quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Para fortalecer a campanha, 500 mil petistas serão convocados a inundar internet com propaganda de Dilma

O "bruxo" do PT na Internet: Marcelo Branco com André Vargas/Marcelo Branco com Lula e Dilma

Daniel Brito

O PT prepara uma operação de guerra na internet a fim de dar fôlego à campanha presidencial da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. A ideia é municiar com textos, áudios e vídeos os 518.912 filiados que participaram, em novembro de 2009, das eleições internas do partido. Eles terão a missão de reproduzir e distribuir o material de propaganda em blogs e redes sociais, como Orkut, Facebook, Twitter e Google Buzz. Uma das prioridades do novo secretário nacional de Comunicação do PT, deputado federal André Vargas (PR), a estratégia tenta transplantar para o mundo virtual (1) a base social da legenda, considerada um dos trunfos na ofensiva para derrotar o PSDB na sucessão presidencial.

“O PT já conta com uma imensa base social, ao contrário dos tucanos. A nossa militância tem discurso e será estimulada a divulgá-lo”, diz Vargas. “Vamos trabalhar fortemente na internet. O Twitter, por exemplo, pauta a mídia e é um instrumento formador de opinião.” A direção nacional petista ainda não sabe como tirar o plano do papel. Nem sequer tem orçamento definido para tanto. O valor dependerá do desempenho na arrecadação de doações eleitorais. Há, no entanto, propostas à mesa. Vargas prevê a criação de milhares de comitês virtuais, que teriam a tarefa de adaptar o discurso nacional às realidades regionais.

Cogita, ainda, montar estruturas físicas que seriam usadas pelos filiados para inundar as redes sociais de elogios a Dilma e críticas ao concorrente da oposição na disputa pela Presidência da República — provavelmente, o governador de São Paulo, José Serra. “A guerra de guerrilha na internet é a informação e a contrainformação”, afirma Vargas. A menção do deputado à contrainformação não é à toa. O páreo presidencial deste ano tende a ser acirrado e de baixo nível, segundo governistas e oposicionistas. Marqueteiro de Lula e de Dilma, João Santana manterá a linha “paz e amor” na propaganda da ministra. Reforçará as realizações da gestão petista, comparando-a com os oitos anos de mandato do tucano Fernando Henrique Cardoso, e apresentará propostas para acelerar o ritmo da suposta herança bendita deixada pelo atual presidente.

Jogo pesado

Caberá à militância partir para o confronto direto e desferir, se necessário, golpes abaixo da linha de cintura do adversário. No ano passado, no auge da crise que assolava o Senado, o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), montou uma espécie de bunker virtual só para rebater notícias e declarações que defendiam a saída dele do cargo. Antes de ser descoberta, a tropa sarneyzista se dedicava a desqualificar notas postadas nos principais blogs de política do país. Na empreitada, usava os espaços destinados aos comentários. A estratégia pode ser reeditada pelo PT na campanha presidencial. “A baixaria vai acontecer. Agora, acho que não dá resultado”, declara Vargas.

O novo secretário de Comunicação é considerado um moderado. “Talvez, o mais moderado entre os moderados”, diz, bem-humorado. Foi alçado ao posto a fim de barrar a articulação de um grupo petista destinada a emplacar na função o deputado estadual Rui Falcão (SP). Ligado à ex-prefeita Marta Suplicy, Falcão é apontado como um dos responsáveis pela propaganda do PT que em 2008, durante a campanha pelo comando da capital paulista, fazia perguntas sobre a vida pessoal do prefeito Gilberto Kassab (DEM). Segundo os democratas, a peça insinuava que Kassab é homossexual. Tirada do ar diante da repercussão negativa, não impediu a derrota de Marta na disputa.

Beto diz: "É importante eleger um presidente alinhado ao governador"!







Se antes o Osmar disse que era "importante eleger um governador alinhado a futura presidenta" hoje, com sérias razões na defesa do interesses do nosso estado, o Beto diz que "é importante eleger um presidente alinhado ao governador"!

Culpa e medo da prisão leva mulheres a esconder aborto


Kleyzer Seixas, do A TARDE On Line

A maioria das mulheres que abortam no Brasil é de classe econômica desfavorável, negras, moradoras da periferia e com idades que variam de 15 a 39 anos, segundo dados do Ministério da Saúde. A decisão de interromper a gravidez não é fácil. As que optam por esse caminho sofrem com a escolha e tem de lidar com o sentimento de culpa. O medo da prisão também é grande, pois o aborto é crime no país e muitas pacientes são denunciadas por enfermeiros dos hospitais onde são atendidas devido a complicações das práticas clandestinas.

Como forma de punição, alguns profissionais prestam atendimento inadequado às pacientes. “A mulher é objeto de discriminação porque muitos profissionais não tiveram a oportunidade de discutir e desconstruir estigmas”, explica a médica e pesquisadora do Programa de Estudos em Gênero e Saúde (MUSA), da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Greice Menezes.

Segundo a pesquisadora, há casos de profissionais que chamam a polícia. “Como se eles pudessem julgar. Ao invés de acolher e entender as razões, os profissionais acatam postura intolerante e equivocada, desqualificando o atendimento púbico de saúde”.

A reportagem do A TARDE On Line tentou ouvir mulheres que receberam atendimento devido a abortos mal-sucedidos nas maternidades públicas da cidade. Nenhuma quis falar, mesmo sob condição de manter a identidade em sigilo, com medo de represálias da família ou de serem presas.

Na maternidade Tyscila Balbino, onde os casos de aborto perdem apenas para os partos, sendo o procedimento de curetagem o segundo mais realizado na unidade, a quantidade de mulheres de rostos abatidos e que se escondem ao perceberem a chegada de um repórter dá a dimensão do quanto essas pessoas se sentem marginalizadas.

“Apesar da responsabilização, da pressão da família, do companheiro e, muitas vezes da sociedade, a decisão da mulher é, em algumas situações, bastante solitária”, diz Maria José Souza Silva, diretora da Tyscila Balbino. “Todas chegam abatidas. Quando assumem o aborto, dizem que não queriam interromper a gravidez e tentam simular que estão sofrendo aborto espontâneo”.

Para a diretora, que busca orientar a equipe médica para realização de um atendimento humanizado, julgar a paciente não irá resolver o problema do aborto no país. “Se é legal ou não, não é o caso naquele momento em que a necessidade é dar assistência à mulher”.

ABORTO, A FAVOR E CONTRA

FAVORÁVEL:

Abortos resultam em 10% dos casos de mortalidade de mães

Vinicius Sassine

Óbito pode ocorrer durante o parto ou devido a problemas oriundos dele. Número pode ser maior, já que muitos procedimentos são feitos clandestinamente.

Uma em cada 10 mulheres mortas no ano passado em decorrência de problemas na gestação sofreu um aborto, espontâneo ou provocado. O aborto é uma das principais causas de mortalidade materna no Brasil: em 10% dos casos, a expulsão prematura do feto foi a razão dos óbitos, segundo dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde. O SIM revela que 2.010 mulheres que abortaram morreram nos últimos 15 anos. Esses são os casos que chegaram à rede pública de saúde. Na clandestinidade, muitas mulheres morrem sem que façam parte das estatísticas oficiais.

A Pesquisa Nacional de Aborto (PNA), desenvolvida pelo Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero e divulgada em maio deste ano, mostrou que metade das mulheres que já fizeram um aborto buscou atendimento na rede de saúde em razão de complicações no procedimento. Muitas usaram medicamentos abortivos, principalmente o Cytotec, mas não é essa escolha a responsável pela maioria das internações. As gestantes que engrossam as estatísticas de mortalidade materna são vítimas de clínicas clandestinas. “É possível que essas mulheres estejam abortando sob condições de saúde precárias, uma vez que grande parte delas tem um baixo nível educacional”, conclui a PNA.

A proporção de abortos fatais entre os casos de mortalidade materna não diminuiu ao longo dos anos, levando-se em conta os dados oficiais. Pelo contrário: aumentou de 9,2% em 2005 para 10,1% no ano passado. “Há regiões no Brasil, como a Bahia, onde o aborto inseguro é a principal causa de mortalidade materna”, afirma a secretária executiva da Rede Feminista de Saúde, Télia Negrão.

Sistema permitirá que crianças tenham certidão ao nascerem

Filhos de gestantes mortas durante ou após o parto sofrem com falta da mãe
Em Recife (PE), a morte de cinco mulheres no ano passado chamou a atenção das autoridades. Depois de sofrerem um aborto, as jovens com idade entre 19 e 28 anos procuraram atendimento na rede pública de saúde e morreram pouco tempo depois dos primeiros atendimentos médicos. O grupo técnico do Comitê Municipal de Mortalidade Materna foi a campo para investigar os casos. Encontrou resistência dos familiares e indícios de que os procedimentos foram feitos de forma clandestina. “As causas ligadas à sexualidade são sempre obscuras”, afirma a gerente de Atenção à Saúde da Mulher da Secretaria de Saúde de Recife, Benita Spinelli.

Casos estudados

O Correio teve acesso aos cinco estudos de caso realizados pelo grupo técnico do comitê. Os documentos foram fornecidos à reportagem sem os nomes e os endereços das vítimas, mas trazem os antecedentes da gravidez e o histórico clínico das pacientes. Em pelo menos um caso, há a informação de uso de medicamento abortivo. “A mãe desconfiava da gestação da filha porque ela se queixava muito de dores de cabeça e apresentava vômitos, apesar de negar. Uma amiga informou que a jovem havia usado Cytotec em dezembro”, cita o relatório.

A jovem de 20 anos, solteira, foi internada em hospital conveniado ao SUS em março do ano passado. Não fez consultas pré-natal, sofreu um aborto no dia 16 e morreu dois dias depois. Segundo os relatos colhidos pelo comitê, quatro meses podem ter se passado entre a tentativa de aborto e a perda do feto. O óbito pode ter acontecido em decorrência do mau atendimento. Por falta de vaga em uma unidade de terapia intensiva, ela foi transferida para outro hospital. A curetagem após o aborto demorou a ser feita. “Minha filha já apresentava odor fétido no sangramento”, relatou a mãe ao comitê. A jovem morreu com embolia pulmonar. Uma das cinco vítimas já era mãe. Outra já havia sofrido um aborto, três anos antes do último. A mais nova delas morreu depois de uma parada cardíaca. E a mais velha, durante a curetagem uterina.

As constatações da PNA, que entrevistou 2.002 mulheres com idade entre 18 e 39 anos, revelam a necessidade de tratar o aborto como um caso de saúde pública. Entre as entrevistadas, 15% relataram ter feito o procedimento pelo menos uma vez na vida. Em termos proporcionais, as mulheres de 35 a 39 anos são as que mais o fizeram. “Isso mostra o quanto o aborto é um fenômeno comum na vida reprodutiva das mulheres”, conclui a pesquisadora responsável pelo estudo, Debora Diniz, que atua no Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero, na Universidade de Brasília (UnB).

Ao fim da vida reprodutiva, mais de um quinto das brasileiras já fez um aborto, como constatou a PNA. “Boa parte das internações poderia ter sido evitada se o aborto não fosse tratado como atividade clandestina e se o acesso a medicamentos seguros fosse garantido”, defende Debora Diniz.


CONTRÁRIA:

Secretária norte-americana orienta o Brasil a considerar legalizar o aborto

Notícias Pró-Família - Pastoral da Família

14.03.2010 - No Notícias Pró-Família: Hillary Clinton orienta o Brasil a considerar legalizar o aborto. A Secretária norte-americana, em entrevista concedida a estudantes da Universidade Zumbi dos Palmares, São Paulo, respondeu a uma pergunta sobre a proibição do aborto no Brasil, dizendo que legalizar o aborto “é algo que precisa ser atentamente analisado por causa do grande efeito que tem nos números de crianças que as mulheres pobres têm que não poderão educar, alimentar de forma apropriada, cuidar, o grande número de mulheres mortas que os abortos ilegais provocam e o problema de mulheres sendo proibidas de exercer tal fundamental direito pessoal”.

Orientações desnecessárias. Se depender do presidente Lula e da candidata que ele apoia à presidência do nosso país, a atual ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, o aborto certamente será legalizado. A 3ª versão do Programa Nacional de Direitos Humanos – que de “direitos humanos” não tem nada – foi uma clara amostra do que são as verdadeiras intenções do Partido dos Trabalhadores e pelo que eles de fato trabalham. Porém, a frase da secretária de Estado norte-americana aumenta ainda mais o orgulho das feministas brasileiras para que possam se empenhar na busca pelos seus “direitos”, inclusive aqueles direitos que têm sobre o seu próprio corpo, direitos esses que elas devem ganhar à custa do assassinato de seus próprios filhos.
Quando os defensores da vida, porém, se levantam para defender um valor inegociável de todo ser humano, que é o direito à vida, os defensores do aborto não tardam em condenar a sua atitude: é que os que são contra o aborto “não entendem” que a interrupção da gravidez poderia ser uma solução para o número imenso de crianças que hoje padecem de fome e miséria em nosso país.Mas, é isso mesmo?

Se consideramos que é melhor que as crianças sejam mortas do que “venham ao mundo para sofrer”, realmente temos que rever os nossos valores. Primeiro, porque não é assassinando seres humanos em massa que vamos resolver um problema social. A proposta de Hillary Clinton e de tantas pessoas que defendem o aborto como maneira de solucionar, por exemplo, o problema da pobreza é semelhante ao projeto nazista, que, no século XX, tirou a vida de milhares de judeus em campos de concentração. Não, não é exagero comparar as duas situações. No tempo de Hitler, a raça superior eram os arianos; os judeus deveriam ser exterminados. Hoje, mudam somente os personagens: a raça superior representa as mulheres; a inferior – as crianças – deve ser exterminada.

Quando olhamos para a frase de H. Clinton, nos lembramos de Zilda Arns. Certa vez, em entrevista ao Instituto Humanitas Unisinos, ela disse:

“Tentar solucionar problemas, como a gravidez indesejada na adolescência, ou atos violentos, como estupros e os milhares de abortos clandestinos realizados a cada ano no País, com a legalização do aborto, é uma ação paliativa, que apontaria o fracasso da sociedade nas áreas da saúde, da educação e da cidadania e, em especial, daqueles que são responsáveis pela legislação no país. Não se pode consertar um crime com outro ainda maior, tirando a vida de um ser humano indefeso. É preciso investir na educação de qualidade, nas famílias e nas escolas.”

Nesse sentido, o aborto é como uma atitude de escape. Visa solucionar um problema com uma atitude definitivamente inaceitável.

Ora, e as mulheres que morrem fazendo “aborto clandestino”? Qual a solução? Hillary Clinton fala que o aborto deve ser legalizado, pois deve sempre haver uma grande preocupação com “o grande número de mulheres mortas” por “abortos ilegais” em nosso país. A criminalização do aborto seria, então, um entrave para que as mulheres pudessem exercer “tal fundamental direito pessoal”.

O problema é que o aborto não é e nunca foi um “direito” pessoal. Enquanto o aborto significar interrupção do desenvolvimento de um ser humano, sempre será uma interferência no direito que outro tem de viver. E o outro é o limite da nossa liberdade. Ninguém pode ter direito de matar outra pessoa; nada, exatamente nada pode justificar o assassinato de um ser humano indefeso.

Então, e as clínicas de aborto clandestino? São ilegais; devem ser fechadas.
E as mulheres que quiserem abortar? Ora, e os genros que quiserem matar suas sogras? E se Caim quiser matar Abel? Deverá o governo brasileiro oferecer um local especial para que as pessoas matem quem elas queiram?

O aborto é assassinato; e quem aborta está assassinando. O assassinato é crime; quem aborta pratica um ato criminoso.

Não, sra. Hillary Clinton, o aborto não é um “direito pessoal” das mulheres, nem uma solução para o flagelo social da miséria e da pobreza. Se quisermos verdadeiramente reestruturar a nossa sociedade, o que devemos fazer é investir em uma educação de qualidade, que ofereça sobretudo ensinamentos retos de comportamento sexual e de dignidade humana.

Encerramos considerando as oportunas palavras do Concílio Vaticano II sobre o aborto:

“Deus, senhor da vida, confiou aos homens, para que estes desempenhassem dum modo digno dos mesmos homens, o nobre encargo de conservar a vida. Esta deve, pois, ser salvaguardada, com extrema solicitude, desde o primeiro momento da concepção; o aborto e o infanticídio são crimes abomináveis.”
- Gaudium et Spes, n. 51

Na TV, Dilma falará em valorização da vida para driblar polêmica do aborto


Celso Junior/AE

A estratégia traçada pelo comando da campanha de Dilma Rousseff (PT) para recuperar os votos perdidos após a polêmica sobre o aborto prevê um discurso de "valorização da vida" por parte da candidata do PT à Presidência. O novo tom aparecerá na reestreia do programa de TV de Dilma como um antídoto contra o aborto.

Reação. Dilma com Ciro Gomes em Brasília: ofensiva de aliados para impedir sangria de votos após polêmica sobrw aborto
"Eu considero muito importante afirmar que o meu projeto, que foca nas pessoas marginalizadas, é a favor da vida", afirmou Dilma, ontem. "Eu sou e sempre fui a favor da vida. Se não fosse assim, não tinha colocado a minha vida em risco em determinado momento", emendou, numa referência à luta travada por ela contra a ditadura militar.

Ex-militante de organizações de extrema-esquerda, Dilma foi presa em 1970 e ficou três anos detida, em São Paulo. O tema foi tratado no primeiro programa de TV da candidata como uma espécie de escudo contra os previsíveis ataques à sua participação em grupos que pregavam a luta armada. Agora, ao repetir que é a favor da vida, Dilma também quer criar uma vacina no novo horário eleitoral, com reestreia prevista para sexta-feira.

Desde a última semana de campanha, no primeiro turno, a candidata do PT tem reiterado que é contra a legalização do aborto, na tentativa de estancar a sangria de votos entre cristãos. No último dia 29, ela se reuniu, em Brasília, com líderes católicos e evangélicos. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou a gravar um comercial dizendo que Dilma estava sendo vítima de mentiras vindas do "submundo da política". Agora, a estratégia consiste em tratar o assunto pelo lado da família.

"Nós não vamos ficar reféns de uma falsa polêmica, levantada de maneira pouco ética por nossos adversários e disseminada de forma insidiosa", disse o secretário-geral do PT, José Eduardo Martins Cardozo (SP), um dos coordenadores da campanha.

Depois de se reunir ontem com os governadores Eduardo Campos (Pernambuco), Marcelo Déda (Sergipe) e Cid Gomes (Ceará), todos reeleitos - além do deputado Ciro Gomes (PSB-CE) -, Dilma seguiu o conselho dos aliados e destacou que vem "de família católica".

O capítulo "família" também reaparecerá no programa de TV da candidata, na tentativa de amenizar sua imagem. Ao fazer uma conexão entre o projeto de erradicação da miséria com a valorização da vida, Dilma expressou, mais uma vez, sua felicidade com o nascimento do neto, Gabriel, batizado na última sexta-feira. Em várias reuniões ao longo dos dois últimos dias, com Lula e Dilma, governadores da base aliada também foram incumbidos de procurar bispos e padres para reverter a onda contrária a Dilma na Igreja Católica.

"Eu acho que é preciso esclarecer os segmentos religiosos que estão em dúvida", admitiu o governador Eduardo Campos, que porá em prática a estratégia, hoje, ao participar da posse de um bispo na cidade de Salgueiro (PE). "Eu mesmo perdi votos entre evangélicos do Rio de Janeiro por estar apoiando Dilma", disse o senador eleito Marcelo Crivella (PRB-RJ), bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus. "É bom, agora, termos mais tempo para mostrar que Dilma é contra o aborto."

Embora o 3.º Congresso do PT tenha aprovado, em agosto de 2007, resolução defendendo a descriminalização do aborto, o assunto nunca constou do programa de governo de Dilma. Em fevereiro, ao aprovar as "diretrizes" da plataforma da candidata, o 4.º Congresso do PT incluiu o "apoio incondicional" ao polêmico Programa Nacional de Direitos Humanos. A terceira versão do documento indicava apoio ao projeto de lei que torna o aborto legal. O tema, porém, acabou excluído das diretrizes petistas.


Serra enfrenta discurso petista


Wilson Pedrosa/AE

Um dia após ser informado sobre as estratégias a serem usadas pelo PT da adversária Dilma Rousseff , o presidenciável tucano reuniu lideranças e aliados do PSDB, em Brasília, e deu uma prévia do tom que sua campanha deverá adotar.

No dia seguinte ao anúncio de integrantes da campanha petista de que vão usar as privatizações para atacar a candidatura tucana, o presidenciável do PSDB, José Serra, partiu para o confronto e defendeu as medidas tomadas na era Fernando Henrique Cardoso. "Eles poderiam refazer as privatizações, mas não refizeram. Não venham com trololó de factoide dessa maneira. Isso não vão levar", afirmou ontem o tucano.

Unidos. José Serra, Sérgio Guerra e Aécio Neves: tom de confronto na largada para o segundo turno da campanha presidencial
Durante encontro em Brasília com líderes do PSDB e de partidos aliados, para dar largada ao segundo turno da campanha, Serra adotou um tom de confronto com o PT. "Eles falam em privatização. O governo Lula continuou a privatizar", disse, ao lembrar que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva privatizou dois bancos durante seu primeiro mandato - o Banco do Estado do Maranhão e o Banco do Estado do Ceará. "Aí não é um problema de número. É um problema de ideologia. Se privatizou, não era tão contra."

Em encontro para traçar a estratégia da campanha de Dilma Rousseff (PT), na terça-feira, petistas defenderam a comparação entre as gestões Lula e FHC e avaliaram ser importante colar em Serra a pecha de privatista, por ele ter participado do governo FHC, durante o qual setores da economia, como a telefonia, foram privatizados.

A fala de Serra evidenciou a resposta política que os tucanos pretendem dar para as críticas dos adversários. A orientação é partir para o ataque, a fim de evitar erros da campanha presidencial de 2006, quando o então candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, caiu na armadilha colocada pelo PT e ficou na defensiva quando confrontado com o tema.

"As privatizações são um sucesso para as pessoas. Hoje temos mais de 180 milhões de celulares graças à decisão de privatizar", declarou o deputado Jutahy Júnior, um dos principais aliados de Serra. "Vamos jogar para ela (Dilma) essa questão: vai reestatizar a Vale, a Embraer? Se ela mentir, como está mentindo no caso do aborto, ótimo."

O presidenciável deu uma prévia do que deverá ser o tom da campanha. "O brasileiro quer um governo de verdade, não um governo parecido com a casa da mãe Joana", declarou.

Afirmou ainda que a campanha adversária "enrola" e "desrespeita" as pessoas. "Eu nunca disse que o MST me agrada, porque não me agrada", atacou Serra. "Chegou-se ao máximo de estampar que o PT ia tirar o aborto do programa. O que não tem direito é uma campanha presidencial enrolar. No fundo, é desrespeitar as pessoas, os cidadãos."

Defesa. Para uma plateia de cerca de 300 aliados, Serra ficou mais à vontade para defender o governo FHC e teceu elogios ao ex-presidente Itamar Franco (PPS), senador eleito por Minas.

Defendeu o Plano Real. "Eliminou a nuvem de poeira que sufocava nosso país e oprimia os mais pobres", ressaltou Serra. "Com a inflação, quem sofre são os mais pobres. Essa transição levou o Brasil a voltar ao caminho, que eu não sei se tinha ido, mas ao caminho da dignidade, do decoro."

Elogiou a atitude dos dois ex-presidentes durante os processos eleitorais enquanto ocupavam o Palácio do Planalto e defendeu uma legislação para regulamentar o comportamento dos chefes de Executivo durante a campanha. Na plateia, estavam algumas das forças da oposição que foram derrotadas, em parte pelo empenho do presidente Lula.

"Foi uma luta muito desigual", disse o senador Jarbas Vasconcellos, derrotado na disputa pelo governo de Pernambuco. "Enfrentei uma campanha dificílima. Perdi, mas queria fazer uma declaração, do fundo do coração: se Serra ganhar, me sentirei mais vitorioso que se tivesse sido eleito para o Senado", declarou o senador Tasso Jereissati (CE), que sempre teve relação conflituosa com Serra. O presidenciável rebateu: "Do ponto de vista político, Tasso reclama de mim. Mas, do pessoal, somos muito amigos."

Serra disse que, se eleito, não tratará a oposição "como inimigo da pátria". E defendeu o comportamento de seu partido. "Muita gente diz que o PSDB fez uma oposição de banana. Foi uma oposição soft", observou. "Não vou governar para uma facção, um partido. Nenhuma força política será dizimada ou ameaçada."

EU PROMETO

Promessa feita ontem pelo candidato José Serra (PSDB):

1. Aprovar no Congresso lei que regulamenta a atuação de chefes do Executivo em campanhas eleitorais: "Com o apoio do Congresso Nacional, vamos aprovar um marco para regulamentar a participação dos chefes de Executivo nas campanhas eleitorais."


 
Design by Free WordPress Themes | Bloggerized by Lasantha - Premium Blogger Themes | belt buckles