sábado, 13 de março de 2010

Cartunista Glauco é enterrado em cemitério de Osasco

Cartunista Glauco é enterrado em cemitério de Osasco

AE - foto: Werther Santana

Cerca de 300 pessoas participaram da cerimônia, que contou com homenagem de outros desenhistas

SÃO PAULO - O cartunista Glauco Vilas Boas, de 53 anos, e seu filho Raoni, de 25, assassinados na madrugada de sexta-feira, foram enterrados às 10h30 deste sábado no Cemitério Parque Gethsêmani Anhanguera, em Osasco, Grande São Paulo. Cerca de 300 pessoas participaram da cerimônia, sendo a maioria familiares, amigos e seguidores da Igreja Céu de Maria, ligada ao Santo Daime, fundada pelo artista.

Marina Silva: Carta aberta ao Presidente da República

Exmo. Sr.
Luiz Inácio Lula da Silva
DD Presidente da República

Sr. Presidente,

Vivemos ontem um dia histórico para o País e um marco para a Amazônia com a aprovação final, pelo Senado Federal, da Medida Provisória 458/09, que trata sobre a regularização fundiária da região. Os objetivos de estabelecer direitos, promover justiça e inclusão social, aumentar a governança pública e combater a criminalidade, que sei terem sido sua motivação, foram distorcidos e acabaram servindo para reafirmar privilégios e o execrável viés patrimonialista que não perde ocasião de tomar de assalto o bem público, de maneira abusiva e incompatível com as necessidades do País e os interesses da maioria de sua população.

Infelizmente, após anos de esforços contra esse tipo de atitude, temos, agora, uma história feita às avessas, em nome do povo, mas contra o povo, e contra a preservação da floresta e o compromisso que o Brasil assumiu de reduzir o desmatamento persistente, que dilapida um patrimônio nacional e atenta contra os esforços para conter o aquecimento global.

O maior problema da Medida Provisória são as brechas criadas para anistiar aqueles que cometeram o crime de apropriação de grandes extensões de terras públicas e agora se beneficiam de políticas originalmente pensadas para atender apenas àqueles posseiros de boa-fé, cujos direitos são salvaguardados pela Constituição Federal.

Os especialistas que acompanham a questão fundiária na Amazônia afirmam categoricamente que a MP 458, tal como foi aprovada ontem, configura grave retrocesso, como aponta o Procurador Federal do Estado do Pará, Dr. Felício Pontes: "A MP nº 458 vai legitimar a grilagem de terras na Amazônia e vai jogar por terra quinze anos de intenso trabalho do Ministério Público Federal, no Estado do Pará, no combate à grilagem de terras".

Essa é a situação que se espraiará por todos os Estados da Amazônia. E em sua esteira virá mais destruição da floresta, pois, como sabemos, a grilagem sempre foi o primeiro passo para a devastação ambiental.

Sendo assim, Senhor Presidente, está em suas mãos evitar um erro de grandes proporções, não condizente com o resgate social promovido pelo seu governo e com o respeito devido a tantos companheiros que deram a vida pela floresta e pelo povo Amazônia. São tantos, Padre Josimo, Irmã Dorothy, Chico Mendes, Wilson Pinheiro – por quem V. Excia foi um dia enquadrado na Lei de Segurança Nacional – que regaram a terra da Amazônia com o seu próprio sangue, na esperança de que, um dia, em um governo democrático e popular, pudéssemos separar o joio do trigo.

Em memória deles, Sr. Presidente, e em nome do patrimônio do povo brasileiro e do nosso sonho de um País justo e sustentável, faço este apelo para que vete os dispositivos mais danosos da MP 458, que estão discriminados abaixo.

Permita-me também, Senhor Presidente, e com a mesma ênfase, lhe pedir cuidados especiais na regulamentação da Medida Provisória. É fundamental que o previsto comitê de avaliação de implementação do processo de regularização fundiária seja caracterizado pela independência e tenha assegurada a efetiva participação da sociedade civil, notadamente os segmentos representativos do movimento ambientalista e do movimento popular agrário.

Por tudo isso, Sr. Presidente, peço que Vossa Excelência vete os incisos II e IV do artigo 2º; o artigo 7º e o artigo 13.

Com respeito e a fraternidade que tem nos unido, atenciosamente,



Senadora Marina Silva

Vetos Solicitados à PLV nº 9, de 2009 (provenientes da MP 458)

1. Incisos II e IV do art. 2º:

Texto do PLV nº 9, de 2009:

Art. 2º Para os efeitos desta Lei, entende-se por:
II – ocupação indireta: aquela exercida somente por interposta pessoa;
IV – exploração indireta: atividade econômica exercida em imóvel rural, por meio de preposto ou assalariado;

Justificativa do veto
Os incisos II e IV do artigo 2º estabelecem a definição, para efeitos da aplicação da lei, de ocupação indireta e de exploração indireta.
Essas formas de ocupação e exploração não devem ser beneficiadas com a regularização fundiária, pois não consideram os critérios de relevante interesse público e da função social da terra. Para ser coerente com o veto ao art. 7º, a definição dessas formas de ocupação e exploração deixa de ter uso para a aplicação da lei.

2.Art. 7º:
Texto do PLV nº 9, de 2009:
Art. 7º Mediante processo licitatório que assegure ao ocupante direito de preferência, far-se-á a regularização em área de até quinze módulos e não superior a mil e quinhentos hectares, com ocupação mansa e pacífica, anterior a 1º de dezembro de 2004, efetivada por:
I – pessoa natural que exerça exploração indireta da área ou que seja proprietária de imóvel rural em qualquer parte do território nacional, respeitado o disposto nos incisos I, III e V do caput do art. 5º;
II – pessoa jurídica constituída sob as leis brasileiras, anteriormente à data referida no caput deste artigo, que tenha sede e administração no País, respeitado o disposto nos incisos II e III do caput do art. 5º.

Justificativa do veto
O art. 7º amplia extraordinariamente as possibilidades de legalização de terras griladas, permitindo a transferência de terras da União para pessoas jurídicas, para quem já possui outras propriedades rurais e para a ocupação indireta.
A titulação em nome de prepostos, que no projeto ganha a denominação de "ocupação indireta", é a forma mais evidente de legalização da grilagem. Nas últimas décadas, a região amazônica vem sofrendo com toda a sorte de esquemas de falsificação de documentos em órgãos públicos e cartórios, invariavelmente com a utilização de prepostos que encobertam estratégias de ocupação irregular e concentração fundiária.
A possibilidade de titulação para pessoas jurídicas, além de ampliar as possibilidades de fraude, oferece um caminho rápido e de baixo risco de burla ao disposto no parágrafo primeiro do artigo 188 da Constituição Federal, que condiciona à aprovação do Congresso Nacional a alienação ou concessão de terras públicas com área superior a 2.500 hectares. A titulação de 1.500 hectares a uma empresa e de outros 1.500 ao sócio proprietário dessa mesma empresa, em área contígua, é absolutamente compatível com o projeto aprovado pelo Congresso, mas incompatível com a Constituição Federal.
O art. 7º desrespeita também o disposto no caput do artigo 188 da Constituição Federal ao incorporar formas de regularização completamente estranhas e antagônicas aos objetivos da política agrária, enquanto o comando constitucional determina que a regularização fundiária deve ser compatibilizada a esta

3.Art. 13:
Texto do PLV nº 9, de 2009:
Art. 13. Os requisitos para a regularização fundiária dos imóveis de até quatro módulos fiscais serão averiguados por meio de declaração do ocupante, sujeita a responsabilização nas esferas penal, administrativa e civil, dispensada a vistoria prévia.

Justificativa do veto
O Estado brasileiro não pode abrir mão do instrumento mais importante de controle do processo de regularização fundiária, porque não desenvolveu capacidade organizacional para realizar o processo com a segurança exigida pela sociedade.
A vistoria é fundamental para a identificação da ocupação direta, da utilização indevida de prepostos para ampliar os limites permitidos pelo projeto e, principalmente, da existência de situações de conflito na área a ser regularizada, o que, em muitos casos, pode significar a usurpação de direitos de pequenos posseiros isolados, com dificuldade de acesso à informação, de mobilidade e de reivindicação de seus direitos.
Por meio da regulamentação, pode ser definido procedimentos mais ágeis de vistoria nas pequenas propriedades, de até 1 (um) Módulo Fiscal, conferindo a eficiência desejada na ação de regularização, sem abrir mão dos instrumentos de controle mínimos e da segurança necessária para a sociedade.

Usina Mauá e os riscos para o futuro das águas do Paraná

Com o desvio temporário do Rio Tibagi, foi concluída a primeira etapa da instalação da Usina Hidrelétrica de Mauá, no Paraná. Ocorrido na última terça-feira em clima de comemoração, o evento contou com todo o aparato de propaganda política próprio de uma inauguração pública.

A usina vai alagar uma área de alta biodiversidade entre as cidades de Telêmaco Borba e Ortigueira, numa região que conserva hoje apenas 3,7% de sua mata nativa original. O funcionamento da usina também estará relacionado ao fornecimento de água potável para uma populosa região. Londrina, a segunda maior cidade do Paraná, tem 60% de seu abastecimento fornecido pelo Tibagi. Além disso, o rio tem influência direta na vida de cerca de 40 cidades.

O Rio Tibagi é também importante reserva estratégica de água potável, numa época em que tudo aponta para uma escassez futura. Apesar de todas estas considerações, a construção da Usina de Mauá vem sendo tocada pelo governo feito um trator, passando sobre as opiniões divergentes de técnicos e ambientalistas que vêm alertando há anos sobre os graves impactos ambientais.

Um dos problemas levantados é o do surgimento de algas tóxicas, já que a usina mudará a condição do Tibagi, que de um rio de corredeiras passará a ser de águas quase paradas. Em dezembro do ano passado a própria empresa estadual de saneamento, a Sanepar, acabou concordando com o risco.

Em resposta a questionamentos do Conselho Municipal de Meio Ambiente de Londrina (Consemma) sobre o problema das algas tóxicas, a gerência metropolitana da Sanepar afirmou que além de ser mesmo provável no futuro, a proliferação de algas no manancial já havia ocorrido no ano de 2006, em razão de prolongada estiagem.

Por coincidência, em paralelo com a comemoração do desvio do rio, a Sanepar informava que deve aumentar a rede de captação de água do Tibagi com os financiamentos obtidos este mês junto a Caixa Econômica Federal e o BNDES.

Mas apesar de bastante preocupante, as algas não são a única questão problemática. Na opinião de ambientalistas, a pressa na construção da usina fez o governo deixar de lado até procedimentos básicos no estudo dos impactos e na preservação ambiental.

Nas discussões ocorridas recentemente no Comitê da Bacia do Rio Tibagi, por exemplo, a construção da Usina Mauá foi ignorada. O Comitê aprovou o diagnóstico da bacia sem considerar a obra e, segundo os críticos, baseado apenas em informações superficiais e até falsas.

O mapa da cobertura florestal, segundo Laila Menechino, da Ong Meio Ambiente Equilibrado (MAE), considera um cenário da década de 1920, com a floresta nativa original preservada. “Hoje a bacia tem 3,7% da mata nativa preservada”, ela diz.

Segundo alguns participantes, aconteceram até manipulações para facilitar a aprovação do diagnóstico. Carlos Levy, membro do comitê e secretário do Meio Ambiente de Londrina, reclamou da condução dos trabalhos, afirmando que “enquanto achava que votávamos para aprovar a ata da reunião, estávamos votando para aprovar o diagnóstico”.

Mesmo considerando a vantagem que um empreendimento como a Usina Mauá pode trazer em termos de oferta de energia, não há como deixar de levar em conta que perigos ambientais tão graves exigiriam ação mais cuidadosa, sem falar em seriedade e transparência, até mesmo porque é algo público.

Com o impedimento das opiniões divergentes e o desprezo por estudos sérios e feitos com a intenção de ampliar a compreensão sobre o assunto, o caso da Usina Mauá até levanta suspeitas de que o interesse no efeito eleitoral de uma grande usina hidrelétrica é bem maior que a atenção aos problemas que podem ser causados ao meio ambiente.

Mas os riscos são muito grandes para que se pense tão pequeno. Aqui, vale tanto a frase popular, que diz que “a pressa é inimiga da perfeição”, quanto a alta filosofia, nos conselhos de Karl Popper, que afirma que o risco de futuros eventos indesejáveis exige sempre que se aumente a cautela.

*Movimento Água da Nossa Gente

A colossal galáxia elíptica NGC 1132

Poesia em tempo de fome


poesia em tempo de fome
fome em tempo de poesia

poesia em lugar do homem
pronome em lugar do nome

homem em lugar de poesia
nome em lugar de pronome
poesia de dar o nome

nomear é dar o nome

nomeio o nome
nomeio o homem
no meio a fome

nomeio a fome

Haroldo de Campos

Encontro ou desencontro do PMDB?

O encontro do PMDB ocorrido hoje pela manhã no Jockey Club do Paraná reuniu entre servidores públicos, militantes de base de Curitiba e Região Metropolitana que somados a grande quantidade dos que vieram do interior para fazerem número perto de 1.000 correligionários. Entre eles, pela variedade das camisetas, ficou demonstrado o quanto este amontoado de pessoas é dividido em verdadeiros feudos.

Os mais próximos ao Pessuti apresentavam um modelo diferenciado e estas eram as camisetas mais disputadas pelos que pretendem fazer parte do próximo governo, o que tirou um pouco o brilho das que foram feitas pelo time mais próximo do atual governador ou as vestidas pelo time do Greca, que sonha em ser o vice na próxima disputa.

Nos discursos não ocorreram nenhuma novidade. O Pessuti fez o dele pregando a continuidade do que atualmente tem sido implementado pelo governo Requião, do qual é vice.

O Requião, com a sua versão do arrazoado bolivariano, além de fazer o que considera ser o "resgate histórico" do MDB, partido em que só engressou quando já era PMDB, o que deixa claro o oportunismo em seu discurso, deu claramente a entender que a atual direção nacional partidária está distanciada deste e não representa historicamente o mesmo.

Em relação ao governo Lula, ele embora no começo tenha dito que a eleição do atual presidente tenha tido do ponto de vista nacional e popular uma grande significância, disse que atualmente este representa os setores mais conservadores da sociedade, assim insinuando que o Lula traiu o próprio passado.

No ataque do Requião, fora as insinuações em relação ao Paulo Bernardo e outros que ele descreve como “novos ricos e suas mansões e carrões”, o alvo central do governador foi o Meirelles, ao qual acusou de ser o “representante do grande capital financeiro internacional o principal responsável pela atual situação em que o Brasil se encontra de desindustrialização e de mero fornecedor de commodities". O governador também afirmou que o Pessuti, embora isto contrarie as atuais pesquisas de opinião, “ganha já no primeiro turno”.

Durante o seu discurso o Requião foi pouco aplaudido, só sendo quando citava o nome Pessuti e quando abertamente disse que o partido tinha de radicalizar no combate aos adversários, no que incitou a massa presente a uma atitude raivosa rumo a uma “guerra santa” na defesa da continuidade do que ele considera o “melhor governo que o Paraná já teve”, no caso o seu. Ele afirmou que irá continuar até a convenção nacional com a “sua cruzada” em busca da candidatura a presidência, embora todos saibam que a mesma não tem nenhuma densidade.

Nas rodas que orbitavam o evento a conversa e as preocupações eram outras. Elas iam desde as dos cabos eleitorais trazidos das vilas preocupados com se haveria lanches as especulações sobre quem ocuparia os cargos maiores de governo após a saída do Requião. Como também em relação às incertezas da campanha, hoje dominada pela possibilidade das futuras deserções caso o Pessuti até Junho não atinja a marca dos 15% ou 20%, pois os maiores puxadores de voto, no caso os deputados do partido, estão rebelados.

Na saída o Pessutão teve de suportar um verdadeiro “corredor polonês” composto pelos atuais comissionados que não querem perder a atual posição dentro do governo, inclusive os petistas, e os que almejam tais posições. Entre eles predominava a máxima de que “se a farinha é pouca o meu pirão primeiro”!

É triste a saída do poder, os puxa sacos somem, os empresários não fornecem mais as garrafas para suprir a adega, as carnes exóticas desaparecem dos pratos, os seguranças voltam para o Batalhão de origem, sem helicópteros, sem carros com escolta, sem avião a jato para uso privativo, ninguém mais ri das "piadas", não dá para mandar populares enfiarem a faixa naquele lugar sem também receber uma resposta sem educação, se acabam os olhares melosos das "fãs", etc. etc., .....

Voltando ao Requião, como é triste a saída do poder. De uma hora para outra os "amigos" se afastam indo atrás do "amigão de plantão", que pode ser qualquer um desde que tenha a "caneta pesada".

Lembro de várias destas cenas de "começo e fim de festa", inclusive algumas que me deixaram perplexo. Muitos dos poderosos, que não sei porque possuem baixa alto estima, adoram a figura meiga dos puxa-sacos. No embarque para o poder e durante o mandato estes não questionam ,"adoram" a tudo que o chefe faz, são "poços de elogios". Na saída do "todo poderoso", eles que para manterem os previlégios serviam como capacho e "falavam mau até da própria mãe e davam rasteira no pai", começam a fazer piadas sobre o "nobre patrão", ver defeitos em tudo o que o "rei" faz.

Rei morto, rei posto. Viva o novo rei!

No final só restará um ancião no alto da sua montanha de solidão e pior, como companhia somente os fantasmas do passado!

Lula admite que Jefferson o alertou sobre mensalão

Deu na Folha:
O presidente Lula vai reconhecer pela primeira vez que ouviu em março de 2005 do presidente do PTB, Roberto Jefferson, o alerta sobre o esquema para a compra de congressistas aliados, o mensalão. Isso acontecerá em resposta a questionário do Ministério Público Federal que consta de processo no STF. O mensalão foi revelado em entrevista de Jefferson à Folha três meses depois.

O presidente responderá que não conhece pessoalmente o publicitário Marcos Valério, operador do maior escândalo de corrupção do governo petista. Dirá que o publicitário nunca esteve na Granja do Torto, uma das residências oficiais da Presidência.

Lula afirmará que pediu investigação informal ao então ministro Aldo Rebelo e ao líder do governo na Câmara na época, Arlindo Chinaglia. Segundo Lula, recebeu a resposta de que não havia provas.

Carta aos responsáveis pela tragédia ambiental no Xingu

24 de fevereiro de 2010

Carta de denúncia:

No dia 1º de Fevereiro de 2010 o Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) concedeu a Licença Prévia (LP) para a construção da Usina Hidrelétrica (UHE) de Belo Monte no Rio Xingu no Pará. Este empreendimento é considerado pelo Governo Federal como a principal obra do Programa de Aceleração do Crescimento – PAC – com investimentos divulgados e estimados superiores a R$ 30 bilhões e expectativa de geração de 11.000 kW de energia, o que a tornaria a terceira maior hidrelétrica do mundo.

Exatos 24 dias após a assinatura da LP pelo Diretor do IBAMA, Roberto Messias Franco, integrantes da sociedade civil e de movimentos sociais, representantes e lideranças indígenas, estudantes e trabalhadores vem à sede do IBAMA, na cidade do Rio de Janeiro, com o objetivo de mostrar ao Ministro Carlos Minc, ao Ministro Edson Lobão, a Ministra Dilma Rousseff e ao Presidente Luiz Inácio Lula da Silva que não queremos e não aceitaremos a construção da UHE Belo Monte.

Primeiramente questionamos a viabilidade desta obra, porque não respeita as Oitivas Indígenas, obrigatórias pela legislação brasileira, e pela Convenção 169 da OIT, que garante aos indígenas o direito de serem informados de forma objetiva sobre os impactos da obra e de terem sua opinião ouvida e respeitada.

Cabe ressaltar o grave desrespeito a Convenção 169 da OIT, assinada pelo Presidente Lula em 19 de Abril de 2004, que normatiza o respeito aos Povos Indígenas e ao debate público. A sociedade civil foi afastada das quatro audiências públicas da UHE Belo Monte realizadas entre os dias 9 e 15 de setembro de 2009, já que foram realizadas em localidades distantes e sem condições para a participação da maioria da população atingida.

Consideramos que os estudos e relatórios técnicos para a concessão da LP de Belo Monte estão incompletos e favorecem alguns interesses políticos e econômicos, já que negligenciam ou subdimensionam gravíssimos impactos ambientais e sociais negativos oriundos do projeto da UHE Belo Monte.

Repudiamos o fato de que técnicos do IBAMA, contrários a LP, foram afastados ou tiveram que se afastar o que evidencia de que o procedimento científico para avaliar os impactos ambientais não passa de mera formalidade – abrindo perigoso precedente, e que esta decisão é, portanto, vertical, vindo de cima para baixo, não respeitando a independência dos funcionários do Instituto.

Parece-nos inadmissível e autoritário o posicionamento da Advocacia Geral da União de ameaçar o Ministério Público por sua atuação e ação pública de questionar os procedimentos que permitiram a concessão da LP, levando assim a voz e a indignação da sociedade civil e dos povos indígenas do Xingu à esfera institucional.

Belo Monte já é, sem dúvida, um dos maiores crimes ambientais da história. No entanto, a história ainda pode absolver seus culpados, porque ainda é possível anular esta primeira LP concedida. Há mais de vinte anos os guerreiros povos do Xingu lutam contra essa usina, planejada na década de 70 como mais uma das grandes obras projetadas durante a ditadura militar. Até parece uma ironia um governo formado, em sua maioria, por aqueles que lutaram contra um governo autoritário quererem agora empurrar de qualquer forma este projeto.

Por outro lado, a história pode dar a estes a possibilidade de ficarem marcados como aqueles que enterraram de vez este empreendimento.

Sempre existe tempo para refletir, reconhecer o erro, voltar a atrás, e a partir daí, andar para frente! É por isso que clamamos para que anulem já esta LP e respeitem os povos da floresta, a democracia e a legislação brasileira!

Apoiamos os movimentos contrários a Usina Hidrelétrica de Belo Monte e as ações públicas contra esta usina.

A sociedade civil está atenta e os povos indígenas em alerta!

Vamos reescrever essa história!

É por isso que lutamos por um Xingu Vivo para Sempre!

Brasileiro denuncia tratamento 'escravo' em relatório britânico

BBC

Comissão de Direitos Humanos do país levantou inúmeros maus-tratos na indústria de carne.


Um relatório divulgado neste sábado pela Comissão de Direitos Humanos e Igualdade (CDHI) do governo da Grã-Bretanha afirma que milhares de empregados da indústria britânica de processamento de carne sofrem maus-tratos.

O documento afirma que um em cada cinco empregados do ramo já foi empurrado ou agredido e destaca a denúncia de um brasileiro que trabalha no leste da Inglaterra.

"Eu nunca vou me esquecer daquilo. Não sou escravo, só não falo inglês. Ele falou comigo como se eu fosse um animal ou alguma coisa assim. É tão horrível. Às vezes nem consigo dormir à noite, porque no dia seguinte preciso ir para aquele lugar horrível outra vez", diz o brasileiro no relatório.

Entre as denúncias ouvidas pela comissão estão funcionários que teriam sido alvo de hambúrgueres congelados atirados por gerentes e mulheres grávidas que teriam sido obrigadas a ficar de pé durante longos períodos ou mesmo carregar peso, sob ameaças de demissão.

Imigrantes

Abusos verbais seriam ainda mais comuns. De acordo com a comissão, um terço dos entrevistados foi vítima ou testemunhou agressões verbais no local de trabalho.

Mesmo ir ao banheiro pode ser um problema para empregados da indústria da carne, segundo o relatório da CDHI. Há denúncias de pessoas que se sentem humilhadas por acabar se urinando na linha de produção, depois de não obter autorização para ir ao banheiro.

O relatório é especialmente revelador sobre as condições enfrentadas por imigrantes, já que um terço dos empregados permanentes e dois terços dos temporários seriam estrangeiros, embora a comissão destaque que o tratamento dispensado aos britânicos seja igualmente ruim.

Segundo o levantamento algumas agências de emprego que trabalham para a indústria da carne ameaçam imigrantes de não lhes oferecer mais trabalho caso não aceitem as ofertas imediatamente. Mesmo mulheres grávidas ou pessoas doentes seriam forçadas a aceitar trabalhos, até depois de longas jornadas.

Entre os entrevistados da comissão, 70% afirmaram ter sido tratados de forma diferente tanto por empregadores quanto por agências de trabalho por causa de sua raça ou nacionalidade.

Favorecimento

A CDHI também afirma que vários disseram que gerentes estrangeiros tendem a favorecer seus conterrâneos no que diz respeito à alocação, escalas e acesso a equipamento de proteção, além de facilitar a contratação para cargos permanentes.

A reclamação mais comum é que determinadas nacionalidades frequentemente são escolhidas para realizar as tarefas mais pesadas ou desagradáveis.

A comissão descobriu que a falta de domínio do inglês é um fator importante no tratamento dispensado aos funcionários. Aqueles que não dominam a língua acabam sendo vítimas mais frequentes de maus tratos.

O relatório afirma que 80% da carne processada pela indústria de processamento é fornecida às grandes redes de supermercados e sugere que essas cadeias assumam uma responsabilidade maior pelas condições de trabalho na indústria como um todo. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

O isolamento, a deposição e a volta do Getúlio


O Getúlio, aliado aos fascistas, em contraposição e para o aniquilamento do movimento comunista (levante de 35) e do anarco sindicalista que o enfrentaram outorga um Estado paternalista que em parte se antecipou as reivindicações do movimento operário.

Em conjunto com a forte repressão que o seu governo desencadeou - cuja estrutura repressiva de Estado era comandada pelos integralistas (Filinto Muller, Mourão, etc.) - ele subtraiu a fala dos trabalhadores organizados e está é redesenhada pelo seu projeto político-ideológico de poder e devolvida ao mundo do trabalho sob a forma paternalista de "conquistas do governo Getúlio Vargas". Ao mesmo tempo em que estas medidas anulam a esquerda elas também causaram profunda irritação nos ex-aliados da direita oligárquica (integralistas, etc.), que no pós-guerra aliados aos norte americanos o derrubam de seu primeiro governo.

A articulação pró-submissão aos EUA começou logo no pós guerra com a morte do Roosevelt e o fim do "New Deal" internacional (cooperação econômica, desenvolvimento, etc.). Neste momento os EUA altamente fortalecidos econômico e militarmente, com seu parque industrial intacto, parte para buscar a hegemonia global pela ocupação de novos mercados e o "aliado" Getúlio se torna um obstáculo.

Com a derrubada do Getúlio o general Dutra, ex-ministro do Exército, assume pela via eleitoral o poder e com o apoio do Getúlio, que acredito que tenha sido enganado pela frente política formada. Aos pouco o Brasil rompe com o seu processo nacional desenvolvimentista soberano.

O Dutra embora tenha investido em obras estruturais (Plano Salte) abre as portas para a entrada dos norte americanos (Bethlehem Steel, etc.). Na realidade ele ficou refém da oligárquica proto burguesia, agora com a "democracia" fortalecida, sendo que para a qual as políticas do Estado tornaram-se um obstáculo, e estes (UDN, etc.) se aliam aos EUA e submissos aos interesses internacionais passam a interferir mais de perto nas decisões governamentais.

O processo liberalizante da economia, por pressão da UDN, leva a redução da intervenção do Estado nas relações de produção, cujo objetivo era facilitar o acúmulo de capital à custa de baixos salários, o que estimulou a vinda e a expansão das empresas estrangeiras, abriram-se as portas da economia brasileira a inúmeras importações dos EUA de bens supérfluos. Esta última medida trouxe reflexos funestos para a economia nacional, de vez que se esgotaram as reservas cambiais adquiridas ao longo da II Guerra.

Para o povo começa outro período de perda de direitos com a flexibilização das relações trabalhistas como o aumento da repressão ao movimento social (limitou o direito de greve, interveio em sindicatos), que deságua no rompimento com a Rússia e o fim da tolerância a existência do PCB. O povo exige a volta do Getúlio e ele volta ao poder, inclusive com o apoio dos comunistas, pois o seu novo discurso era democrático popular e nacional desenvolvimentista. Este curto período de governo foi duramente atacado e novamente isolado pelos seus ex-aliados da direita oligárquica de outrora, o que acaba por o levar ao suicídio.

 
Design by Free WordPress Themes | Bloggerized by Lasantha - Premium Blogger Themes | belt buckles