domingo, 16 de outubro de 2011

Termina oficialmente a greve dos bancários em Curitiba

Uma assembleia realizada pelo Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região, na tarde deste domingo (16), em Curitiba, decidiu pelo fim da greve e retorno imediato ao trabalho. As agências devem abrir já nesta segunda-feira (17). Os funcionários aceitaram as propostas de aumento salarial feitas pelos bancos.

De acordo com o sindicato, os bancários decidiram realizar a assembleia neste domingo para evitar que a população fique mais um dia sem atendimento e também para terem um dia a menos de serviço para repor. Os bancários consideram crítica a situação dos clientes, que não conseguem atendimento há 20 dias.

O movimento de paralisação começou no dia 27 de setembro em todo o Brasil. De acordo com o Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região, 310 agências aderiram à greve. Ao todo 11 mil bancários suspenderam as atividades.

Nos demais estados, os sindicatos precisam aprovar a proposta em assembleias, previstas para ocorrer na segunda-feira. Se o acordo for aprovado pela maioria dos cerca de 140 sindicatos da categoria, os bancários retornam ao trabalho na terça-feira (18).

Greve ilegal A greve chegou a ser considerada ilegal pelos bancos. HSBC e Bradesco entraram na justiça e conseguiram liminares que obrigaram os funcionários a voltar ao trabalho.Entretanto, todos os outros bancos permaneceram fechados.

Entre as reivindicações da categoria estavam, o reajuste salarial de 12% e mudanças nos critérios para pagamento de Participação nos Lucros e Resultados (PRL) dos bancos. A categoria pediu três salários mais o fixo de R$ 4,5 mil.

Os bancos ofereceram 9% de reajuste, que representa aumento real de 1,5% e os dias parados não serão descontados. Os bancários terão até o 15 de dezembro para repor esses dias. (G1)

ASSINE A PETIÇÃO!!! Para os cidadãos ocupando Wall Street e aos povos protestando em todo o mundo:

Estamos com vocês nesta luta pela democracia real. Juntos podemos acabar com a corrupção e o aprisionamento de nossos governantes pelas corporativas e ricas elites, e manter os nossos políticos responsáveis ​​para servir o interesse público. Estamos unidos - o tempo de mudança chegou!

Nós conseguimos! - Ontem,o município, a polícia e o proprietário do parque onde se encontram o Ocupe Wall Street se uniram para tentar expulsar e prender ativistas - mas milhares de simpatizantes foram para o parque em solidariedade aos ativistas. Agora foi anunciado na Associated Press que o proprietário do parque retirou seu pedido de despejo e os policiais "adiaram" as prisões por causa dos números surpreendentes de pessoas reunidas em Nova York para proteger o protesto!

Milhares de norte-americanos ocuparam sem violência a Wall Street - um epicentro do poder financeiro global e da corrupção. Eles são os últimos raios de luz em um novo movimento pela justiça social que está se espalhando rapidamente pelo mundo: de Madrid a Jerusalém e a 146 outras cidades, com outras aderindo a cada instante. Mas eles precisam de nossa ajuda para triunfarem.

Como são as famílias de trabalhadores que estão pagando a conta de uma crise financeira causada por elites corruptas, os manifestantes estão exigindo uma verdadeira democracia, justiça social e combate à corrupção. Mas eles estão sob forte pressão das autoridades e alguns meios de comunicação estão retratando-os como grupos extremistas.Se milhões de nós de todo o mundo os apoiarem, vamos aumentar a sua determinação e mostrar a mídia e aos líderes que os protestos fazem parte de um movimento massivo pela mudança.

Este ano pode ser o nosso 1968 desse século, mas para ter sucesso ele deve ser um movimento de todos os cidadãos, de todas classes sociais. Clique para participar da campanha para a democracia real -um contador gigante será erguido no centro da ocupação em Nova York mostrando ao vivo cada um de nós que assinarmos a petição e retransmitido ao vivo na página da petição.

ASSINE:

O HOMEM BOMBA: MPF em Minas Gerais pede aumento de pena para Marcos Valério

O Ministério Público Federal (MPF) em Belo Horizonte entrou com recurso na Justiça para tentar aumentar a pena imposta ao empresário Marcos Valério Fernandes de Souza e seu ex-sócio nas agências DNA e SMP&B Comunicação, Cristiano de Mello Paz.

Apontado como operador do mensalão, Valério foi condenado no fim de agosto a seis anos, dois meses e 20 dias de prisão em regime semiaberto por crime contra o sistema financeiro. Cristiano Paz recebeu pena de quatro anos e oito meses, também em regime semiaberto, pelo mesmo crime.

Eles foram denunciados por induzir a erro o Banco Central, ao alegarem que a movimentação financeira na conta da SMP&B seria resultado de um aumento do capital social. Segundo o MPF, os acusados falsificaram documentos para encobrir a contratação de um empréstimo de R$ 7 milhões, bem como a origem dos recursos para pagar a dívida. AJustiça Federal acatou a acusação e considerou que havia uma "montagem com o texto original" dos documentos.

Mas a juíza Rogéria Maria Castro Debelli, da 4ª Vara da Justiça Federal em Belo Horizonte, considerou que "a culpabilidade dos réus não se revela intensa" e que não haveria nada que desabonasse a conduta social do acusados. "Os acusados agiram por mote próprio, cientes da falsidade", afirmou o MPF no recurso apresentado ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região(TRF1).

E salientou que uma análise nas folhas de antecedentes criminais dos réus mostra "crimes contra a ordem tributária, contra o sistema financeiro, inúmeros falsos, lavagem de ativos, peculato além da formação de quadrilha e corrupção". "Com uma ficha criminal como a dos condenados, como pode uma pessoa ser tida como de reputação ilibada?", indagou a Procuradoria da República.

A Justiça ainda não se pronunciou sobre o recurso, que pede também o aumento das multas aplicadas aos réus. (AE)

Com tantos problemas estratégicos foi o correto priorizar a Copa? Brasil não sabe quanto custará as obras da Copa e o restante dos investimentos

A Copa do Mundo no Brasil vai tomar forma na quinta-feira, quando a Fifa divulgará o calendário com datas, locais e horários dos jogos. No dia 30, completam-se quatro anos que o País foi anunciado como sede da competição. Desde então, algumas coisas foram feitas, mas há muito por fazer. Os estádios ficarão prontos a tempo. O mesmo não se pode garantir em relação aos aeroportos e às 49 obras de mobilidade urbana ligadas à Copa. "Certeza" absoluta, só uma: ninguém sabe quanto ficará a conta da empreitada.

No último balanço divulgado pelo governo federal, em setembro, o custo da Copa, considerando-se o dinheiro a ser investido em estádios, portos e aeroportos e em mobilidade urbana, foi estimado em R$ 27,1 bilhões. Aumento de cerca de 14% em relação aos R$ 23,1 bilhões do balanço de janeiro e de 26% sobre os R$ 21,5 bilhões de previsão feita em 13 de janeiro de 2010, quando o ex-presidente Lula assinou a Matriz de Responsabilidade.

Esses R$ 27,1 bilhões estão a anos-luz de uma estimativa feita pela Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), que calculou em R$ 112 bilhões o custo com a Copa. O estudo da associação, que tem parceria técnica com a CBF e o Ministério do Esporte, inclui também gastos com hotelaria, segurança, tecnologia e saúde, entre outros. Mesmo assim, a diferença é grande, pois o balanço do governo acrescenta apenas R$ 10,3 bilhões para esses itens.

Os números são mesmo conflitantes. Na sexta-feira, o governo divulgou atualização na Matriz de Responsabilidade e a conta baixou para R$ 26,1 milhões. "A Matriz é um documento que precisa ser atualizado com os ajustes que são feitos enquanto a obra está em andamento. Isso é essencial para a transparência do processo", esclareceu Alcino Reis, secretário Nacional de Futebol e Defesa dos Direitos do Torcedor do Ministério do Esporte. Mas não evita, ou diminui, a confusão. No mesmo dia, a Controladoria Geral da União (CGU)inaugurou ferramenta no portaldatransparência.gov.br que permite acompanhar os custos estimados por área de investimento. Valor da soma dos gastos com estádios, aeroportos e portos e mobilidade urbana: R$ 24,024 bilhões. (AE)

21 mil disputam vaga na PUC neste domingo

Ao todo, 21.892 candidatos participam neste domingo do vestibular de verão da Pontifícia Uni­­ver­­sidade Católica do Paraná (PUCPR). Eles disputam uma das 9.970 vagas oferecidas pela instituição em 66 cursos de graduação tradicionais e de tecnologia. As provas começam às 13 horas e seguem até as 19 horas. Os portões fecharão às 12h40. É a primeira vez que o concurso da universidade será realizado em apenas um dia.

A orientação é chegar com antecedência ao local de prova, estando atento a possíveis transtornos no trânsito do entorno da faculdade. A prova terá seis horas de duração e os vestibulandos responderão a 60 questões objetivas dividas entre as seguintes disciplinas: História, Matemática, Bio­logia, Química, Filosofia, Lín­gua Portuguesa, Literatura Bra­sileira, Língua Estrangeira, Física e Geografia. Além disso, terão de elaborar uma redação entre 15 e 20 linhas.

De acordo com os organizadores, os cinco cursos mais procurados são Medicina, En­­ge­­nharia Civil, Direito, Arquitetura e Ur­­banismo e Engenharia Mecânica.

O gabarito deve ser divulgado na segunda-feira. A previsão é de que o resultado dos aprovados em primeira chamada seja divulgado na próxima quinta-feira, a partir das 11 horas, com o tradicional banho de lama. Na comemoração, um trio elétrico com banda deve animar a festa dos aprovados, que será no estacionamento alternativo da PUCPR, na esquina da Rua Imaculada Conceição com a Rua Guabirotuba, ao lado do módulo da Polícia Militar.

Bolsas

A PUCPR oferta neste ano 675 bolsas de estudo para vários cursos da instituição. Elas são divididas em duas modalidades – 115 integrais, em quatro cursos, e 560 de 50% de desconto, em 39 graduações. O auxílio é concedido de acordo com a renda familiar do candidato. (GP)

WILSON RIO APA: Perguntem ao Rio

O velho hippie quer nos falar. Há duas décadas ele mora num canto do litoral batizado de Vale da Utopia, na Praia da Pinheira, em Santa Catarina. De origem aristocrática, ainda jovem escolheu o mar e literatura. E aqui deixa seu testamento

Filho de juiz e advogado graduado pela UFPR, Wilson vinha de berço esplêndido – como não deixava mentir o “Rio Apa” cravado na certidão de nascimento, espécie de condecoração recebida por seus antepassados que lutaram na Guerra do Paraguai.

Ao mesmo tempo que “um herói republicano”, era ele o sujeito que abandonara a vida ganha para ser marinheiro pelo mundo, cumprindo nos navios as funções mais rasteiras. E também o jornalista soberbo que relatara na imprensa local sua aventura nos cinco continentes, acertando o queixo da Curitiba que crescia acanhada às margens do Rio Água Verde e do Rio Ivo.

Por essas e outras, tinham-no por um anarquista, um soviet, um beatnik, um doidinho da XV ou, com o alvorada do flower power, um hippie. Talvez tenha sido esse o papel pelo qual foi mais identificado. Pudera. Em 1967, exato ano em que os americanos deixaram os cabelos crescerem e desbotaram suas roupas num tanque de água sanitária, Rio Apa criou em Antonina uma comunidade, digamos, anarco-teatral. Seus feitos artísticos, se comparados, fariam dos Novos Baianos um acampamento de colegiais em férias.

Um dos moradores da casa antoninense – para citar um dos bambas que foram de mochila para lá – era Cristóvão Tezza, que viria a se tornar o maior expoente da literatura brasileira dos últimos tempos. Ao lado de Wilson – cuidado pela bela Esther, a catarinense de origem dinamarquesa com quem teve três filhos [Kim, Thor e Wahine] – aqueles jovens tiraram o teatro dos palcos e se misturaram à comunidade caiçara. Anos depois, a experiência se repetiu em lugares como a Lagoa da Conceição, em Florianópolis, chegando à Praia da Pinheira, em Palhoça, onde há pouco mais de duas décadas os Apa desembarcaram para ficar.

O saldo do mais de meio século em que o autor perambulou pelo Sul é de 40 peças e outros escritos – seis delas nos últimos tempos. Agora, Rio Apa descansa, como diz. Esther e a filha Wahine morreram. Aos 86 anos – restabelecendo-se de um câncer na garganta – ele escanteia o cansaço para dar cabo a seu último escrito, numa máquina de escrever. A voz sai como um fio d’água, mas não se engane. Rio continua encontrando o mar.

Abaixo, trecho da entrevista dada à Gazeta do Povo na casa de Apa, em Santa Catarina.

Rio Apa por Rio Apa.

Sou um escravo do idealismo. O idealismo é uma força moral que nos impõe princípios. É um impulso. E meus impulsos me levaram para fora da cidade grande e de seu modo de vida. Essa busca me tomou por inteiro. Queria fazer coisas fortes. Hoje eu descanso.

Como foi sua fuga?

Me tornei marinheiro logo que me formei em Direito. Fiquei um ano no mar. Conheci 46 países. Escrevi uma série de 52 longas reportagens [para o jornal O Estado do Paraná] na tentativa de uma grande síntese. Eu tinha ânsia...

Me incomodava a cidade e seus absurdos. Era fora de propósito. Não quis saber mais. Eu realmente não sei como vocês aguentam. Entre os caminhos perigosos da grande cidade e os caminhos perigosos do mar, preferi o mar. Fui para um barco e para onde ele me levasse.

Deixou alguma coisa para trás?

Fui naturalmente, sem âncoras.

Nunca mais desejei viver de outra maneira. Aos poucos, aquietei o desejo de aventura. Vivi com calma, sem enganos. Era esse o meu fazer.

Na década de 60, Wilson Rio Apa era chamado de “hippie chique” e era criticado até em editoriais de jornais por suas posições. Na juventude, qual sua relação com o poder?

Recusei o poder. Para mim, o poder tinha um sentido do “viver não próprio”. Havia a busca da individualidade, essa atitude feroz que nos afasta das coisas das quais não gostamos. Continuo vivendo da mesma maneira – não aceitando o poder como forma do mando de um outro. É terrível. Por que a humanidade se submete?

Embora um anarquista, o senhor foi tomado como um homem de esquerda. Qual o lado de Apa? Decepcionou-se com a política?

A política não me interessa. Me afastei dela sem mais, indo parar em ilhas, barcos e praias. Eu vivi dessa forma porque o anarquismo tem a força de um ideal. Me deixou livre dos partidos, me deu independência, me deixou sem patrão e sem dono. O anarquismo também existe dentro de mim. Não sou como os velhos anarquistas que se iludem com a possibilidade da total liberdade de ação. Não há como escapar das imposições da vida. Já encontrei um grupo que queria viver de luz. Não dá [risos].


costeandoma | L0S TRES VIEJ0S MARIÑEROS... ANSIOSOS ,MIRAN EL MAR

A liberdade segundo Wilson Rio Apa.

Que ela seja plena. Se não for assim, não faz sentido. Mas a liberdade plena não é possível. É uma ilusão. E as ilusões nos causam frustrações. Estamos programados organicamente. Sou obrigado a comer, a beber, a criar. A dar respostas. Não há livre arbítrio. Não podemos nos enganar. Viver em liberdade tem um sentido bem diferente de todo esse “mando geral” que existe por aí. Estamos num processo de desfiguração da vida.

Seus autores...

Krishnamurti me fez revelações. Aldous Huxley me pesou. Krishnamurti vivia com liberdade e significação. Mas leio o Aldous Huxley e ele toma conta de mim. E George Orwell sempre me tocou muito.

Continua lendo e escrevendo?

Um pouquinho. Escrevi seis peças, uma delas de forma galopante. Se não desse conta, ela me levaria. [Chama-se A Última Vontade, diz o filho Kim]. Continuei escrevendo até onde as condições me permitiram. Até ver que minha capacidade estava se esgotando. Senti cansaço, uma saturação.

Quanto a ler, lia tudo. Hoje não tenho mais vontade de ler. Depois dessa experiência galopante de escrever perdi a vontade de ler.

Mas pensa.

Também não estou pensando muito [risos]. Ando é sonhando demais. Sonho solucionar problemas. Me pergunto, por exemplo, por que me tornei um crente? Eu sou um cara que acredita. Também estou fazendo uma revisão dos meus princípios de teatro. Cheguei a sonhar que estava dirigindo uma peça novamente, corrigindo os erros que cometi [risos].

O senhor ainda se sente fazendo teatro de alguma forma?

A gente nem sempre percebe a representação que faz. Falta-nos a consciência da aparência do mundo e da aparência de si mesmo. Essa questão transcende todo o cenário. Ao entender que sempre representamos ganhamos independência. Por causa da minha independência eu ainda represento. Não posso viver sem representar. Não tenho problema nenhum em dizer isso porque sei que é próprio do ser humano arrumar um modo de extravasar sua realidade. Da pretensa realidade, aliás. O real e o irreal são dois lados de uma mesma composição. Moramos nessa duplicidade.

Qual seu legado para o teatro?

Eu tinha uma maneira própria de fazer teatro. Era teatro do povo, da catarse, teatro grego. Teatro hindu. Teatro. Se existe um teatro brasileiro, não sei qual é. Ele é destituído de sentido. Falta ao teatro feito no país a experiência da própria realidade. Eu tive a sorte e a coragem de viver aqui em meio à expressão da própria natureza que me cerca. A natureza é um cenário que me impõe limites...

“Cortaram sua cabeça” nos tempos da comunidade de Antonina [risos]?

Eu mesmo cortei minha cabeça. O movimento em Antonina foi muito intenso. Lá terminei Os Vivos e os Mortos. Eu vivia e não ligava para os outros. Fazia o que gostava: carnaval, cultura, arte... Embora jogador medíocre e perna de pau nos tempos da faculdade, mexi com futebol. Cheguei a ser técnico do Guará. E como tudo isso para mim era importante, fui levado ao excesso. Saturei Antonina. An­­tonina não me aguentou mais, como de resto os outros locais onde vivi. O excesso me levava a esperar um ponto culminante, que nunca chegava. Restava abandonar.

Os Vivos e os Mortos trata da mitologia caiçara. Como nasceu essa obra?

Da minha convivência nas colônias de pesca, onde encontrava os mitos ainda vivos. É assim desde a manhã, quando eles saem de barco. Os pescadores nascem com reverência às próprias tradições. Há ali uma cultura da verdade, sem engano ou segundas intenções. Isso me chegava de uma maneira artística. Eu atualizava o que os pescadores me diziam e fazia remendos das falas deles com o passado da humanidade. Senti muita atração pelo mundo caiçara e admito que não encontrei outro livro que tenha descrito esse mundo de uma forma tão forte e tão atraente como o meu. É uma cultura que se perde, uma pena.

Bate pronto: Dinheiro.

Nunca tive problema com dinheiro. Me destaquei escrevendo.

Drogas.

As comunidades alternativas tinham relação com drogas, mas eu não. Vejo como alienação. Não tem sentido existencial.

Alienação.

Nasce do excesso. De o excesso de tecnologia. Eu acho que esse negócio está fora da maneira de ser do homem.

Mulheres.

Passei por elas e elas por mim. E tive muita sorte, tive uma mulher [Esther].

O Direito.

Não me liguei ao Direito. Não tinha sentido. Minha aventura era outra.

Um lugar.

O Japão. Estive lá em 1954. Cito esse lugar sem consideração de bem ou mal. A maneira de viver dos japoneses me tocava. Eles preservaram seu mundo vivendo num cenário de destruição.

Curitiba?

Não gosto mais. Para mim vida é isso aqui, essa calma, esse mar. Fora disso não há um viver próprio. Nós estamos sempre representando, não é?

Literatura brasileira.

Superficial. Gosto dos russos e dos alemães.

Erros.

Ter vivido num barco quando meus filhos ainda eram pequenos. Eu naufraguei nos Abrolhos. Tinha incapacidade como navegador. Se tivesse morrido, as consequências cairiam sobre minha mulher e meus filhos.

O que ainda lhe falta?

Pouca coisa. Um enterro de pirata, um Monólogo de uma Alma Penada, no qual exponho pensamentos sobre a sobrevivência. O que a gente pode dizer sobre a nossa última vontade?

Podemos falar do fim da vida?

Não há fim. Há uma composição de elementos. Faço parte do todo universal. Digo isso sem problema nenhum.

Algo mais a ser dito?

Não. Foi dito quase tudo. (GP)


DOCUMENTÁRIO:

VALE DA UTOPIA:

 
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