quarta-feira, 15 de maio de 2013

Arrecadando junto a iniciativa privada mais que os outros partidos, principalmente entre bancos e empreiteiras, o PT obtém recorde de doações e sai do vermelho



Graças a doações privadas no valor recorde de R$ 255 milhões, o PT nacional terminou o ano de 2012 com um superĂ¡vit de R$ 8,4 milhões, o maior entre os grandes partidos do PaĂ­s. Com isso, os petistas conseguiram saldar as dĂ­vidas acumuladas atĂ© 2011 e ainda ficaram com uma sobra de R$ 2,7 milhões - desde 1998, Ă© a primeira vez que a legenda sai do vermelho em sua contabilidade oficial.


Segundo a prestaĂ§Ă£o de contas divulgada no site do Tribunal Superior Eleitoral, o PSDB tambĂ©m obteve superĂ¡vit, no total de R$ 7,9 milhões, mas o valor foi insuficiente para saldar dĂ­vidas de anos anteriores. O saldo ainda ficou negativo em R$ 1,4 milhĂ£o. O PMDB arrecadou R$ 1,3 milhĂ£o a mais do que gastou em 2012, e ampliou sua folga de caixa acumulada para R$ 9,8 milhões. No ano em que conquistou a Prefeitura de SĂ£o Paulo, a maior do PaĂ­s, o PT teve uma receita total de R$ 318 milhões.

Dos R$ 255 milhões de doações privadas, R$ 220 milhões (86%) bancaram campanhas de candidatos a prefeito e vereador. É esse o valor total das chamadas “doações ocultas” - assim chamadas porque, quando o partido atua como intermediĂ¡rio entre doadores e candidatos, nĂ£o Ă© possĂ­vel saber que campanha cada empresa financia.

O total de doações privadas supera em 28,4% o que o PT arrecadou das mesmas fontes em 2010, ano em que Dilma Rousseff foi eleita presidente. A arrecadaĂ§Ă£o de pessoas fĂ­sicas e jurĂ­dicas, na Ă©poca, foi de R$ 198,6 milhões - os valores, corrigidos pela inflaĂ§Ă£o, nĂ£o incluem os destinados para os comitĂªs de Dilma e dos demais candidatos do partido.

Em 2010, a prestaĂ§Ă£o de contas do PT mostrava um dĂ©ficit de R$ 44,5 milhões (R$ 50,5 milhões, em valores de hoje). O rombo nas contas caiu para R$ 6,4 milhões em 2011 e se transformou em superĂ¡vit no ano passado.

Tesouro


Em 2012, a segunda maior fonte de recursos do PT foi o Fundo PartidĂ¡rio, bancado na maior parte por verbas federais, que destinou ao partido cerca de R$ 53 milhões. A anĂ¡lise do caixa do PT mostra um partido dependente de recursos de empresas, mesmo em anos nĂ£o eleitorais. Em 2012, as doações de pessoas jurĂ­dicas - principalmente empreiteiras e bancos - representaram quase 80% do total arrecado. Em 2011, sem eleições, as empresas foram responsĂ¡veis por 45% da receita. Outra fonte significativa de dinheiro para o PT sĂ£o as contribuições de detentores de mandatos eletivos e cargos de confiança no serviço pĂºblico. Foram R$ 10 milhões no ano passado. Dos filiados sem mandato e sem cargo, a receita foi de apenas R$ 20 mil.

Fora do PalĂ¡cio do Planalto desde 2003, o PSDB obteve R$ 96,7 milhões de doadores privados em 2012. Isso equivale a cerca de 38% do valor obtido por seu maior adversĂ¡rio. O PSDB tambĂ©m serviu de “biombo” para ocultar as ligações entre empresas e polĂ­ticos que concorreram nas eleições do ano passado. O partido recebeu R$ 84 milhões de doadores privados e os repassou para seus principais candidatos a prefeito. No processo, apagou o rastro entre financiadores e financiados. Apesar de ainda nĂ£o ter conseguido zerar suas dĂ­vidas, os tucanos vĂªm melhorando suas contas ano a ano. No final de 2010, apĂ³s a campanha em que JosĂ© Serra perdeu a disputa presidencial, o dĂ©ficit chegou a quase R$ 12 milhões (R$ 13,5 em valores corrigidos pela inflaĂ§Ă£o). Em 2011, o rombo caiu para R$ 9,3 milhões e chegou a apenas R$ 1,4 milhĂ£o no ano passado.

O PMDB, partido governista, fechou 2012 no azul. A legenda arrecadou quase R$ 119 milhões em doações privadas no decorrer do ano. É menos da metade do que os petistas obtiveram, mas cerca de 37% a mais do que os tucanos receberam. As prestações de contas de partidos como PSB, PP, PPS e PDT nĂ£o estavam disponĂ­veis atĂ© ontem (14) no site do Tribunal Superior Eleitoral, apesar de o prazo para as siglas apresentarem os dados ter terminado no dia 30 de abril. (AE)

Dilma prorroga trabalhos da ComissĂ£o da Verdade


A presidente Dilma Rousseff decidiu nesta terça-feira prorrogar atĂ© dezembro de 2014 os trabalhos da ComissĂ£o Nacional da Verdade, que investiga crimes polĂ­ticos cometidos por agentes do Estado entre 1946 e 1988. Instalado hĂ¡ um ano, que se completa nesta quarta, 15, o grupo atuaria, a princĂ­pio, por dois anos e encerraria sua pesquisa em maio do ano que vem. Em encontro no fim da tarde no PalĂ¡cio do Planalto com cinco dos seis membros da comissĂ£o, Dilma disse ter recebido pedidos de entidades estudantis para prorrogar as investigações.

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A presidente tambĂ©m demonstrou satisfaĂ§Ă£o com a nova etapa dos trabalhos do grupo, com o inĂ­cio dos interrogatĂ³rios de militares envolvidos com a mĂ¡quina da repressĂ£o. Ela disse que se “impressionou” com o depoimento Ă  comissĂ£o, na Ăºltima sexta-feira, 10, do coronel reformado do ExĂ©rcito Carlos Alberto Brilhante Ustra, que comandou um dos principais centros de repressĂ£o polĂ­tica e tortura do PaĂ­s nos anos 1970, o DOI-Codi de SĂ£o Paulo. Os membros da comissĂ£o aproveitaram para mostrar a Dilma detalhes do interrogatĂ³rio de Ustra.
A avaliaĂ§Ă£o da presidente Ă© que a “publicidade” dos depoimentos de agentes influentes como Ustra Ă© importante para o esclarecimento do que ocorreu nos porões da ditadura. Ă€ comissĂ£o, Ustra, um torturador reconhecido pela Justiça de SĂ£o Paulo desde 2008, tentou reduzir o impacto das perguntas sobre as mortes e torturas que lhe sĂ£o atribuĂ­das, muitas delas reconhecidas pelos tribunais, usando a estratĂ©gia midiĂ¡tica de atacar a trajetĂ³ria de Dilma em grupos guerrilheiros. NĂ£o hĂ¡ registros de que Dilma tenha sido investigada pelo torturador na Ă©poca ou tenha ficado presa em unidades chefiadas por ele.
RelatĂ³rio
No encontro desta terça, os integrantes da comissĂ£o anteciparam para a presidente resultados de um levantamento dos primeiros doze meses de trabalho, que serĂ¡ apresentado ao pĂºblico no prĂ³ximo dia 21. “Vai haver surpresa”, disse Paulo SĂ©rgio Pinheiro, atual coordenador do grupo. “Vamos oferecer informações concretas.” A comissĂ£o divulgarĂ¡ um levantamento “quantitativo” e “qualitativo” com informações obtidas por 14 grupos internos de trabalho.
Pinheiro avaliou que o novo prazo da comissĂ£o permitirĂ¡ ouvir um nĂºmero maior de agentes da repressĂ£o e uma anĂ¡lise da grande quantidade de documentos oficiais sobre o perĂ­odo militar obtidos pelo grupo. Ele ressaltou que a comissĂ£o irĂ¡ manter o esforço investigativo atual, como se nĂ£o tivesse Ă  disposiĂ§Ă£o mais seis meses. Pinheiro observou que na Argentina a comissĂ£o montada para investigar crimes da ditadura ocorrida entre 1976 e 1983 durou nove meses. Ele prĂ³prio chegou a sugerir um ano de trabalho. (AE)

 
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