segunda-feira, 4 de abril de 2011

Senado pede passaporte especial para o bispo RR Soares


O Senado pediu ao Ministério das Relações Exteriores um passaporte especial para o chefe da Igreja Internacional da Graça de Deus, pastor Romildo Ribeiro Soares, mesmo sem o evangélico exercer qualquer tipo de atividade parlamentar. O documento foi solicitado no dia 21 de dezembro, com prazo de validade de um ano, segundo o Itamaraty.

Conhecido como R.R. Soares, o pastor é cunhado do bispo Edir Macedo, da Igreja Universal do Reino de Deus. Ambos são tios do senador Marcelo Crivella (PRB-RJ). A ficha de concessão do passaporte, como apurou o Estado, mostra que foi Crivella quem solicitou o documento à Coordenação de Atividades Externas do Senado (Coatex).

Procurado,o senador não quis dar explicações sobre o pedido. "Prefiro não comentar nenhum assunto deste tipo, prefiro que o Itamaraty comente", disse. "Escreva aí que o senador prefere não comentar", sugeriu. O bispo R. R. Soares também foi procurado, mas não respondeu à ligação.

Os portadores de passaporte diplomáticos e especial recebem tratamento diferenciado nos aeroportos e alfândegas, como a dispensa da revista. Esses documentos são cedidos gratuitamente a pessoas que viajam em missão especial de alguma esfera de governo - cidadãos comuns têm de pagar R$ 156,07 para a obtenção de passaporte. (AE)


RR SOARES SOBE AO CÉU


O missionário R.R. Soares, que é fundador da Igreja Internacional da Graça de Deus e apresenta o programa "Show da Fé", da Band, comprou por US$ 5 milhões [cerca de R$ 8,6 milhões] um avião turboélice King Air 350 com banheiro a bordo e capacidade para oito passageiros.

A informação foi divulgada neste sábado pela revista "Veja".

Além de apresentar o "Show da Fé" que também é exibido pela CNT e pela RIT (Rede Internacional de televisão), o pastor mantém horários alugados nas madrugadas e fins de tarde na emissora RedeTV!. (Folha online)

MPF cobra devolução de passaportes diplomáticos de filhos e netos de Lula

O Ministério Público Federal encaminhou nesta segunda-feira (4) um pedido ao Itamaraty para que recolha os passaportes diplomáticos dos quatro filhos e de três netos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Na solicitação, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, dá um prazo de 30 dias para que o Itamaraty recolha os documentos, caso eles ainda estejam com os parentes do ex-presidente.

Se o prazo não for cumprido, o Ministério Público anunciou que vai entrar na Justiça para que os filhos e os netos de Lula sejam obrigados a devolver os documentos.

A assessoria do ex-presidente afirmou que ele está em viagem aos Estados Unidos e que não vai comentar o pedido do Ministério Público.

No pedido, o Ministério Público diz que a concessão dos passaportes foi irregular e que não havia justificativa para que os familiares do ex-presidente recebessem o documento especial.

No final de janeiro passado, o Ministério Público Federal pediu que o Ministério de Relações Exteriores explicasse os critérios adotados para conceder passaporte diplomático.

Novas regras

O decreto 5.978, de dezembro de 2006, garante o benefício do passaporte a presidentes, vices, ministros de Estado, parlamentares, chefes de missões diplomáticas, ministros dos tribunais superiores e ex-presidentes.

Cônjuges e dependente até 21 anos (24 anos caso seja estudante) ou portadores de deficiência também têm direito ao passaporte. No entanto, a legislação permite que o ministro de Relações Exteriores autorize a expedição do documento "em caráter excepcional" e "em função de interesse do país".

No dia 14 de janeiro, o Itamaraty divulgou uma portaria que regulamenta a emissão de passaportes diplomáticos. Com a mudança, a emissão do documento só será permitida quando houver uma solicitação formal e fundamentada por parte da autoridade máxima do órgão competente que o requerente integre ou represente.

As alterações nas normas foram determinadas após a divulgação da notícia de filhos do ex-presidente receberam passaporte diplomático. Na época, a assessoria do Ministério de Relações Exteriores informou que o objetivo era “regulamentar” a legislação que especifica os critérios para a emissão do passaporte diplomático. (AE)

Requião, o que por interesses eleitoreiros destruiu com o partido abrindo para todos,diz que irá "levantar as verdadeiras forças vivas do PMDB"

A frase com (d)efeito:

Fim de semana estarei no Paraná com o intuito de levantar as verdadeiras forças vivas do PMDB, o velho partido de guerra.
about 3 hours ago via web

Continua sendo o mesmo espalhando suas bazófias. Foi ele quem desestruturou com as zonais do PMDB de Curitiba. Foi ele mesmo que por interesses fisiológicos abriu o partido para todas as forças ligadas ao grande empresariado. É ele quem sempre impediu que o partido tivesse candidatura própria. Agora o demolidor partidário quer dar uma de "salvador da pátria"?

Quem não ri com uma frase de (d)efeito deste naipe?


O Requião em ação no final de semana:

HEIL, BOLSONARO!!!









25 gangues apavoram gays e negros nas ruas de São Paulo


Eles são jovens, com idades entre 16 e 28 anos.

Têm ensino fundamental e médio. Pertencem, em sua maioria, às classes C e D.

Usam coturnos com biqueiras de aço ou tênis de cano alto, jeans e camisetas.

São brancos e pardos -negros, não. Cultuam Hitler, suásticas e o número 88.

A oitava letra do alfabeto é o H; HH dá "Heil, Hitler", a saudação dos nazistas.

Consomem baldes de álcool. As outras drogas têm apenas uso marginal.

Ostentam tatuagens enormes em que se leem "Ódio", "Hate", ou "Ame odiar".

A propósito, odeiam gays e negros. São de direita.

Gostam de bater, bater e bater. E de brigar.

O perfil dessa turma, auto-denominada skinheads por influência do movimento surgido na Inglaterra durante os anos 1960, quem traçou foi a Decradi (Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância), da Polícia Civil do Estado de São Paulo.
No total, a Decradi já identificou 200 membros de 25 gangues com nomes como Combate RAC (Rock Against Communism- rock contra o comunismo, em português) e Front 88 (sempre o 88).

São integrantes desses grupos que aparecem com mais frequência como agressores de negros, gays e em pancadarias entre torcidas organizadas, quando encarnam a faceta "hooligan".

Também a exemplo do que ocorre na Europa, skinheads são especialistas em quebra-quebra entre torcedores.

"FAIXA DE GAZA"

A delegada Margarette Correia Barreto, titular da Decradi, é quem lidera o esforço de identificação dessas gangues. Atualmente, na delegacia, há 130 inquéritos envolvendo os "crimes de ódio"- motivados por preconceito contra um grupo social.

"O alcance e a repercussão desses ataques, entretanto, é muito maior do que em um crime comum. Se um homossexual é atingido, todo o grupo sente-se atingido", exemplifica a delegada do Decradi. "É uma comoção."

Pelo levantamento da polícia, o foco dos "crimes de ódio" é a região da avenida Paulista e da rua Augusta, na região central da cidade. Segundo a delegada, ali é "a nossa faixa de Gaza".

O motivo é que a área tem a maior concentração de bares frequentados por gays e por skinheads -cada turma no seu reduto, mas todos muito perto uns dos outros. "Eles acabam se encontrando pela rua", diz a delegada.

Para a Polícia Civil do Estado de São Paulo, a região da Avenida Paulista e da Rua Augusta, próxima ao centro da capital, é também conhecida como "faixa de Gaza". É nesta área que, segundo informações do jornal Folha de S. Paulo, ocorre grande parte dos "crimes de ódios" investigados pela Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi). O local é ponto de intersecção entre gays, negros e integrantes desses grupos que normalmente aparecem como responsáveis pelas agressões aos dois primeiros e por pancadarias em torcidas organizadas. Responsável pela identificação desses grupos, o Decradi faz parte do Grupo de Trabalho da Segurança da Copa de 2014, que por sua vez montará um banco de dados com informações sobre os torcedores que se envolveram em situações de violência nos estádios brasileiros desde 2000.

Até o momento, foram identificados pela Decradi 200 membros de 25 gangues com nomes como Combate RAC (Rock Against Communism - rock contra o comunismo, em português) e Front 88 (o número 88, remete ao H, oitava letra do alfabeto, e à saudação nazista com dos HH: "Heil, Hitler"). Segundo declaração da delegada Margarette Correia Barreto, titular da Decradi e líder desse trabalho no Decradi, os skinheads, como se autodenominam vários dos integrantes dessas gangues, já deram origem a 130 inquéritos policiais. Mas, além da "faixa de Gaza" e dos "hooligans" nos estádio de futebol, a Decradi monitora os punks homofóbicos e os crimes de ódio na internet. No total, 40% de todas as ocorrências atuais da Decradi se referem a casos cibernéticos, envolvendo, ataques a negros, judeus e nordestinos, nessa ordem. (Folha)

Prefeito de Angra diz que cidade não está preparada para um vazamento nuclear



Nesta quarta-feira, uma audiência pública promovida em conjunto pelas Comissões de Defesa do Meio Ambiente e de Minas e Energia da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), discutiu a segurança das usinas atômicas do Estado. As usinas nucleares brasileiras (Angra 1 e Angra 2, em operação, e Angra 3 em fase de construção) estão instaladas em Angra dos Reis, município do litoral sul fluminense, com uma população de 180 mil pessoas e que duplica no verão com a presença de turistas.

O prefeito da cidade, Tuca Jordão, disse que Angra dos Reis não está preparada para enfrentar um vazamento nuclear. Para ele, a experiência do Japão deve servir de grande reflexão para que acidente semelhante não ocorra no Brasil. “A gente sabe, dito pelos técnicos, que o funcionamento das usinas Angra 1 e 2 é diferente de Fukushima mas, a gente não é entendido no assunto. A gente está muito preocupado e focado na logística e na infraestrutura que a cidade de Angra dos Reis tem”. Disse que as pessoas já estão tão condicionadas ao treinamento periódico, que nem escutam a sirene.


O prefeito sugeriu que a geração nuclear, bem como o funcionamento das usinas atômicas e o plano de evacuação façam parte da grade curricular já a partir de 2012. “Para que as nossas crianças e jovens entendam o que é uma usina nuclear, entendam o que é preciso em um plano de evacuação, aonde eles precisam ir, qual é o ponto de encontro. Isso é muito vago”.

Tuca Jordão é a favor da energia nuclear, mas ressaltou a necessidade de revisão dos procedimentos de segurança, diante do que ocorreu em Fukushima. Ele é contrário a qualquer proposta pela diminuição das atividades da usina. “O que o [Brasil] já gastou desde a ditadura militar até hoje nas usinas Angra 1 e 2 e com os equipamentos parados [para Angra 3] custando US$ 20 milhões por ano para manutenção, é jogar muito dinheiro público fora”, afirmou à Agência Brasil.

A segurança da população, no caso de um acidente radioativo, preocupa o prefeito que defende mais investimentos em infraestrutura na região. “Enquanto a gente não tiver uma estrada decente, um centro de abrigo fora dos raios de 3 e 5 quilômetros das usinas, um hospital, não para tratar de radiação, mas para dar tranquilidade às pessoas e com capacidade para absorver toda essa demanda, [a situação preocupa]”. Tuca Jordão também defende a transformação do aeródromo de Angra dos Reis em um aeroporto. “Por que não aumentar?”, perguntou.

Segundo ele, essas iniciativas não podem ser de responsabilidade da prefeitura. “As usinas são do país”. Lembrou que em 1972, por ocasião do início de construção do complexo nuclear, a população não foi consultada sobre o projeto. “Ela [usina] existe, é uma realidade. Então, a gente tem que ter a preocupação de que o plano de emergência, de evacuação, tem que ser todo revisto”. Observou que em função da tragédia no Japão, todo o mundo está revendo os seus projetos. “E aqui no Brasil, em Angra dos Reis, não pode ser diferente”.

O vice-presidente da Câmara de Vereadores de Angra dos Reis, Antonio Cordeiro, defendeu a energia nuclear como fonte limpa para enfrentar o aquecimento global. Ele representou, na audiência, o Movimento Sim Para Angra 3, em prol da construção da terceira usina nuclear brasileira no município. (Agência Brasil)

Apesar de ser favorável ao programa nuclear, Cordeiro disse à Agência Brasil que diante da tragédia no Japão, os procedimentos de segurança nas usinas de Angra têm que ser revistos. “Tem que ser revistos alguns procedimentos e, principalmente, a questão do plano de emergência”, disse.

Nesta quinta-feira ocorrerá a nova audiência pública na Câmara de Vereadores para tratar da segurança das usinas nucleares. Ele considerou normal que, toda vez que ocorre um acidente com uma usina atômica em qualquer parte do planeta, os procedimentos e projetos sejam revistos, “para melhorar a qualidade deles”.

Cientistas franceses detectam destruição recorde na camada de ozônio no Polo Norte

A camada de ozônio no Polo Norte sofre um nível sem precedentes de destruição por causa de excepcionais condições meteorológicas, informou nesta segunda-feira o Centro Nacional de Pesquisas Científicas francês (CNRS).

No final do mês passado, a redução da camada que protege a Terra dos raios ultravioleta foi de 40% e registrou em uma "zona extensa", um fenômeno nunca antes observado, assinalou o CNRS em comunicado.

O motivo desta degradação se encontra em "um inverno estratosférico muito frio e persistente" que conduziu uma "grande e prolongada" destruição de ozônio até a primavera", assinalou.

A destruição da camada de ozônio está ligada à presença na atmosfera de diversos gases, emitidos pelos aerossóis.

A 80 graus abaixo de zero esses gases se tornam nocivos para o ozônio, um fenômeno "recorrente" na Antártida, onde as temperaturas são "extremamente baixas" no inverno, mas menos comum no Polo Norte, onde a temperatura é mais elevada e as condições meteorológicas mais variáveis.

"Nem sempre se reúnem as circunstâncias para que se produza uma grande diminuição do ozônio" nessa região, indicou o CNRS, que assinalou que "as condições meteorológicas extremas são responsáveis pelo recorde alcançado" neste ano.

Os cientistas franceses, apoiados nos dados que enviam as estações de observação destacados no terreno, tratam agora de determinar o impacto que este fenômeno terá quando as massas de ar se deslocarem uma vez que subam as temperaturas com o avanço da primavera.

Os produtos de aerossóis, que emitem gases ricos em cloros e bromo, permanecem durante anos na atmosfera, por isso que os cientistas franceses não descartam que uma destruição da camada de ozônio similar à deste ano se repita se voltar a ter invernos excepcionalmente frios.

Segundo o último relatório de avaliação da camada de ozônio, este gás não recuperará seu nível de 1980 até os anos 2045-2060 no Polo Sul e uma ou duas décadas antes no norte.

Usina japonesa vai lançar 11, 5 mil toneladas água radioativa no oceano


A Tokyo Electric Power (Tepco), empresa que opera a usina nuclear de Fukushima, no Japão, informou nesta segunda-feira, 4, que irá lançar 11,5 mil toneladas de água com baixa radioatividade no Oceano Pacífico.

Segundo a companhia, a medida faz parte dos esforços para acelerar a eliminação de poças na usina, que foi danificada pelo terremoto e pelo tsunami de 11 de março no país.

A Agência de Segurança Nuclear e Industrial do Japão endossou o plano, sob o argumento de que se trata de "uma medida inevitável".

O objetivo é lançar 10 mil toneladas de água com baixa radioatividade que se empoçou na usina após as tentativas de resfriamento tomadas desde o desastre natural.

A Tepco quer secar a usina e utilizá-la para estocar água altamente radioativa que está no piso inferior do prédio da turbina do reator número 2. A Tepco irá também lançar também um total de 1,5 mil toneladas de água que foi coletada debaixo dos reatores número 5 e 6. (Dow Jones)

"Código Florestal está perto de consenso", diz ministra

A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, afirmou hoje que o governo já está próximo de apresentar uma nova proposta para o Código Florestal, em trâmite no Congresso. "Estamos na reta final de consolidar uma proposta que seja convergente e de consenso", disse ela, após encontro com empresários paulistas, na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

De acordo com Izabella, a discussão em andamento nos ministérios da Agricultura, Meio Ambiente e Desenvolvimento Agrário são de cunho técnico e visam a fazer com que os produtores trabalhem dentro da legalidade. "A ideia é trazer todo mundo para a regularização ambiental", afirmou.

A ministra destacou que o debate hoje busca atender as demandas do agronegócio e dos ambientalistas. "Todos os pontos em discussão têm alternativas. O que nós temos de conciliar é quais são as melhores alternativas considerando a dimensão continental do Brasil. O que se aplica à Amazônia não se aplica necessariamente ao Cerrado e ao Pampa", afirmou.

Ainda segundo a ministra, a preocupação do governo é entender a realidade dos produtores rurais "de maneira que se reduza a insegurança jurídica e permitam um código que resolva as questões do passado e olhe para o futuro". Izabella negou que o governo tenha intenção de ceder às reivindicações dos setores interessados na aprovação do novo Código Florestal. "Ninguém está falando em ceder, estamos construindo uma base jurídica para acolher a diversidade de situações no Brasil."

Izabella considerou legítima as manifestações previstas para esta semana no Congresso Nacional. Para amanhã, está previsto o protesto promovido pelo agronegócio e, na quinta-feira, devem se manifestar em Brasília os ambientalistas. "O momento é de diálogo e de entendimento das várias demandas que existem no País", considerou.

O presidente da Fiesp, Paulo Skaf, defendeu que a discussão leve a um projeto equilibrado. "O interesse do País é que isso seja aprovado de forma equilibrada", afirmou. De acordo com Skaf, a apresentação hoje das propostas do governo agradou aos empresários e caminha para um acordo. Na visão dela (Izabella) "há 97% de consenso", afirmou. (AE)

EARTH SONG, OBRA DO MICHAEL JACKSON QUE FOI CENSURADA NOS EUA

O vídeo é do single de maior sucesso de Michael Jackson no Reino Unido, que não foi nem "Billie Jean", nem "Beat it", e sim a ecológica "Earth Song", de 1996. A letra fala de desmatamento, sobrepesca e poluição, e, por um pequeno detalhe, talvez você nunca terá a oportunidade de assistir na televisão.

O Detalhe: "Earth Song" nunca foi lançada como single nos Estados Unidos, historicamente o maior poluidor do planeta. Por isso a maioria de nós nunca teve acesso ao clipe.

Filmado em África, Amazónia, Croácia e New York.

Vejam o que os norte americanos nunca mostraram de Michael Jackson:

Fernanda Richa recebe colchões do Lions para doar às vítimas do Litoral

A secretária estadual da Família e Desenvolvimento Social e coordenadora da campanha de ajuda às vítimas das enchentes e enxurradas do Litoral do Paraná, Fernanda Richa, recebeu nesta sexta-feira (1), no barracão do Provopar e Defesa Civil, na Vila Guaira, em Curitiba, a doação de 477 colchões adquiridos pelo Lions Clube do Distrito LD-1 com uma verba de US$ 10 mil enviada pela Associação Internacional de Lions.

“Estes colchões chegam numa boa hora, até porque volta a chover no Litoral e, com certeza, vamos ter que trocar os colchões das pessoas abrigadas em escolas, ginásios e igrejas, e que perderam tudo. É preciso dar um mínimo de conforto e dignidade para as famílias que estão nesta situação”, afirmou Fernanda Richa, ao receber a doação entregue por Edair Fraga, representante da governadora Liu Un Rigo.

Ao falar em nome da governadora do Lions, Sergio Luiz Daitschman, presidente do Lions de Paranaguá, uma das cidades atingidas, destacou que há anos acompanha o trabalho de Fernanda Richa e do governador Beto Richa.

“Sabemos da seriedade deste trabalho e não podíamos ficar ausentes num momento tão importante. Todas as vezes que fiz contato com a secretária Fernanda Richa, ela estava nas cidades do Litoral, socorrendo as vítimas”, disse Daitschman.

Ele lembrou que, além de ajudar as vítimas do Litoral do Paraná, o Lions Internacional liberou recentemente US$ 5 milhões para o Japão, que foi atingido por um tsunami. “Isso nos faz crer que existe a possibilidade de novas doações para o nosso Litoral. O Distrito estará enviando junto com a prestação de contas um novo pedido de ajuda. Tenho certeza de que seremos atendidos”, disse.

Fernanda Richa afirmou que o Lions vai ajudar na entrega dos colchões para que tome conhecimento da real situação e das necessidades dos desabrigados. “Um dos governadores é de Paranaguá. Sabe o que aconteceu, atestou toda a nossa atuação e é por isso que o Lions está tão engajado na campanha de ajuda às vítimas. Agora, chega a informação de que vai ajudar mais, porque é sabedor da responsabilidade que temos”.

A presidente do Provopar, Marli Corleto, enalteceu a atuação da secretária Fernanda Richa à frente da campanha, que não começou agora e sim no início do ano, com a ajuda aos flagelados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e Santa Catarina.

“Depois, ela comandou a campanha de ajuda aos municípios da Região Metropolitana de Curitiba e agora está socorrendo o Litoral. Portanto, a campanha não parou um só instante. É necessário que as pessoas continuem fazendo suas doações, num dos 300 postos de arrecadação montados pelo Provopar e Defesa Civil”, afirmou.

AVISO!!! Sanepar realiza substituição de equipamentos em Curitiba e Pinhais

A Sanepar fará nesta terça-feira (5) substituição de válvula de sucção no Reservatório Corte Branco, em Curitiba. O serviço pode afetar o abastecimento de água para aproximadamente 173 mil pessoas na capital e em Pinhais.

Em Curitiba, as obras podem afetar parcialmente o fornecimento de água nos bairros Guabirotuba, Uberaba, Jardim das Américas, Cajuru, Hauer, Boqueirão e Alto Boqueirão, das 20 horas à meia noite.

No bairro Progresso, em Pinhais, parte da população poderá ser afetada entre 14 horas e 17 horas, devido a uma implantação de descarga no sistema. O mesmo acontece no Bairro Alto, em Curitiba, entre 8h30 e 12 horas.

As obras são necessárias para garantir o abastecimento da população com água tratada.

A Associação Brasileira de Normas Técnicas e a Sanepar recomendam a todos os domicílios o uso de reservatório (caixa d’água) com capacidade para abastecer os moradores do imóvel por 24 horas.

Serviço de atendimento ao Cliente Sanepar: telefone 115. Ao ligar, tenha em mãos a conta de água ou o número de sua matrícula.

DIAP: Perfil socioeconômico da nova Câmara

O DIAP, após pesquisa qualitativa, mapeou o perfil socioeconômico dos deputados eleitos em 2010. São 225 novos e 288 eleitos. Pelo mapeamento, conclui-se que a nova Câmara dos Deputados será composta, em sua maioria, por parlamentares com formação superior, idade média de 47 anos, com experiência política anterior, fonte de renda não-assalariada, porque são empresários e profissionais liberais. Esses parlamentares pertencem a partidos de médio porte, de forças ideológicas situadas ao centro e à esquerda do espectro político, majoritariamente governistas.

Em termos de escolaridade, a futura Câmara será das mais instruídas. Pelo menos 444 deputados ingressaram num curso superior e 400 deles concluíram a graduação. 47 9,1%) cursaram o ensino médio e 22 (4,2%),o fundamental. A julgar pelo grau de instrução, a Câmara estará entre as de maior escolaridade no mundo.

A elevada média de idade dos deputados (47 anos), mais que o dobro da idade mínima exigida para concorrer ao cargo (21 anos), talvez se explique pelo fato de que
a maioria esmagadora dos deputados eleitos já tenha experiência política anterior, seja no Executivo ou no Legislativo em alguns dos três níveis de governo (União,
Estados e Municípios).

Os poucos efetivamente novos, sem que nunca tenham exercido funções públicas, estão restritos a quatro categorias deputados: a) os comunicadores (apresentadores de TV,radialistas, artistas e cantores), b) os bispos e pastores evangélicos, c) os ricos ou detentores de forte poder econômico, e d) os parentes de políticos
famosos ou tradicionais.

Na classificação por atividade econômica e profissional, constata-se a presença de cinco grupos: 1) empresários, 2) profissionais liberais, 3) assalariados, 4) natureza diversa, incluindo voluntários, estudantes etc, e 5) agricultores.

O primeiro e maior grupo é formado por empresários, 252 ao todo, sendo 228 urbanos e 24 rurais. Estão assim classificados os proprietários dos meios de produção, industriais,comerciantes, agropecuaristas, acionistas de empresas, milionários e quem se auto-define como empresário. Muitos destes possuem formação superior e também se apresentam como advogados, médicos e até servidores públicos.

O segundo grupo é constituído de profissionais liberais, com 139, distribuídos principalmente nas carreiras de advogado (47), engenheiro (20), médico (20), sendo dois destes veterinários, economista (13), administrador (11) e jornalista (9).

O Brasil, paraíso dos banqueiros, e a criminosa "inflação futura": Mercado eleva estimativa para inflação em 2012

O mercado financeiro elevou a projeção para a inflação em 2012, segundo o boletim Focus, divulgado hoje pelo Banco Central (BC). No caso da inflação em 2011, a estimativa dos economistas do mercado financeiro apontou leve alta. De acordo com a pesquisa, a expectativa para a inflação oficial neste ano subiu de 6,00% para 6,02%, em um patamar ainda distante do centro da meta de inflação, que é de 4,50% para 2011. A meta tem margem de tolerância de dois pontos porcentuais para cima ou para baixo.

Os analistas aumentaram a projeção para a inflação em 2012 de 4,91% para 5,00%. No caso da inflação de curto prazo, o mercado elevou de 0,62% para 0,65% a previsão para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de março de 2011. Para a inflação de abril, a taxa prevista passou de 0,53% para 0,55%.

O mercado financeiro manteve a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2011, em 4,00%, segundo o boletim Focus. Para o ano que vem, a projeção para o crescimento da economia seguiu em 4,30%. A estimativa para o crescimento da produção industrial em 2011 passou de 4,00% para 4,08%. Para 2012, a projeção para a expansão da indústria recuou de 4,70% para 4,65%.

Juros e dólar

De acordo com a pesquisa Focus, os analistas também mantiveram a previsão para a Selic (a taxa básica de juros da economia) para o fim de 2011, em 12,25% ao ano. Hoje a taxa está em 11,75% ao ano. A projeção para a Selic no fim de 2012 seguiu em 11,25% ao ano.

Para o mercado de câmbio, os analistas preveem que o dólar encerre 2011 em R$ 1,70, o mesmo patamar estimado na semana anterior. A projeção do câmbio médio no decorrer de 2011 passou de R$ 1,68 para R$ 1,67. Para o fim de 2012, a previsão para o câmbio seguiu em R$ 1,75.

Contas externas

O mercado financeiro alterou a previsão para o déficit nas contas externas em 2011. A previsão para o déficit em conta corrente neste ano passou de US$ 63,20 bilhões para US$ 62,45 bilhões. Para 2012, o déficit em conta corrente do balanço de pagamentos estimado passou de US$ 70,00 bilhões para US$ 69,05 bilhões.

Já a previsão de superávit comercial em 2011 subiu de US$ 15,50 bilhões para US$ 16,10 bilhões. Para 2012, a estimativa para o saldo da balança comercial passou de US$ 9,00 bilhões para US$ 10,00 bilhões. Analistas mantiveram a estimativa de ingresso de Investimento Estrangeiro Direto (IED) em 2011, em US$ 44,00 bilhões. Para 2012, a previsão recuou de US$ 44,00 bilhões para US$ 43,85 bilhões. (AE)

UE QUER ELIMINAR CARROS A GASOLINA E A DIESEL DE SUAS CIDADES ATÉ 2050


A Comissão Europeia, braço executivo da União Europeia (UE), propôs nesta segunda-feira (28) que todos os carros a diesel ou a gasolina sejam eliminados das cidades do bloco até 2050.

O comissário de Transportes do bloco, Siim Kallas, também elaborou planos para migrar para trens metade das “jornadas de distância média” – a partir de 300 km – feitas atualmente em automóveis.

Kallas propôs ainda cortes de 40% nas emissões de carbono promovidas pelo transporte de cargas e um maior uso de combustíveis verdes na aviação.

As metas fazem parte do relatório Transporte 2050, apresentado pela Comissão Europeia em Bruxelas.

Efeito estufa

O objetivo final do plano de metas é cortar em 60% as emissões de gases responsáveis pelo efeito estufa originárias do setor de transportes e reduzir a dependência do petróleo importado.

Para isso, a União Europeia necessitará de uma rede mais ‘ampla e funcional’ de corredores de transporte, incluindo conexões de trem entre os principais aeroportos do bloco, e a modernização e integração do sistema de controle do tráfego aéreo.

O bloco diz que pretende se tornar ‘líder mundial’ em segurança de transportes aéreos, ferroviários e marítimos.

Segundo Kallas, as medidas não pretendem coibir a mobilidade dos viajantes europeus.

“A crença de que você precisa reduzir a mobilidade para combater a mudança climática não é verdadeira”, disse o comissário. “Podemos quebrar a dependência em petróleo do setor de transportes sem sacrificar nossa eficiência ou comprometer a mobilidade. A liberdade de viajar é um direito básico de nossos cidadãos. Reprimir isso não é uma opção.”

Reações

Mas medidas propostas pela Comissão Europeia já estão sendo alvo de críticas. O ministro-adjunto britânico dos Transportes, Norman Baker, rejeitou a ideia de banir carros nos centros urbanos.

“É correto que a UE estabeleça metas de alto nível para a redução das emissões de carbono, mas não é correto que ela diga como isso deveria ser feito nas cidades”, disse o ministro, que defende outras medidas – como promoção de veículos elétricos e de bicicletas – em vez da restrição aos automóveis.

Para Richard Dyer, da ONG ambientalista Friends of the Earth, as propostas de Kallas são bem-vindas, mas falta esclarecer quais investimentos em transporte público serão feitos para concretizá-las.

“Abandonar carros movidos a combustíveis fósseis é uma boa (medida), mas, apesar dos anúncios que rendem boas manchetes de jornais, falta ambição aos planos (da UE) de redução de emissões”, disse. (G1)

Guerra na África é nova corrida imperialista, diz Fiori



A guerra na Líbia faz parte de uma nova corrida imperialista que vai se aprofundar, diz José Luís Fiori, coordenador do programa de pós-graduação em economia política internacional da UFRJ. Para ele, potências disputam recursos estratégicos na África, mas os conflitos não têm a ver apenas com o petróleo. Nesta entrevista, Fiori fala também sobre o poder dos EUA, que ele enxerga vivendo uma crise se crescimento. A seguir a íntegra da entrevista.

Folha -Como o sr. analisa a guerra na Líbia?
*José Luís Fiori-" É evidente que não se trata de uma discussão sobre o direito a vida dos líbios, ou sobre os chamados direitos humanos, e menos ainda, sobre democracia. Nesta, como em todas as demais intervenções deste tipo, de europeus e dos EUA, feitas neste último século, jamais se esclarece a questão central de quem tem o direito de julgar e arbitrar a existência ou não de desrespeito aos direitos humanos em algum país em particular, e quem determina o lugar em que a "comunidade internacional" deve ou não intervir para defender vidas e direitos. Com relação a quem arbitra, são sempre os mesmos países que Samuel Huntington chamou de "diretório militar" do mundo, ou seja, EUA, Inglaterra e França. E, com relação aos critérios da arbitragem, é óbvio que este diretório jamais intervém contra um país, ou contra um governante aliado, por mais autoritário e anti-democrático que ele seja, e por mais que ele desrespeite os direitos defendidos pelos europeus e pelos norte-americanos. Independentemente do que se pense sobre o fundamento e a universalidade dos direitos humanos, não há a menor dúvida que, do ponto de vista das relações entre os Estados dentro do sistema mundial, eles sempre são esgrimidos e utilizados como instrumento de legitimação das decisões geopolíticas e geo-economicas das grandes potencias. Por isto, as decisões sobre este assunto nos foros internacionais são sempre políticas e instrumentais e variam segundo a vontade e segundo os interesses estratégicos destas grandes potências.
A guerra é sobre o petróleo?
O que está em jogo na Líbia não é apenas Petróleo. Nem tudo no mundo da geopolítica e da luta de poder entre as grandes e médias potências tem a ver com energia, ou mesmo, com economia. Neste caso, está em jogo o controle de uma região fronteiriça da Europa, parte importante do Império Romano, e território privilegiado do alterego civilizatório da "cristandade". Foi por onde começou o colonialismo europeu, no século 15 e depois, de novo, no século 19. Acho que já estamos assistindo uma nova corrida imperialista na África, e que não é impossível que se volte a cogitar de alguma forma renovada de colonialismo.

Como seria essa corrida imperialista? O que deve acontecer por lá? As revoltas árabes em curso terão algum impacto no poder dos Estados Unidos na região e no mundo?
Durante a década de 90, generalizou-se a convicção de que a África seria um continente inviável e marginal dentro do processo vitorioso da globalização econômica. Tratava-se de um continente que não interessaria às grandes potências nem às suas corporações e bancos privados. Mas a África não é tão simples nem homogênea, com seus 53 Estados, cinco grandes regiões e seus quase 800 milhões de habitantes. Um mosaico gigantesco e fragmentado de Estados, onde não existe um verdadeiro sistema estatal competitivo, nem tampouco se pode falar de uma economia regional integrada De fato, o atual sistema estatal africano foi criado pelas potências coloniais europeias e só se manteve integrado, até 1991, graças à guerra fria e à sua disputa bipolar. Depois da guerra fria e do fracasso da intervenção dos Estados Unidos na Somália, em 1993, os EUA redefiniram sua estratégia para o continente negro: propondo, como objetivo central, o crescimento econômico, através dos mercados, da globalização e da democracia. Mas de fato, a preocupação dos Estados Unidos com a África se restringiu até o fim do século 20, quase exclusivamente, à disputa das regiões petrolíferas e ao controle e repressão das forças islâmicas e dos grupos terroristas do Chifre da África. Mas deverá ocorrer uma mudança radical, nas próximas duas décadas, do comportamento norte-americano e dos europeus, graças à invasão econômica da China da Rússia, da Índia e, inclusive, do Brasil. A África será de novo um ponto central da nova corrida imperialista que já está em curso e que deverá se aprofundar ainda mais na próxima década Neste período, não é improvável, inclusive, que as velhas e novas potências do sistema mundial, envolvidas na disputa pelos recursos estratégicos da África, voltem a pensar na possibilidade de conquista e dominação colonial de alguns dos atuais países africanos que foram criados pelos próprios colonialistas europeus. E é nesta perspectiva que acho que deve refletir sobre a reação européia e norte-americana frente às revoltas árabes. E, em particular, no caso da intervenção militar na Líbia, comandada pela Otan e liderada pelos EUA, Inglaterra e França.

Os EUA estão ameaçados de perder poder no Oriente Médio?
Sempre existe o risco de perda do controle que já tinham conquistado na situação anterior à rebelião. Mas, neste caso, não vejo este risco. Pelo contrário, acho que são os mesmos de sempre que estão redistribuindo as cartas e manipulando as divisões internas dentro dos governos e dos envolvidos nas rebeliões. Quando houver risco real, reprimirão como fizeram no Bahrein. Sempre que possível através das mãos de terceiros.

Para o sr. não há perda da hegemonia norte-americana?
Os EUA estão enfrentando neste momento os problemas, contradições e incertezas produzidas pela sua mudança de status _ da condição de "potência hegemônica do mundo capitalista, até a década de 1980, para a condição de "potência imperial", assumida progressivamente depois de 1991. Poderia até se chamar de uma "crise de crescimento", e não uma "crise terminal". E o seu "declínio relativo", de que tanto se fala na imprensa, com relação à expansão asiática e à sua provável ultrapassagem econômica pela China ,não atingirá a posição dos EUA, como pivot do sistema mundial, nas próximas duas décadas, pelo menos.
Este novo estatuto imperial dos EUA deve fazer com que mudem sua forma de administrar o seu poder global. Esta mudança será lenta e complicada, dentro e fora dos EUA. Muitos analistas confundem a trepidação própria deste processo de mudança com uma "crise terminal" do poder americano no mundo. A partir de agora, e cada vez mais, os EUA deverão adotar uma posição mais distante e arbitral com relação às lutas de poder em todos os tabuleiros geopolíticos do mundo. Só intervindo em última instância e, de preferência, através das mãos de terceiros países. E deverão promover ativamente todo tipo de divisões internas, dentro e fora dos principais países dentro de cada um destes tabuleiros. Seguindo o modelo clássico da administração imperial da Grã-Bretanha, durante o século 19. Isso não acontecerá sem conflitos. Mas este será o jogo que estará sendo jogado nas próximas duas décadas: de um lado, os EUA atuando como cabeça de império, se distanciando, e só intervindo em última instância, e, do outro, as demais potências regionais tentando escapar do cerco americano, através de coalizões de poder que neutralizem o divisionismo estimulado pelos EUA.

Quais as diferenças em relação ao império britânico?
Trata-se de um sistema imperial muito mais complexo e instável do que foi o império britânico, porque ele é supra-nacional sem ser colonial. E envolve, potencialmente, 195 Estados e economias nacionais, que são ou se consideram soberanos. As fronteiras deste império não são fixas nem territoriais e podem ser redefinidas a cada momento pelo poder global militar e financeiro dos EUA. E, dentro deste sistema, a expansão contínua do poder e da riqueza americana promovem e fortalecem algumas novas potências emergentes que deverão competir com os EUA, nas próximas décadas, pelas hegemonias regionais do mundo. É importante sublinhar que este novo tipo de império não exclui a possibilidade de derrotas ou fracassos militares localizados dos EUA. Pelo contrário: é a própria expansão vitoriosa dos EUA - e não o seu declínio_ que vai promovendo os conflitos e as guerras. E, do ponto de vista estritamente militar, o essencial para o novo poder imperial americano é impedir que alguma potência regional ameace a sua supremacia naval em qualquer região do mundo. E, é óbvio, impedir que ocorra uma guerra hegemônica capaz de atingir a sua supremacia militar global.

Não há limites para este poder?
É óbvio que este novo poder imperial não é absoluto nem será eterno. Como já foi dito, sua expansão contínua cria e fortalece poderes concorrentes. E desestabiliza e destrói os equilíbrios e as instituições, criadas pelos próprios EUA, estimulando a formação de coalizões de poder regionais que acabarão desmembrando aos poucos o seu poder imperial, como aconteceu com o império romano. Por outro lado, a nova engenharia econômica mundial deslocou o centro da acumulação capitalista e transformou a China numa economia com poder de gravitação quase equivalente ao dos Estados Unidos. Esta nova geo-economia internacional intensifica a competição capitalista e já deu início à uma "corrida imperialista", cada vez intensa na África e na América do Sul, aumentando a possibilidade e o número dos conflitos localizados entre as grandes potências. Além disso, o poder imperial norte-americano deverá enfrentar uma perda de legitimidade crônica dentro dos EUA, porque a diversidade e a complexidade nacional, étnica e civilizatória do seu império é absolutamente incompatível com a defesa e a preservação de qualquer tipo ou sistema de valores universais, como pretendem os norte-americanos. Daí o aumento das divisões, cada vez mais profundas, dentro do establishment da política externa dos EUA, e também dentro da sociedade americana, com aumento da radicalização das posições e conflitos, como no caso do Tea Party, e das manifestações Madison, Wisconsin etc. De qualquer forma, é possível dizer, com relação ao futuro, que não existe nenhuma lei que defina a sucessão obrigatória e a data do fim da supremacia americana. Mas é absolutamente certo que a simples ultrapassagem econômica dos EUA não transformará automaticamente a China numa potência global nem, muito menos, no líder do sistema mundial. Além disso, é possível afirmar que terminou definitivamente o tempo dos pequenos países conquistadores. O futuro do sistema mundial envolverá, daqui para frente, uma espécie de guerra de posições permanente entre grandes países continentais, como é o caso pioneiro dos EUA, e agora é também o caso da China, Rússia, Índia e Brasil.

O sr. tem afirmado que a partir dos anos 1970, depois da consolidação do novo sistema monetário internacional "dólar flexível", os EUAs conquistaram um poder sem precedentes no capitalismo. Mas a crise financeira recente não expôs fragilidades desse sistema? Não há um declínio nessa hegemonia?
É verdade que depois da crise dos anos 70, a política monetária dos EUA, junto com a desregulação dos seus mercados financeiros, contribuíram decisivamente para o nascimento do novo sistema monetário internacional dólar-flexível, que já dura mais do que o sistema de Bretton Woods. E não há dúvida de que esse novo sistema transferiu para os Estados Unidos um poder monetário e financeiro sem precedente na história da economia mundial. Simplesmente porque, segundo as novas regras que não foram consagradas por nenhum tipo de acordo internacional, os EUA passaram a arbitrar simultaneamente o valor da sua moeda, que é nacional e internacional a um só tempo, junto com o valor dos seus títulos da dívida, que absorvem a poupança de todo o mundo e servem de âncora para o próprio sistema liderado pela moeda norte-americana. E finalmente, como consequência, os EUA podem redefinir, a cada momento, o valor das suas próprias dívidas, sem que seus credores possam reclamar sem sair perdendo. Nesse sistema, toda crise financeira da economia americana acaba afetando, em maior ou menor grau, a economia mundial, através da própria corrente financeira global do dólar flexível. Estas crises se repetirão mas elas não são necessariamente um sinal de fragilidade. Ás vezes, podem ser até um sinal de poder e o início de um novo ciclo expansivo. De qualquer maneira, estas crises não deverão alterar a hierarquia econômica internacional, enquanto o governo e os capitais americanos puderem repassar os seus custos, para as demais potências econômicas do sistema.
Aí, o conceito de hegemonia é extremante amplo e gelatinoso. Vai desde o exercício puro e simples da supremacia militar até a ideia de liderança econômica e moral dos povos. Acho que o poder global dos EUA, hoje, já não tem a ver com o sentido gramsciano de hegemonia. Trata-se de um poder imperial global, militar e financeiro. Ele inclui a possibilidade e a necessidade destas crises, que inclusive podem acabar resultando numa escalada ainda mais ampla de poder e riqueza _como aconteceu com os EUA, depois da crise dos anos 70 do século passado. Com exceção de um pequeno período de alguns poucos anos na década de 1990, nunca ninguém acreditou que o mundo fosse unipolar. Do meu ponto de vista, dentro do sistema inter-estatal em que vivemos, o conceito de multipolaridade é rebarbativo e tem pouco relevância do ponto de vista teórico. A despeito de que seja um termo útil no mundo diplomático.

O dinamismo da China não trará necessariamente consequências geopolíticas? Ela não deverá abandonar paulatinamente sua posição de fragilidade diplomática por uma ação mais enfática na diplomacia mundial? É possível enxergar a China como potência hegemônica mundial?
Hoje não há duvida que a grande novidade dentro do sistema mundial é a expansão econômica da China, e a sua disposição crescente de lutar pela hegemonia política e militar regional, na Ásia e no Pacífico Sul. Mas do ponto de vista geopolítico, o mais provável - nas próximas duas décadas pelo menos _ é que a China se restrinja à esta luta pela hegemonia regional, mantendo-se fiel à sua estratégia atual de não provocar nem aceitar nenhum tipo de confronto fora dessa sua zona de influência. Mas se a China seguir o caminho de todas as grandes potências do sistema inter-estatal capitalista, em algum momento futuro, terá que combinar a sua nova centralidade econômica mundial com algum tipo de projeção do seu poder político e militar para fora da sua própria região imediata. Mas há que ter em conta que a China tem uma posição geopolítica desfavorável, com um território interior amplo e cercado e uma fronteira marítima muito extensa, não contando ainda com um poder naval capaz de se impor ao controle norte-americano do Pacífico Sul. Sem poder naval, a China não irá muito longe. E tomarão muitos anos ainda para que a China venha a ter uma capacidade naval capaz de ameaçar o controle marítimo global da marinha norte-americana. O próprio Japão tem uma capacidade naval maior do que a China. E, com certeza, os EUA deverão incentivar o aumento do poder militar do Japão e da Coréia, com vistas a um equilíbrio de poder regional, que contenha a China dentro de sua própria região.

Como o sr. observa a posição europeia nesse jogo de poder?
Depois de 1991, aumentou o número de sócios da União Europeia e a extensão territorial coberta pela Otan. Mas a União Europeia está cada vez mais fraca, dividida e desorientada sobre como conduzir seus assuntos internos e sobre como se reinserir no novo sistema internacional, depois do fim da guerra fria e da reunificação da Alemanha. Está ficando cada vez mais claro qual a verdadeira causa desta perda de rumo: a União Europeia não dispõe de um poder central unificado e homogêneo, capaz de definir e impor objetivos e prioridades estratégicas, ao conjunto dos seus associados. Além disto, ela está cada vez mais dividida entre os diferentes projetos para a Europa: da França, Grã-Bretanha e Alemanha, que são seus Estados líderes e que têm entre si divergências estratégicas seculares. Divergências que ficaram adormecidas até o fim da Guerra Fria, mas que reapareceram depois com a reunificação da Alemanha e o ressurgimento da velha Rússia dentro do cenário geopolítico europeu. Com a sua reunificação, a Alemanha se transformou na maior potência demográfica e econômica do continente e passou a ter uma política externa mais autônoma, centrada nos seus próprios interesses nacionais. E, nesta linha, vem se envolvendo cada vez mais com a hegemonia da Europa Central. Ao mesmo tempo, vem estabelecendo laços cada vez mais extensos com a Rússia. Uma estratégia que recoloca a Alemanha no epicentro da luta pela hegemonia dentro de toda a Europa, ofusca o papel da França e desafia o americanismo da Grã Bretanha.
Nos próximos anos, não é impossível que Alemanha e Rússia busquem uma aproximação mais estreita, uma vez que a Rússia é a maior fornecedora de energia da Alemanha e de toda a Europa, além de ser a segunda maior potência atômica do mundo. E a Alemanha tem condições de fornecer à Rússia a tecnologia e os capitais de que necessita para recuperar o dinamismo econômico indispensável à uma grande potência. Esta aproximação afetará radicalmente o futuro da União Européia e de suas relações com os Estados Unidos. Não é improvável que traga de volta a competição geopolítica dos Estados europeus que foram os fundadores do atual sistema mundial.

E a atual crise econômica na Europa? O sr. acha que o euro sobreviverá?
A atual crise econômica européia não é apenas financeira nem se restringe à insolvência de alguns Estados de menor importância econômica dentro da comunidade. Do meu ponto de vista, se trata de uma crise monetária e de insolvência do próprio euro, uma moeda que é emitida por um Banco Central metafísico, que não pertence a nenhum Estado nem está associado a nenhum Tesouro Central. O novo sistema monetário europeu começou a ser construído com o Tratado de Maastricht, em 1992, e culminou com a criação do Euro, em 2002. Baseado na suposição dos dirigentes europeus de que esta nova moeda global conduziria à criação de um poder central capaz de geri-la. Mas até hoje o euro funcionou como uma espécie peculiar de moeda semi-privada e inconclusa, sendo aceita com base na crença privada e na certeza pública de que o BCE e a Alemanha cobririam todas as dívidas emitidas pelos 16 Estados membros da eurozona. Como ocorreu até 2008, permitindo que todos estes países praticassem taxas de juros quase iguais às da Alemanha, apesar da sua imensa desigualdade de poder e riqueza. Esta situação mudou depois do colapso financeiro de 2008, quando a primeira-ministra alemã, Ângela Merkel, estabeleceu o novo princípio de que cada país europeu teria que ser responsável, a partir daquele momento, pelos seus próprios bancos e pela cobertura de suas dividas soberanas. A consequência imediata da nova posição alemã foi a crise de insolvência de alguns governos da Europa Central, no ano de 2009, contornada pela intervenção do FMI. No início de 2010, entretanto, a denúncia do novo governo socialista da Grécia, de que o déficit orçamentário grego do ano anterior havia sido maior do que o publicado inicialmente, serviu como estopim de uma nova crise. Essa crise foi magnificada pelo veto alemão, durante seis meses, a qualquer tipo de ajuda comunitária ao governo grego. Até o momento em que a situação da Grécia ameaçou se estender a outros países endividados e acabou atingindo a própria credibilidade do euro. Isso obrigou a Alemanha a aceitar a aprovação apressada do Fundo Europeu de Estabilização Financeira, com capacidade anual de mobilização de até 750 bilhões de euros. Valor suficiente para contornar a crise imediata, mas incapaz de reverter a desmoralização do sistema monetário europeu, que foi criado em 2002, sob a tutela alemã. Para corrigir esta "falha de fabricação" do euro, a França propôs a criação de um governo econômico europeu, que não foi aceito pela Alemanha. O governo alemão, por sua vez, propõe, sem o apoio francês, a criação de um Fundo Monetário Europeu, para exercer o controle rigoroso da disciplina fiscal da eurozona, com o poder de expulsão dos faltosos. O impasse permanece, mas, assim mesmo, no curto prazo, se impôs a posição alemã, favorável a um ajuste fiscal draconiano de todos os países incorporados à zona do euro. Como o ajuste está sendo aplicado em economias que já estão estagnadas e com altas taxas de desemprego, é como colocar gasolina na fogueira e apostar numa profunda e prolongada recessão como fizeram os EUA no início da crise da década de 1930. Mas nada disto resolverá o problema da insolvência do euro, porque a moeda europeia só terá valor efetivo no momento em que for lastreada por um poder e por um tesouro central capazes de assumir a responsabilidade permanente pela sua sustentação, com base na sua capacidade de tributação e endividamento. Se isto não acontecer, e se os pequenos estados europeus não aceitarem a condição de províncias fiscais da Alemanha, o sistema monetário europeu e o próprio euro_ estão com seus dias contados.

Como o sr. avalia a aproximação entre EUA e Rússia?
Qualquer discussão sobre o futuro desta relação entre EUA e Rússia tem que partir do fato que os EUA seguirão sendo o pivot militar da Europa por muito tempo. Pelo menos enquanto mantiverem o controle das forças da Otan e dos arsenais atômicos da Alemanha, Itália, Bélgica, Holanda e Turquia. Neste sentido, a iniciativa ainda está nas mãos dos EUA. E os EUA têm pelo menos duas grandes alternativas estratégias possíveis com relação a como se conduzir com a Rússia. A primeira alternativa é manter a estratégia clássica, definida por Alfred Mackinder, no final do século 19. A mesma estratégia que foi seguida pela Grã-Bretanha, durante o século 19, e que foi mantida pelos EUA, depois do fim da Segunda Guerra Mundial: cercar e Rússia e impedir de todas as maneiras a sua aproximação da Alemanha. Esta foi de novo a opção dos EUA, depois do fim da guerra fria, com a incorporação militar da Europa Central à Otan e o estabelecimento de bases militares americanas nos territórios da Ásia Central, como forma de apoio às guerras do Iraque e do Afeganistão. Mas existe a possibilidade de uma segunda alternativa, mais inovadora e ousada, que poderia redesenhar o mapa geopolítico da Europa e do mundo, com efeitos imediatos sobre a geopolítica da Ásia Central e do Oriente Médio. Nesse caso, os EUA promoverão uma acordo de médio prazo de pacificação da fronteira russa, junto com uma acomodação negociada com o Irã, envolvendo o apoio da Rússia e a simpatia implícita da Alemanha. Sendo assim, a Rússia daria uma contribuição decisiva para a estabilização da Ásia Central e do Oriente Médio. Neste caso, através de uma negociação envolvendo o Irã e a Turquia, com vistas à construção de um novo equilíbrio de poder regional. Em troca disto, a Rússia teria o apoio norte-americano para retomar sua zona de influencia, e reconstruir sua hegemonia nos territórios perdidos depois da guerra fria. Desde que fosse sem o uso das armas, pelo caminho do mercado e das pressões diplomáticas, como lhes foi permitido e aconteceu com a Alemanha e o Japão, a partir da década de 1950. Esta aliança estratégica com a Rússia ajudaria a bloquear a expansão chinesa, e envolveria o apoio econômico americano ao desenvolvimento do capitalismo russo, com vistas à sua superação do seu viés atual, de natureza primário-exportadora. Mas não há que esquecer que Roosevelt tentou levar à frente uma estratégia parecida de incorporação da URSS, em 1945. Mas sua proposta foi atropelada pela sua morte e pela estratégia desenhada por Churchill e Truman, que levou à guerra fria. De novo, o projeto de Barack Obama pode revolucionar a geopolítica mundial, mas também pode ser atropelado pelas mudanças presidenciais que ocorrerão nos EUA e na Rússia, no ano de 2012. Mas, antes disso, o grande jogo de Barack Obama pode escapar-lhe ao controle, porque os EUA podem não conseguir conter ou controlar todas as forças sociais e políticas despertas, ou estimuladas, por esta gigantesca mudança geopolítica, dentro de cada um dos países envolvidos, na Ásia Central, no Oriente Médio e no Norte da África.

As crises capitalistas têm muitas vezes desaguado em guerras de grandes proporções. O sr. enxerga essa possibilidade?
Acho que devem multiplicar-se os conflitos localizados dentro do sistema mundial, envolvendo sempre os EUA, de uma forma ou outra. Mas não vejo no horizonte a possibilidade de uma grande guerra hegemônica do tipo das duas grandes guerras mundiais do século 20.

A América Latina poderá deixar sua condição tradicional de periferia exportadora para as grandes potências?
Na segunda década do século 21, depois de ultrapassados os efeitos imediatos da crise de 2008, o mais provável é que a América do Sul se mantenha na sua condição tradicional de periferia econômica exportadora. Mesmo quando se ampliem e diversifiquem seus mercados na direção da Ásia e da China. Para mudar essa rota, seria necessário uma decisão de Estado e uma capacidade coletiva de manter em pé o projeto integracionista, independentemente dos conflitos e divergências locais e das próprias mudanças futuras de governo. Além disso, seria preciso levar à frente a integração da infraestrutura física energética do continente e desenvolver cada vez mais o seu mercado interno, com a redução da sua dependência macroeconômica às flutuações dos mercados compradores e dos preços internacionais. Nesse ponto, não existe meio termo: os países dependentes da exportação de produtos primários, mesmo no caso do petróleo, serão sempre países periféricos, incapazes de comandar sua própria política econômica, e incapazes de comandar sua participação soberana na economia mundial. De qualquer maneira, o futuro da América do Sul será cada vez mais dependente das escolhas e decisões tomadas pelo Brasil. E o tempo urge porque se o Brasil seguir submetido aos desígnios dos mercados internacionais se transformará, inevitavelmente, numa economia exportadora de alta intensidade, de petróleo, alimentos e commodities, uma espécie de periferia de luxo das grandes potências compradoras do mundo. Como foram, no seu devido tempo, a Austrália e Argentina ou o Canadá, mesmo depois de industrializado. E se isto acontecer, o Brasil estará condenando o resto da América do Sul à sua condição histórica secular, de periferia primário-exportadora da economia mundial.

Como deverá evoluir a relação do Brasil com os EUA?
Hoje, o Brasil é o único país da América do Sul que tem capacidade e possibilidade de construir um caminho novo dentro do continente, combinando indústrias de alto valor agregado com a produção de alimentos e commodities de alta produtividade, sendo, ao mesmo tempo, auto-suficiente do ponto de vista energético. Entretanto, esta não é uma escolha puramente técnica ou econômica. Ela supõe uma decisão preliminar, de natureza política e estratégica, sobre os objetivos do Estado e da inserção internacional do Brasil. E, neste caso, existem duas alternativas para o Brasil: manter-se como sócio preferencial dos Estados Unidos na administração da sua hegemonia continental, ou lutar para aumentar sua capacidade de decisão estratégica autônoma, no campo da economia e da sua própria segurança, através de uma política hábil e determinada de complementaridade e competitividade crescente com os Estados Unidos, envolvendo também as demais potências do sistema mundial, no fortalecimento da sua relação de liderança e solidariedade com os países da América do Sul. Seja como for, é absolutamente certo que as escolhas brasileiras serão decisivas para o futuro da América do Sul.
Por outro lado, entre as chamadas potencias emergentes ou continentais, como a China, Índia e, talvez, Turquia, Irã e Indonésia, o Brasil é o país com maior potencial de expansão pacífica, dentro da sua própria região. Com a diferença essencial de que seu principal competidor na América do Sul são os próprios Estados Unidos. Mas, ao mesmo tempo, a expansão do Brasil, dentro e fora da América do Sul, contou até aqui com a vantagem de ser uma potência desarmada, porque de fato está situado na zona de proteção atômica incondicional dos Estados Unidos. Além disso, Brasil também usufruiu da condição de país ou nação formada dentro da mesma matriz cultural e civilizatória que os EUA. Mas chegará o momento em que o Brasil terá que tomar algumas decisões fundamentais com relação a estes dois pontos que favoreceram até aqui a expansão da sua influencia internacional. Em primeiro lugar, terá que definir o seu próprio projeto mundial e sua especificidade com relação aos valores, diagnósticos, e posições dos europeus e norte-americanos, com relação aos grandes temas e conflitos da agenda internacional. E, em seguida, o Brasil terá que decidir se aceita ou não a condição militar de aliado estratégico dos Estados Unidos, da Grã-Bretanha e da França, com direito de acesso à tecnologia de ponta como no caso da Turquia ou de Israel, por exemplo mas mantendo-se na zona de influência, proteção e decisão estratégica e militar dos Estados Unidos e de seus principais aliados europeus. Ou seja, o Brasil terá que decidir o seu lugar no mundo, a partir do seu pertencimento originário à tradição européia e cristã, que o distingue e distancia inevitavelmente, das outras tradições e potências continentais que deverão estar competindo com os Estados Unidos e entre si pela liderança mundial nas próximas décadas. E terá que decidir se quer ou não, ter algum dia a capacidade de sustentar suas posições fora da América do Sul com seu próprio poder militar.

Qual a importância do Mercosul?
O Brasil controla atualmente metade da população e do produto sul-americano, é hoje o player regional mais importante no tabuleiro geopolítico da América do Sul. Vem tendo uma presença cada vez mais afirmativa, mesmo na América Central e no Caribe. O Brasil aceitou o comando da missão de paz das Nações Unidas, no Haiti, tomou uma posição decidida a favor da reintegração de Cuba na comunidade americana e tem defendido, em todos os foros internacionais, o fim do bloqueio econômico à Cuba. Ao mesmo tempo, tem exercido uma razoável influência ideológica sobre alguns governos de esquerda da América Central e tomou uma posição rápida e dura frente ao golpe de Estado militar de Honduras, em junho de 2009, e na tensão com os Estados Unidos, com respeito à coordenação da ajuda ao Haiti, no terremoto de Porto Príncipe, no início de 2010. Mas apesar do seu maior ativismo diplomático, o Brasil ainda não tem possibilidade de competir ou questionar o poder americano, no seu mar interior caribenho. Na América do Sul, entretanto, o Brasil tem demonstrado, nestes últimos anos, vontade e decisão de defender seus interesses e o seu próprio projeto de segurança e de integração econômica do continente. Com a expansão do Mercosul, a criação da Unasul e do Conselho Sul-Americano de Defesa, o Brasil contribuiu para o engavetamento do projeto da Alca e reduziu a importância do Tratado Interamericano de Assistência Recíproca e da Junta Interamericana de Defesa, que contam com o aval dos Estados Unidos. Além disto, o Brasil teve uma participação ativa e pacificadora nos conflitos entre Equador e Colômbia e entre Colômbia e Venezuela. E fez uma intervenção discreta e eficiente para impedir que o conflito interno da Bolívia se transformasse numa guerra de secessão territorial na sua própria fronteira e bem no coração da América do Sul. Além disto, em 2009, o Brasil assinou um acordo estratégico militar com a França, que deverá alterar a relação do Brasil com os EUA e transformar o país, em alguns anos mais, na maior potência naval da América do Sul, com capacidade simultânea de construir submarinos convencionais e atômicos e de produzir os seus próprios caças bombardeiros. Essa decisão não caracteriza uma corrida armamentista entre o Brasil e seus vizinhos do continente nem, muito menos, com os EUA. Mas sinaliza uma mudança da posição internacional brasileira e uma decisão brasileira de aumentar sua capacidade político-militar de veto, dentro da América do Sul, com relação às posições norte-americanas..

Nos momentos de crise forte não faltam os que afirmam vislumbrar a "crise final do capitalismo". Immanuel Wallerstein, por exemplo, acha que "a civilização capitalista chegou ao outono de sua existência". Por que o sr. discorda dessa tese?
Acho que já expus meu ponto de vista nas respostas anteriores. Mas podemos voltar ao assunto de forma mais direta e clara. É verdade que na crise dos anos 70 do século passado falou-se muito de fim da hegemonia americana e, inclusive, em alguns casos, em crise estrutural ou final do próprio capitalismo. E, no entanto, hoje está claro que a crise dos anos 70 não enfraqueceu o poder americano. Muito pelo contrário, transformou-se no ponto de partida de uma escalada no processo de acumulação vitoriosa do poder e da riqueza dos EUA, em escala planetária. E, agora, de novo, neste início do século 21, voltou-se a falar de uma crise terminal do poder americano e do capitalismo. Mas não existem evidências convincentes de que este colapso esteja ocorrendo ou vá ocorrer nos próximos tempos. A crise hipotecária e financeira americana, de 2007/2008 não se transformou numa crise econômica global. E não é provável que ela possa repetir, a médio prazo, a crise da década de 1930 ou, mesmo, a da década de 1970. O fracasso político norte-americano no Iraque não diminuiu o poder militar dos Estados Unidos, que segue sendo muito superior ao de todas as demais potências juntas. A economia norte-americana segue sendo a mais poderosa do mundo e mantém sua capacidade de inovação. Os Estados Unidos seguem controlando cerca de 70% de toda a informação produzida e distribuída ao redor do mundo. A moeda internacional segue sendo o dólar. O déficit externo não ameaça os Estados Unidos neste novo padrão monetário internacional dólar-flexível. E os Estados Unidos não parecem estar sem os "os meios e a vontade de continuar conduzindo o sistema de Estados na direção que seja percebida como expandindo não apenas o seu poder, mas o poder coletivo dos grupos dominantes do sistema", como pensava Giovanni Arrighi. As dificuldades políticas e econômicas dos Estados Unidos, no final da primeira década do século 21, poderão se prolongar e aprofundar. Mas, do nosso ponto de vista, com certeza não se trata do fim do poder americano nem, muito menos, da economia capitalista.
De qualquer maneira, o problema de fundo de todas estas profecias terminais não está na sua leitura imediata da conjuntura internacional deste início do século 21. Seu ponto fraco está na confusão que fazem entre planos e tempos históricos diferentes. O historiador francês Fernand Braudel falava da existência de pelo menos três tempos históricos diferentes: o tempo breve, da vida política imediata, do tempo cíclico, da vida econômica, e da longa duração, das grandes estruturas históricas. Sem distinguir estes planos e estes tempos diferentes pode-se confundir, com facilidade, o fim de um ciclo normal da economia capitalista com uma crise estrutural ou terminal do próprio capitalismo. E pode se considerar catastrófico um declínio relativo de um país que tenha acumulado uma quantidade excepcional poder, após uma guerra vitoriosa, como foi o caso dos Estados Unidos, depois de 1945, e depois de 1991. A partir deste momento vitorioso, é inevitável que a potência ganhadora perca posições relativas dentro da hierarquia mundial do poder e da riqueza, na medida em que avança a reconstrução dos Estados e das demais economias que foram derrotadas ou foram destruídas pela guerra. Nestes períodos de recuperação, a velocidade da reconstrução física e militar e do crescimento econômico dos derrotados ou destruídos tende ser maior do que o da potência líder. O que não se percebe, muitas vezes, é que a reconstrução e aceleração do crescimento destes países é, ao mesmo tempo, indispensável, para a acumulação de poder e riqueza da potência que está em "declínio relativo". E que esta potência em declínio é indispensável para o ascenso relativo das outras potências que estão se aproximando ou ultrapassando a potência líder. Por isso, se pode falar de um "declínio relativo" do poder americano, com relação à China, como já se falou do declínio do poder econômico norte-americano, com relação ao Japão e à Alemanha, na década de 1970. Mas esse declínio relativo dos Estados Unidos não significa, necessariamente, um colapso do seu poder econômico e da sua supremacia mundial. De qualquer maneira, por trás da visão de Wallerstein, como da minha própria, existem teorias diferentes sobre a origem e a dinâmica do sistema mundial. Wallerstein e Arrighi vêem a história mundial como uma sucessão de ciclos hegemônicos ou de acumulação de capital. Enquanto eu vejo este mesmo sistema como um "universo" em expansão contínua. Onde todos os Estados que lutam pelo poder global, em particular as grandes potências, estão sempre criando, ao mesmo tempo, ordem e desordem, expansão e crise, paz e guerra, sem perder sua preeminência hierárquica dentro do sistema. A visão deles está mais próxima da biologia e dos seus ciclos vitais. Enquanto a minha está mais próxima da física termodinâmica e da teoria das estruturas dissipativas.

Qual sua avaliação da vista de Obama ao Brasil?
Teria sido uma visita irrelevante, quase um passeio de fim de semana da família Obama, se não tivesse sido usado para fazer uma demonstração imperial do poder americano. Ao encenar uma decisão de guerra, que já tinha sido tomada e que foi deixada para ser anunciada em território brasileiro, antes de um almoço festivo do Itamaraty. Deixando nosso país numa posição rebaixada e colocando nossos governantes na posição de pró-cônsules de uma província imperial, na hora em que faziam o ridículo de anunciar um novo "tratamento entre iguais". Faltou um mínimo de altivez aos nossos governantes e ex-governantes presentes na confraternização do Itamaraty. Para nem falar das autoridades cariocas que se comportaram como se fosse apenas tietes de auditório.

 
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