quinta-feira, 13 de maio de 2010

A política cambial e as altas taxas de juros fazem o endividado povo empobrecer, o país se desindustrializar e gerar desemprego e os bancos lucrarem


Enquanto o país se desindustrializa o nosso endividado povo se empobrece a cada dia mais e os bancos lucram como nunca.

No Brasil a mudança na política cambial seria um importante instrumento de promoção do desenvolvimento, pois permitira às empresas nacionais competir com outras do resto do mundo, estimulando-as a adotar tecnologias de ponta. A suposta sobrevalorização da taxa de câmbio enfrentada no momento teria segundo essa visão, efeitos de longo prazo nefastos sobre a economia. A principal ameaça seria a desindustrialização - muitas vezes descrita como um retorno à economia agrária - que acabaria por reduzir o ritmo de crescimento da economia brasileira. Note-se que o argumento apresenta desenvolvimento da indústria e desenvolvimento do país como se fosse a mesma coisa.

Segue-se desse raciocínio que, para se desenvolver, o Brasil precisaria reverter a tendência à sobrevalorização da taxa de câmbio. Supostamente, essa estratégia teria sido a adotada pelos países emergentes que mais rapidamente crescem. A tendência à sobrevalorização resultaria tanto da doença holandesa - entrada de divisas devido às exportações de commodities - como do fluxo de investimentos externos causados pelas altas taxas de juros e retorno do capital superior ao observado no resto do mundo.

Outro grande inimigo é o alto lucro dos bancos pela vigência das altas taxas de juros.

No primeiro trimestre Banco do Brasil, que deveria ser um banco de fomento, mas não é, anunciou lucro líquido de R$ 2,4 bilhões , crescimento de 41,2% em relação ao mesmo período de 2009. A rentabilidade anualizada sobre o patrimônio líquido foi de 28%. A participação da área de seguros no lucro subiu de cerca de 11% para 15,2%.

A carteira de crédito total, incluindo garantias e títulos de valores mobiliários privados, fechou o trimestre em R$ 327,3 bilhões, crescimento de 36,0% em 12 meses. No crédito, a parceria com o Banco Votorantim contribuiu com R$ 22,6 bilhões em operações de crédito.

Na pessoa física, a expansão foi de 55,5% com a carteira fechando março em R$ 95,1 bilhões. O destaque foi o crescimento de 200,3% no financiamento a compra de veículos, puxado pela parceria com o Banco Votorantim. O crédito imobiliário cresceu 103,9%.

Na pessoa jurídica, a carteira de crédito cresceu 25,8% e chegou a R$ 128,1 bilhões. Os empréstimos para capital de giro subiram 5,4%. O crédito à pequena e média empresa subiu 20,9%.

As receitas financeiras, impulsionadas pelo crescimento do crédito, totalizaram R$ 18,6 bilhões nos três primeiros meses do ano, 21,6% superior ao mesmo período de 2009. Desse total, as receitas provenientes das operações de crédito somaram R$ 12,5 bilhões, ante R$ 9 bilhões no primeiro trimestre de 2009, registrando expansão de 39,4%.

Os ativos do Banco do Brasil chegaram a R$ 724,9 bilhões em março de 2010, expansão de 22,5% ante março do ano passado.

O que acontece com os lucros obtidos pelos bancos privados não é diferente, pois nunca lucraram tanto como lucram no governo Lula.

O lucro do Itaú Unibanco no 1º trimestre, de R$ 3,234 bilhões, é o maior entre bancos brasileiros para este período, segundo a consultoria Economatica. O ganho representa uma expansão de 60,5% em relação a igual período do ano passado.


Na semana passada, o Bradesco anunciou o maior lucro para o 1º trimestre entre bancos privados, de R$ 2,1 bilhões.

Primeiro banco brasileiro a divulgar balanço em 2010, o Bradesco mostrou o que deve ser a tônica para o setor ao longo do ano: crescimento do lucro, do crédito e redução da inadimplência. O segundo maior banco privado do País apresentou no primeiro trimestre lucro líquido de R$ 2,103 bilhões, o que significou expansão de 22% em relação a igual período de 2009.

Segundo a empresa de informações financeiras Economática, foi o maior ganho já registrado por um banco brasileiro nos três primeiros meses do ano.

Conforme a maioria dos analistas esperava, o Bradesco elevou a concessão de crédito no período. A alta, de 10,4% em relação ao primeiro trimestre de 2009, foi puxada pelos empréstimos consignados e pelos financiamentos imobiliários. Para o ano inteiro, a instituição manteve a expectativa de um crescimento entre 21% e 25%.

O vice-presidente executivo do banco, Domingos Abreu, afirmou que esses porcentuais ainda podem ser alcançados - a despeito da expansão bem mais modesta no primeiro trimestre - porque este é o período do ano em que os negócios costumam ser mais fracos. "É normal termos de acelerar ao longo do ano", observou.

Ele disse que, ao final de fevereiro (dado mais recente disponível), o Bradesco detinha uma participação de 12,6% do mercado de crédito brasileiro, exatamente igual ao número de dezembro do ano passado. "Nosso objetivo é aumentar um pouquinho essa participação", afirmou.

Em 2009, em meio à crise financeira mundial, os bancos públicos adotaram uma estratégia agressiva de concessão de crédito. O objetivo do governo era impedir que a escassez de financiamentos derrubasse ainda mais a atividade econômica no País. Um efeito colateral da estratégia foi o aumento da fatia dessas instituições no mercado de crédito.

Por isso, analistas esperavam para 2010 um contra-ataque dos bancos privados. No caso do Bradesco, a alta de 10,4% foi considerada moderada, mas, ainda assim, positiva.

Os resultados do banco foram elogiados, em relatórios, pelos analistas do banco Credit Suisse, da Corretora Ativa e da Corretora do Banco Fator. Todos destacaram, em especial, o retorno da rentabilidade para pouco acima de 20%. A medida é fruto da relação entre lucro líquido e patrimônio líquido.

O balanço do Itaú divulgado nesta terça-feira, 4, ainda supera os lucros do Banco do Brasil em 2008 e 2006, de 2,347 bilhões e 2,343 bilhões, respectivamente, os melhores resultados na comparação com todos os bancos brasileiros de capital aberto até então.

Os ativos totais do Itaú Unibanco somaram R$ 634,663 bilhões, expansão de 1,6% em relação a março do ano passado.

O patrimônio líquido do Itaú ficou em R$ 52,974 bilhões. A expansão em comparação ao primeiro trimestre de 2009 foi de 17,7%.

Carteira de crédito

A carteira de crédito do Itaú Unibanco, incluindo avais e fianças, atingiu R$ 284,7 bilhões no primeiro trimestre deste ano, crescimento de 4,4% quando comparada ao mesmo período do ano passado. O segmento de pessoa física teve crescimento mais expressivo que os empréstimos para empresas.

A carteira de crédito de pessoa física atingiu R$ 104,3 bilhões, com crescimento de 12,5% quando comparada a igual período de 2009. Já a carteira de crédito de micro, pequenas e médias empresas atingiu R$ 64,3 bilhões, com crescimento de 24,7% em igual período de comparação. A carteira de grandes empresas atingiu R$ 89,1 bilhões.

O lucro líquido contábil do banco no primeiro trimestre, de R$ 3,234 bilhões, gera uma rentabilidade sobre o patrimônio líquido médio (ROE) de 25% - ante 18,2% no período de janeiro a março de 2009.

Considerando o lucro líquido recorrente, que foi de R$ 3,168 bilhões, o ROE passa a 24,4%, comparado ao de 23,1% no primeiro trimestre de 2009.

Os recursos próprios livres, captados e administrados totalizaram R$ 894,1 bilhões, com crescimento de 10,4% quando comparado a 31 de março de 2009.

O Santander Brasil anunciou que teve lucro líquido consolidado de R$ 1,015 bilhão no primeiro trimestre, mais do que o dobro do resultado obtido um ano antes.

No fim do primeiro quarto do ano, a carteira de crédito do maior banco estrangeiro no país era de R$ 144,124 bilhões, com uma tímida elevação de 3,6% sobre os R$ 139,097 bilhões de um ano antes, com destaque para o varejo, com expansão de 8,8% no período.

O volume de despesas com provisões para perdas, que era de R$ 2,41 bilhões no fim de 2009, teve leve recuo, para R$ 2,34 bilhões.

Recessão a vista: ''Corte de gastos do governo vai doer''


AE

ENTREVISTA:

Paulo Bernardo,ministro do Planejamento

Depois de passar todo o governo Luiz Inácio Lula da Silva atuando em sentidos contrários, as políticas de gastos e de juros do governo vão entrar em coordenação. Essa é, pelo menos, a intenção da equipe econômica, que propôs ao presidente um corte de gastos, o que ajudaria no combate à inflação e pouparia o Banco Central de elevar os juros em 2010.

O objetivo, segundo explicou ao Estado o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, é evitar que a economia superaqueça este ano tenha de ser freada bruscamente em 2011. O ministro disse que não será um megacorte, mas avisa que "vai doer". A seguir, trechos da entrevista.

O ministro Guido Mantega levantou a hipótese de o governo cortar gastos este ano. Tem até especulação que o decreto de programação financeira, no dia 20, virá com um corte. É isso?

Não temos decisão, mas é verdade que o Guido Mantega falou comigo e com o presidente. E o presidente não deu orientação na direção contrária. Determinou que estudássemos.

Mas por que cortar, se a economia está indo bem e a perspectiva é de receitas elevadas?

Cresce um sentimento de que a economia está acelerando para além daquilo que todos avaliavam. Já tem gente falando que podemos crescer 7%. O que pode acontecer? Vamos ficar olhando o Banco Central aumentar os juros? O que estamos discutindo são outras alternativas. Como podemos ajudar com a política fiscal.

Não é de hoje que a ata do Copom avisa sobre o risco inflacionário criado pela demanda do governo. Por que agora se olha para o problema? Tem relação com a crise na Europa?

O Banco Central faz o papel dele quando coloca esses alertas na ata e nós, normalmente, levamos esses alertas a sério. Com a crise internacional, temos de ficar mais atentos. Ninguém acha que a Grécia tem peso suficiente para arrastar a economia mundial, mas é verdade que as expectativas se deterioraram.

É para evitar uma alta do juro às vésperas da eleição?

Aqui não nos preocupamos com eleição. Não estou com brincadeira, não. O governo quer que tenhamos condições de crescer 5% no ano que vem, 5% em 2012. Se fosse por causa da eleição, deixaríamos a economia acelerar, crescer 8% e crescer pouco no ano que vem. Isso sim, seria uma visão eleitoreira.

Vai ter uma coordenação maior entre as políticas monetária e fiscal?

Sempre tentamos fazer isso.

Para fazer o ajuste fiscal, o governo vai abrir mão de descontar as despesas com o PAC do superávit primário?

Isso não mudou. Todos os anos, tentamos cumprir a meta sem descontar. Descontamos um tiquinho em 2008 e 2009. Foi um ponto fora da curva.

Existe a necessidade de aumentar a meta de superávit?

Existe, mas eu não vejo condição para fazer isso, sinceramente. Não vamos parar o PAC, não vamos cortar os programas sociais.

Então, não será um megacorte. Não. Vamos tentar fazer o menos dolorido possível, mas vai doer.

As Forças Armadas na proteção de nossas fronteiras contra os narcotráfico e o contrabando


Não tenho nada contra e tudo a favor das FA cumprirem o seu papel Constitucional!

O que discordo profundamente é pelo fato de não termos uma política nacional de segurança tirar as FA de sua função sagrada de proteger as nossas fronteiras e as voltarmos novamente exclusivamente para as questões internas, o que alguns querem e não são suas funções Constitucionais.

Para que ocorram as mudanças tem de se ter a vontade política para mudar e com ela a pré-disposição em os poderes públicos “cortarem a própria carne para extirpar o câncer que corrói as suas entranhas”!

Sem investir pesado na educação, na saúde, na habitação, no saneamento básico, na segurança alimentar, no apoio a micro, pequena e média empresa e no fortalecimento do mercado interno em geral, o que gerará desenvolvimento nacional, a instabilidade social sempre será a constante em nossa Pátria.

Quanto à questão da do crime organizado, está mais do que provado que as drogas e armas atravessam as nossas fronteiras, o que vem a reforçar a minha visão de que seria o maior erro tirar as FA das suas funções históricas, pois elas são mais úteis nas divisas nacionais nesta guerra contra o narcotráfico e outros crimes contra a economia (contrabandos), sendo que este é o inimigo externo que invade a todo o momento o nosso espaço nacional e nos causa sérios danos ao gerar o caos urbano e a perda de divisas.

Segundo a mídia tanto o PCC como o CV e as outras organizações criminosas operam em conjunto com o crime organizado internacional, o que impõe uma melhor relação com os órgãos de repressão especializados na luta contra este tipo de crime superior nos outros países, tanto dos países fornecedores das drogas (maconha - Paraguai, cocaína –Peru, Bolívia e Colômbia, êxtase e metanfetamina – Holanda, etc.), dos produtos químicos necessários para o refino (éter e acetona) e dos fabricantes das armas que para aqui são contrabandeadas (USI - Israel, AK47-Rússia e China, AR15 – EUA, etc.).

O narcotráfico deve ser entendido, em sua verdadeira dimensão, como um problema econômico, social e político transnacional que desequilibra o Estado e a sociedade latino-americana e o mundo.

As máfias do narcotráfico formam novos grupos de poder regional, nacional e internacional. Desnuda-se, aos olhos da sociedade, um entrelaçamento entre estados, polícias, empresas, bancos na lavagem de dinheiro, etc..

Para operar neste sentido contra o inimigo externo, que também é interno, temos que mudar a forma de operar das nossas Forças, pois este tipo de tarefa estratégica implica na criação de milhares de grupos táticos altamente treinados par operações conjugadas de defesa nacional e de inteligência agindo em conjunto com as Forças de Polícias por todo o território em cima de um projeto estratégico do qual elas seriam uma parte muito importante do ponto de vista do trabalho de inteligência e organizacional em conjunto com a PF, a Força Nacional, sendo que estas devem ser tanto quanto as FA melhor organizadas, treinadas e equipadas.

Estas Forças repressoras ao crime organizado têm de ter a disposição satélites, aviões, helicópteros, lanchas, motos, viaturas blindadas, explosivos, armamentos de última geração, milhares de cães farejadores, equipamentos de proteção, etc., como também diárias a rápido empenho que permitam a circulação destes grupos especiais e também uma melhor remuneração destes profissionais.

Em conjunto com as polícias estaduais devesse montar uma estrutura integrada de inteligência visando montar um único banco de dados sobre o crime organizado em todo o país e estruturar operações conjuntas inclusive do ponto de vista de treinamento em uma academia nacional de especialização em combate ao crime organizado, o que fará melhorar a perspectiva estratégica de integração de esforços para equacionar este grave problema.

Sem as armas, sem as drogas, sem o contrabando em geral e com a prisão dos cabeças deste enorme sindicato isto os fará ficarem acéfalos, sem dinheiro, e poder!

Cortou as cabeças da HIDRA corpo desintegra!

13 de Maio: uma data que não pode ser esquecida


Celebramos neste 13 de Maio de 2010 os 122 anos da Lei Áurea, que encerrou o triste capítulo da escravidão negra no Brasil. É também um dia especial para mim, já que, pela primeira vez como governador do Paraná, posso apresentar a todos os paranaenses um balanço das ações que, desde que tomamos posse, em 2003, desenvolvemos como forma de resgatar a cidadania de comunidades negras do nosso Estado. Afinal, temos a maior população negra do Sul do País.

Falo, em especial, das comunidades quilombolas no Paraná. Por muito tempo, ouviu-se dizer que somos um Estado branco, dada a forte imigração europeia que experimentamos a partir do final do século 19. Mas a verdade é que também corre em nossas veias o sangue africano dos que chegaram ao Brasil na condição de escravos. Tenho muito orgulho de participar desde 2003 de um Governo que se propôs a resgatar, a jogar luz sobre os nossos muitos remanescentes quilombolas.

Para mapear as comunidades quilombolas do Paraná, criamos o grupo de trabalho Clóvis Moura, coordenado por Glauco Souza Lobo. Ele iniciou a identificação de áreas e de populações de negros remanescentes de quilombos no Paraná. Pois já são 50 as áreas identificadas e 36 classificadas pela fundação Palmares, resultados de um trabalho de sete anos. Estas áreas estão localizadas no Vale do Ribeira, no Sudeste e no Norte Pioneiro. Até 2003, poucas vezes se falou a respeito do tema. Este trabalho é reconhecido pelas comunidades.

Mas fomos além de tornar visíveis comunidades historicamente negligenciadas. Criamos o Núcleo de Educação das Relações Etnorraciais e da Afro-descendência, na Secretaria da Educação. Com ele, as políticas públicas para negros têm avançado especialmente nas comunidades quilombolas e nas escolas em todo o Estado.

Fizemos a extensão da rede da Copel para comunidades quilombolas com os benefícios do programa estadual Luz Fraterna e, do federal Luz para Todos. Levamos o saneamento básico levado para comunidades quilombolas em parceria com a Funasa.

Negros e índios hoje contam com programas de cotas nas universidades estaduais e nas iniciativas extensionistas do programa Universidade Sem Fronteiras. Produzimos material didático sobre doenças comuns à população negra. A Secretaria da Agricultura, em parceria com a Conab e Defesa Civil, distribuiu 106 toneladas de sementes de milho e feijão para comunidades indígenas e quilombolas, e ofereceu apoio técnico para produção de alimentos nestas comunidades.

Nossa companhia de habitação, a Cohapar, construiu mais de 200 moradias para quilombolas. As prefeituras que atuam em favor das comunidades quilombolas recebem apoio financeiro do programa Saúde da Família.

No final do ano passado, assinamos o Pacto pela Promoção da Igualdade Racial, uma iniciativa das organizações e movimentos sociais afro-descendentes junto às secretarias de Educação, de Assuntos Estratégicos, entidades e representantes da sociedade civil organizada. Com ele, nos comprometemos a tratar de reivindicações importantes para a população negra no estado. Este pacto se inspira e é elaborado em conjunto com a sociedade organizada. Estou certo de que esse documento irá servir como exemplo para o resto do País.

Se podemos nos orgulhar de tudo o que já realizamos, precisamos reconhecer que ainda há muito pela frente. Afinal, na maior parte de nossos mais de 500 anos de história convivemos com a escravidão de nossos irmãos negros. Por isso, os 122 anos de liberdade, garantida por lei, devem, sim, ser comemorados nesse 13 de Maio. Mas esse Dia da Consciência Negra também deve servir de palco para que seja exposta a desigualdade racial que ainda existe em nosso País, nosso Estado, nossa sociedade.

Que o exemplo de luta e de persistência de nossos irmãos negros, em busca da liberdade, nos sirva de guia para o futuro.



Orlando Pessuti

Governador do Paraná

“Não há indecisão, há uma aliança complicada”, garante Osmar


por André Gonçalves, correspondente da Gazeta do Povo em Brasília

Entrevista com Osmar Dias, senador e pré-candidato ao governo estadual pelo PDT.

A última tentativa de selar uma aliança entre PT e PDT para sustentar a candidatura a governador do Paraná de Osmar Dias deve ocorrer hoje em Brasília. O senador espera por uma reunião com o presidente nacional petista, José Eduardo Dutra, que ainda não havia sido confirmada até ontem à noite.

Enquanto a negociação com o partido do presidente Lula se dilui, aumenta o assédio do PSDB. Ontem, o pré-candidato a presidente tucano, José Serra, elogiou abertamente Osmar durante entrevista ao Programa do Ratinho, no SBT.

A tentativa se soma ao convite formalizado pelo partido anteontem para que Osmar desista de concorrer ao governo para disputar a reeleição no Senado. Em entrevista à Gazeta do Povo, no entanto, Osmar garante que não está indeciso e que é candidato a governador.

“Talvez eu seja o político mais sincero que existe no Brasil e por isso eu sou confundido. As pessoas confundem a sinceridade que eu tenho com indefinição. Eu não estou indeciso”, disse ontem, após um novo dia de especulações sobre sua indefinição.

Hoje o senhor é candidato a qual cargo?

A governador.

Sem dúvida?

Sem dúvida.

Então toda essa indefinição que envolve o futuro do senhor é só boato?

Não. É um processo natural de quem está tendo dificuldades para fazer uma aliança. Talvez eu seja o político mais sincero que existe no Brasil e por isso eu sou confundido. As pessoas confundem a sinceridade que eu tenho com indefinição. Eu não estou indeciso. Se eu tiver uma aliança estruturada politicamente para a disputa, mantenho a candidatura. Se não, meus próprios companheiros haverão de reconhecer que não há possibilidades. Mas eu estou recebendo apoio no sentido de que há, sim, possibilidades.

O que o senhor achou da proposta que recebeu do PSDB?

A proposta do PSDB é bem interessante porque convida o PDT para participar da chapa majoritária. Eu fiquei até feliz. Não ficou claro se eu posso ser o candidato a governador. Isso deixou uma abertura para a gente conversar.

Qual é a diferença nas negociações com o PT e o PSDB?

A diferença é que a do PSDB existe, a do PT, não.

Não existe? Então não existe a proposta do PT para que o senhor seja candidato a governador e Gleisi Hoffmann a senadora?

Existe uma proposta que foi feita verbalmente, repetida muitas vezes e mudadas muitas vezes. Quem fez uma proposta fui eu, depois que eles me procuraram. Mas eles não aceitaram e a negociação com o PT foi encerrada por esse motivo.

O que emperra o acordo com o PT é só a exigência de Gleisi Hoffmann como candidata ao Senado?

A candidatura da Gleisi a vice-go­­­vernadora abriria a possibilidade de uma chapa com o PMDB, com o PP, e outros partidos que viriam pela força dessa coligação. Eles seriam aglutinados em uma chapa vencedora. Mas é importante ficar claro: eu nunca culpei o PT nessa história. Só acho que os objetivos do PT não são os mesmos do PDT. O PDT quer eleger o governador. O PT quer eleger uma senadora e só.

O senhor sempre diz que o PT do Paraná não trabalha, ou trabalha pouco, pela candidatura a presidente de Dilma Rousseff. É isso mesmo o que o senhor pensa?

Essa não é uma opinião minha. É uma opinião unânime dos políticos que estão acompanhando o processo no Paraná.

O senhor também fala que o PT havia se comprometido a trazer para o Paraná uma aliança com os partidos da base aliada ao governo Lula. Mas não é uma missão quase impossível fazer uma chapa com o PMDB do ex-governador Roberto Requião, rival do senhor na eleição de 2006 e que vive brigando com o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo?

Por essa sua lógica eu tenho que fechar logo uma aliança com o PSDB. O PSDB esteve comigo no segundo turno em 2006 e eu estive com eles em 2004 e 2008. A aliança natural é com o PSDB. Se eu não posso fazer aliança com quem eu fui adversário, então a gente tem de voltar ao bipartidarismo. Eu acho até que deveria voltar para esse sistema. Tenho saudades daquele tempo, não tinha tanta trairagem como tem hoje.

Qual é a diferença da indefinição que o senhor teve na candidatura a governador em 2006 e agora?

Em 2006, eu tive um problema de saúde, que me fez retardar o anúncio da minha candidatura. Tenho responsabilidade, não acho que ser governador é um projeto pessoal. É um projeto coletivo. No momento em que as pessoas que me apoiavam aceitaram que eu fosse candidato naquelas condições, eu fui para a luta. E enfrentei o governador Requião. Ninguém pode me acusar de ser indeciso. Hoje não há indecisão, há uma aliança complicada. Tenho mais dificuldades em construir alianças devido ao lado em que o PDT se posicionou no campo nacional. Como eu sempre tive um histórico junto com o PSDB, o PPS, o DEM, essa posição nacional me colocou em uma situação de contradição no estado. A dificuldade que eu ti­­­­ve de firmar uma aliança com o PT tem a ver com essa questão histórica. Nós nunca estivemos juntos. O PT sempre foi meu adversário. Um processo de aliança nesse caso não é fácil. Acho que a gente pode colocar a responsabilidade na história de cada partido. Eu sempre disse: para fazer uma aliança com o PT, deveríamos remover os nossos obstáculos históricos. Quando eu assinei a CPI do MST, parte do PT se revoltou. Como eu me revoltei quando a Dilma não quis assinar um documento condenando a invasão de propriedade privada.

Como foi a conversa do senhor hoje com o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi?

Tivemos um almoço e eu relatei a ele o cenário político do Paraná e as dificuldades da aliança com o PT. Ele sabia um pouco disso porque eu já havia ficado contra a entrada do PDT no governo federal, prevendo meus problemas em me relacionar com o PT no Paraná. Deixei claro que o sonho dele de ver a aliança nacional no Paraná é muito difícil. Os partidos já estão se definindo, como o PP, que foi base do governo o tempo inteiro aqui Brasília, indicou o vice-líder na Câmara (o deputado paranaense Ricardo Barros). Ele teve os benefícios dessa vice-liderança e hoje está fechado com o candidato do PSDB a governador. Não houve nenhuma preocupação do PT de chamar esse vice-líder para conversar e também não houve preocupação desse vice-líder em continuar a mes­­­ma trajetória. Ele era da base, mas não vai apoiar o candidato do governo. É uma posição política que eu não consigo adotar. Aqui em Brasília eu sempre fui leal, votei com o governo, mas a minha posição no Paraná sempre foi outra.

E as conversas com o candidato do PSDB a presidente, José Serra?

Ele me liga sempre. Me ligou no meu aniversário [segunda-feira]. Fez o convite para estarmos juntos, disse que não consegue me enxergar fazendo campanha contra ele. Disse que me considera um amigo. Hoje [ontem] ele me ligou de novo e repetiu tudo isso. Também disse que estaria no Programa do Ratinho e que falaria sobre mim. Como vocês [jornalistas] não me deixam ver o programa, eu não sei o que ele vai dizer a meu respeito, mas com certeza vai falar bem. [20 minutos depois da entrevista, Serra elogiou os conhecimentos de Osmar sobre agricultura no programa e disse que se aconselha sobre o tema com o paranaense.]

O senhor tem uma reunião com o presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra. Tem alguma chan­­­­­ce de haver alguma reviravolta nessa negociação com os petistas?

O acesso ao presidente do PT tem sido muito difícil. Ele marcou comigo uma reunião, mas não marcou horário nem local. Eu espero que ainda hoje [ontem], antes das 22 horas, ele me passe os detalhes. Assim fica difícil se entender.

 
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