terça-feira, 13 de abril de 2010

Calma, pois o leão é velho, está banguela e é de circo


Quem o via ao longe rugir dentro da jaula dourada tinha a falsa impressão de estar perante o “rei das selvas”, ledo engano. O animal todo poderoso de perto e fora da jaula do picadeiro central é apenas uma caricatura do que pensamos que ele fosse enquanto o predador dos outros animais.

Os rugidos no espetáculo eram amplificados pela sonorização do circo e as garras e as presas os adestradores já lhe haviam arrancado há muito tempo.

Nascido em cativeiro nunca realmente esteve na savana e as jaulas douradas sempre foram o seu habitat.

Para o público pagante ele sempre representou o feroz guerreiro a dominar a savana, mas para os tratadores e seus suculentos nacos de carne ele sempre foi um gatinho dócil e meigo, cujos rugidos só servem para alertar aos mesmos que o bichano está com fome.

Por ser de circo o seu bando improvisado é composto de cachorros, gatos, hienas, zebras e macacos adestrados e todos estes fingem que lhe temem e não por que tenham medo ou respeito, mas por não aguentarem os seus insuportáveis, desafinados e mimados rugidos.

De tão decadente em que encontra o seu estado ele não consegue mais pular os arcos de fogo e os demais obstáculos o que o torna um peso morto, um chato a rugir, pois pela idade nem ao menos serve para procriar.

Paulo Salamuni será o candidato a governador pelo PV


Paulo Salamuni e Dom Helder Câmara

O Paulo Salamuni, que em Curitiba foi vereador por 4 legislatura e hoje é 1° suplente de vereador, será o candidato a governador pelo PV.

Saiba um pouco mais sobre Paulo Salamuni:


- Paulo Salamuni, advogado, 44 anos, nasceu em Curitiba.

- É filho dos professores Riad (in memoriam) e Hôda Salamuni.

- Procurador do Município de Curitiba por concurso público.

- Pós-Graduado em Direito Contemporâneo pelo IBEJ – Instituto Brasileiro de Estudos Jurídicos (97).

- Vereador de Curitiba – vice líder do PMDB (91/92); Líder do PMDB na Câmara (93 a 96, 99 a 2004).

- Delegado do PMDB/PR na Convenção Nacional do Partido.

- Presidente da 3ª Zona Eleitoral do PMDB de Curitiba.

- Secretário Municipal do Desenvolvimento Social de Curitiba (87/88).

- Membro da Comissão de Direitos Humanos da OAB-PR (91/93).

- Secretário Geral do PMDB de Curitiba (93/95).

- Membro da Comissão de Cidadania da OAB-PR (98/2000).

- Presidente da União dos Escoteiros do Brasil – Região do Paraná (94/97 e 98/2000).

- Conselheiro Nacional da União dos Escoteiros do Brasil – Direção Nacional (2000/2002).

- Presidente da União dos Escoteiros do Brasil (2002).

- Diretor de Esportes e Conselheiro do Santa Mônica Clube de Campo (88/2001).

- Membro do Conselho Deliberativo do Santa Mônica Clube de Campo (2002/2005).

- Membro do Conselho Municipal de Combate às Drogas e Entorpecentes (86/88).

- Vice-presidente e fundador da Associação dos Moradores do Capanema, atual Jardim Botânico (86/91).

- Membro do Rotary Club de Curitiba Oeste, exerceu a Diretoria de Protocolo (desde 1986).

- Presidente do Conselho Deliberativo do Clube Sírio Libanês do Paraná (2004).

- Secretário Geral do Núcleo de Estudos de Direito, atual Centro Acadêmico Sobral Pinto da PUC (81/82).

- Diretor do Instituto de Terras, Cartografia e Florestas do Paraná – ITCF (89/91).

- Integrante do 6º Cursilho de jovens da Arquidiocese de Curitiba.

- Presidente da ASSOMA – Associação dos Meninos de Rua de Curitiba (91/92).

- Presidente da Comissão de Defesa do Cidadão da Câmara Municipal de Curitiba (2000).

- Diplomado no Curso de Fé e Política da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – Regional Sul II (99).

- Presidente do Comitê Organizador do XI Jamboree Panamericano do Movimento Escoteiro – Janeiro de 2001 – Foz do Iguaçu.

- Orador eleito para a posse dos vereadores de Curitiba na 13ª Legislatura 2001/2004.

- Candidato à suplência de Senador da República pelo Paraná (PMDB) nas eleições de 2002.

- Agraciado com a Medalha “Escotista Mário Covas de Ação Voluntária” (2002).

- Presidente da União dos Vereadores do Paraná (2003).

- Conselheiro Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico do Paraná (2004)

- Membro da Comissão de Assustos Legislativos da OAB - Curitiba e Região Metropolitana - PR (1998)

- Conselheiro do Museu da Imagem e do Som (2004).

Saiu no Zé Beto:

Repensando o 13 de Maio


Ao contrário do que pregava Gilberto Freire ao afirmar que ”a harmonia racial seria a contribuição brasileira para as relações sociais de outros povos” ela ainda não se faz presente, pois se hoje vivemos uma democracia política ela não se faz realidade enquanto democracia étnica econômica. Os pobres e os miseráveis, em sua maioria absoluta constituídos por negros, ainda são os maiores excluídos de terem direito a uma vida digna enquanto cidadãos, já que sem a igualdade social material fica impossível falar em igualdade étnica.

Está triste realidade social atual é o reflexo de um passado imperial escravagista e da posterior implantação de um processo republicano em que a população, onde os negros na época eram a maioria, não foi a principal protagonista no processo.

Não dá para entendermos a miséria e a discriminação hoje sofrida pelos negros e encontrarmos as soluções para equacionar este grande mau que nos aflige sem entendermos o processo histórico que envolve a questão da escravidão.

O comércio de escravos se estabeleceu no Atlântico entre 1450 e 1900 e contabilizou a venda de cerca de 11.313.000 indivíduos, um volume que tendemos a considerar subestimado, pois o número de escravos comercializados foi muito maior se considerarmos os que foram clandestinamente contrabandeados. Destes 3.600.000 escravos s africanos desembarcaram legalmente no Brasil, mas se considerarmos os que foram comercializados clandestinamente o numero será maior.

Em cima da experiência acumulada com o fabrico do produto nas ilhas da Madeira e de São Tomé, a Coroa portuguesa procurou estimular a construção de unidades açucareiras no Brasil desde a década de 1530. Mas, até os anos 1570, os colonos encontraram grandes dificuldades para fundar em bases sólidas uma rede de engenhos no litoral, como problemas com o recrutamento da mão-de-obra, já que os índios por serem nômades e seminômades não se submetiam a fixação na terra, e a falta de capitais para financiar a montagem dos engenhos.

Ao serem superadas tais dificuldades, com atrelamento da produção brasileira aos centros mercantis do Norte da Europa e articulação do tráfico de escravos entre África e Brasil, tornou-se viável o arranque definitivo da indústria de açúcar escravista da América portuguesa, o que ocorreu entre 1580 e 1620, quando o crescimento acelerado da produção brasileira ultrapassou todas as outras regiões abastecedoras do mercado europeu.

Devido às dificuldades encontradas em escravizar os índios, a partir de 1570 a Coroa portuguesa passou a incentivar a importação de africanos, tomando também medidas para tentar evitar a escravização desenfreada e o morticínio indígena, pois, além disto, outro fato é que deste comércio ela não tinha o controle e com ele não lucrava.

Os portugueses aprimoravam o funcionamento do tráfico negreiro transatlântico, sobretudo após a conquista definitiva de Angola em fins do século XVI. Os números do tráfico bem o demonstram: entre 1576 e 1600, desembarcaram em portos brasileiros cerca de 40 mil africanos escravizados; no quarto de século seguinte (1601-1625), esse volume mais que triplicou, passando para cerca de 150 mil os africanos aportados como escravos na América portuguesa, a maior parte deles destinada a trabalhos em canaviais e engenhos de açúcar.

Com o advento das descoberta das jazidas em Minas Gerais o volume do tráfico transatlântico de escravos para a América portuguesa, que já era o maior do Novo Mundo, duplicou na primeira metade do Setecentos. Entre 1701 e 1720, desembarcaram nos portos brasileiros cerca de 292 mil africanos escravizados, em sua maioria destinados às minas de ouro. Entre 1720 e 1741, novo aumento: 312,4 mil indivíduos. Nas duas décadas seguintes, o tráfico atingiu seu pico máximo: 354 mil africanos escravizados foram introduzidos na América portuguesa entre 1741 e 1760.

Capturados nas mais diversas situações, como nas guerras tribais e na escravização por dívidas não pagas, os escravos africanos eram negociados com os traficantes africanos (negros, também) em troca de produtos como fumo, armas e aguardente e transportados nos chamados navios negreiros. Esses navios tinham destinos como as cidades do Rio de Janeiro, Salvador, Recife e São Luís, e delas eram transportados para regiões mais remotas.

Durante as viagens, muitos escravos morriam em decorrência das péssimas condições sanitárias existentes nas embarcações, que vinham superlotadas. Quando desembarcavam em solo brasileiro, os escravos africanos eram vendidos em praça pública. Os mais fortes e saudáveis eram os mais valorizados.

O tráfico negreiro além de prover braços para a grande lavoura de exportação era uma grande fonte de riqueza para quem vendia os escravos como para a coroa portuguesa e assim estes eram tratados como coisa e um mero produto. Porém, a transição da escravização indígena para a negra africana se deu de maneira diferente na América portuguesa, variando no tempo e no espaço. Ela acabou mais rapidamente no núcleo mais importante da empresa mercantil, destinada à exportação de produtos agrícolas em grande escala. E demorou mais para acabar nas regiões periféricas, como é o caso de São Paulo.

A região do golfo de Benim foi um dos principais pontos de embarque de escravos e assim ficou conhecida como Costa dos Escravos.

Os Bantus, que foram os primeiros a chegarem, vieram das regiões que atualmente são os países Angola, República do Congo, República Democrática do Congo, Moçambique e, em menor escala, Tanzânia. Pertenciam a grupos étnicos que os traficantes dividiam em Cassangas, Benguelas, Cabindas, Dembos, Rebolo, Anjico, Macuas e Quiloas. Estes constituíram a maior parte dos escravos levados para o Rio de Janeiro, Minas Gerais e para a zona da mata do Nordeste.

Posteriormente os islamizados Yorubás, originários do oeste-africano (Sudão, Nigéria, etc.), constituíram a maior parte dos escravos levados para a Bahia.

Trazidos ao ambiente colonial, esses escravos eram usualmente separados de seus amigos e familiares para que evitassem qualquer tentativa de fuga. Após serem vendidos a um grande proprietário de terras, os escravos eram utilizados para o trabalho nas grandes monoculturas e recolhidos em uma habitação coletiva conhecida como senzala. Esse tipo de escravo era conhecido como escravo de campo ou escravo de eito e compunha boa parte da população escrava da colônia.

A rotina de trabalho desses escravos era árdua e pesada, já que chegava a atingir a dezoito horas diárias. As condições de vida eram precárias, pois viviam em ambientes insalubres, a alimentação extremamente limitada ao mínimo para a sobrevivência, etc.. Além disto, aqueles que se rebelava contra a rotina imposta eram mortos ou torturados. Mediante tantas adversidades, a vida média de um escravo de campo raramente alcançava um período superior a vinte anos.

Outros tipos de escravos também compunham o ambiente colonial. Os escravos domésticos que viviam no interior das residências tinham melhores condições de vida e tinham a relativa confiança de seus proprietários. Geralmente os cargos domésticos eram ocupados por escravas incumbidas de cuidar da casa, das crianças e, inclusive, estar sexualmente disponível ao seu senhor. Nas cidades, ainda temos a figura dos escravos de ganho, que poderia reverter lucro ao seu dono ao cuidar de um comércio, ao vender produtos nas ruas, ser alugados para tarefas específicas de tempo determinado, etc..

Os negros desde que aqui como escravos aportaram nunca aceitaram passivamente a dura realidade a que a eles foi imposta e as rebeliões, fugas e a construção de quilombos fortificados onde se abrigavam em grupos eram a constante, sendo que o quilombo mais poderoso foi o de Palmares. Em seu auge Palmares chegou a ser maior que Salvador/Bahia, pois contava com aproximadamente 30.000 habitantes e a capital da Bahia neste mesmo período era habitada por apenas dez mil.

A origem de Palmares datava do início do século XVII, mas sua formação como grande núcleo quilombola se deu apenas no contexto da invasão holandesa de Pernambuco, quando diversos escravos se aproveitaram das desordens militares e fugiram para o sul da capitania. As comunidades rebeldes que então se organizaram resistiram a diversas incursões da Companhia das Índias Ocidentais e, após a expulsão dos holandeses, a ataques das tropas luso-brasileiras.

Além das numerosas comunidades quilombolas, de dimensões e duração variáveis, o Brasil viu aparecer no início do século XIX, já no Período Imperial, por causa da forte repressão as comunidades quilombolas pelo fortalecimento da função dos capitães de mato. Estes eram os responsáveis legais nas diferentes localidades do Brasil pela captura de escravos fugitivos. Junto com isto também ocorreu a delimitação, nas letras da lei, do que seria uma comunidade quilombola. A institucionalização da figura do capitão-do-mato e a definição de quilombo como qualquer ajuntamento composto de alguns poucos escravos fugitivos teriam tolhido, já no nascedouro, a formação de comunidades rebeldes com as proporções de Palmares.

Este aumento da repressão aos escravos fugitivos como as comunidades quilombolas que os abrigavam acabou por gerar outra forma de resistência escrava coletiva, o ciclo de revoltas africanas que agitou o Recôncavo Baiano entre 1807 e 1835.

No Período Regencial, pela força política da Maçonaria, desde 7 de novembro de 1831, a Câmara dos Deputados havia aprovado e a Regência promulgado um lei que proibia o tráfico de escravos africanos para o país, porém esta lei não foi aplicada.

José Bonifácio de Andrada e Silva, em sua famosa representação à Assembléia Constituinte de 1823, já havia chamado a escravidão de "cancro mortal que ameaçava os fundamentos da nação".

Em Março de 1845 esgotou-se o prazo do último tratado assinado entre o Brasil e a Grã-Bretanha e o Governo britânico decretou, em agosto, o Bill Aberdeen. Com o nome de Lord Aberdeen, do Foreign Office (o Ministério britânico das Relações Exteriores), o Ato dava ao Almirantado britânico o direito de aprisionar navios negreiros, mesmo em águas territoriais brasileiras, e julgar seus comandantes. Os capitães ingleses receberam poderes de atracar navios brasileiros em alto mar e verificar se transportava escravos — deveriam se desfazer da carga, devolvendo os escravos à África, ou transferi-la para os navios ingleses.

Criticado até na Inglaterra, por pretender se tornar "guardiã moral do mundo", no Brasil o Bill Aberdeen provocou pânico em traficantes e proprietários de escravos e de terras. A consequência imediata do Bill Aberdeen foi o significativo, e paradoxal, aumento no comércio de escravos, pois foram antecipadas as compras antes da proibição em definitivo, e, especialmente na grande elevação do preço dos escravos.

Os navios ingleses perseguiam embarcações suspeitas, a Marinha britânica invadia águas territoriais, ameaçava bloquear portos. Houve incidentes, troca de tiros no Paraná. Alguns capitães, antes de serem abordados, jogavam no oceano a carga humana. Os infratores eram fazendeiros ou proprietários rurais, todos escravagistas. As províncias protestavam, pois na época, no Brasil, a escravidão era coisa natural, integrada à rotina e aos costumes, vista como instituição necessária e legítima. Uma sociedade intensamente desigual dependia do escravo para manter-se.

Os conservadores, chamados de Saquaremas e no poder desde 1848, culpavam os liberais, chamados de Luzias de terem se submetido à coação inglesa. Sabiam perfeitamente que o tráfico negreiro deveria ter fim, que a escravidão estava condenada mas alegavam que tal decisão deveria caber ao Governo, para preservar a soberania nacional e garantir a segurança interna – na verdade, sua intenção era estender a escravidão o mais possível. Mas D. Pedro II, com problemas no Rio da Prata, necessitava da Inglaterra. Em março de 1850, o primeiro-ministro inglês Gladstone ameaçara fazer cumprir os tratados à "ponta da espada, pela guerra até o extermínio."

Cedendo às pressões, D. Pedro II deu passo importante: seu Gabinete elaborou um projeto de lei, apresentado ao Parlamento pelo Ministro da Justiça Eusébio de Queirós, que adotava medidas eficazes para a extinção do tráfico. Convertido em lei nº 581, de 4 de setembro de 1850, determinava seu artigo terceiro:

"São autores do crime de importação, ou de tentativa dessa importação, o dono, o capitão ou mestre, o piloto e o contramestre da embarcação, e o sobrecarga. São cúmplices a equipagem, e os que coadjuvarem o desembarque de escravos no território brasileiro de que concorrerem para ocultar ao conhecimento da autoridade, ou para os subtrair à apreensão no mar, ou em ato de desembarque sendo perseguida".

Um dos seus artigos determinava o julgamento dos infratores pelo Almirantado, passando assim ao Governo imperial o poder de julgar, poder antes conferido a juízes locais.

Os conservadores continuavam empenhados em manter o sistema escravista e a estrutura colonial de produção. Para racionalizar o uso da mão de obra escrava, agora muito mais cara, incentivaram, então, o tráfico interno, realizado pelos antigos traficantes, tirando o escravo das áreas onde a agricultura decaía, como os engenhos de açúcar do litoral nordestino, para as exaustivas funções da grande lavoura nas novas regiões cafeeiras em expansão no Centro-Sul, deixando para o trabalhador imigrante as demais atividades. Bóris Fausto, que tanto escreveu sobre a imigração no Brasil, estima que o tráfico interprovincial, de 1850 a 1888, deslocou de 100 a 200 mil escravos. Mas o esvaziamento descontentará os senhores de escravos e de terras nordestinas, que viraram abolicionistas. Estes abolicionistas esperavam que, cessando o fornecimento de escravos, a escravidão desaparecesse aos poucos, o que não aconteceu.

A partir de 1875, o abolicionismo ganha a opinião pública na província do Ceará, enquanto a atitude do Parlamento imperial, de caminhar para uma paulatina extinção da mão de obra escrava, sem uma ação eficaz para a total abolição, preocupava os abolicionistas cearenses.

Tal situação fiz com que diversos grupos ativistas começassem a atuar dentro da mesma tendência paulista, de liberar, em grande escala, os cativos dos latifúndios.

Também começaram a ser criadas associações abolicionistas, destacando-se, entre elas, o Centro Abolicionista, de tendência moderada, e a Sociedade Cearense Libertadora, de linha jacobina. Esta era formada, em sua maioria, por maçons republicanos e abolicionistas e conseguiu agitar a província, com uma reunião na chamada "Sala do Aço", a 30 de janeiro de 1881, quando o seu presidente, João Cordeiro, à luz de velas, cravou um punhal na mesa revestida de pano negro, exigindo, de todos os presentes, o juramento de matar ou morrer pela abolição da escravatura, ao mais clássico estilo da Carbonária, também chamada de Maçonaria Florestal. Nos estatutos da Libertadora constava, expressamente:

"A Sociedade libertará escravos por todos os meios ao seu alcance". Seguindo essa linha, que era, também, a de Luís Gama (da Loja América) e Antônio Bento (da Loja Piratininga), em S. Paulo , a Libertadora usava, realmente, todos os meios, legais, ou ilegais, para libertar escravos. Assim, raptavam-nos das fazendas, escondiam escravos fugidos, disfarçando-os sob roupas finas e enviando-os para longe, com falsas cartas de alforria. Além disso, quando havia escravos à venda, os membros da Sociedade e suas mulheres doavam, para um fundo, relógios, correntes, anéis e brincos de ouro, para resgatá-los e dar-lhes liberdade. Cartas ameaçadoras eram enviadas a senhores de escravos.

A Sociedade chegou a aliciar os jangadeiros do Ceará, que, por isso, seriam homenageados por Patrocínio, chefiados por Francisco José do Nascimento, conhecido como "dragão do mar".

Fortaleza, capital e porto da província do Ceará, devido ao mar bravio, era péssimo ancoradouro e, por isso, os embarques e desembarques tinham que ser feitos por meio de embarcações pequenas e insubmersíveis, ou seja, as jangadas, as únicas a conseguir vencer o mar encapelado desse trecho da costa cearense. Os jangadeiros, então, faziam o transporte de passageiros e carga para os navios ancorados ao largo e recusavam-se a transportar escravos, sendo, por isso, fechado, o porto, ao tráfico interno de cativos, que eram vendidos, por seus proprietários, em outras províncias, diante do avanço da ação abolicionista.

A última tentativa de embarcar escravos, duas mulheres, para o sul do país, foi tumultuada, exigindo a presença do chefe de polícia, para garantir o embarque. Enquanto este discutia com os jangadeiros, as duas escravas foram raptadas por membros da Sociedade e libertadas. Os municípios cearenses começavam, nessa época, a libertar em massa os seus escravos. O primeiro a tomar tal atitude foi Acarape, que, por isso, teve o seu nome mudado para Redenção. Seguiram-se com, o movimento em diversos pequenos municípios até que, a 8 de maio de 1883, a liberdade, para os cativos, chegava a Fortaleza. Era o passo que antecedia o clímax: a 25 de março de 1884, finalmente, era abolida a escravidão na província do Ceará, quatro anos antes da Lei Áurea. Foi quando Patrocínio chamou o Ceará de "terra da luz".

E tudo fora feito, principalmente, através do trabalho incessante da Sociedade Libertadora, de nítida inspiração maçônica.

Pela força dos levantes negros, como pela ação do Movimento Abolicionista e da pressão exercida pela Inglaterra em de 28 de setembro de 1871 foi assinada a Lei n.º 2.040, a Lei do Ventre Livre, que libertou todas as crianças nascidas de pais escravos. Pelos mesmos motivos em 28 de setembro de 1885 foi assinada a Lei Saraiva/Cotejipe, que regulava "a extinção gradual do elemento servil" e finalmente em 13 de maio de 1888 foi assinada pela princesa Isabel a Lei Imperial n.º 3.353,a Lei áurea, extinguiu a escravidão no Brasil.

Apesar da Abolição o Brasil “republicano” da primeira metade do século XX era repleto de contradições e "dilemas". Entre esses, apontava para o "dilema social" de uma sociedade rural, estratificada, mas em fase de modernização que não conseguia libertar-se de seus fantasmas e estruturas sociais do passado.

Apesar da “líbertação” dos escravos em 1888 a mentalidade escravocrata se fazia presente e a substituição da mão-de-obra no campo pela “mão-de-obra livre” (dos imigrantes) estava contaminada pela estrutura do barracão, pela estrutura do latifúndio improdutivo, baseado na monocultura e exportação do café, o que inviabilizava a industrialização que se impunha para manter os padrões de acumulação necessários para implementar uma "ordem social competitiva de mercado".

Faltavam à "sociedade patrimonial", os agentes que representassem a racionalidade e o espírito empresarial, pré-requisito para a implementação do capitalismo no Brasil, já que a origem da República era ainda calcada nas relações sociais herdadas da aristocracia.

A falta de agentes implementadores da modernidade atrasou a introdução de novas tecnologias, de sistemas de transporte para a integração da produção nacional, de um sistema bancário independente do capital internacional bem como a estrutura básica de uma nova ordem que tirasse o Brasil da estagnação do semi feudalismo vigente.

A “nova ordem”, mais especificamente a estrutura de classes com seus mecanismos de regulamentação dos conflitos, por ter nascido contaminada pelos vícios trazidos do sistema escravagista, já que o advento da República não ocorreu via a ruptura burguesa, não se tornou realidade ao jamais conseguir extinguir completamente a velha ordem patrimonial na mentalidade e nas ações dos atores sociais inseridos no Estado democrático, no sistema de partidos e na escola. Deste modo, os mecanismos de ascensão social funcionavam mais como "obstáculos" do que como agentes reais de mudança.

O "dilema racial" consistia no fato de a abolição da escravatura ter ocorrido sem assegurar aos negros livres uma verdadeira integração na sociedade dos brancos com o acesso a propriedade da terra e a educação.

Excluídos do mercado de trabalho pela chegada da mão de obra européia que veio para substituí-los na produção e sem uma formação profissional e uma experiência no mercado de trabalho livre (competitivo), os antigos escravos necessariamente ficariam à margem dos processos de inclusão e modernização em marcha, dos quais somente os imigrantes japoneses, italianos, alemães, poloneses passariam a longo prazo se beneficiar.

Para o homem negro entravam em ação mecanismos de exclusão que Gunnar Myrdal, o economista sueco, denominou de "processos de causação circular cumulativa". Neles a falta de qualificação profissional pelo não acesso a cultura reduziam as chances de trabalho do negro descendente ou ex-escravos.

Sem trabalho digno e remuneração adequada os negros foram jogados em um processo de desorganização e desintegração social e psíquica, o que por sua vez dificultou o seu acesso aos mecanismos de ascensão como a formação escolar, o voto democrático, a realização pelo trabalho.

O "dilema educacional" expressa essa desigualdade de oportunidades do sistema societário brasileiro que oficialmente só no discurso se dizia democrático e postulava a educação como sendo um mecanismo de ascensão e inclusão social, mas que, de fato, mostra-se seletivo e excludente para os já desprivilegiados negros, pobres e mulheres.

Esses dilemas explicariam porque na sociedade brasileira da primeira metade do século XX aparentemente “não há nem conflito nem discriminação racial”.

Mas que na realidade o que existia era a sobreposição de classe sobre o aspecto étnico, em que as diferenças e injustiças socioeconômicas sobrepunham o conflito racial. Os pobres eram, em sua maioria, negros ou mestiços. A pobreza ofusca a raça. Nas escolas (mesmo públicas) e universidades, os negros e mestiços estão sub-representados, reservando-se a maior parte das vagas para os brancos.

O cinismo e a ideologia de uma sociedade hipócrita que se dizia democrática, mas que acumulava privilégios para minorias tradicionalmente beneficiadas, reforçando as injustiças antes já presentes e cristalizadas numa, para a época, das concentrações de renda mais elevadas do mundo.

No Brasil de hoje, a marca predominante é a ambivalência com que a sociedade pretensamente branca dominante reage, pois vivemos em um país mestiço, quando o tema é a existência, no país, de um “problema negro”.

No Brasil, onde a questão étnica é escondida debaixo do tapete, feio não é ter preconceito de cor, mas manifestá-lo. Desse modo, toda discussão ou enfrentamento do problema torna-se uma situação escorregadia, sobretudo quando o problema social e moral são substituídos pelo uso de adjetivos pouco qualificativos, mas em suas essências extremamentes preconceituosos.

Nos meios mais intelectualizados temos de observar o tempo politicamente incorreto jogado fora nas discussões semânticas sobre o que é preconceito, discriminação e racismo, com os inevitáveis apelos à comparação com os norte-americanos e europeus, como se aqui ele não existisse ou ocorresse de forma mais “branda e diferenciada”.

Para estes sofistas o essencial é fugir à questão verdadeira:

O que é ser negro no Brasil?

Ser negro no Brasil é ser objeto de um olhar ambíguo. Essa ambiguidade marca a convivência cotidiana, influi sobre o debate acadêmico e o discurso individualmente repetido é, também, utilizado por governos, partidos e instituições. Tal bordão cansativo torna-se a constante, sobretudo para os que nele se encontram como parte ativa, os negros, que são vítimas do preconceito e não apenas testemunha.

No Brasil, onde ser negro é um impeditivo para a ascensão social, se privilegia a aparência branca ou não como condição primeira de objetivação e de julgamento, criando uma linha demarcatória, que identifica e separa e barra as pretensões de individualidade e de cidadania do outro, no caso os negros.

Entre os pobres e miseráveis pelos fatores históricos, que lhes impuseram tal posição a margem da sociedade de consumo, a maioria destes são negros. Mesmo para aqueles que com um enorme esforço pessoal conseguiram o acesso a educação e cultura, com exceção do serviço público, a caminhada não se torna mais fácil, pois independente da qualificação profissional atingida por estes a maioria dos bons empregos não serão ocupadas por eles, já que o “critério da boa aparência” geralmente os exclui.

No Brasil, onde a cidadania é historicamente mutilada pela marca indelével da senzala, o caso dos negros é emblemático. Os interesses arraigados, que produziram convicções escravocratas, embora a mais de 122 anos a Abolição tenha se tornado Lei, aqui mantêm os estereótipos sociais herdados do escravagismo, que são reais e incidem sobre os demais aspectos nas relações sociais.

Superar o flagelo da discriminação social é deixar de lado uma das mais fortes barreiras que nos impedem de sermos um povo orgulhoso de suas origens e enquanto nação caminharmos harmonicamente para um futuro promissor.

Fontes:

- Carlos Magno. Uma negação da ordem escravista. Quilombos em Minas Gerais no século XVIII. São Paulo: Ícone, 1988

- Flávio dos Santos (orgs.). Liberdade por um fio. História dos quilombos no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1996

- Schwartz, Stuart. "Alforria na Bahia, 1684-1745". Escravos, roceiros e rebeldes. EDUSC, 2001.

- Fernandes, Florestan. Integração do Negro na Sociedade de Classes. Globo, 2008.

- CASTELLANI, José. Os Maçons e a Abolição da Escravatura. A Trolha, 1998.

- Wikipédia



Pesquisa e texto do:


Carlos Molina

Pessuti substitui membros do primeiro escalão


Como já era esperado o Pessuti anunciou seis novas substituições em seu secretariado. O secretário da Segurança no governo Requião, Luiz Fernando Delazari, foi substituído pelo Coronel Aramis Linhares Serpa. O publicitário Ricardo Canzian irá assumir na Comunicação o cargo do defenestrado Benedito Pires. Também foram demitidos o Nestor Bueno,secretário do Planejamento, o Tissot dos Transportes, o Fernando Peppes, secretário do Trabalho em exercício, assim como o Marco Antônio Lima Berberi, diretor presidente do Ipem.



Os novos secretários de Estado nomeados hoje pelo governador Orlando Pessuti:

- Coronel Aramis Linhares Serpa para Secretaria da Segurança Pública

- Mário César Stamm Junior para Secretaria dos Transportes e DER

- Nildo Lubke para Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior

- Ricardo Cansian para Secretaria da Comunicação

- Allan Jones para a Secretaria do Planejamento

Mudanças de tom no discurso do governo Pessuti


Ao contrário do Requião, que construiu a sua carreira usando e abusando do contraditório para ser o centro das atenções, o Pessuti democraticamente se dilui na paisagem em busca do consenso.

O papel do governador passa da postura centralizada do poder no colo do mandatário, o que emperrava a máquina pública, para algo coletivo. Com o Pessuti está decadente relação muda, pois como parlamentar que foi sabe que o instrumento democrático de delegação de poderes e a cobrança do melhor andamento e da fiscalização dos trabalhos são o eixo do caminho a ser trilhado, o que deverá melhorar com a prestação dos serviços ofertados pelo estado, pois com a descentralização criteriosa a máquina andará mais rápido.

O governador só é um líder quando comanda a equipe estando no centro e não ao lado, atrás ou a frente, pois as ações de governo nunca serão as de um único homem, mas sim do coletivo, a que simplesmente como mais um coordena.

A postura autoritária do Requião ao gerenciar a partir do contraditório implica em provocar os choques interpessoais e interestruturas para assim subtrair os divergentes resultados. Isto acaba por criar o clima de desagregação entre as pessoas e entre as estruturas de poder, o que para o funcionamento integrado da máquina pública trás danos irreversíveis, já que a fraguimenta em feudos, sendo que estes estimulados a tal prática acabam estando permanentemente em guerras uns contra os outros.

Dentro dos órgãos públicos a prática corrente não era diferente já que as hierarquias internas das empresas, tão centralizadas como o governo central, tinham comandos paralelos, pois o governador não confiava em ninguém e pelo uso do fortalecimento do clima de delação tornava os ambientes insuportáveis para a convivência em grupo.

Sem a centralização ocorrendo de forma democrática a máquina pública trava e o seu desempenho fica prejudicado.

Ninguém além de Deus é onipotente, onisciente e onipresente e querer imitar tal prática nos torna caricatos, pois não temos o poder de estar em todos os lugares ao mesmo tempo, assim para poder bem dirigir a coisa pública temos de confiar e estar junto ao delegar o poder de executar, mas não na frente travando a caminhada do grupo.

No momento o Pessuti está envolto em um grande divisor de águas, e este tem origem no fato de que querem que ele continue na prática como mero vice e deixe a máquina pública ser dirigida de fora para dentro através da manutenção total da velha equipe, sendo que está não foi a que ele indicou, pois a mesma foi imposta pelas articulações do ex-governador Requião. Não é isto o que ele pretende ou projetou, já que a forma de ele ver o gerenciamento da máquina pública é outro e para que isto ocorra às mudanças são necessárias e imprescindivelmente imediatas, já que o tempo é escasso e assim não há margem para experimentações ou atitudes pusilânimes. É hora de impor a própria marca mantendo o que há de bom e expurgando o que não serve.

Observando o público da Escolinha vi faces com olheiras, pés descadenciadamente batendo no chão, mãos amassando objetos ou apertando freneticamente os braços das poltronas ou em frenesi apertando as próprias mãos. Isto demonstra o grau de intranquilidade dos já não tão poderosos comissionados, pois a maioria se vê sem os pés no chão ao sentirem que mudanças ocorrerão.

Muitos destes que de forma oportunista tentam continuar nos cargos não merecem por nunca terem demonstrado o devido respeito pelo atual governador. Talvez isto ocorra por não serem oriundos da tradição partidária ou por nunca terem visto o partido como tal e sim como mero apêndice do Requião. Os que não estavam neste pequeno círculo de vassalagem total eles do “núcleo duro" viam com desconfiança. Estes deviam ter a dignidade de entregar o cargo, pois isto pouparia o desprazer do ato do atual governador exercer o seu poder de escolha. Seria mais elegante tal ato de desprendimento!

O período do Requião no comando total acabou e o novo governante tem o direito de exercer o cargo que pelo voto o povo lhe delegou.

 
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