clientes da instituição financeira.
Já o HSBC informou em nota que as operações em algumas agências poderão sofrer impacto, e que está trabalhando para normalizar o atendimento aos clientes. A entidade não cita o número de agências afetadas.
A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa do Banco do Brasil, do HSBC, do Itaú e do Santander, e aguarda retorno para saber se os clientes de cada entidade enfrentam dificuldade para encontrar agências abertas nesta segunda (14).
A entidade sindical que organiza a manifestação não tem informações sobre o número de agências bancárias fechadas.
Já nos Correios, segundo a assessoria, os vigilantes que atuam nas agências que possuem serviço de segurança privada não aderiram ao movimento. A empresa relata que não há influência no atendimento, que ocorre normalmente nesta segunda (14).
A manifestação
Um grupo de aproximadamente 300 pessoas se dividiu em três equipes e passou por agências bancárias e outros locais nos quais trabalham seguranças privados. O objetivo é convencer os vigilantes a cruzarem os braços por um dia. A ação dos manifestantes ocorre principalmente Centroda capital.
Segundo o representante conselheiro do Sindicato dos Vigilantes de Curitiba e Região, João Carlos dos Santos, a ideia da manifestação é mobilizar a categoria e chamar a atenção da sociedade para os riscos a que estão sujeitos os vigilantes. “Estamos passando em diversos locais aqui no Centro onde sabemos que há postos de vigilantes para sensibilizar os profissionais a aderirem à manifestação. Muitos estão deixando o trabalho e se juntando a nós”. Santos afirma que, de forma geral, quando há a oportunidade de conversar com as pessoas elas reconhecem o direito dos profissionais ao adicional de periculosidade de 30% pois sabem que os riscos são grandes.
A manifestação desta segunda (14) ocorre porque os vigilantes reivindicam o pagamento de um adicional de 30% para compensar os riscos da profissão (adicional de periculosidade). No último dia 10 de dezembro, foi publicada em Diário Oficial a sanção da Lei Federal 12.740 de 2012, que prevê que as empresas precisam pagar 30% além do salário para compensar os riscos envolvidos na profissão.
No Paraná, as empresas já fazem um pagamento de 15,5% além dos salários. Para cumprir a nova lei, elas precisam fazer um incremento no bônus, para chegar aos 30% obrigatórios. O piso salarial dos vigilantes paranaenses é de R$ 1.140. O adicional de periculosidade ficaria, com a nova lei, em torno de R$ 340. Segundo o sindicato dos vigilantes, a quitação do novo benefício deveria ter sido feito pela primeira vez neste início de janeiro, o que não ocorreu.
Assembleia
A programação dos manifestantes conta ainda com a realização de uma assembleia, no fim do dia, marcada para as 17 horas. A categoria quer definir, por votação, se o indicativo de greve geral será aprovado. Nesse caso, uma paralisação por tempo indeterminado terá início a partir do dia 1º de fevereiro.
Outro lado
Sindicato das Empresas de Segurança Privada do Paraná (Sindesp-PR), no entanto, nega que tem a obrigação de fazer o pagamento, já que ainda não houve regulamentação do benefício.
Em nota, a entidade divulgou que “o pagamento de ‘adicional de periculosidade’ ao trabalhador exposto a ‘roubos ou outras espécies de violência física nas atividades profissionais’, só acontecerá após a efetiva ‘regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho e Emprego’, como previsto na mencionada Lei”. (GP)

Para Haddad, União age como agiota no acordo da dívida pública


O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), afirmou na manhã desta segunda-feira que o governo federal age como “agiota” nos contratos da dívida com Estados e municípios e que, a partir da abertura do ano legislativo, em fevereiro, procurará os presidentes da Câmara e Senado para pedir a aprovação rápida  do novo acordo - que prevê a mudança do indexador da dívida do atual IGP-DI mais 9%, no caso da capital paulista, para a Selic ou o IPCA mais 4%, o que for menor.
“Estarei com os presidentes das duas Casas para falar da importância de aprovar essa mudança ainda este ano. Para São Paulo, isso é da mais extrema importância porque a cidade sofre com esse acordo desde 2000”, afirmou em entrevista à Rádio Jovem Pan AM.
O petista elogiou a presidente Dilma Rousseff por “quebrar o tabu” e renegociar a dívida, proposta que tem como principal beneficiária a cidade de São Paulo.
Haddad sinalizou que dependerá do governo federal para atingir uma de suas principais metas de campanha, a construção de 150 quilômetros de corredores de ônibus. A gestão de seu antecessor, Gilberto Kassab (PSD), já deixou licitados 66 km. A prefeitura precisará de ajuda para construir o restante, diz Haddad. “Não temos recursos para fazer os 84 km restantes. Se a União não puder aportar esses recursos, o restante faremos na forma de PPP [Parcerias Público Privadas]”, afirmou.
Inspeção veicular
O prefeito indicou que terá como metas na Câmara Municipal aprovar a revisão do Plano Diretor, a Lei de Uso e Ocupação do Solo e um novo Código de Obras.
Os primeiros projetos, porém, serão para atender promessas de campanha, como o fim da taxa de inspeção veicular. O petista disse ainda que encomendou estudo para a Secretaria de Finanças para saber quanto a cidade perde em arrecadação com a mudança do endereço de licenciamento de veículos para cidades da Região Metropolitana com o objetivo de fugir da inspeção veicular. “Parece que os números não são bons. São Paulo está perdendo recursos e piorando a qualidade do ar”, afirmou.
Haddad ainda classificou como naturais as críticas de partidos aliados, principalmente de setores do PT, sobre a nomeação de técnicos para comandar as subprefeituras, mas disse não se arrepender da escolha. “Penso que tomei a decisão correta, não estou nem um pouco arrependido”, afirmou, ao dizer que seu compromisso era com a desmilitarização - o petista substituiu os coronéis da reserva que atuavam na administração Kassab por arquitetos e engenheiros.
Na opinião de Haddad, os partidos estão representados no secretariado. “Entendi que não era o caso de lotear as subprefeituras. Fizemos gesto com a Câmara, de trazer para as secretarias municipais alguns vereadores que representassem partidos para a Câmara, em um governo de coalizão transparente e de responsabilidades”, afirmou. (Valor)


TESTAMENTO VITAL: Direito de o paciente definir o próprio destino

Resolução divulgada recentemente pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) prevê que o paciente, sobretudo em estado terminal, decida quais tratamentos deseja ou não receber, deixando que a morte siga seu curso naturalmente. A medida é chamada de ‘‘diretiva antecipada de vontade’’ ou ‘‘testamento vital’’, que consiste no registro formal no prontuário ou cartório, dando suporte legal e ético à vontade do paciente em não ser submetido a determinados tratamentos invasivos ou dolorosos, nos casos em que a recuperação ou cura não são mais possíveis. No Paraná, os primeiros documentos começam a surgir. 

  Profissionais da área dizem que este é um passo na consolidação aos preceitos dos ‘‘cuidados paliativos’’, já realizados há anos nos hospitais. Esta prática acontece quando não existe mais possibilidade terapêutica de cura e há o desejo do paciente em continuar o tratamento para amenizar o sofrimento. Uma equipe multidisciplinar, portanto, busca oferecer um tratamento humanizado cujo foco é proporcionar conforto para uma morte menos sofrida, aliviando as dores do corpo, da mente, e controlando os sintomas durante o tempo de vida que resta ao doente. A equipe trabalha ainda acompanhando a família, bem como o apoio na fase de luto. 

  Segundo José Eduardo Siqueira, membro da Câmara Técnica de Bioética do Conselho Regional de Medicina (CRM) do Paraná, um dos principais avanços é que a diretiva antecipada de vontade pode ser realizada a qualquer momento da vida, mesmo que o indivíduo esteja gozando de plena saúde. ‘‘É importante ressaltar que não existe prazo de validade e o documento pode ser revogado a qualquer momento se a pessoa mudar de ideia. Não há necessidade de registro em cartório, mas isso pode ser feito’’, explica ele, ressaltando que ainda não há lei no Brasil que regulamente o documento. A diretiva, portanto, traria respaldo jurídico. 

  A oficialização da diretiva, de acordo com Siqueira, permite que as pessoas escolham, por exemplo, não serem submetidas a tratamentos de recuperação ou manutenção artificial da vida, como ressuscitação cardíaca, ventilação mecânica, traqueostomia, ou ainda, hidratação ou alimentação por sonda. ‘‘Sem uma posição do paciente, os médicos se sentiam na obrigação de usar todas as técnicas disponíveis, quando nem mesmo eles acreditavam que pudesse surtir efeito, já que a família mantém as esperanças. Culturalmente, o brasileiro tem 

dificuldade em aceitar que não há mais o que ser feito’’, reitera. 

  Ele destaca que cerca de 95% das pessoas internadas em unidades de terapia intensiva (UTIs) estão inconscientes. ‘‘Cabe, por isso, à família e à equipe médica entrarem num consenso, que nem sempre é o da pessoa. Agora, se documentada, a vontade do paciente prevalece a qualquer decisão da família, ou seja, é soberana e deverá ser respeitada’’, pontua, esclarecendo que algumas decisões por parte da família são influenciadas por interesses patrimoniais, principalmente em casos de pacientes mais idosos. 

  De acordo com o médico, as diretivas antecipadas são registradas desde a década de 1990 em países como os Estados Unidos. 

‘‘Essa prática lá é muito 

comum. Além da lei que 
dá respaldo, todo prontuário médico possui o campo para o paciente preencher suas vontades. Isso porque eles veem a morte com 

mais naturalidade e um processo inevitável.’’ Nesse contexto, o atendimento paliativo domiciliar se destaca como prática humanizadora, ao mesmo tempo em que possibilita otimizar a utilização dos leitos hospitalares e reduzir o número de reinternações. (Uol)

A história se repete: Novos prefeitos, velhos problemas


Há menos de duas semanas no mandato, novos prefeitos por todo o país foram surpreendidos – negativamente – com o cenário em que encontraram a administração municipal. No Paraná, em várias cidades, as reclamações do chefe do Executivo recém-empossado são as mesmas: dívidas impagáveis, maquinário sucateado, carros oficiais sem pneus e sem motor e servidores com salários atrasados. A saída encontrada por muitos prefeitos foi decretar moratória de 30 a até 90 dias. Em alguns casos mais extremos, foi preciso arrombar prédios públicos que não tinham chave e deixar a administração apenas em expediente interno, por falta de condições de atender à população.
Quem enfrenta uma das situações mais problemáticas é a prefeitura de Farol, no Centro-Oeste do estado. Com a negativa da prefeita anterior, Dirnei Cardoso (PMDB), para compor uma comissão de transição, Ângela Kraus (PTdoB) diz que só ficou sabendo do “tamanho do problema” ao entrar no gabinete após a posse. Além de encontrar parte da frota de ônibus sem pneus e até sem motor, alguns prédios públicos tiveram de ser arrombados porque não foram entregues as chaves. “O período letivo vai começar e nem mesmo peças para colocar os ônibus escolares nas ruas existem. Os fornecedores não querem nem vender combustível para o município. O crédito está fechado aqui e até mesmo em Campo Mourão, onde são realizadas algumas compras”, conta a prefeita.
O cenário é semelhante em Alto Piquiri, no Noroeste, onde o prefeito Elias Pereira da Silva (PV) decidiu expor 24 veículos sucateados – um terço do total da frota – em frente à prefeitura. Entre eles, estavam ambulâncias, ônibus, caminhões e tratores. De acordo com a administração do município, o protesto foi uma forma de mostrar a dificuldade enfrentada para prestar alguns serviços à população.
Em Mamborê, no Centro-Oeste do Paraná, a preocupação é que as péssimas condições do maquinário prejudiquem a manutenção e recuperação das estradas do município, o que poderia colocar em risco o escoamento da produção agrícola – uma de suas principais atividades econômicas. De acordo com o chefe do setor rodoviário do município, Paulo Ratti, serão necessários pelo menos R$ 500 mil para recuperar a frota. “Tem veículo com transmissão estourada, patrolas sem freio, com o motor fundido. Além disso, as máquinas mais novas estão sem revisão e em péssimas condições de uso”, afirma.
O sucateamento da frota e a falta de pagamento às empresas prestadoras de serviço são a justificativa da prefeitura de Paranaguá, no litoral do estado, para o atraso na coleta de lixo desde a virada do ano. Em algumas regiões da cidade, o recolhimento não é feito há mais de duas semanas. Segundo a administração municipal, que está emprestando caminhões da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa) para ajudar na coleta, o serviço deve ser normalizado em duas semanas.
Já em São Miguel do Iguaçu, na região Oeste, é a sede da prefeitura que apresenta problemas. Escorado por hastes de metal, o prédio está repleto de rachaduras, com infiltração e infestado por cupins. O novo prefeito, Cláudio Dutra (PR), disse que vai pedir um laudo do Corpo de Bombeiros antes de tomar as medidas necessárias para a reforma do prédio.
Até o portal da cidade terá de ser devolvido por falta de verba
Em Farol, a prefeita Ângela Kraus (PTdoB) tomará uma decisão incomum diante da situação econômica em que encontrou a administração municipal: vai devolver ao fornecedor um portal que fica na entrada da cidade e foi instalado nos últimos dias da gestão anterior. “Não temos como pagar. Além disso, não existe nenhum documento que mencione a sua aquisição”, revela o secretário de Administração, Silvio Roberto Zamora.
Uma das primeiras decisões da nova prefeita foi decretar moratória de 90 dias e a interrupção do atendimento ao público até o final de janeiro, mantendo apenas o expediente interno na prefeitura. “Não há verba para pagamento e até o recolhimento do INSS está atrasado. Encontramos dívidas que nem sequer foram registradas pela contabilidade”, afirma. Segundo ela, os resultados de uma sindicância interna que está sendo realizada serão encaminhados ao Ministério Público Estadual (MP). Os primeiros cálculos estimam em R$ 2 milhões a dívida do município – 20% do orçamento anual, que é de R$ 10 milhões. “Mas esse número deve aumentar. A cada dia aparece um fornecedor aqui para receber algo que nem sabemos se foi comprado pelo município”, diz Zamora.
Salários atrasados
Em Dois Vizinhos, na região Sudoeste, o prefeito Raul Isotton (PMDB) suspendeu o pagamento das dívidas do município por 120 dias. A decisão foi motivada pelo relatório de encerramento de mandato entregue pelo ex-prefeito José Luiz Ramuski (PSDB), segundo o qual o município tem R$ 1,8 milhão em caixa, mas uma dívida de R$ 14,2 milhões. O resultado disso é que cerca de 800 funcionários ainda não receberam o salário de dezembro, num total de R$ 2 milhões. Para diminuir as despesas, foram suspensos serviços como podas de árvores e limpeza pública. Além disso, a unidade de pronto atendimento seguirá fechada durante todo o mês de janeiro.
O salário de dezembro também não foi pago aos servidores de Laranjeiras do Sul, no Centro-Sul do estado. A estimativa é que as dívidas do município cheguem a R$ 13 milhões. Diante disso, a prefeita Sirlene Svartz (PPS) decretou moratória por 90 dias.
Em Tibagi, nos Campos Gerais, o período de moratória será ainda maior, de 100 dias. A prefeita Angela Mercer de Mello (PTB) estima em mais de R$ 5 milhões as dívidas do município, que também não pagou o salário de dezembro aos funcionários.
Em Peabiru, na região Centro-Oeste, o prefeito Claudinei Minchio (PT) acusa o antecessor, João Carlos Klein (PMDB), de ter pago em dezembro somente os fornecedores e o alto escalão da administração. “Quando ele [Klein] passou as chaves da prefeitura, entregou um documento dizendo que havia R$ 800 mil em caixa, mas esse dinheiro não pode ser movimentado em conta salário”, alega o petista. Isso só deve ser feito com recursos do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). (GP)

Os dilemas da atual oposição à presidente Dilma


O maior dilema da oposição, incluindo a não-partidária, em relação à presidente Dilma Rousseff, é como calibrar as críticas à sua gestão, de  modo  a enfraquecê-la na disputa de 2014, porém sem inviabilizá-la como candidata. As razões para tanto são muitas e são analisadas neste texto.
Já ficou provado, nestes dois últimos anos, que denúncias de corrupção no governo não dão liga. Apesar delas, a popularidade da presidente continua crescendo. A oposição, que insiste no denuncismo e na judicialização da política, não apresenta projeto alternativo de poder nem dispõe de lideranças com igual potencial eleitoral dos candidatos do PT, o que só amplia seu dilema.
O PT, para os próximos dois pleitos presidenciais, dispõe de dois candidatos fortes: Dilma, para a reeleição em 2014, ou Lula – que deseja que seu último julgamento seja feito pelas urnas – para 2014 e/ou 2018.  Para além de 2018, o partido espera poder credenciar Fernando Haddad, com boas gestões na prefeitura e posteriormente no governo do estado, para dar continuidade ao projeto de poder.
Esse cenário para 2014 deixa os opositores e seus defensores apavorados, sem saber exatamente o que fazer, incluindo alguns articulistas e proprietários da grande mídia, porque inviabilizar Dilma significa ressuscitar a candidatura de Lula, contra quem têm feito uma campanha massacrante.
De fato, Dilma é uma executiva, possui perfil mais técnico e, do ponto de vista da economia, não faria nada muito diferente de Lula, mesmo sendo mais flexível às parcerias com a iniciativa privada. Política e eleitoralmente, porém, há uma diferença abissal. Ele possui grande liderança e carisma. Ela se elegeu graças aos resultados do governo e o prestígio pessoal de Lula e, aparentemente, não se sustentaria politicamente divorciada do projeto político liderado por ele.
A lógica é simples. A percepção corrente é de que o prestígio da presidente Dilma se exaure em quatro ou, na hipótese de reeleição, em oito anos.  O de Lula, uma liderança carismática, se mantém no tempo, com ou sem mandato, mesmo com as reiteradas tentativas de denúncias para envolver seu nome em escândalos.
Politicamente, Lula parece uma espécie de água viva (Turritopsis dohrnii) que rejuvenesce em momentos de crise ou quando ferida e não morre nunca. Quanto mais batem nele, mais ele consolida seu prestígio entre os eleitores, notadamente os mais humildes, segundo as recentes pesquisas.
Em razão disso, tudo leva a crer que 2013 será um ano em que a presidente deixará de ser poupada, como em certa medida o foi em 2011 e 2012, numa tentativa de fragilizá-la na disputa em 2014. Mas os ataques, que vão mirar os problemas de gestão, as falhas na  infraestrutura e uma suposta intervenção estatal na economia, serão dosados para não inviabilizá-la como candidata.
Por mais irônico que isto possa parecer, um bom cenário para a oposição e seus defensores na mídia será ter a presidente Dilma como candidata à reeleição, preferencialmente enfraquecida, já que não tê-la na disputa significa enfrentar Lula, uma candidatura com fortes laços e vínculos populares, além de ter deixado grande legado no combate às desigualdades.
Além das dificuldades naturais de enfrentar uma candidatura carismática como a de Lula, com quem os mais pobres têm uma grande dívida de gratidão, setores da oposição preferem disputar com Dilma porque imaginam que ela, na hipótese de reeleição, não faria alterações no marco legal das comunicações, como fez recentemente Cristina Kirchner na Argentina, poderia promover mudanças nas relações de trabalho, bem como ampliar o processo de transferência de atividades produtivas e de prestação de serviços estatais para a iniciativa privada.
É claro que ainda é cedo para especular sobre 2014. Entretanto, mantido o cenário de crescimento econômico, ainda que modesto, e se a oposição não adotar uma agenda positiva, capaz de transmitir esperança e confiança (esperança de que o status quo mudará para melhor e confiança de que o candidato dela e sua equipe transformação isso em realidade), dificilmente o projeto de poder da atual coalizão no governo será interrompido.
As candidaturas fora do PT são poucas e problemáticas. Pela oposição, o PSDB parece que vai de Aécio Neves, mas não existe unidade partidária, e Marina Silva aguarda a criação de um partido, para poder viabilizar sua candidatura. Eduardo Campos, que é da base do governo federal, tem sido lembrado como potencial candidato, mas tudo leva a crer que marche com Dilma ou Lula na expectativa de que possa concorrer em 2018.
O debate sobre a sucessão de 2014, portanto, já está posto e, a julgar pelo fracasso do denuncismo,  terá conteúdo programático. Isso fará com que a presidente tenha clareza sobre quem são seus aliados e adversários nesse processo.
Nessa perspectiva, a tendência é que a presidente, além do setor empresarial, ao qual tem dado uma atenção especial, também busque dialogar com seus verdadeiros parceiros, tanto nos movimentos sociais, com os quais mantém uma relação fria e distante, quanto com os partidos programáticos da base.
No momento em que os projetos forem colocados e a grande mídia começar a questioná-la diretamente, como já dá os primeiros sinais na questão da energia elétrica (crítica à questão das tarifas versus suposto risco de apagão) e no episódio do fechamento do superávit fiscal de 2012, a presidente precisará de sustentação e, caso assuma suas bandeiras e reivindicações, poderá contar com parcela majoritária dos movimentos sociais.
Mantida a trajetória política atual e sem problemas graves na economia, as candidaturas de oposição em 2014 servirão mais para alavancar novos nomes e partidos para 2018, além de promover um debate em bases programáticas – o que efetivamente não aconteceu na eleição de 2010 – do que propriamente ganhar o pleito, derrotando Dilma ou Lula, dependendo de quem seja o candidato da situação. A aposta, portanto, irá para 2018, quando esperam que nem Dilma nem Lula estejam na disputa. (CF)

“Hegemonia do PMDB é perigosa”, diz Júlio Delgado

Comparando-se ao personagem bíblico Davi, o candidato à presidência da Câmara Júlio Delgado (PSB-MG) diz ter a “pedra certa” para derrubar Golias, personificado, nas palavras dele, no deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), favorito à sucessão de Marco Maia (PT-RS). Mas, em vez de contar com aquele que seria seu maior cabo eleitoral, o presidente nacional do seu partido e governador de Pernambuco, Eduardo Campos, Júlio aposta no bloco dos descontentes. E também no discurso de que não é possível dar ao PMDB tanto poder, ou seja, a presidência simultânea da Câmara e do Senado. “Para a Casa, essa hegemonia do PMDB é perigosa”, considera.
Sem contar com o apoio explícito de Eduardo, ele deposita todas as suas esperanças no apoio de parlamentares insatisfeitos com a concentração de poder nas mãos de “meia dúzia” no Congresso e que querem mudança. “Há um sentimento na Casa de que é importante tentar fazer algo diferente. O instrumento dessa tentativa é muito mais um nome novo, que representa mudança, do que um nome que representa o continuísmo”, afirma, em alusão a Henrique, deputado em 11º mandato e líder do PMDB há sete anos.
Júlio lançou oficialmente sua candidatura no dia 20 de dezembro, com a divulgação de uma carta assinada pela bancada do PSB na Câmara. A direção nacional do partido, inclusive Eduardo Campos, nunca se manifestou em relação à candidatura. Nada que o desanime, garante. “O Eduardo Campos não me pediu para retirar a candidatura, nem me desestimulou. A direção do PSB não deliberou a respeito da nossa candidatura, mas há pessoas da Executiva Nacional colaborando”, afirma o deputado.
Eduardo Campos
Atual quarto-secretário da Câmara, Júlio reconhece que gostaria de ter o apoio explícito do governador de Pernambuco e diz ter duas explicações para o não engajamento dele em favor de sua candidatura. A primeira hipótese, diz ele, é que Eduardo Campos não quer ter o ônus de uma eventual derrota do PSB na disputa pela presidência da Câmara nem ser acusado de interferir num processo do Legislativo. Essa acusação ocorreu em 2011, quando o governador se envolveu diretamente na eleição de sua mãe, a ex-deputada Ana Arraes, para o Tribunal de Contas da União (TCU). Na época, Ana também recebeu o apoio velado de Henrique Eduardo, comenta-se ainda hoje no Congresso.
A outra hipótese, continua Júlio Delgado, é que o governador, cotado para a sucessão presidencial, não quer se indispor com a presidenta Dilma Rousseff, que apoia a candidatura de Henrique Eduardo. “Se ele entrasse de cabeça, o próprio governo poderia ver esse gesto como uma reafirmação de candidatura para 2014”, avalia Júlio.  “Somos da base, temos compromisso com o governo. Não vamos fazer um processo de enfrentamento agora. O governo poderia reagir e essa intromissão poderia ser confundida”, acrescenta.
Para Júlio, a eleição de um presidente da Câmara fora dos quadros do PMDB seria a opção mais “saudável” para o governo Dilma. “A vitória de outro partido da base pode fazer com que esse poder seja distribuído mais equitativamente”, defende. Ainda sem adversários, o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), prepara-se para assumir a presidência da Casa, em eleição marcada para o dia 1º de fevereiro.
Henrique Eduardo tem, até agora, o apoio declarado das maiores bancadas, como o PMDB, o PT, o DEM e o PSDB. Mas Júlio insiste que a aliança foi costurada apenas pelos líderes e tem causado desconforto nas bases partidárias, que, silenciosamente, pretendem dar o troco na hora do voto. Ele também acusa o adversário de oferecer cargos na Mesa Diretora em troca de apoio. Na avaliação dele, essa onda de insatisfação mostra que há, sim, um desejo por mudança na Casa. E é esse anseio que ele tenta capitalizar.
“O favorito recebeu apoio institucional de vários partidos. Mas o apoio foi decidido por um número minoritário de parlamentares. Há muita gente dentro dos partidos que não está satisfeita com essa mesmice”, afirma.  “Estamos construindo ainda uma proposta, o que mostra que nossa campanha tem faceta diferenciada. A proposta não é minha, não é de um partido, mas construída coletivamente para ser executada coletivamente”, acrescenta.
Desafios e polêmicas
O principal desafio, admite, é reaproximar a sociedade do Parlamento. Entre os compromissos assumidos pelo candidato até agora, estão a garantia de voto à bancada feminina nas reuniões de líderes, a adoção de mecanismos que priorizem a inserção de projetos de parlamentares na pauta do plenário e a votação de propostas independentemente da existência de consenso ou não sobre o tema.
Já do ponto de vista administrativo, ele acena com uma proposta que seduz os parlamentares: a construção de um novo bloco para abrigar os 84 deputados instalados em gabinetes de qualidade inferior, sem banheiro, no chamado Anexo III. Segundo ele, a medida não implicaria gasto algum para a Casa: bastaria fazer o Banco do Brasil cumprir um acordo que, de acordo com o deputado, foi costurado na gestão de Arlindo Chinaglia (PT-SP).
Pelo acordo, que garantiu ao Banco do Brasil assumir a folha de pagamento da Câmara, a instituição cederia o dinheiro para a construção do chamado Anexo V. “Temos de equilibrar os gabinetes dos deputados que vivem em condições piores que a sua sala de trabalho. Isso segrega, divide, coloca a categoria por deputado”, defende.
Outro assunto polêmico do qual o deputado promete não fugir é a cassação do mandato dos deputados condenados no julgamento do mensalão. Diferentemente de Henrique Eduardo, que diz não aceitar que o Supremo Tribunal Federal (STF) determine a perda de mandato dos parlamentares, Júlio Delgado afirma que é preciso aguardar a decisão final dos ministros. “Há uma interpretação errada. Não se contesta decisão final do STF. Mas ainda não houve decisão final. Temos de aguardar a publicação do acórdão”, diz o deputado em entrevista exclusiva ao Congresso em Foco.

Tarso Genro: 'Usamos os métodos de partidos que criticávamos'


Quais os reflexos que o mensalão ainda provocará no PT? Como se preparar para 2014?

Integro uma corrente de opinião no PT que é minoritária, tem em torno de 40% dos delegados, a Mensagem ao Partido. Ela entende que o partido precisa passar por uma profunda renovação, e essa renovação passa pelos métodos da direção; pelas relações do partido com os governos; por novos métodos de participação da base, por meio de métodos tecnológicos; e por uma avaliação muito mais profunda do que foi feito até agora sobre o que ocorreu nesta Ação Penal 470. Uma coisa é você avaliar, como eu avaliei, que teve de se inventar uma tese de domínio funcional dos fatos para condenar lideranças do partido. Outra coisa é você compreender que, tendo ocorrido ilícitos penais ou não, os métodos de composição de maiorias e de formação de alianças que nós utilizamos foram os mesmos métodos tradicionais que os partidos que nós criticávamos adotavam. É uma total necessidade você aprender a superar esses métodos. Esta é a grande questão que temos que trabalhar: qual é o sistema de alianças que nos dá uma capacidade de governar dentro da ordem democrática sem utilizar esses métodos tradicionais que herdamos da República Velha.
O senhor defende a cassação dos mandatos dos mensaleiros?

A Constituição tem que ser interpretada a partir da independência dos poderes. A decisão tem que ser da Câmara Federal de cassar ou não. Eu substituí o (José) Genoino na presidência do PT, e o que circulava dentro do partido, e foi constatado depois, é que ele assinou empréstimos, agora pagos, e que o fez de boa-fé, sem saber que, por trás daqueles empréstimos, poderia ter uma articulação de intercâmbio de favores em benefício do partido e de outras pessoas. Eu não sei se, nessa situação, eu renunciaria. O fato é que toda essa situação significa que o PT tem de instituir regras muito rígidas em relação aos seus dirigentes, seus quadros e seus vínculos com as empresas privadas. É totalmente incompatível dirigente partidário continuar se apresentando como tal e sendo ao mesmo tempo consultor de grandes negócios. Porque, quando essa pessoa fala dentro do partido, quem está falando? É o dirigente ou o consultor? Essa regra não deve valer só para o PT, não estou me fixando em nenhum caso específico. Essas relações são sempre muito perigosas.

Qual futuro o senhor prevê para o ex-ministro José Dirceu?

Tenho uma relação política interna de partido com Dirceu. Nunca fui uma pessoa próxima a ele. Ele teve uma participação muito importante na construção do partido e na primeira vitória do presidente Lula. Mas acho que a forma como o Dirceu está enfrentando essa questão é equivocada, porque tende a estabelecer uma identidade dos problemas que ele está enfrentando com o problema do PT, com o conjunto, e trazendo para a sua defesa o partido como instituição. A defesa que o partido tem que fazer em circunstâncias como essas, para qualquer pessoa, é que ela tenha direito a defesa e a um julgamento justo, e não o estabelecimento de qualquer identidade política, que é outra coisa. O Dirceu não pode ser demonizado no partido, até pela trajetória que ele teve, embora a forma como ele está lidando com essa questão não seja boa para o partido, estabelece uma identidade forçada dele em conjunto com o partido, coisa que, no mínimo, não existe. O partido tem que ser solidário com todos os seus quadros, errem ou acertem, para que tenham direito de defesa e julgamentos justos.

O partido hoje só se pauta pelo mensalão?

A agenda do partido não pode ser a agenda da Ação Penal 470. O que o partido tinha que fazer já fez. Já fez o manifesto, já deu a solidariedade que tinha que dar. O partido tem que tratar da sua vida, ele é um projeto para a sociedade, não um projeto para ficar amarrado a uma pauta, que inclusive foi constituída por indivíduos e dirigentes, e não por decisões do partido, para que aqueles fatos ocorressem, fatos esses narrados na Ação penal 470. A agenda PT tem que ser da a reforma política, do que eu chamo de 14-18 (projeto 2014-2018) e do sistema de alianças. (AG)

 
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