quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Com reservatórios no limite, 90% dos municípios no Nordeste pedem ajuda



 Com os reservatórios no limite, o abastecimento d´água está comprometido até mesmo nas grandes barragens, Os representantes do DNOCS, IDEPI, Defesa Civil, Corpo de Bombeiros e Chesf analisam a abertura das comportas das barragens para perenizar os rios secos e abastecer pequenas barragens para aumentar a oferta de água, principalmente no semiárido. A preocupação das autoridades é ter uma água de péssima qualidade e afetar ainda mais o consumo humano. 90% dos municípios (200 dos 224) decretaram estado de emergência e aguardam reconhecimento da situação pelo Governo.
Segundo informações da Defesa Civil e DNOCS, a água tipo 1 é para abastecimento humano, a água tipo 2 é para consumo animal. Boa parte dos reservatórios já está comprometida e a água é do tipo 2 e tipo 3, que só serviria para irrigação. Mesmo assim, as pessoas disputam água com os animais. O maior reservatório d´água do Piauí é a barragem de Boa Esperança e está com 21,6% da capacidade de reserva. É considerado um dos níveis mais baixos em 80 anos. As comportas da barragem são controladas pela CHESF.
Os reservatórios da região estão em estado de alerta. O volume de chuva que tem caído nas principais bacias da região é o pior dos últimos 83 anos, o que tem dificultado a recuperação dos reservatórios. A grande maioria dos açudes localizados no sertão está com 30% da sua capacidade, por conta da falta de chuva.
O quadro é de desolação no semiárido, que enfrenta uma das piores secas dos últimos anos, desde a dificuldade de água para beber à destruição de plantações e perda de animais. São 178 municípios reconhecidamente em estado de emergência.
No Piauí, são 178 os municípios que vivenciam problemas já expressos em alguns números da secretaria estadual de Defesa Civil. Mas 200 prefeitos decretaram estado de emergência e aguardam o reconhecimento da situação.
Os criadores estão se desfazendo dos seus animais porque falta ração, falta capim, falta alimento e de água, devido a estiagem. Mas nem todos os criadores têm a sorte de conseguir vender suas reses, os bichos estão muito magros e debilitados. As famílias não passam fome por conta dos programas sociais como o bolsa família e o seguro safra. Aumentou o número de carros pipas. Alguns municípios têm os pipas como única fonte de abastecimento d'água no semiárido. (AE)

Cientistas descobrem molécula que obriga célula cancerígena a "se matar"


Cientistas americanos descobriram uma molécula que obriga às células cancerígenas a comportar-se como as saudáveis, o que inclui sua própria morte quando têm algum problema, segundo um estudo publicado nesta quarta-feira 30.
A descoberta pode servir como base para um novo tratamento contra o câncer, segundo explicou à Agência Efe o geneticista Adrian Krainer, do laboratório Cold Spring Harbor, de Nova York, autor principal do artigo publicado pela revista científica Open Biology, da Royal Society de Londres.
Os pesquisadores, que basearam seu estudo em um tumor cerebral, descobriram que as células cancerígenas provocam uma mutação no gene PK-M, que começa a produzir uma proteína que estimula seu crescimento, a uma velocidade muito maior que as saudáveis.
"Aparentemente, para que um tumor prolifere e sobreviva, ele precisa de uma grande quantidade desta proteína" que está presente apenas nas células cancerígenas, apontou o cientista.
No artigo publicado nesta quarta-feira, Krainer apresenta uma molécula com a qual conseguiu deter a produção desta proteína prejudicial em um glioblastoma - um tumor cerebral -, e fez com que suas células malignas voltem a comportar-se segundo os padrões de uma célula saudável.
Isto significa também que as células do tumor voltaram a respeitar a apoptose, a morte celular programada, um processo pelo qual as células com problemas provocam sua própria morte.
O cientista confia que esta molécula sirva de base para novos tratamentos contra todo tipo de câncer, mas reconhece que a pesquisa se encontra em fase inicial e ainda é necessário medir sua eficácia em ratos vivos e avaliar possíveis efeitos colaterais. (Efe)

Autópsia da sombra: Entrevista dada por Marival Chavez, ex-sargento que transitava no mundo clandestino da repressão militar, em 1992

Marival Dias Chaves do Canto tem 45 anos, é moreno, musculoso e está bem conservado para a idade. Nascido na Bahia, morou muitos anos em São Paulo e hoje é dono de um modesto negócio em Vitória, no Espírito Santo. Visto à distância, é um cidadão como qualquer outro. De perto, tem algumas peculiaridades. Chaves, como é conhecido, é um homem tenso, habituado a represar suas emoções. Usa um linguajar que mistura termos policiais e políticos. No seu vocabulário, aparecem com freqüência palavras como "subversivos", para designar os militantes de organizações de esquerda, ou "elemento", quando se refere a uma pessoa qualquer. Na semana passada, Chaves encerrou uma longa série de depoimentos a VEJA e, nas páginas do seu relato, constata-se que Chaves está mesmo longe de ser um cidadão tranqüilo. Ele é o primeiro ex-agente dos órgãos de informação do Exército a contar tudo o que sabe, com os terríveis e esclarecedores detalhes sobre a barbárie dos porões dos anos de chumbo da ditadura militar.
Há mais de uma década, o ex-sargento Chaves vem amadurecendo sua decisão de falar. Quando ainda transitava pelo ventre da besta, entrando e saindo das masmorras de tortura e gastando horas lendo depoimentos de presos políticos. Chaves preocupava-se em memorizar e anotar detalhes. No mês passado, entendeu que a decretação do impeachment do presidente Fernando Collor mudara o país e, em especial, as Forças Armadas, que se mantiveram na legalidade de meras espectadoras da crise. Resolveu contar tudo. Há duas semanas, chamou a mulher e as duas filhas, de 16 e 18 anos, para dizer pela primeira vez que atuava na repressão militar. No início, elas reagiram assustadas. Mais adiante, emocionadas, acabaram estimulando sua decisão de falar. Uma de suas filhas havia saído às ruas para pedir o afastamento de Collor, engrossando o movimento dos caras-pintadas e relembrando os anos rebeldes, e só depois soube que o pai participara ativamente daquele período. "Elas acharam que era importante contar tudo para passar essa parte da História a limpo", afirma Chaves. Tinham razão.
VISITA À PONTE - O dramático relato do ex-sargento sobre a vida e morte nos porões não tem a abrangência cronológica dos vinte anos de ditadura, muito menos o peso do relato de alguém que coordenou as ações e, portanto, contava uma visão global do assunto. A partir da derrubada do presidente João Goulart em 1964, começou a ser deflagrada uma guerra suja e surda no Brasil. Foi menos violenta do que na Argentina, onde houve quase 10.000 desaparecidos. Mas o ciclo da ditadura no Brasil colocou em ação 13.000 militantes de esquerda, distribuídos em 29 organizações que pegaram em armas e outras 22 que optaram pela chamada resistência pacífica. Do outro lado da trincheira, havia pelo menos 400 militares envolvidos diretamente em operações clandestinas. Nesse embate, terroristas assaltaram bancos, seqüestraram e assassinaram. Do outro lado, prenderam pessoas ilegalmente, torturaram e mataram. No total, mais de 4.600 pessoas tiveram seus direitos políticos cassados, cerca de 10.000 foram exiladas e, na lista dos desaparecidos, existem 144 nomes.
O depoimento de Chaves é um relato parcial. Sua importância reside em mostrar por dentro, e pela primeira vez, a rotina da repressão política. Cuidadoso, o ex-sargento falou apenas do que tem certeza e calou sobre as dúvidas. Na tarde de sexta-feira da semana passada, chegou a tomar um avião para São Paulo e ir à Rodovia SP-255, que dá acesso à cidade de Avaré, no interior do Estado. Ali, há duas pontes. Chaves queria vê-las para saber de qual delas eram jogados os corpos de presos assassinados. Estava satisfeito com seu desabafo. "Foi a cúpula militar que se beneficiou com cargos e funções na época da repressão", afirma. "A grande maioria silenciosa queria o Exército profissional, como ele é hoje."
Nos porões, Chaves garante que nunca torturou nem teve envolvimento direto com assassinatos ou ocultação de cadáveres. "Se tivesse feito isso, não estaria dando esse depoimento", diz. Sua missão era avaliar os depoimentos dos presos e cruzá-los com as informações repassadas ao Exército pelos militantes de esquerda que haviam se convertido em informantes. Em 1965, entrou para o Exército, servindo no Arsenal de Guerra em São Paulo. Três anos mais tarde, já sargento, teve o primeiro contato com atividades de informação. "Ficamos sabendo que a vanguarda Pós-Revolucionária, do capitão Carlos Lamarca, estava pintando um canhão com as cores das Forças Armadas para usar numa ação terrorista", relembra Chaves. Depois de fazer cursos de operação na selva, Chaves foi para o Destacamento de Operações de Informações, o DOI, chefiado pelo coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra. Começava seu convívio com o porão.
PEDIDO DE DEMISSÃO - O ex-sargento Chaves trabalhou no DOI paulista até 1976. Dali, mudou-se para Imperatriz, no Maranhão, onde servia num Batalhão de Infantaria da Selva. De Imperatriz, passou por Manaus, até ser destacado para servir em Brasília, no Comando Militar do Planalto, em 1980. No ano seguinte, Chaves, passou para o Centro de Informações do Exército, que comandava as operações do porão. Nessa época, chegou a ser destacado para fazer a segurança do então ditador da Argentina, Leopoldo Galtieri, durante uma visita ao Brasil. Em 1985, tomou uma decisão rara na caserna. Pelos trâmites burocráticos normais, encaminhou uma correspondência pedindo sua demissão do Exército. "Foi duro. Perdi noites de sono, caminhando pela casa, até resolver que não era mais possível suportar aquela pressão", conta. Com sua demissão, Chaves renunciou a mais de vinte anos de sua carreira militar e perdeu todos os benefícios que recebem os militares quando passam para a reserva. Se tivesse permanecido, seria capitão. Hoje, Chaves é um ex-sargento, com a vantagem de que não pode ser punido pelas suas revelações.
A lei da barbárie
Num relato sobre a selvageria do
porão, 
o ex-sargento conta como
eram mutilados, esquartejados e
ocultados os corpos de presos políticos
Há um ano, o editor Expedito Filho conversou pela primeira vez com o ex-sargento Marival Dias Chaves do Canto, que trabalhou dezessete anos como agente do Destacamento de Operações Internas, o DOI-Codi, em São Paulo, e do Centro de Informações do Exército, em Brasília. Há três semanas, Chaves, especializado em análise de informações, decidiu enfim revelar tudo o que sabe sobre prisão, tortura, assassinato e desaparecimento de cadáveres de presos políticos. Foram mais de vinte horas de entrevista, cujos principais trechos são publicados a seguir:
VEJA - Como eram mortos os presos políticos?
CHAVES - Sei que em São Paulo alguns morriam na tortura. Os que resistiam eram liquidados pelos agentes da repressão política com uma injeção usada para matar cavalos de até 500 quilos. A injeção era aplicada na veia do preso político, que morria na hora. Quem já assistiu a uma cena dessas sabe que é uma das coisas mais grotescas e repugnantes que se pode fazer a um ser humano. Eles matavam e esquartejavam. Agentes que estiveram numa casa mantida pelo Centro de Informações do Exército em Petrópolis, no Rio de Janeiro, me contaram que os cadáveres eram esquartejados, às vezes até em catorze pedaços, como se faz com boi num matadouro. Era um negócio terrível. Eles faziam isso para dificultar a descoberta e a identificação do morto. Cada membro decepado era colocado num saco e enterrado em local diferente. A casa de Petrópolis foi onde o Centro de Informações do Exército mais matou presos e ocultou cadáveres. Os militantes detidos em diversas regiões do país eram enviados dos Estados diretamente para Petrópolis.
VEJA - Quantas casas de tortura e morte eram mantidas pelo Centro de Informações do Exército?
CHAVES - Do final da década de 60 até o início dos anos 70, havia uma casa no bairro de São Conrado, no Rio. Depois, por razões de segurança, mudou-se o centro de tortura e morte para Petrópolis. Eram levados para lá os presos condenados à morte, mas alguns conseguiram sobreviver. Em 1972, o II Exército, em São Paulo, montou os seus centros clandestinos de tortura e assassinatos. Durante um curto período, o Destacamento de Operações de Informações, o DOI, utilizou um sítio na região sul de São Paulo. Ali foram assassinados Antônio Bicalho Lana e a sua companheira Sônia Moraes, ambos da Ação Libertadora Nacional, a ALN.
VEJA - Mas a versão oficial é de que Lana e Sônia teriam morrido durante um tiroteio...
CHAVES - É mentira. Eles foram torturados e assassinados com tiros no tórax, cabeça e ouvido. Os cadáveres foram colocados no porta-malas de um carro e levados até o bairro de Santo Amaro, na Zona Sul de São Paulo. Ali, encenou-se a farsa do tiroteio para simular a morte deles.
VEJA - Depois de abandonar esse sítio, o Destacamento de Operações de Informações abriu outro em São Paulo?
CHAVES - Sim. Era uma época de matança febril. No final de 1973, o DOI usou uma casa no bairro do Ipiranga, na Zona Sul de São Paulo. Nesse período montou outro centro clandestino na estrada de Itapevi. Entre 1965 e 1966, funcionou ali uma boate chamada Querosene, que pertencia ao irmão do então subtenente Carlos, fundador da Operação Bandeirantes, a Oban. Só em 1975, por questões de segurança, o cárcere de Itapevi foi substituído por uma fazenda, na beira da Rodovia Castello Branco, a 30 quilômetros de São Paulo. A fazenda era de um amigo do major do exército André Leite Pereira Filho.
VEJA - Como eram equipados os centros de matança?
CHAVES - Eles tinham as coisas de uma casa normal, além dos aparatos de repressão. Nas casas do Ipiranga e da estrada de Itapevi, havia até grilhões para acorrentar os pés e as mãos dos presos às camas e a blocos de cimento.
VEJA - A ocultação dos cadáveres era uma operação improvisada ou havia algum plano?
CHAVES - Matar subversivos era uma atividade altamente profissional. Nas casas de São Paulo, havia uma equipe especializada na ocultação dos cadáveres. Os agentes sabiam exatamente o que fazer. Primeiro, amputavam as falangetas dos dedos, para evitar que os mortos fossem reconhecidos através das impressões digitais. Depois, amarravam as pernas para trás, de que forma que o corpo ficasse reduzido à metade, e esfaqueavam a barriga. O esfaqueamento era para evitar que o corpo, se jogado num rio, viesse à tona algum tempo depois. Eles também colocavam o corpo dentro de um saco e amarravam-no num concreto, de 40 a 50 quilos, para garantir que o corpo ficaria no fundo do rio.
VEJA - Há dezenas de famílias que até hoje não sabem onde encontrar os corpos dos seus parentes. O senhor tem idéia de onde eram enterrados?
CHAVES - Tenho. Boa parte dos mortos não está sob a terra mas sob a água. Se alguém fizer uma busca no rio debaixo de uma ponte que fica na estrada que liga a cidade de Avaré, no interior de São Paulo, à Rodovia Castello Branco, poderá achar muitos corpos. Existe ali um cemitério debaixo d'água.
VEJA - O senhor sabe identificar alguns esaparecidos que estejam no rio de Avaré?
CHAVES - Conheço a identidade de oito deles, todos do Comitê Central do Partido Comunista Brasileiro - o antigo PCB. Boa parte deles caiu nas mãos da repressão durante a Operação Radar.
VEJA - O que foi essa Operação Radar?
CHAVES - Foi uma grande ofensiva do Exército, iniciada em 1973, para dizimar o PCB. A Operação Radar culminou com a apreensão da gráfica do jornal Voz Operária, do PCB.
VEJA - Foi nessa operação que parte do Comitê Central do PCB foi capturada?
CHAVES - Sim, e depois jogada no rio de Avaré. É o caso de Hiram de Lima Pereira, interrogado em Itapevi, e de Luís Inácio Maranhão Filho, preso em São Paulo em 1974. Levado para Itapevi, Maranhão Filho morreu com a injeção para matar cavalo. João Massena Melo é outro. Também está no rio e morreu com a injeção para cavalo. Orlando Bonfim Júnior, da cúpula do PCB, está no rio de Avaré. Bonfim foi preso no Rio pelo Destacamento de Operações de Informações de São Paulo e levado para o cárcere na Rodovia Castello Branco. Outro que está no rio é Elson Costa, assassinado em 1975. Ele era o encarregado da seção de agitação e propaganda do partido. Na casa de Itapevi, foi interrogado durante vinte dias e submetido a todo tipo de tortura e barbaridade. Seu corpo foi queimado. Banharam-no com álcool e tocaram fogo. Depois, Elson ainda recebeu a injeção para matar cavalo. O corpo de Itair José Veloso também foi jogado da ponte. Ele foi preso no Rio, pelo DOI de São Paulo. Era o inverno de 1975 e o que o levou à morte foi banho de água gelada. Morreu de choque térmico.
VEJA - Por que o DOI de São Paulo fazia prisões no Rio?
CHAVES - Durante a Operação Radar, o DOI de São Paulo passou a fazer uma série de operações no Rio de forma absolutamente clandestina e ilegal. O Rio não era área de jurisdição do DOI de São Paulo.
VEJA - Como era a rivalidade entre os órgãos de informação do Exército, da Marinha e da Aeronáutica?
CHAVES - Existia uma rivalidade grande entre o Centro de Informações do Exército e o Centro de Informações da Marinha, o Cenimar. O Centro de Informações e Segurança da Aeronáutica, o Cisa, chegou a juntar-se ao Exército numa campanha contra os arapongas da Marinha. Era uma confusão.
VEJA - Voltando ao rio de Avaré. O senhor falou em oito nomes, mas contou só seis.
CHAVES - Um é Jayme Amorim de Miranda, também preso na Operação Radar, numa das incursões do DOI de São Paulo ao Rio. Foi transferido para Itapevi. Seu irmão Nilson Miranda, que era secretário-geral do PCB de Porto Alegre, estava preso no Ipiranga. Um não sabia onde estava o outro. O Nilson sobreviveu. O último corpo que sei ter sido jogado da ponte é o de José Montenegro de Lima. Mas esse é um caso especial.
VEJA - Especial por quê?
CHAVES - Porque mostra que dentro dos órgãos de repressão também havia uma quadrilha de ladrões. Logo depois da invasão da gráfica do Voz Operária, Montenegro recebeu do partido 60.000 dólares para recuperar uma estrutura de impressão do jornal. Uma equipe do DOI prendeu Montenegro, matou-o com a injeção, e depois foi na sua casa pegar os 60.000 dólares. O dinheiro foi rateado na cúpula do DOI.
VEJA - Até agora o senhor falou de gente presa no Rio e levada para São Paulo. E no sentido inverso?
CHAVES - Também havia. É o caso de Issami Okano, da ALN, e de Walter de Souza Ribeiro, do PCB. Também morreram em Petrópolis David Capistrano (pai do candidato à prefeitura de Santos pelo PT, David Capistrano Filho) e José Romam, ambos do PCB. O major Brand chefiava a equipe que os prendeu. Capistrano foi levado para o Rio. Ambos foram mortos em Petrópolis, onde a prática de ocultação dos corpos era através do esquartejamento. Foi o caso também de Ana Rosa Kucinski e seu marido, Wilson Silva. Foram delatados por um cachorro, presos em São Paulo e levados para a casa de Petrópolis. Acredito que seus corpos também foram despedaçados.
VEJA - O que eram os "cachorros"?
CHAVES - Era assim que chamávamos os infiltrados. Os militantes de grupos. de esquerda que colaboravam com a repressão, contando os planos das suas organizações e delatando seus companheiros.
VEJA - O senhor coordenava os cachorros?
CHAVES - Não. Meu trabalho consistia em fazer a  análise de informações. Eu lia os depoimentos de presos políticos tomados sob tortura e examinava as informações enviadas pelos nossos infiltrados no PCB, na ALN, no PC do B e na VAR-Palmares. Também fazia coleta de dados, investigações, vigilância e escuta telefônica. Quem coordenava os cachorros era um oficial. Tivemos o doutor Patrício e o doutor Jairo, que conheço só pelos codinomes.
VEJA - O senhor conheceu algum infiltrado?
CHAVES - Conheci vários. Severino Teodoro de Mello, do PCB, João Henrique Ferreira de Carvalho, o "Jota", da ALN. Sabia também de três infiltrados do PC do B. Eram o Luciano Rosa de Siqueira, o advogado Hamilton de França e o médico Fiúza de Mello. Todos trabalhavam para o Exército.
VEJA - Como se convencia esses militantes a fazerem espionagem para o Exército?
CHAVES - Não havia um modelo. Teodoro de Mello, por exemplo, foi preso em 1974 e levado para Itapevi. De lá, foi transferido para outro cárcere, na cidade de São Paulo. Depois de interrogado, ele assinou um contrato de trabalho e recebeu uma importância em dinheiro. Não me lembro quanto.
VEJA - Como foi a cooptação de Luciano de Siqueira, do PC do B?
CHAVES - Luciano virou cachorro numa operação do Centro de Informações do Exército em Pernambuco, que visava desmantelar a Ação Popular, a AP, e o próprio PC do B. Nessa operação, ele foi preso, torturado e virou infiltrado. Em 1977, quando o general Sylvio Frota foi demitido do Ministério do Exército, o Centro de Informações do Exército abandonou todos os cachorros e só restabeleceu contato com eles em 1982. Participei desse recontato, que foi chefiado pelo Paulo Malhães. Não estive pessoalmente com Luciano, mas sei que ele morava no bairro Janga, próximo a Olinda, Pernambuco.
VEJA - Que tipo de informação os cachorros passavam?
CHAVES - O Luciano Siqueira fez várias tarefas. Foi ele quem permitiu a prisão de muita gente da AP e do PC do B no Nordeste. Em 1982, quando o PC do B estava lançando candidatos a deputados pelo PMDB, ele fez relatos detalhados sobre essas reuniões. Quando estava em São Paulo, participando de reuniões do partido, ele em coordenado pelo coronel Ênio da Silveira. Já o Teodoro de Mello, do PCB, foi quem elucidou uma série de dúvidas durante a Operação Radar. Ele ajudou a identificar muita gente que só conhecíamos pelo nome de guerra. Com isso, descobrimos que era gente graúda, da direção do partido. Mello foi um divisor de águas. A partir de suas informações, foi possível prender, torturar e assassinar vários comunistas.
VEJA - O CIE dava algum tipo de proteção aos cachorros?
CHAVES - Claro. Às vezes até os companheiros dos cachorros se beneficiavam disso. Dou um exemplo. O Alanir Cardoso, ex-preso político, até hoje diz que Luciano Siqueira não era infiltrado porque não contou que tinha um encontro com Alanir marcado para o dia seguinte à sua prisão. Só que se prendêssemos Alanir ficaria evidente que Luciano era um infiltrado.
VEJA - Mas não havia segurança direta para os cachorros?
CHAVES - Havia. Em 1975, Teodoro de Mello viajou acompanhado por uma equipe de agentes do Destacamento de Operações de Informações, chefiada pelo coronel Ênio da Silveira, até Rivera, no Uruguai. Fiz contato pessoal com Mello durante o trajeto. Sozinho, ele poderia ter problemas com autoridades no sul, já que era procurado por toda parte.
VEJA - Não seria mais prático deixar Mello no Brasil?
CHAVES - Ele tinha de sair do país porque nessa fase o PCB estava sofrendo muitas baixas em função da repressão. Era perigoso que ele continuasse no Brasil. Ele era infiltrado do Destacamento de Operações de Informações e poderia ser preso por um outro órgão, como o Cenimar da Marinha, ou o Dops. Na Argentina, ele se encontraria com o dirigente comunista Armando Ziller e depois iria para a União Soviética. Em Moscou, trabalhou como secretário de Luís Carlos Prestes, secretário-geral do partido, e chegou a mandar de lá cartas para o coronel Ênio da Silveira, relatando os planos dos dirigentes comunistas brasileiros.
VEJA - Havia algum cachorro que trabalhasse tão bem a ponto de servir como modelo?
CHAVES - Sim, o João Henrique de Carvalho, o "Jota". Ele deu o tiro de misericórdia na ALN e em outras organizações que tinham ligações com a ALN. Por seu trabalho, Jota era citado pela antiga Escola Nacional de Informações como modelo de infiltrado.
VEJA - Jota contribuía diretamente para a morte de alguns de seus companheiros?
CHAVES - Sem dúvida. A delação dele permitiu a eliminação de pelo menos umas vinte pessoas. Ele é responsável pela morte de Antônio Bicalho Lana e sua mulher, Sônia Moraes. Também delatou Issami Okano, de ALN. A partir de 1973, Jota delatou todos os comandos da ALN. Foi por causa do seu trabalho que Wilson Silva e sua mulher, Ana Rosa Kucinscki, foram presos, torturados e mortos.
VEJA - O senhor tem alguma informação sobre a morte do jornalista Wladimir Herzog, em 1975?
CHAVES - Quem pode esclarecer tudo sobre a morte de Herzog é o major André Leite Pereira Filho. Ele era o chefe das equipes de interrogatório, inclusive da que matou Herzog.
VEJA - O senhor sabe o paradeiro do ex-deputado Rubens Paiva?
CHAVES - Ele foi levado por um destacamento do I Exército para a casa de Petrópolis, onde o mataram. Usaram o método de cortar o corpo aos pedaços e enterrar em locais diferentes.
VEJA - Mas Amilcar Lobo, o médico do Exército que costumava tratar dos torturados, garante que atendeu Rubens Paiva no quartel da Polícia do Exército do Rio de Janeiro...
CHAVES - A ex-guerrilheira Inês Etienne já desmentiu Amilcar Lobo. Ele pode ter visto Rubens Paiva vivo na Polícia do Exército, mas ele morreu em Petrópolis. Todo mundo sabe que Amilcar Lobo atendia os torturados na casa de Petrópolis. Além disso, duas pessoas participaram do episódio Rubens Paiva: os irmãos Jacy e Jurandyr Ochsendorf e Souza.
VEJA - É verdade que alguns desaparecidos foram enterrados numa fazenda em Rio Verde, no interior de Goiás?
CHAVES - Márcio Beck Machado e Maria Augusta Thomaz, ambos do Movimento da Libertação Popular, o Molipo, foram mortos e enterrados numa fazenda de Rio Verde. Grupos de direitos humanos estavam próximos de chegar ao local onde eles estavam enterrados. Mas o Centro de Informações do Exército soube da atividade dos grupos de direitos humanos e, através do major Leite Pereira, montou uma equipe para desenterrar os cadáveres e sumir com os corpos. Só o major pode dizer onde os dois estão hoje.
VEJA - Há muita mentira sobre o destino de presos políticos?
CHAVES - Acho que nunca se mentiu tanto nem se cometeu tanta atrocidade. Há inúmeros exemplos. A repressão fez noticiar que João Batista Franco Drummond, do PC do B, morrera num atropelamento. Mentira. Ele morreu no Departamento de Operações de Informações do II Exército. Foi torturado, escapou da segurança, subiu numa torre de transmissão e de lá voou para a morte. Eduardo Leite, da Ação Libertadora Nacional, foi preso em 1970 pela equipe do delegado Sérgio Paranhos Fleury e ficou na casa da morte de São Conrado. Depois, foi transferido para São Paulo e assassinado. Para despistar, fizeram um teatrinho.
VEJA - O que eram esses teatrinhos?
CHAVES - O preso morto era levado para um local público, onde equipes do DOI simulavam um tiroteio com mortes. Na hora de levar o "corpo" para o IML, faziam-se substituições. O agente que se fingiu de morto era substituído pelo corpo do preso. No IML o legista Harry Shibata e outros legalizavam a morte em combate.
VEJA - Não havia entre os agentes algum comentário de repúdio a essa matança, alguma indignação?
CHAVES - Pelo contrário. Os comentários eram ufanistas. No caso da prisão de Antônio Bicalho Lana houve vibração. Na repressão existiam dois tipos de pessoa. O primeiro, com vocação para matar, inspirado pelo ódio. O outro, não tinha vocação para o crime, mas estava impregnado pela doutrina da segurança nacional. Esses matavam por achar que estavam salvando o país do comunismo.
VEJA - Como o senhor se sentia diante disso?
CHAVES - Muito mal. Cheguei a passar muitas noites sem dormir. Mas procurava levar uma vida normal. Anotava alguns relatos em folhas de papel e ficava pensando no dia em que contaria tudo. Eu era um homem acuado. Não tinha amigos e não podia desabafar sequer com minha mulher. Ao acordar, enfrentava a mesma rotina. Era um horror.
VEJA - Como se comportavam os que comandavam a repressão? Eram pessoas violentas no dia-a-dia?
CHAVES - O coronel Ênio da Silveira era extremamente violento. Para ele, a doutrina de segurança nacional estava acima de qualquer coisa. Ele tinha curso de todos os níveis na área de informação. Com os comandados, era até gentil. Mas quando queria, era duro e enérgico. Suicidou-se em 1986. O coronel Paulo Malhães, que chefiava contatos com os infiltrados, rezava pela mesma cartilha. Ele esteve no Chile, onde interrogou e torturou brasileiros e chilenos. Já o coronel Fred Perdigão, que pertencia ao Centro de Informações do Exército desde a sua época de capitão, tinha influência suficiente no porão para viver levando presos de São Paulo para Petrópolis. Ele participou do desaparecimento de Ana Kucinski e Wilson Silva.
VEJA - Havia um pacto de silêncio entre matadores e torturadores?
CHAVES - Depois de cada caso, na hora do almoço, e durante viagens em quartos de hotel, os agentes comentavam o que tinha ocorrido. As conversas eram simuladas e ninguém dizia claramente: eu matei.
VEJA - Nenhum agente ameaçou sair do Exército e contar tudo?
CHAVES - O sujeito que durante a repressão tentasse se afastar corria o risco de ser justiçado. Um agente, que conheço só pelo codinome de "Júnior", foi afastado da seção de investigações por tentar extorquir dinheiro do jornalista Bernardo Kucinski, irmão de Ana, em troca de informações sobre o paradeiro dela. A seção de investigação pensou em justiçá-lo porque ele disse que iria procurar a Comissão de Justiça e Paz de São Paulo para denunciar fatos sobre a subversão.
VEJA - Por que o senhor resolveu falar?

CHAVES - As atividades de combate à subversão aos poucos foram me dando nojo, enjôo, náuseas, vômitos, tudo que você pode imaginar. Eu via as coisas acontecerem, discordava e não podia me manifestar. O regulamento disciplinar do Exército era muito rígido. Existia ainda a norma geral de ação, que impedia o integrante do órgão de informação de se manifestar ou discutir uma ordem. Se deixasse de cumprir, ocorriam punições e, em seguida, a pecha de contrário à Revolução de 64. Não fui formado para esse tipo de atividade. Fui cooptado e quando acordei estava envolvido. O próprio sistema procurava comprometer os envolvidos. O medo da repressão era muito grande. Eles criavam símbolos na própria força para mostrar que ninguém poderia reagir. Matar o capitão Carlos Lamarca, por exemplo, foi questão de honra. Por isso, da mesma forma que eu, muita gente acabou ficando, apesar de discordar. Em 1985, senti que era hora de me afastar porque os governos militares tinham chegado ao fim. Era a hora de me afastar sem me comprometer.
VEJA - O senhor acha que não se comprometeu?
CHAVES - Se tivesse matado alguém não faria este depoimento. É claro que meu trabalho, e aí faço mea-culpa, contribuiu muito para causar esses males. Há pessoas honestas que participaram da repressão e não concordavam com aquela violência insana. Mas até hoje não têm coragem de contar o que sabem, que a única lei do porão era a barbárie.
VEJA - O senhor se considera um democrata?
CHAVES - Nosso país só será grande vivendo uma profunda democracia. Eu estive dentro dos porões da repressão e sei o que uma ditadura sangrenta significa. E espero que esse depoimento contribua para o aprimoramento da democracia.
VEJA - Se uma entidade de defesa dos direitos humanos o procurar para falar sobre desaparecidos, o senhor irá colaborar?
CHAVES - Estou disposto a ajudar em todos os sentidos. Quero prestar um serviço ao país.

Exército escolhe Belo Monte para fazer seus treinamentos (?)


Poderia ser em qualquer empreendimento do país, mas o Exército decidiu que o local adequado para realizar "exercícios e manobras" deveria ser o canteiro de obras de Belo Monte, o mesmo local que tem concentrado uma série de polêmicas, paralisações e protestos contrários à construção da hidrelétrica, no rio Xingu, Pará.
Por meio de nota, o consórcio Norte Energia, dono do empreendimento, informou que pelo menos 250 militares do 51º Batalhão de Infantaria de Selva, sediado em Altamira, participaram de um treinamento operacional dentro do sítio Pimental, um dos quatro canteiros da usina.
O tenente-coronel Volber Freire, comandante do Batalhão, disse que a participação em operações desse tipo está prevista na Constituição e pode se assemelhar a um treinamento para situação real. "O adestramento pode ser feito não só aqui, mas em qualquer empreendimento que tivéssemos a ordem para realizar um posto de segurança estático", disse.
A Norte Energia cedeu o espaço para o exercício. Durante toda a terça-feira, os militares se reuniram nas instalações e realizaram a ocupação de uma unidade considerada um ponto estratégico para que se tenha o controle do acesso e seja permitido o livre funcionamento do local. "Os militares ocuparam logo cedo a portaria do sítio e distribuíram as companhias pelas áreas industrial e de infraestrutura do canteiro, como o paiol de explosivos e os acessos terrestres e fluviais", informou a Norte Energia.
O treinamento começou na madrugada de 30 de outubro e terminou no final do mesmo dia. Os militares iniciaram a desmobilização do canteiro no fim da tarde e realizaram, durante a madrugada, a marcha de 42 quilômetros até a rodovia BR-230. Segundo o comandante, a finalidade é que "todos os soldados e oficiais partam de uma situação de não conhecimento da missão e faça o deslocamento com todo desdobramento logístico e operacional para a ocupação." (Valor online)


Importantes votações: STF deve julgar demarcação de terra indígena e uso do amianto nesta 4ª


Pela primeira vez em quase três meses, o Supremo Tribunal Federal (STF) usará a sessão ordinária desta quarta-feira (31) à tarde para tratar de assuntos alheios à Ação Penal 470, o processo do mensalão. O maior julgamento da história do STF terá pausa de quase duas semanas devido à ausência do ministro-relator Joaquim Barbosa, que está na Alemanha para tratamento da coluna e só retorna na próxima semana.
Os primeiros assuntos da pauta desta quarta são recursos envolvendo a demarcação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol. As seis petições vieram de todos os tipos de autores – políticos, representantes do Estado e comunidades indígenas – e pretendem esclarecer questões pendentes após o julgamento que demarcou a área, em março de 2009.
Cada petição traz várias perguntas, e a Corte pode demorar a responder todos os itens que ainda causam polêmica. Só depois do julgamento desses recursos, chamados embargos de declaração, o processo pode finalmente ser encerrado.
Também está na pauta do STF uma ação de inconstitucionalidade do DEM contra lei do Rio Grande do Sul que trata do uso de programas de computador no estado. O partido alega que a norma afronta a Constituição, pois os estados não podem legislar sobre regras gerais de licitação.
Os itens finais da pauta tratam do uso de amianto na indústria brasileira. A questão acabou na Justiça porque a substância, amplamente usada na construção civil nacional, é considerada cancerígena e prejudicial ao meio ambiente. A pauta pode sofrer alterações e inversões de prioridade segundo determinação da presidência do STF. (AB)

Ex-agente Marival conta à Comissão da Verdade detalhes sobre a “Casa da Morte”: Repressão teria torturado cerca de 100 presos em Petrópolis





Imóvel onde ficava a casa da morte em Petrópolis
Foto: O Globo - 22/06/2012 / Custódio Coimbra


Imóvel onde ficava a casa da morte em PetrópolisO GLOBO - 22/06/2012 / CUSTÓDIO COIMBRA
RIO - Em depoimento de oito horas à Comissão da Verdade, o sargento reformado Marival Dias Chaves do Canto, de 65 anos, ex-agente dos órgãos de informação do regime militar, disse nesta terça-feira que cerca de 100 presos políticos teriam passado pelo aparelho clandestino mantido pelo Centro de Informações do Exército (CIE) em Petrópolis, chamado na literatura dos anos de chumbo de "Casa da Morte". Marival confirmou a versão de que os presos, levados de diversas regiões do Brasil, eram assassinados depois de prestar depoimentos sob tortura.
Entre as vítimas da casa, Marival citou os nomes dos universitários Fernando Santa Cruz e Eduardo Collier, que desapareceram em 1974, no Rio, quando militavam na Ação Popular Marxista Leninista (APML). No dia 23 de fevereiro, Fernando saiu da casa do seu irmão Marcelo para um encontro com os amigos e nunca mais foi visto. Ele teria sido capturado no apartamento de Eduardo. No depoimento, Marival disse que os estudantes foram presos por uma equipe do CIE liderada pelo então major Freddie Perdigão Pereira e, posteriormente, mortos em Petrópolis.
Marival, que deverá prestar novos depoimentos à comissão, abordando temas específicos, já é considerado um dos mais importantes testemunhos da guerra suja travada nos porões do regime. Ele serviu, como analista de informações, no Destacamento de Operações de Informações de São Paulo (DOI-SP), chefiado pelo coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, e no CIE. Em entrevista à revista VEJA, há 20 anos, contou que ouviu de outros agentes, que estiveram na casa de Petrópolis, que os cadáveres eram esquartejados.
O sargento não confirmou as revelações feitas pelo ex-delegado capixaba Cláudio Guerra, de que alguns corpos foram incinerados na usina de cana Carahyba, em Campos dos Goytacazes. Admitiu, porém, a ligação de Guerra com Freddie Perdigão, considerado um dos mais frios e ativos torturadores do regime.
O depoimento também fez referências à morte de três dirigentes do PCdoB em 16 de dezembro de 1976, em São Paulo, no episódio que ficou conhecido como o Massacre da Lapa, em alusão ao bairro onde ocorreu. Agentes da repressão atacaram a casa onde o comitê central do partido fazia uma reunião secreta, matando os dirigentes João Baptista Franco Drummond, Ângelo Arroyo e Pedro Pomar. Marival disse que a ação não foi um ato isolado, mas uma política de Estado para eliminar o PCdoB do mapa.
O ex-agente confirmou, ainda, a existência de outra casa clandestina do CIE em Itapevi, São Paulo, e forneceu detalhes da chamada Operação Medianeira, uma emboscada comandada pelo CIE em Medianeira, cidade no sudoeste do Paraná, para atrair, no dia 11 de julho de 1974, um grupo argentino de militantes de esquerda e guerrilheiros, com a morte de sete deles. (O Globo)

PF interdita frigorífico por tráfico internacional de pessoas em Cambira


Polícia Federal (PF) interditou na manhã desta quarta-feira (31) um frigorífico acusado de praticar tráfico internacional de pessoas no município de Cambira, a 16 quilômetros de Apucarana, norte do Paraná. A operação, em parceria com o Ministério Público do Trabalho (MPT), encontrou 40 estrangeiros – todos paraguaios – trabalhando em condições precárias em uma instalação da empresa. Outros 70 paraguaios empregados do estabelecimentos, conforme informações da PF, estão em situação regular no frigorífero, respeitando o acordo Brasil-Paraguai de trabalho.
Conforme informações repassadas pelos policiais que participam da ação, o Frigorífico VL Agroindustrial, conhecido na região como Frigorífico Nostra, emprega funcionários que não têm a situação legalizada no Brasil. Eles são mantidos em alojamentos com condições precárias no Centro da cidade e no próprio interior do local de trabalho.
Ao chegar ao estabelecimento, os policiais federais se depararam com uma tentativa de fuga pelo meio de um matagal. Os funcionários que corriam teriam sido orientados por responsáveis pelo estabelecimento a fugir. O Batalhão de Choque, que também participa da operação policial, interveio e conseguiu evitar a fuga dos homens.
Segundo o coordenador de erradicação de trabalho escravo no Brasil, Luiz Fabris, existe indício de tráfico internacional de pessoas. “Há um descumprimento total da legislação trabalhista, eles foram encontrados em alojamentos em péssimas condições de higiene”, disse.
Durante a manhã, os policiais continuam atuando na área. Todos os documentos que estão dentro do frigorífico serão apreendidos. Os 40 empregados mantidos em condições análogas à escravidão serão ouvidos e cabe medida administrativa, como extradição desses estrangeiros. 
À empresa cabe multa por contratar e manter esses trabalhadores, mas não há valores definidos, segundo informações repassadas pela assessoria de imprensa da Polícia Federal. (GP)


Na grande mídia até enquanto vítimas da devastação causada por um furacão o tratamento em relação aos pobres é desigual






Os efeitos da devastação causada pela passagem do Furacão Sandy atinge praticamente toda a América Central, principalmente o Caribe, e a América do Norte.

 A mídia, a serviço do Império, só mostra a tragédia  que acontece nos EUA, principalmente em Manhattan, e tal qual aconteceu no Katrina escondem o flagelo que desaba sobre os pobres, em sua maior parte negros e latino americanos, que lá vivem nas periferias.

HOJE!!! VALE A PENA IR: 'CONTESTADO VIVE!' ÓTIMA PROGRAMAÇÃO!!!


 
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