quarta-feira, 20 de julho de 2011

Lavanderia Brasil: O país abriga até 43% da corrupção mundial

O Brasil responde por 26% a 46% de todo o dinheiro movimentado pela corrupção no mundo. O índice é fruto de dados da organização Transparência Internacional projetados pela Federação das Indústria do Estado de São Paulo (Fiesp).

Enquanto as perdas médias globais anuais com o problema giraram em torno de R$1 60 bilhões nos últimos anos, o prejuízo nacional pode ter chegado a R$ 70 bilhões por ano.

Casos para exemplificar as estatísticas não faltam. O escândalo do Ministério dos Transportes é o mais recente. Suspeita-se que foram desviados R$ 4,5 bilhões por meio de aditivos em contratos referentes a 46 obras de ferrovias, entre março de 2010 e junho de 2011. Mesmo assim, esses números só entram nas projeções da Fiesp nos próximos relatórios.

O estudo atual mostra dados até 2008, com R$ 41,5 bilhões desviados. No mundo, entre 1990 e 2005, estima-se que foram desviados aproximadamente U$ 300 bilhões (em torno de R$ 472,5 bilhões), quantia que deve ter dobrado nos últimos seis anos, segundo o Relatório Global da Corrupção, da Transparência Internacional.

Último discurso de Salvador Allende en Radio Magallanes

Antártida já foi paraíso tropical, diz cientista


Uma pesquisadora britânica disse que a Antártida era um paraíso tropical há cerca de 40 milhões de anos. Segundo Jane Francis, do Colégio de Meio Ambiente da Universidade de Leeds, o continente gelado, que hoje apresenta uma camada de 4 quilômetros de gelo, passou a maior parte dos últimos 100 milhões de anos como uma região de clima quente e fauna rica.

"Era assim há cerca de 40 milhões de anos. Durante a maior parte da história geológica da Antártida, a região estava coberta por bosques e desertos, um lugar que tinha um clima quente", disse Francis à BBC Mundo. "Muitos animais, incluindo dinossauros, viviam na região. Foi no passado geológico recente que o clima esfriou."

De acordo com a cientista, clima mais ameno no passado da Antártida provavelmente foi causado por elevados índices de dióxido de carbono na atmosfera. "Se continuarmos emitindo grandes quantidades de dióxido de carbono, esquentando o planeta, poderíamos chegar à mesma situação em que voltariam a aparecer animais e bosques na Antártida."

DERRETIMENTO - Segunfo cientistas, há 50 milhões de anos havia mais de mil partes por milhão (ppm) de dióxido de carbono na atmosfera, o que esquentou o planeta a ponto de derreter todas as camadas de gelo.

Nos últimos anos, a quantidade de dióxido de carbono na atmosfera apresentou aumento e passou de 280 ppm registradas na era pré-industrial para 390 ppm no presente, o que aumentou em um grau as temperaturas globais.

Os especialistas disse que, continuando com este ritmo de crescimento, de cerca de 2 ppm por ano, será necessário muito tempo para que se chegue aos mil ppm. Mas, o problema, segundo ele, é que, quando chegarmos aos 500 ppm já começaremos a observar o derretimento de uma grande parte das calotas de gelo.

"A diferença é que, no passado, o aquecimento ocorreu devido a causas naturais como vulcões. E ocorreu em um período muito grande de tempo. Os animais e plantas tiveram tempo de se adaptar", assinalou Jane Francis.

"Mas o problema com a mudança climática atual, que está sendo provocada principalmente por fatores humanos, é que está ocorrendo muito depressa, em comparação a como poderia ocorrer em um período geológico normal. Por isso. não vamos ter muitas oportunidades para nos adaptar", acrescentou ela.

URGÊNCIA - A cientista da Universidade de Leeds destacou que os governos de todo o mundo estão trabalhando para reduzir as emissões de dióxido de carbono, ma os esforços precisam ser maiores.

Para alguns céticos, agora é tarde para evitar o aquecimento global e devemos nos concentrar mais na adaptação para as novas condições climáticas. Jane Francis considera essa postura muito pessimista. Na sua opinião, a humanidade deve se concentrar em fazer mais para evitar o aquecimento global. (BBC)

O governo estadual quer acelerar retirada de madeira dos leitos dos rios na área que foi inundanda no litoral

Equipes do governo do Paraná estão avaliando meios de acelerar o processo de retirada da madeira acumulada no leito do rio Jacareí, no distrito de Floresta, em Morretes. A localidade foi a mais afetada pelo desastre natural provocado pelo excesso de chuva nos dias 10, 11 e 12 de março passado, no litoral do Paraná. Deslizamentos de terra, corridas de detritos e inundações provocaram a morte de uma pessoa na região e deixaram grandes prejuízos em mais de 100 propriedades, fazendo com que várias áreas de lavoura fossem destruídas.

As formas de agilizar o trabalho estão sendo debatidas por representantes do Provopar, da Defesa Civil, das secretarias do Meio Ambiente e da Infraestrutura e Logística, do Instituto das Águas, do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), da concessionária Ecovia e da empresa encarregada de retirar a madeira acumulada no leito do rio.

"A operação de limpeza e desobstrução do rio mostrou-se muito delicada, devido às características da área, por ser de preservação, das condições atuais do terreno e do clima. Ao mesmo tempo, é necessário que o trabalho seja acelerado e concluído antes do reinício do período de chuvas, a partir de outubro, para evitar novos danos à infraestrutura da região", afirma o superintendente do Provopar, Luiz Reis.

A expectativa é retirar mais de 40.000 metros estéreos de material lenhoso da região. Para limpar a área uma empresa foi contratada para retirar e vender. Toda operação é acompanhada e fiscalizada pelo IAP, que faz a medição do produto retirado e emite as guias que autorizam o transporte da madeira na região.

Parte do valor arrecadado é revertida ao Provopar, que montou um programa para investir os recursos obtidos nessa operação para ajudar as famílias atingidas pela catástrofe. "A vantagem desse modelo de convênio é a inteligência administrativa do Estado, que não irá gastar com o trabalho de retirada da madeira e ainda transforma um fato negativo em processo positivo com uma renda para dar apoio à comunidade local", afirma Reis.

Monitoramento

Paralelamente, o governo do Estado continua fazendo o monitoramento do solo em vários pontos do litoral do Paraná. A Mineropar contratou uma empresa especializada, que está preparando um mapeamento geológico e geotécnico da Porção Leste da Serra do Mar do Paraná e deve emitir um laudo de avaliação dos riscos de toda a área de 1.800 quilômetros quadrados que compreende a bacia do rio Jacareí, que banha o Distrito de Floresta.

Com base na avaliação dos trechos onde ocorreram deslizamentos, corridas de detritos e inundações, imagens de satélite e outras ferramentas, será feito um laudo classificando os níveis de risco de cada área, para as medidas necessárias em relação à ocupação da região.

Os trabalhos ainda não são conclusivos até agora, mas mostram que há uma recorrência de fenômenos do gênero naquela região da bacia do rio Jacareí, com grandes concentrações de chuva em períodos de tempo bastante variáveis, que são capazes de provocar grandes acidentes.

De acordo com o chefe da Defesa Civil do Paraná, major Antonio Hiller, a preocupação é a criação de um sistema de monitoramento e alerta da população, em relação à quantidade de chuvas, para que possam ser adotadas providências preventivas, de forma a minimizar os impactos de eventos climáticos desse porte.

"O estudo vai prever as áreas que podem ser afetadas, determinando o risco de novas ocorrências em outras áreas. Essa base técnica permite tomar as medidas de governo necessárias nas áreas que devem ser monitoradas, onde precisa ser desabitado ou não e onde a convivência com algum risco pode ser tolerada", afirma Hiller. (OEP)

Pequenos produtores rurais participam em Curitiba da Feira Sabores do Paraná

Estarão expostos para degustação e venda mais de 1.500 itens elaborados por 250 agroindústrias familiares de diferentes regiões do Estado. Os organizadores esperam pelo menos 30 mil visitantes e um volume de comercialização superior a R$ 1,5 milhão. A feira é realizada pela Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (Seab). Entre os produtos que serão expostos estão geleias, doces, patês, conservas, biscoitos, bolachas, condimentos, pimentas, queijos e cogumelos, além de licores, vinhos, sucos, salames e outros embutidos, mel e derivados de rapadura, massas congeladas, sorvetes, polpa de frutas e café, entre outras delícias e receitas exclusivas de famílias, passadas de geração em geração, mas que conservam o tradicional sabor do campo.

Produtos
- Muitos produtos já são conhecidos dos consumidores que frequentam a feira todos os anos, mas novos produtores, como Eliseu Queiroz, de Mamborê, Noroeste do Paraná, também têm espaço garantido. Ele participa há menos de um ano da Fábrica do Agricultor - programa da Seab que visa a inserção dos pequenos e médios agricultores no mercado, gerando emprego e renda no meio rural - e trabalha com uma grande variedade de doces, compotas e frutas cristalizadas. "São mais de 70 tipos. Nossas compotas são diferenciadas, com receitas bem antigas, iguais àquelas que a avó da gente fazia, todas com gosto da fruta mesmo", disse o produtor.

No fogão a lenha
- O doce de mamão enroladinho é um dos carros-chefes de sua produção, bem como as compotas e geleias de kiwi e o doce de mamão ralado. Ele também produz doces de goiaba, de pêssego e pera caipiras - tudo feito no fogão a lenha, sob o comando da mulher e da sogra, detentora das receitas. Seu Eliseu e o sogro ficam com a tarefa de descascar as frutas e rotular as embalagens. "A matéria-prima vem do sítio da família, e quando não é suficiente os vizinhos colaboram", conta o responsável pela agroindústria. Na feira os vidros de compotas vão ser vendidos a R$ 8, e os de geleia a R$ 7 (grandes) e R$ 5 (pequenos). As bandejas de frutas cristalizadas vão custar R$ 5.

Bolos e conservas - Entre os expositores mais antigos está Ingrid Junker Schiochet, proprietária da Fábrica de Biscoitos Jonker, localizada em Palmeira, na região Centro-Sul do Estado. Descendente de holandeses, ela mantém a tradição na produção de suas torradas, folhados, pães e bolos. Valeska, que ajuda a mãe na administração da empresa, disse que uma das especialidades preparadas para esta edição da feira é o gevulde, bolo de condimentos à base de canela, noz-moscada e amêndoas. "Trata-se de uma receita original que minha mãe herdou do pai dela, padeiro na Holanda antes de imigrar para o Paraná", afirmou Valeska Schiochet. Além deste bolo, todas as variedades de bolachas produzidas pela família seguem as receitas e as técnicas do avô.

Promoção
- A Feira Sabores do Paraná é uma promoção da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento, e executada pelo Programa Fábrica do Agricultor e Emater. Nesta edição os organizadores esperam pelo menos 30 mil visitantes e um volume de comercialização superior a R$ 1,5 milhão. De acordo com Eder Dalla Pria, coordenador do Programa Fábrica do Agricultor, os consumidores que vão à feira costumam sair satisfeitos porque compram produtos saborosos, de qualidade e a preços bastante acessíveis. "São produtos feitos artesanalmente e com preços inferiores aos similares expostos em pontos de venda tradicional", disse. "Além dos produtos tradicionais e já conhecidos, na feira sempre surgem novos sabores que buscam atender aos paladares mais exigentes. Isto significa que a cada edição os produtos vão ficando mais sofisticados, mas sem perder o sabor do campo. Isso demonstra a criatividade e a vontade dos agricultores familiares em divulgar e mostrar o seu potencial", afirmou.

FEIRA SABORES DO PARANÁ

EDIÇÃO CURITIBA 2011

PAVILHÃO DE EVENTOS DO PARQUE BARIGUI

DE 20 A 24 DE JULHO DE 2011


O QUE É A FEIRA

Amostra da pequena e média agroindústria familiar do Paraná apoiadas pelo Programa de Agroindústria Familiar “FÁBRICA DO AGRICULTOR”.

É um canal de divulgação, inserção, comercialização e encontros de negócios para os produtos da agroindústria familiar de origem animal e vegetal, congelados e refrigerados, orgânicos e convencionais, artesanato rural, flores, equipamentos e serviços.

Promove a Agroindústria Familiar do Paraná.

Promove a integração entre os parceiros que apóiam o programa.


OBJETIVOS
  • Fortalecer o mercado para agroindústria familiar;
  • Oportunizar a entrada de novas agroindústrias familiares no mercado;
  • Criar hábitos de consumo para os produtos da agroindústria familiar; Fortalecer e integrar os parceiros do programa;
  • Divulgar as etnias e seus sabores;
  • Lançar novos produtos para o mercado consumidor
  • Mostrar os sabores, o artesanato rural, as flores.

O QUE ACONTECERÁ
  • 250 agroindústrias familiares
  • associações de artesanato rural.
  • produtores de flores


SETORES PRESENTES
  • MIX DE 1.500 PRODUTOS DA AGROINDÚSTRIA FAMILIAR
  • Queijos e vinhos.
  • Embutidos e defumados.
  • Doces e geléias.
  • Picles e conservas.
  • Biscoitos e bolachas.
  • Derivados de cana-de-açúcar.
  • Mel e derivados.
  • Licores.
  • Polpas de frutas


E MUITO MAIS...
  • Amostra de flores
  • Produtos Orgânicos
  • Artesanato Rural


PÚBLICO ESPERADO
  • 30.000 visitantes

HORÁRIOS
  • Quarta feira, dia 20/07, das 16h00 as 22h00, abertura oficial as 20h00;
  • Quinta e sexta feira, 21 e 22/07, das 14h00 as 22h00;
  • Sábado, 23/07, das 12h00 as 22h00;
  • Domingo, 24/07, das 12h00 as 21h00.


PROMOÇÃO:
  • GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ
  • SECRETARIA DA AGRICULTURA E DO ABASTECIMENTO - SEAB

PARCERIA:

  • PREFEITURA MUNICIPAL DE CURITIBA


EXECUÇÃO:
  • PROGRAMA AGROINDÚSTRIA FAMILIAR “FABRICA DO AGRICULTOR”
  • EMATER


Greve pode adiar retorno das aulas na UFPR no segundo semestre

O calendário acadêmico da Universidade Federal do Paraná (UFPR) poderá sofrer alterações por causa da greve dos servidores técnico-administrativos. O Centro de Computação Eletrônica (CCE), localizado no campus Centro Politécnico, foi fechado e lacrado pelos grevistas na manhã desta quarta-feira (20).

Parte dos servidores desse setor - que também é responsável pelas matrículas online - já tinha aderido à greve, porém, alguns ainda estavam trabalhando até essa quarta-feira.

As aulas estão previstas para serem retomadas em 1º de agosto, mas pode ser que as atividades do segundo semestre tenham de ser adiadas.

O período de matrículas por meio do site da UFPR seria entre 11 e 15 de julho, o que não foi feito por causa da paralisação. Segundo a assessoria de imprensa da instituição, normalmente, os técnicos do CCE disponibilizam um página no site da Universidade Federal, mas isso não feito para o segundo semestre.

Uma alternativa poderá ser a matrícula feita manualmente. Nesse caso o procedimento seria feito na primeira semana de aulas nas coordenações dos cursos. A assessoria de imprensa da UFPR informou que a instituição estuda as duas possibilidades, mas ainda não foi definido qual será adotada.

Os servidores da Universidade Federal do Paraná, do Hospital de Clínicas e da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) decidiram entrar em greve por tempo indeterminado em15 de junho.

Ato na Reitoria

O prédio da Reitoria poderá ser ocupado nesta quinta-feira (21) em um ato dos servidores técnico-administrativos que estão em greve. Uma assembleia será realizada no RU Central, às 8 horas, e nela será definido como será feita a ocupação.

Greve no HC

A coleta ambulatorial está suspensa desde 27 de junho. Apenas casos de emergência, como o de pacientes transplantados e da quimioterapia, recebem atendimento. A estimativa é de que 250 coletas deixaram de ser realizadas em cada dia.

O pronto-atendimento do Hospital de Clínicas não recebe novos pacientes desde 16 de junho. Um comunicado foi enviado pelo hospital à Secretaria Municipal da Saúde, em 17 de junho, solicitando que os novos pacientes fossem encaminhados para outros hospitais. O atendimento para quem já estava internado no HC e casos de urgência não foi afetado.

Exames de raio x deixaram de ser feitos no Hospital de Clínicas, em Curitiba, desde segunda-feira (18). A falta dos exames de raio x ocasionou o cancelamento de consultas no setor de ortopedia.

Greve na UFPR

Além dos funcionários do HC, outros servidores da UFPR estão parados. Os funcionários do setor de contabilidade e finanças aderiram à greve na primeira semana de julho, o que provocou a suspensão das rematrículas, pagamentos de obras, serviços contratados pela instituição e licitações.

De acordo com o Sinditest, o segundo semestre de 2011 pode ser prejudicado na UFPR, já que o atraso no trabalho deve afetar todo o planejamento da universidade. As rematrículas, que deveriam ser realizadas até a semana passada, estão suspensas enquanto a greve não terminar.

A Reitoria da UFPR entregou uma carta aos grevistas dizendo que “o retorno às conversações é vital para a retomada do processo de negociação”. O documento também deixou claro que a prioridade da instituição é um entendimento da pauta nacional, que engloba a mobilização de diversas universidades do país.

Para os servidores, a carta não apresentava resoluções concretas, assim como a reunião com o reitor realizada na última segunda-feira (11), e por isso eles decidiram seguir com a paralisação na última quinta-feira (14).

Reivindicações no Paraná

Os servidores querem a reabertura de 130 leitos no HC, que teriam sido fechados por falta de pessoal. Além disso, os técnicos administrativos pedem que o governo federal estabeleça e coloque em prática um plano de cargos e salários para a categoria.

Outra reivindicação é o aumento do piso salarial de R$ 1.034 para R$ 1.635, o equivalente a três salários mínimos, e o aumento de benefícios como o vale-alimentação, além da correção de distorções.

RELANÇAMENTO DO LIVRO: Memórias - Gregório Bezerra

Mais de trinta anos após a publicação das Memórias(1979), de Gregório Bezerra, o lendário ícone da resistência à ditadura militar é homenageado com o lançamento de sua autobiografia pela Boitempo Editorial, acrescida de fotografias e textos inéditos, e em um único volume. O livro conta com a contribuição decisiva de Jurandir Bezerra, filho de Gregório, que conservou a memória de seu pai; da historiadora Anita Prestes, filha de Olga Benário e Luiz Carlos Prestes, que assina a apresentação da nova edição; de Ferreira Gullar na quarta capa; e de Roberto Arrais no texto de orelha. Há também a inclusão de depoimentos de Oscar Niemeyer, Ziraldo, da adovogada Mércia Albuquerque e do governador de Pernambuco (e neto de Miguel Arrais) Eduardo Campos, entre muitos outros.

Em Memórias, o líder comunista repassa sua impressionante trajetória de vida e resgata um período rico da história política brasileira. O depoimento abrange o período entre seu nascimento (1900) até a libertação da prisão em troca do embaixador americano sequestrado, em 1969, e termina com sua chegada à União Soviética, onde permaneceria até a Anistia, em 1979. No exílio começou a escrever sua autobiografia.

Nascido em Panelas, no Agreste pernambucano, a 180 km de Recife, Gregório era filho de camponeses pobres, que perdeu ainda na infância, e com cinco anos de idade já trabalhava com a enxada na lavoura de cana-de-açúcar. Analfabeto até os 25 anos de idade e militante desde as primeiras movimentações de trabalhadores influenciados pela Revolução Russa de 1917, Bezerra teve papel de destaque em importantes momentos políticos da esquerda brasileira, e por conta disso totalizou 23 anos de cárcere em diversos presídios e épocas. Foi deputado federal (o mais votado em 1946) pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB), ferrenho combatente do regime militar, e por essa razão protagonizou uma das cenas mais brutais da recém-instalada ditadura pós-golpe de 1964: capturado, foi arrastado por seus algozes pelas ruas do Recife, com as imagens tendo sido veiculadas pela TV no então Repórter Esso. A selvageria causou tamanha comoção que os registros da tortura jamais foram encontrados nos arquivos do exército.

Apesar da dura realidade, Gregório jamais cultivou o ódio ou o rancor. Era por todos considerado um homem doce, generoso. Não foi um homem de letras, mas um grande observador e um brilhante contador de histórias. Assim é que suas páginas são narradas, sem afetações ou hipocrisia, passando pelo interior da mata e do agreste nos tempos de estiagem e seca, pelo Recife, o exílio na União Soviética, a militância no PCB. Dizia ele: “Não luto contra pessoas, luto contra o sistema que explora e esmaga a maioria do povo”. Em 1983, o Brasil perdeu este que foi um de seus grandes defensores. Para sorte dos que estavam por vir, porém, ele deixou suas memórias recheadas de verdades e esperanças e que, acima de tudo, representam a história de muitos outros “Gregórios” que transformaram o seu destino na luta para transformar a realidade instituída.

Trechos do livro

“Foi o Natal mais farto e rico de alegria a que assisti durante os nove anos e dez meses de minha vida. Além disso, ganhei dois metros de algodãozinho para fazer duas camisas, porque só tinha uma e velha, que já estava virando farrapo. Aproveitei a cumplicidade de vovó e pedi-lhe que me fizesse uma camisa e uma calça, em vez de duas camisas. A velha topou as minhas antigas pretensões. Entretanto a costureira, que foi a minha tia Guilhermina, em vez de me fazer uma calça, fez uma ceroula grande, de amarrar acima do tornozelo. Deram-me para vestir. Achei bonita e até mais bonita do que uma calça, porque me fez lembrar do meu falecido avô, que, quando vivo, somente vestia ceroulas compridas amarradas no tornozelo. Calça só vestia quando ia à feira ou em visita aos domingos. Afinal, todos aprovaram a ceroula, menos minha irmã Isabel. Ganhei a “batalha” de anos atrás, quando pleiteei uma calça no sítio Goiabeira. Era feliz, agora, e me sentia homem. O Natal e Ano-Novo serviram para minhas exibições de ceroulas compridas e camisa fora da calça.”

“Voltei à rua, tentando ver se alguns operários haviam chegado. Não havia ninguém. Fiz um ligeiro comício para os pequenos grupos que se aglomeravam nas sacadas dos prédios vizinhos, concitando-os a pegar em armas, sob o comando do camarada Luiz Carlos Prestes. Fui aplaudido das varandas por alguns estudantes que ali moravam. Mas o apoio, infelizmente, não passou dos aplausos. Um oficial tentou prender-me, pedindo-me que, pelo amor de Deus, eu me rendesse. Ao chegar a dez metros de mim, apontei-lhe o fuzil e o fiz recuar. Vinha chegando um sargento radiotelegrafista que, de longe, perguntou-me o que havia. Respondi-lhe que, se quisesse lutar pela Aliança Nacional Libertadora, tinha um lugar a sua disposição; se não, caísse fora enquanto era tempo.”

Ficha técnica

Título: Memórias
Autor: Gregório Bezerra
Apresentação: Anita Prestes
Orelha: Roberto Arrais
Quarta capa: Ferreira Gullar
Páginas: 648
Preço: R$ 74,00
ISBN: 978-85-7559-160-4
Editora: Boitempo


Polícia pede a prisão de três suspeitos de matar casal de extrativistas no Pará

José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo

A execução do casal de extrativistas José Cláudio Ribeiro e de sua esposa Maria do Espírito Santo, em 24 de maio em Nova Ipixuna, cidade a 390 quilômetros de Belém, ocorreu após a negociação de lotes dentro do assentamento agroextrativista Praialta Piranheira pela proprietária de um cartório de Marabá, segundo informações da Polícia Civil. A compra de lotes dentro de áreas de assentamento é ilegal. Em junho, o iG mostrou que alguns lotes do assentamento estavam sendo vendidos até mesmo para madeireiros de Nova Ipixuna.

O inquérito da polícia divulgado nesta quarta-feira, em Belém, revelou que o principal acusado de ter mandado executar o casal de extrativistas, José Rodrigues Moreira, comprou dois lotes de terra dentro do assentamento.

O lote que foi alvo de disputa entre Moreira e José Cláudio foi adquirido no primeiro semestre de 2010 por R$ 50 mil. A área tinha 16,5 alqueires, ou algo em torno de 449 mil metros quadrados.

Ainda pelo inquérito, Rodrigues Moreira adquiriu essa terra da proprietária de um cartório em Marabá, cujo nome não foi revelado nem está claro se ela era a dona legal da propriedade, já que o terreno estava em nome de uma outra pessoa. Não é a primeira vez que ele comprara terras em assentamentos.

As investigações apontam que o dinheiro que Rodrigues conseguiu para comprar esse lote de terra também é fruto de uma negociação de áreas de assentamento, mas da cidade de Novo Repartimento, distante 350 quilômetros de Belém. Rodrigues conseguiu comprar lotes do assentamento Tuerê, considerado um dos maiores do Brasil.

No ano passado, ele negociou essas terras do assentamento por R$ 130 mil. Praticamente todo o dinheiro de Rodrigues foi investido nos dois lotes adquiridos em Nova Ipixuna. “Ele não era um grande fazendeiro, mas tinha aplicado dinheiro em Nova Ipixuna. Com a disputa, ele não queria perder o que pagou pelas terras”, afirmou Silvio Maues, diretor de Polícia Judiciária do Interior no Estado do Pará e um dos responsáveis pela investigação.

A execução

Porém, três pessoas - entre elas, o irmão de José Cláudio, Francisco da Silva - , já tinham ocupado esse lote de terra, que estava abandonado. A partir daí começaram os conflitos entre Francisco e Rodrigues.

José Cláudio revelou, no ano passado, a ocupação ilegal de áreas do assentamento Praialta Piranheira para o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) de Marabá, conforme as investigações da Polícia Civil. Foi nesse momento que começaram as brigas entre Rodrigues e o extrativistas.

A testemunhas do inquérito Rodrigues disse que “iria com essa briga até o fim”. O crime, segundo a polícia civil, foi premeditado. Tanto que, dois dias antes da execução do casal, o irmão de Rodrigues, Lindonjonson Silva Rocha, e seu comparsa no assassinato, Alberto Lopes do Nascimento, foram encontrados em um bar a uma distância de 3 quilômetros do local onde ocorreu o crime. Dos dois, a polícia não descarta a hipótese de que Alberto tenha recebido dinheiro para executar o casal. Alberto foi o autor dos dois tiros que mataram José Cláudio e Maria do Espírito Santo.

Durante a fase de investigação, 46 pessoas foram ouvidas, entre as quais José Rodrigues Moreira. Após prestar esclarecimentos à polícia, ele fugiu. Além dele, os dois acusados de terem executado o casal também estão foragidos. A polícia classificou Rodrigues como um homem truculento que não tinha medo de resolver questões pessoais com base em agressões ou intimidação a adversários.

A polícia pediu a prisão preventiva dos três pelos crimes de duplo homicídio triplamente qualificado - crime cometido por arma de fogo, por motivo fútil e premeditado. Esse pedido de prisão preventiva é o terceiro feito pela Polícia Civil. Os dois primeiros, um de prisão temporária e outro de preventiva, foram negados pela Justiça Paraense. O caso agora tramitará pela comarca de Marabá.(US)

 
Design by Free WordPress Themes | Bloggerized by Lasantha - Premium Blogger Themes | belt buckles