sexta-feira, 9 de abril de 2010

Os reais motivos do golpe de 64


Com certeza a agenda reformista nacional e popular capitaneada pelo Jango e pela esquerda democrĂ¡tica (PTB, PSB, PCB, etc.) ao qual estava ligado, embora burguesa por essĂªncia, colocava em risco o velho modelo oligĂ¡rquico patrimonialista dependente e submetido aos interesses imperiais da superpotĂªncia hegemĂ´nica de plantĂ£o, no caso os EUA. Nisto a relaĂ§Ă£o em nada se diferenciava do que historicamente estĂ¡ mesma elite nacional entreguista jĂ¡ havia feito durante a submissĂ£o aos interesses polĂ­ticos econĂ´micos dos portugueses e dos ingleses, o que sempre impediu a nossa industrializaĂ§Ă£o e nos colocou como meros fornecedores de produtos primĂ¡rios (commodities).

O que mais ameaçou aos interesses imperiais dos EUA foi o fato do Jango acenar com a nacionalizaĂ§Ă£o ou a estatizaĂ§Ă£o das empresas estrangeiras, colocar em pauta o controle das remessas de divisas por parte das mesmas, as reformas trabalhistas visando uma maior redistribuiĂ§Ă£o de renda e aquecimento do mercado interno e o apoio a industrializaĂ§Ă£o nacional. Isto fez com que a aliança entre o imperialismo norte americano e seus aliados internacionais e a retrĂ³gada oligarquia nacional se fortalecesse no segundo governo do GetĂºlio rumo a uma nova tentativa de golpe, o que desaguou de forma "bem sucedida" em 64.

As lutas populares estavam tambĂ©m submetidas Ă s perspectivas de ruptura, mas tambĂ©m dentro do campo nacional burguĂªs, jĂ¡ que a reforma agrĂ¡ria, que era a que estava no topo da lista das reformas pretendidas era e Ă© a mais burguesa de todas as reformas ao pretender democratizar o acesso a propriedade da terra e nĂ£o a socializaĂ§Ă£o da mesma.

A aliança entre os diversos segmentos da esquerda social democrata visava nĂ£o a socializaĂ§Ă£o polĂ­tica e econĂ´mica, mas sim a busca da construĂ§Ă£o de uma potĂªncia independente, o que desagradava profundamente as elites econĂ´micas nacionais e internacionais.
Quanto Ă  esquerda armada, estes pequenos grupos compostos em suas maiorias por jovens militarmente despreparados e pessimamente equipados nunca ofereceram um real risco a estrutura de poder. Do ponto de vista da penetraĂ§Ă£o popular estes atrelados a uma visĂ£o foquista tambĂ©m nada significavam.

Para os entreguistas golpistas o risco eram as reformas de base, pois estas implicavam em um projeto democrĂ¡tico de ruptura com o nosso submisso passado de dependĂªncia total aos interesses econĂ´micos e polĂ­ticos das super potĂªncias e de seus aliados locais.

Como arma de propaganda (guerra psicolĂ³gica adversa) os golpistas usaram o factĂ³ide do “perigo vermelho”, que do ponto de vista polĂ­tico militar foi incorporado na aliança com o “grande irmĂ£o do norte” para o combate ao “inimigo interno”, o que na prĂ¡tica foi apenas a implantaĂ§Ă£o local das polĂ­ticas de guerra fria impostas pelo imperialismo para consolidar a sua hegemonia global.

 
Design by Free WordPress Themes | Bloggerized by Lasantha - Premium Blogger Themes | belt buckles