quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Deputado Wilson Quinteiro (PSB) quer instalar Comissão da Verdade na Assembleia Legislativa do Paraná


O deputado estadual Wilson Quinteiro (PSB), apresentou projeto de resolução na Assembleia Legislativa para criar, a Comissão da Verdade do Paraná. O objetivo da iniciativa, segundo ele, é colaborar com a Comissão Nacional da Verdade na apuração das violações dos direitos humanos ocorridas no Estado, ou praticadas por agentes públicos estaduais no período de 1946 a 1988. A Comissão, que deverá ser integrada por onze membros designados pelos líderes partidários – dentre parlamentares identificados com a defesa da democracia, da institucionalidade constitucional e dos direitos humanos – terá prazo de um ano, prorrogável por até seis meses, a partir da sua instalação, para a conclusão dos trabalhos, quando deverá apresentar relatório das atividades realizadas, dos fatos examinados e correspondentes conclusões e recomendações.

Segundo o deputado, e líder do PSB, o objetivo da Comissão é colaborar com todas as instâncias do poder público para a apuração de violações de direitos humanos, promovendo o esclarecimento dos casos de torturas, mortes, desaparecimentos forçados, casos de ocultação de cadáveres, entre outras violências. A ideia é de que a Comissão possa também identificar e tornar públicas informações sobre as estruturas, os locais, as instituições e as circunstâncias relacionadas à prática das violações de direitos humanos e suas eventuais ramificações nos diversos aparelhos estatais e na sociedade. “O reconhecimento da memória e da verdade como direito humano da cidadania é dever do Estado, reconhecido internacionalmente pela Organização das Nações Unidas e pela Organização dos Estados Americanos, e o Poder Legislativo estadual tem papel importante na busca deste resgate histórico”, justifica Quinteiro.

Poderes – O projeto de resolução prevê que, para a execução de seus objetivos, a Comissão estadual poderá receber testemunhos, informações, dados e documentos que lhe forem encaminhados, assegurada a não identificação do detentor ou depoente, quando solicitado; requisitar informações e documentos de órgãos e entidades do poder público; determinar a realização de perícias e diligências; promover audiências públicas; requisitar proteção para qualquer pessoa que se encontre ameaçada em razão de sua colaboração com a comissão; entre outras providências. Poderá, inclusive, requerer ao Judiciário acesso a informações, dados e documentos públicos ou privados necessários para o bom desempenho de suas atividades – que serão públicas, exceto nos casos em que, a seu critério, a manutenção do sigilo seja relevante para o alcance de seus objetivos ou para resguardar a intimidade, a vida privada, a honra ou a imagem de pessoas. (DR)

Polícia Civil nega infiltração de agente na UTI de hospital, em Curitiba


A Polícia Civil informou nesta quarta-feira (27), em nota de esclarecimento, que não houve infiltração de um agente na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Evangélico, em Curitiba, dirigida pela médica Virgínia Soares de Souza. Ela está detida desde terça-feira (19), após uma operação policial que também recolheu prontuários médicos. A informação da infiltração do agente havia sido repassada na sexta-feira (22) pelo advogado de defesa da médica, Elias Mattar Assad.
De acordo com a Polícia Civil, a Justiça autorizou a infiltração do policial, porém, “a medida se tornou inviável do ponto de vista operacional, optando-se pela interceptação telefônica autorizada judicialmente”. A assessoria de comunicação da Polícia Civil explicou aoG1 que, em um primeiro momento, a interceptação telefônica foi negada, mas que depois foi autorizada.
Veja o trecho gravado a partir de ligações em ramais da UTI:
Virgínia - “Esse foi caprichado, né?”.
Médico – “Esse foi. Quadro clínico bonito, caprichou. Bem na hora que nós estamos tranquilos”.
Virgínia - “Nós estamos com a cabeça bem tranquila para assassinar, para tudo, né?”.
No dia anterior, a polícia já havia capturado outro diálogo entre a médica e outro funcionário não identificado:
Virgínia – “Pode ser que ele diga o sobrenome, porque ele está bem espertinho. Agora o outro está morto”.
Médico – “O outro está feio na foto”.
Virgínia – “Está quieto, tem que deixar quieto. A hora em que parar o respirador – foi – pelo amor de Deus”.
Médico – “Ah, tá. Não, tranquilo”.
O advogado de defesa da médica, Elias Mattar Assad, contestou o conteúdo do inquérito. “Vai ficar provado neste processo que a Polícia Civil do Paraná não conhece Medicina Legal”, sustentou. Anteriormente, ao G1, o advogado já havia desqualificado o conteúdo das gravações, alegando que elas foram interpretadas fora de contexto. “Há uma série de equívocos”, disse.
A delegada do Núcleo de Repressão aos Crimes Contra a Saúde de Curitiba não concede entrevistas sobre o caso.

Paraná: Polícia liberta 28 trabalhadores em condições análogas à escravidão


Vinte e oito pessoas foram libertadas de uma fazenda em Inácio Martins, na região central do Paraná, durante uma operação da Polícia Federal (PF) em conjunto com o Ministério Público do Trabalho e Ministério do Trabalho de Curitiba, realizada na segunda-feira (25). De acordo com a PF, os trabalhadores atuavam no corte de erva-mate e eram mantidos no local em condições análogas à escravidão. O município fica localizado a 64 km de Guarapuava. A operação foi realizada após a denúncia de um dos funcionários, que conseguiu fugir da fazenda. 
Ainda segundo a PF, os trabalhadores viviam em situação degradante com filhos menores, sem quaisquer condições de higiene, alimentação e assistência médica em meio à mata nativa. E pelas condições impostas pelo empregador, eles não tinham condições de deixar o local.
O proprietário pela empresa que contratou os trabalhadores foi preso e vai responder pelo crime de redução à condição análoga à de escravo, previsto no artigo 149 do Código Penal Brasileiro. Se for condenado, deve cumprir pena de dois a oito anos regime fechado, segundo a PF. (G1)

O Poder do nosso Pensamento - Mensagens das Águas

Câmara aprova fim do 14º e 15º salários de deputados e senadores


A Câmara aprovou na tarde desta quarta-feira o projeto do Senado que reduz o pagamento do 14º e 15º salários dos parlamentares, em votação simbólica. Apenas um deputado se pronunciou contra o fim do benefício, Newton Cardoso (PMDB-MG).
- Estão votando com medo da imprensa, é uma deslealdade com deputados que precisam (dos valores). Eu não falo aqui pelo PMDB, eu não falo aqui em nome de nenhum partido, eu falo aqui em nome daqueles que não têm coragem de falar aqui algumas palavras - disse. - Estou nesta Casa há três mandatos, e não recebo nada.
 Agora, essa verborragia, essa lenga-lenga, isso de dizer que os deputados não precisam de 14º salário é errado. É verborragia, é lenga-lenga - afirmou o ex-governador de Minas Gerais, que diz que já abre mão do benefício.

O texto aprovado não acaba definitivamente com o benefício: mantém o pagamento no primeiro ano da legislatura e ao final do último ano da legislatura.

Ao final da votação, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), usou o Twitter para comemorar a aprovação. “Parabéns a este Plenário, que resgata a altivez e a dignidade do Parlamento brasileiro”, escreveu.

Ontem, Alves, disposto a mostrar a atuação da Casa, decidiu enfrentar o tema, que encontrava muita resistência por acabar com o privilégio. Henrique conseguiu que todos os líderes assinassem o requerimento para que o projeto, que estava engavetado na Comissão de Finanças e Tributação desde o ano passado e não conseguia ser votado, fosse direto ao plenário da Casa.
- O pagamento do 14º e 15º salários é uma vergonha nacional, é inaceitável. Será o fim imediato desse privilégio – afirmou ontem o líder do PSDB, Carlos Sampaio (SP), um dos que pressionaram pela votação. (AG)


Milhares de bolivianos são escravos em SP. Em nome de Kevin, Corinthians podia gritar por eles


Lúcio de Castro 

A óbvia ideia de que a morte de alguém muito jovem é uma aberração, algo absolutamente sem propósito, absurdo, veio pela primeira vez lá atrás para mim de forma pouco usual. Pelos versos de Ednardo, com seu belo “Pavão Misterioso”, parei pra pensar naquele pedido. “Me poupe do vexame/de morrer tão moço”. O complemento do verso é absolutamente arrebatador: “Muita coisa ainda quero olhar”.

A estupidez de poucos e a omissão de muitos (ou quem sabe de todos nós) não pouparam Kevin Espada de morrer tão moço. Catorze anos. Muita coisa ainda pra olhar...

Nem é preciso repetir o chavão de que nada a ser feito traz essa vida de volta. Mas é possível que muita coisa se faça em nome de Kevin.

Aqui já não estão em questão eventuais decisões da justiça, o destino do Corinthians em uma competição, uma eventual punição para o San Jose. Tudo isso deve ser exemplar. Mas é possível ir além, muito além.

Alguns pronunciamentos foram exemplares e transpiravam sentimento de nobreza no dia da tragédia. Ainda que a vida e a profissão tenham me ensinado a desconfiar muito de tudo o que se fala diante das câmaras e de bons moços do pau oco com os quais cruzei por esses anos todos e me ensinaram a preferir os gauches, não dava para não se impressionar ou não acreditar nas palavras e posicionamento de Tite, Edu Gaspar e outros. E ainda também que jamais me pareça correto cobrar de alguém gestos que devem ser espontâneos ou naturais, tais posturas me inspiram a pedir algo mais para eles, muito além das decisões esportivas. Junto a eles o zagueiro Paulo André, sujeito de ideias claras e sempre disposto a boas causas, poderia se engajar nisso.

Desde que a notícia explodiu, não paro de pensar na estação de ônibus de El Alto, perto de La Paz. Os ônibus partindo para Oruro, Cochabamba...Kevin deve ter passado naquele pedaço esquecido de mundo quando ia em busca do sonho em ver seu time.

Passei por lá quando fiz o documentário “Escravos do Século XXI”, para mostrar onde eram arregimentados os bolivianos que vinham para o Brasil, onde viram escravos. É isso mesmo, trabalho em regime análogo à escravidão, em pleno século XXI. Em São Paulo. Milhares de bolivianos no auge de sua força. Escravizados. Em Itaquera, no Braz, na Mooca, Pari, Liberdade. Na cara de onde teremos uma Copa do Mundo. Ladeado por escravos. Vi tudo isso e digo: que ninguém pense que falar em escravidão é exagero. Fica o convite para quem tiver dúvida para o link no you tube: http://www.youtube.com/watch?v=D2TbuieIW1k

Quando uma tragédia dessas acontece, ficamos sempre a pensar no absurdo da morte aos 14 anos. No que um menino desses podia se transformar. Médico, engenheiro, jogador, advogado. Não conheço a história pessoal de Kevin, se é de uma minoria que tem alguma condição para tanto. Assim, sem conhecer, pensando em milhares de jovens de seu país, digo que uma imensa possibilidade para Kevin era tragicamente virar um escravo numa fétida confecção clandestina de São Paulo. Que revenderia o produto de seu trabalho ilegalmente tomado para uma grande corporação. Que em busca dos lucros fingiria não saber de onde vem os frutos da “flexibilização laboral” que alimentam. Milhares de meninos e meninas de La Paz, Cochabamba, Oruro viram escravos aqui. Em pleno século XXI.
 
Como está no impressionante depoimento de Maria Eugenia (que segue com parte transcrita abaixo) , que conseguiu fugir de uma dessas senzalas e chegou até a Pastoral do Migrante, (cujo trabalho tão maravilhoso nos faz ainda acreditar na espécie) são de jovens do interior como Oruro que os escroques que escravizam mais gostam, pela ingenuidade deles. (O depoimento parece cena de novela das oito e denúncias de tráfico humano mas estão no nosso nariz).

É claro que o exercício de falar em tal destino para Kevin é algo torto. Mas aqui se justifica. Porque me ocorre que algo que daria um pouco de sentido ao que não tem sentido (“nem nunca terá...”), é que alguns desses corintianos tão lúcidos como Tite, Paulo André, Edu Gaspar, viessem a se mobilizar contra a escravidão de bolivianos em São Paulo. 

Tenham certeza de que muitos deles a essa hora nos porões do Braz, Bom Retiro, Mooca, Pari, Itaquera, se apegaram ao Corinthians. Kevin poderia acabar ali. Cada voz que se levante contra isso, uma faixa entrando em campo contra o trabalho escravo de bolivianos em São Paulo, uma entrevista contra essa aberração... Seria em nome de quem morreu tão moço e não pode olhar muita coisa que queria, como ensinou Ednardo.
Kevin não volta. Mas há muito para se fazer por ele. No futebol e muito além dele.


TRECHOS DO DEPOIMENTO DE MARIA EUGENIA – BOLIVIANA VÍTIMA DE TRABALHO ESCRAVO EM OFICINA DE ITAQUERA


“Eu trabalhava na cozinha em Bolívia, e veio uma senhora, 2, 3 vezes se fez de amiga. Eu ganhava uns 100 reais lá. Ela falou que ia pagar 300 dólares no Brasil. Eu achei que era boa oportunidade. Tenho seis filhos, falei com eles, era boa oportunidade.”

“disse que ia pagar 350 dolares pra uma filha que viesse, são 650 dólares ao mês. Ela pagou a vacina de febre amarela”

“pagou as passagens de La Paz”

“quando entramos na sua casa, apenas passamos pela porta, ela passou o cadeado na porta. Botou o cadeado e eu perguntei. Ela disse que entra muitos ladrões, eu disse tá bom...”

“uma semana, sábado, não podíamos sair, estávamos presa. Trabalhávamos desde as 7 da manha até meia-noite, uma da manhã, quando tinha que se entregar o trabalho. Eu cozinhava pra muitas pessoas. “

“quando se cumpriu 1 mês, ela não quis me pagar, a despeito deu ter trabalhado. A comida era muito ruim, não me dava coisas pra cozinhar. Me dava um pouco de carne pra 20 pessoas”

“você tem que ficar 2, 3 meses pra que paguem a passagem, mas fechadas, sem ir a nenhum lugar.”

“passou o segundo mês, agora me pague. Não que você não tem direito.”

“em total era 400 reais, que nos devíamos. Como não podíamos pagar em dois meses?”


“é escravidão; você acorda as 6h30, toma café, as 7h está nas máquinas de costura, ate as 12h. das 12 as 12h30, almoço, meia-hora. Na máquina te trazem o café as 17h. E das 17 a meia-noite, está na maquina. Diga-me: o que se chama isso?

“é escravidão. Não pode imaginar que existem pessoas que vão na Bolívia, botem anúncios na radio, jornal: ‘viaje para Brasil, 400 dolares,” e quando chega aqui com essa ilusão, te põe a chave. Isso é muito ruim”

“eles fechavam o telefone. Abaixo era a oficina, em cima os quartos”

“onde eu trabalhava em Itaquera, as mulheres ficavam aqui, os homens aqui. “

“Um banheiro pra 20 pessoas. Um lugar pequeno, você não sabe como é, sofri muito”

“quando um se resfria, se adoece, todos adoecem. E as trabalhando até meia-noite, as costas doem...voce não sabe, é muito doloroso pros bolivianos. Eu vi muita dor ali”

“imagina quem vem do interior, Oruro, outros estados, chegam a La Paz. A esses são os que buscam, os donos de oficinas, os que não estão integrados, por isso eles se calam, abaixam a cabeça”

“nos trouxeram nós duas. No outro ônibus, trouxeram 5 meninos, 17, 18 anos, 15 anos. Vieram até santa cruz com a gente, depois passaram por Paraguai. Mas os menores passaram por Paraguai.”

“muita gente sofrendo, presa. Mais do que tudo, eles procuram meninos, o que me mais me dói é que eles procuram meninos de 15 anos, 18 anos, 17, 15 anos. É muito ruim, não pode ser...Quando eu voltar a Bolívia, vou fazer uma denúncia, a todos...Eles anunciam nas rádios, na tv, nos jornais, oferecendo 400, 500 dolares...”


Em entrevista na Cultura Yoani Sánchez, quando foi questionada sobre a veracidade do que diz sobre a repressão que teria sofrido em Cuba, não disse nada com nada

Golpe no avanço na democracia do Uruguai: Suprema Corte de Justiça declarou inconstitucionais dois artigos de uma lei aprovada pelo Congresso em 2011 e que terminava com a impunidade assegurada aos que praticaram terrorismo de Estado durante a ditadura


No meio da tarde da sexta feira, 22 de março, a Suprema Corte de Justiça do Uruguai conseguiu uma façanha surpreendente e nem um pouco louvável. Por quatro votos a um, declarou inconstitucionais dois artigos de uma lei aprovada pelo Congresso em 2011 e que terminava com a impunidade assegurada aos que praticaram terrorismo de Estado durante a ditadura que durou de 1973 a 1985.
Essa lei, agora declarada inconstitucional, impedia a prescrição dos delitos cometidos por funcionários civis e militares da ditadura, por serem considerados crimes de lesa humanidade.
O falaz argumento dos senhores juízes da Suprema Corte uruguaia seria risível se não fosse indigno. Disseram eles que uma lei penal não pode ser aplicada de forma retroativa. Ou seja, vale uma lei retroativa, de 1986, tempos do então presidente Julio Sanguinetti, anistiando crimes cometidos durante a ditadura, mas não vale a outra lei que não fazia outra coisa além de acatar decisões de cortes internacionais indicando que crimes de lesa humanidade são imprescritíveis.
Trata-se de um retrocesso tão dolorido como absurdo. Em termos práticos, significa que todos os processos em andamento serão arquivados. Para isso, basta que os advogados dos réus recorram à sentença, já que eles teriam sido processados com base em uma lei inconstitucional. Além disso, abre-se a possibilidade de que os militares que já estão presos recorram da sentença que os condenou e voltem, pimpões, à liberdade.
Pelo menos dois desses presos são figuras notórias do breve período (pouco mais de um ano) em que a impunidade esteve suspensa. O coronel Tranquilino Machado foi condenado e preso em junho de 2011, como responsável direto pela morte de um estudante de veterinária em julho de 1973, logo depois do golpe militar de 27 de junho. O policial civil Ricardo Zabala foi mandado para a cadeia em março de 2012, como cúmplice do assassinato do professor e jornalista Julio Castro, figura emblemática da esquerda uruguaia.
Esses dois assassinos podem agora pedir para serem soltos, contando com o firme apoio nascido da decisão da Suprema Corte. Poderão dizer que foram condenados por uma lei inconstitucional.
Os protestos foram imediatos. Ainda na sexta-feira, a senadora pela Frente Ampla Lucia Topolanski, figura histórica da esquerda uruguaia, disse que pretende abrir um julgamento político contra os juízes da Suprema Corte. Ou seja, ela quer pedir o impeachment dos magistrados.
Lucia Topolanski, que amargou anos de prisão e torturas, além de senadora é a primeira-dama do Uruguai. Seu marido se chama Jose Mujica e é o presidente do país.
Na segunda-feira seguinte à decisão, houve uma manifestação silenciosa na Plaza Cagancha, no centro de Montevidéu, diante do prédio da Suprema Corte.
Não houve gritos, palavras de ordem, discursos. Ao longo de uma hora, tempo que durou a manifestação, houve apenas um silêncio estrondoso, intercalado por declarações de alguns manifestantes aos jornalistas. Depois dessa hora, as milhares de pessoas cantaram o hino uruguaio e foram embora.
Um dos manifestantes era o escritor Eduardo Galeano. Ao falar com os jornalistas, ele disse que aprendeu, há muitos anos, que a vida consiste em escolher entre indignos e indignados, e que sempre esteve com os indignados. ‘Acho que a Suprema Corte foi indigna, pratica a injustiça e, além disso, proíbe a memória e castiga a dignidade’, disse.
Houve, claro, os que defenderam esse gigantesco passo atrás dado pelos juízes da Suprema Corte. Um deles foi o ex-presidente Julio Maria Sanguinetti, que governou o Uruguai em dois períodos – entre 1985 e 1990, e depois entre 1995 e 2000. Ao criticar os protestos e defender o retorno da impunidade, ele foi bastante coerente com sua história pessoal. Afinal, foi durante seus governos que se decretaram leis de anistia a torturadores, violadores, seqüestradores e assassinos, e se fez de tudo para impedir qualquer investigação que levasse aos que praticaram terrorismo de Estado.
E assim o Uruguai, que havia conseguido a duras penas avançar na luta pela busca da verdade, o resgate da memória e a aplicação da justiça, retrocede de maneira formidável. Se afasta da Argentina e até mesmo do Chile, e volta a se aproximar do Brasil, onde perambulam, livres, altaneiros e intocáveis, torturadores, seqüestradores, violadores, assassinos.
Uma das vozes que protestaram contra a decisão da Suprema Corte foi a de Macarena Gelman. Neta do poeta argentino Juan Gelman, ela é a própria imagem do horror. Seus pais, Maria Claudia e Marcelo Gelman, foram presos na Argentina. Marcelo foi morto pouco depois. Maria Claudia, grávida, foi levada para o Uruguai. Macarena nasceu num hospital militar. Tinha menos de dois meses de vida quando foi dada de presente a um chefe de polícia. Da mãe, nunca mais se teve notícia.
Gelman, um dos mais respeitados poetas do idioma espanhol do nosso tempo, levou décadas de desespero buscando a neta.
Um dos que prometeram ajuda e depois fez de tudo para impedir que essa busca avançasse foi justamente Sanguinetti. Macarena só soube sua verdadeira identidade aos 21 anos.
Ao conhecer a decisão da Suprema Corte, que de fato assegura impunidade aos assassinos de sua mãe, ela disse que o Uruguai merece outro tipo de Justiça.
No ano passado, e cumprindo uma sentença da Corte Interamericana de Direitos Humanos, o Estado uruguaio reconheceu sua responsabilidade no caso de Macarena Gelman, e se comprometeu formalmente a suprimir todos os obstáculos para esclarecer o caso.
Com sua decisão, a Suprema Corte de Justiça – que, como disse Galeano e vale a pena repetir, foi indigna e pratica a injustiça ao assegurar a impunidade – garante que esses obstáculos permanecerão, como uma nódoa pegajosa, sobre o país de José Artigas. (Viomundo)

Hitler era descendente de negros e judeus, diz teste de DNA


Exames de DNA realizados com parentes do ex-líder nazista Adolf Hitler revelaram que ele era descendente de pelo menos dois "grupos" que desprezava: judeus e negros. Segundo a revista belgaKnack, o jornalista Jean-Paul Mulders pegou um guardanapo usado por um sobrinho-neto de Hitler que vive em Long Island, nos Estados Unidos, e mandou o material para testes. As informações são do jornalDaily Mail.
A análise da amostra levou Mulders até a Áustria, onde ele descobriu que um agricultor identificado como Norbert H. era primo do ditador. O jornalista, junto com o historiador Marc Vermeeren, encontrou também outros 39 parentes distantes de Hitler no país. Norbert H. concordou em fornecer material genético para os exames.
Utilizando as duas amostras, especialistas chegaram à forma particular do DNA, Haplopgroup E1b1b - que é rara na Alemanha e em toda a Europa Ocidental. "É mais comumente encontrado no Marrocos, na Argélia, Líbia e Tunísia", disse Jean-Paul Mulders. Especialistas suspeitam que o grupo genético seja o mesmo ao qual pertencem uma das maiores linhagens de famílias judaicas. "Pode-se dizer, a partir desta premissa, que Hitler era parente de pessoas que ele desprezava", afirmou o jornalista na revista. (Terra)

O que diz o inquérito do Caso Evangélico

As quase 1000 páginas do inquérito policial que investiga as mortes supostamente antecipadas no Hospital Evangélico trazem relatos impressionantes de uma verdadeira história de horror. Tive acesso a toda documentação, com exclusividade. São denúncias, laudos, necropsias, relatos, gravações, enfim, os detalhes de como as mortes de cinco pessoas ocorreram, segundo as testemunhas, dentro da UTI comandada pela médica Virginia de Souza, a primeira presa nesse caso. Em todos os casos os relatos dão conta de que a médica provocava a morte de pacientes que estavam em estado grave e que ficariam muito tempo internados até a recuperação. Os atestados de óbito de pacientes que foram internados por queimadura ou traumatismo, depois de acidentes, apontam como causa da morte problemas nos pulmões, como broncopneumonia. Segundo as testemunhas o modo era sempre o mesmo: redução do nível de oxigênio do respirador e aplicação de sedativo forte. Os nomes de todas as vítimas estão nos documentos aos quais eu tive acesso, porém por respeito às famílias só vou divulgar depois de a própria polícia conversar com os parentes dessas pessoas que morreram na UTI, o que me foi garantido que acontecerá em no máximo três dias. São dezenas de relatos, mas um dos que mais chamam a atenção está na segunda parte do inquérito.  
É o depoimento de uma enfermeira que trabalhou quase 4 anos no hospital e que fez parte da chefia. Ela disse à polícia e ao Ministério Público que a médica favorecia o intermamento de pacientes conveniados ou particulares e que a preferência era por acidentados para o recebimento do DPVAT, o seguro obrigatório recebido em caso de acidentes. Contou ainda que a doutora virgínia determinaria procedimentos como traqueostomia, drenos, implantação de bolsas para pacientes recém chegados na UTI. Tais procedimentos, segundo a profissional, só devem ser indicados depois de pelo menos 7 dias de internamento. A justificativa seria o pagamento extra. Em outro trecho a enfermeira relata como vagas seriam abertas para pacientes que podiam pagar. De acordo com a enfermeira, a doutora Virginia avisava aos enfermeiros que agilizaria os leitos. Em um dos casos, segundo a testemunha, seis pacientes morreram de uma única vez na UTI e assim houve a liberação dos leitos para os acidentados com seguro ou dinheiro para pagar pela unidade. Os relatos como eu disse são impressionantes. A partir de amanhã publicarei parte desses depoimentos, preservando os nomes dos denunciantes. Há muitas perguntas ainda sem respostas nesse caso. (Joice)

Paraná: Justiça dá aval para criação de parque


Criado, no papel, em 2006, o Parque Nacional dos Cam­­pos Gerais teve o processo de “nascimento” confirmado pela Justiça. A última das três ações que questionavam a caducidade do decreto que cria a unidade de conservação foi julgada recentemente. Todas apontaram para a legalidade do processo. Até o Supremo Tribunal Federal se manifestou, reforçando que o parque só pode deixar de existir legalmente se uma lei revogar a criação da unidade de conservação. Vencido o imbróglio jurídico, a expectativa é que a fase de implantação do parque deslanche.
Trechos dos municípios de Ponta Grossa, Castro e Carambeí estão dentro da área do parque, que tem 21,2 mil hectares – tamanho semelhante ao da cidade de Colombo –, com porções preservadas de Mata de Araucária e de campos.
As ações foram ajuizadas por proprietários de áreas que estão dentro ou no entorno do parque. Eles argumentam que são responsáveis por fazendas produtivas, que estão sendo penalizados por terem preservado o meio ambiente e que não querem deixar as propriedades. “Todas as ações até agora reconheceram o parque como legítimo e legal”, diz Marcio Ricardo Ferla, chefe do Parque Nacional dos Campos Gerais, do Ins­­tituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio).
Desapropriação
Ferla conta que a fase atual da implantação do parque consiste na preparação de todos os procedimentos de desapropriação das fazendas e reconhece que essa é uma etapa demorada e burocrática. “Precisamos avaliar se os documentos são validos, se a terra pertence realmente a quem diz que é dono e outros passos essenciais”, comenta.
Certa de 30 casos, que correspondem a 52% da área, estão encaminhados. Ainda não foram feitos pagamentos, mas a previsão é de que os primeiros sejam efetivados neste ano. A estimativa é que algumas centenas de milhões de reais deverão ser destinadas às desapropriações, já que cerca de 140 fazendas estão dentro do perímetro da unidade de conservação.
Para o chefe do parque, a decisão judicial não altera o ritmo de trabalho – que seguia independentemente do debate jurídico. Ferla ainda destaca que há proprietários interessados na desapropriação rápida das áreas. “Muitos me dizem que a fazenda é só mata e que já não podiam fazer nada na área”, explica. O ICMBio vai avaliar as áreas e pretende pagar as propriedades com base no valor de mercado. Ele ainda pondera que o os proprietários do entorno podem tirar proveito do parque, com pousadas e outros serviços potencialmente ofertados a turistas.

 
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