quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

O que diz o inquérito do Caso Evangélico

As quase 1000 páginas do inquérito policial que investiga as mortes supostamente antecipadas no Hospital Evangélico trazem relatos impressionantes de uma verdadeira história de horror. Tive acesso a toda documentação, com exclusividade. São denúncias, laudos, necropsias, relatos, gravações, enfim, os detalhes de como as mortes de cinco pessoas ocorreram, segundo as testemunhas, dentro da UTI comandada pela médica Virginia de Souza, a primeira presa nesse caso. Em todos os casos os relatos dão conta de que a médica provocava a morte de pacientes que estavam em estado grave e que ficariam muito tempo internados até a recuperação. Os atestados de óbito de pacientes que foram internados por queimadura ou traumatismo, depois de acidentes, apontam como causa da morte problemas nos pulmões, como broncopneumonia. Segundo as testemunhas o modo era sempre o mesmo: redução do nível de oxigênio do respirador e aplicação de sedativo forte. Os nomes de todas as vítimas estão nos documentos aos quais eu tive acesso, porém por respeito às famílias só vou divulgar depois de a própria polícia conversar com os parentes dessas pessoas que morreram na UTI, o que me foi garantido que acontecerá em no máximo três dias. São dezenas de relatos, mas um dos que mais chamam a atenção está na segunda parte do inquérito.  
É o depoimento de uma enfermeira que trabalhou quase 4 anos no hospital e que fez parte da chefia. Ela disse à polícia e ao Ministério Público que a médica favorecia o intermamento de pacientes conveniados ou particulares e que a preferência era por acidentados para o recebimento do DPVAT, o seguro obrigatório recebido em caso de acidentes. Contou ainda que a doutora virgínia determinaria procedimentos como traqueostomia, drenos, implantação de bolsas para pacientes recém chegados na UTI. Tais procedimentos, segundo a profissional, só devem ser indicados depois de pelo menos 7 dias de internamento. A justificativa seria o pagamento extra. Em outro trecho a enfermeira relata como vagas seriam abertas para pacientes que podiam pagar. De acordo com a enfermeira, a doutora Virginia avisava aos enfermeiros que agilizaria os leitos. Em um dos casos, segundo a testemunha, seis pacientes morreram de uma única vez na UTI e assim houve a liberação dos leitos para os acidentados com seguro ou dinheiro para pagar pela unidade. Os relatos como eu disse são impressionantes. A partir de amanhã publicarei parte desses depoimentos, preservando os nomes dos denunciantes. Há muitas perguntas ainda sem respostas nesse caso. (Joice)

0 comentários :

Postar um comentário

 
Design by Free WordPress Themes | Bloggerized by Lasantha - Premium Blogger Themes | belt buckles