OpiniĂ£o e NotĂcias
JosĂ© Henrique Torres nĂ£o vĂª indĂcios que sustentem a tese de que Toninho estava 'no lugar errado e na hora errada'
O presidente do 1º Tribunal de JĂºri de Campinas, juiz JosĂ© Henrique Torres, determinou a reabertura das investigações do assassinato em 2001 do entĂ£o prefeito de Campinas, Toninho do PT, na saĂda de um shopping center da cidade.
Segundo o MinistĂ©rio PĂºblico, Wanderson Nilton de Paula Lima, o Andinho, teria atirado contra Toninho porque seu carro teria “atrapalhado a fuga” da quadrilha do bandido.
Arma nunca foi encontrada
O juiz JosĂ© Henrique Torres, no entanto, nĂ£o vĂª indĂcios que sustentem a tese de que Toninho estava “no lugar errado e na hora errada”. A arma do crime, uma pistola de calibre 9 mm, jamais foi encontrada.
Andinho estĂ¡ preso, condenado a 400 anos de prisĂ£o por sequestros, extorsĂ£o e latrocĂnio. Ele confessou dezenas de crimes, mas nega que tenha matado Toninho do PT.
MotivaĂ§Ă£o polĂtica
A viĂºva de Toninho do PT, Roseana Garcia, acredita que a morte de seu marido teve motivaĂ§Ă£o polĂtica por “atrapalhar e desagradar interesses de muita gente”.
As investigações sobre a morte de Toninho do PT serĂ£o reabertas no momento em que acontece o julgamento dos rĂ©us pelo assassinato de um outro prefeito do PT, Celso Daniel, ex-prefeito de Santo AndrĂ©. O promotor do caso, Francisco Cembranelli, diz que o crime teve motivaĂ§Ă£o polĂtica.
Relembrando:
ViĂºva de Toninho do PT reafirma que assassinato teve motivaĂ§Ă£o polĂtica
FELIPE RECONDO/Folha Online
08/11/2005 - 13h16
Roseana Morais Garcia, a viĂºva de AntĂ´nio da Costa Santos, o Toninho do PT, repetiu nesta terça-feira que o assassinato de seu marido teve motivaĂ§Ă£o polĂtica. Roseana, que presta depoimento na CPI dos Bingos, afirmou que Toninho do PT, quando estava Ă frente da Prefeitura de Campinas (95 km a noroeste de SĂ£o Paulo), contrariou pelo menos 11 setores com negĂ³cios no municĂpio.
Disse tambĂ©m que, quando era vice-prefeito da cidade, Toninho do PT entrou com ações pĂºblicas contra o entĂ£o prefeito Jacob Bittar em obras superfaturadas que ele via irregularidades.
Toninho do PT foi assassinado em setembro de 2001 quando dirigia seu carro, perto de um shopping da cidade.
Roseana, viĂºva de Toninho do PT, fala Ă CPI dos Bingos
Ainda na primeira parte de sua apresentaĂ§Ă£o, Roseana afirmou que se assustou com a notĂcia da morte do legista Carlos Delmonte Pires, no Ăºltimo dia 12 de outubro. "Eu me assustei profundamente com a morte desse legista", afirmou, acrescentando que as pessoas envolvidas no caso estĂ£o morrendo. "Isto Ă© um desespero."
Segundo Roseana, Delmonte fez o laudo de quatro pessoas assassinadas em Caraguatatuba (litoral norte de SĂ£o Paulo) que foram apontadas como responsĂ¡veis pelo crime. A PolĂcia Civil encontrou disquetes com laudos do caso Toninho na casa dele.
AlĂ©m de defender a tese de que a morte de seu marido teve motivaĂ§Ă£o polĂtica, Roseana acredita haver um elo entre as mortes de Toninho do PT e Celso Daniel, prefeito de Santo AndrĂ© (Grande SĂ£o Paulo) assassinado em 2002.
Emocionada, Roseana fez comentĂ¡rios sobre a morte do marido contendo o choro. Chegou a fazer algumas pausas para se recompor. "Hoje estou bem melhor, nĂ£o conseguiria falar isso [no passado] sem chorar."
A viĂºva --que afirma jĂ¡ ter sofrido ameaças anĂ´nimas-- disse que Toninho pode ter sido morto por contrariar interesses de "grupos poderosos". Nos Ăºltimos dias, ela disse ter pedido que fosse realizada uma varredura em seus telefones por suspeitar que estavam "grampeados". O resultado da vistoria foi negativo.
Crime planejado
Para o relator da comissĂ£o, senador Garibaldi Alves (PMDB-RN), as declarações de Roseana indicam que o assassinato de Toninho do PT foi planejado. "Tenho desconfiança de que esse crime tambĂ©m foi planejado", declarou, indicando que o assassinato de Celso Daniel tambĂ©m nĂ£o foi um crime comum. "O que ela falou leva a isso."
O senador criticou o presidente Luiz InĂ¡cio Lula da Silva, que ontem, em entrevista ao programa "Roda Viva", da TV Cultura, defendeu a tese de crime comum no caso de Celso Daniel. "O presidente, com a responsabilidade que tem, nĂ£o deveria ter falado daquele jeito, se colocando contra a versĂ£o da famĂlia [de Celso Daniel]."
Segundo o lĂder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), a PolĂcia Federal deverĂ¡ entrar nas investigações de Toninho do PT a pedido do Conselho Nacional do Direito da Pessoa Humana.
Resposta
Em maio do ano passado, a viĂºva entregou um abaixo-assinado ao presidente Lula com cerca de 53 mil assinaturas, no qual solicitava a intervenĂ§Ă£o da PolĂcia Federal nas investigações. A viĂºva diz que nĂ£o teve resposta sobre a solicitaĂ§Ă£o.
Em uma nota divulgada no ano passado, a ONG "Quem matou Toninho?" afirmou que o "presidente Lula foi omisso" em relaĂ§Ă£o ao caso. Garcia e a ONG nĂ£o aceitam a versĂ£o da PolĂcia Civil de que o prefeito tenha sido assassinado porque seu carro atrapalhou a fuga da quadrilha do seqĂ¼estrador Wanderson Newton de Paulo, o Andinho --Ăºnico sobrevivente da quadrilha.
Os outros quatro membros da quadrilha de Andinho acusados pela polĂcia de envolvimento no crime foram mortos pela PolĂcia Civil em uma aĂ§Ă£o em Caraguatatuba, dias apĂ³s a morte de Toninho. O caso Ă© investigado pelo Gaerco (Grupo de AtuaĂ§Ă£o Especial e RepressĂ£o ao Crime Organizado).
Com Folha de S.Paulo