segunda-feira, 4 de abril de 2011

Congestionamento fora do horário de pico vira rotina

Congestionamentos frequentes, maiores e mais estressantes. Curitiba não é mais a mesma. Em 10 anos, a cidade sofreu uma explosão automobilística e se tornou a capital com mais automóveis nas ruas proporcionalmente à população. São 1,205 milhão de carros para 1,7 milhão de curitibanos, quase um por habitante. O resultado não poderia ser diferente. A questão que surge agora é como diminuir ou acabar com os engarrafamentos. Para especialistas, a solução não é simples.

Na opinião de André Caon, coordenador do Fórum de Mo­­bilidade Urbana de Curitiba, a origem do problema é o que ele chama de “carrismo”. “A cidade de Curitiba incentivou a utilização do automóvel, sucateando o sistema de transporte coletivo. E daí que nasce o problema. Enquanto não tivermos alternativas viáveis para utilizarmos outros modais, os carros continuarão a inflar as ruas e avenidas. E o poder público não toma nenhuma atitude para mudar o quadro. Que é cada vez mais preocupante”, diz.

Para o coordenador do curso de Arquitetura e Urbanismo da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Carlos Hardt, a situação do trânsito em Curitiba está próximo do limite da insustentabilidade. “Antigamente observávamos congestionamentos em alguns horários do dia, apenas em alguns trechos da cidade. Já ultrapassamos aquele momento e a tendência é piorar”, afirma.

Hardt explica que, tecnicamente, existem soluções para os problemas de trânsito. Entretanto, é necessário encontrar as respostas corretas levando em consideração as características da cidade. “No caso de Curitiba é necessário um conjunto de ações. Não é uma atitude isolada que resolverá a situação. As ações mais polêmicas, como é o caso do pedágio urbano e do rodízio, inibem o uso do automóvel. Um novo modal, como o metrô, também é imprescindível”, defende.

O arquiteto e professor da PUCPR Paulo Moraes explica que a solução é desestimular o uso do automóvel. “Sobretaxar a gasolina, pedagiar o centro, reduzir o número de vagas de estacionamento são medidas usadas no mundo inteiro. Mas é bom lembrar que elas são apenas medidas complementares. É importante estimular outros modais, como o transporte coletivo, o metrô, a bicicleta. Me­­lhorar a qualidade e o preço do transporte coletivo”, diz.

Para o professor da Univer­sidade Positivo e especialista em trânsito Orlando Pinto Ribeiro, soluções existem, mas não há esforço do poder público. “Uma medida seria proibir o estacionamento de veículos. Isso tira o carro da rua e aumenta a área de circulação, tanto do automóvel, quanto do pedestre. Outra medida é utilizar os miolos das quadras, como estacionamento público. Isto é feito em muitos países e duplicaria a capacidade de tráfego nas ruas”, ressalta.

Compreensão

De acordo com a diretora de Trânsito da Urbanização de Curitiba S/A (Urbs), Rosângela Battistella, cada um tem a dimensão dos seus problemas. “Curitiba sofreu um ‘boom’ de automóveis nos últimos cinco anos. O curitibano gosta de carro. E o trânsito se tornou um problema. Mas acredito que a solução está na busca por caminhos e horários alternativos. É necessário um pouco de compreensão. Usar outros modais, como a bicicleta e o ônibus, ou até mesmo praticar a carona solidária”, diz.

Anel Viário é esperança de dias melhores

Para resolver os problemas de trânsito em Curitiba a curto e médio prazo, a prefeitura propõe uma aliança entre obras no sistema viário e controle de tráfego. O Anel Viário Central – cujas obras já começaram – é um exemplo. Ele vai revitalizar 25 quilômetros de asfalto, 50 quilômetros de calçadas e alargar ruas que formam o anel ao redor do Centro de Curitiba. O objetivo é diminuir a quantidade de veículos que passam pelo miolo da cidade melhorando a mobilidade urbana.

O Anel Viário Central, assim como o restante de Curitiba, contará com um Sistema de Controle de Tráfego. Chamado de Sistema Integrado de Mobilidade (SIM), ele promete acabar com a lentidão no trânsito em alguns pontos da cidade. Com a criação de uma central de monitoramento de tráfego, a ideia é tornar o trânsito inteligente. Por exemplo: se, no horário de pico, o movimento em uma via estiver intenso e outra rua paralela de sentido oposto estiver vazia, uma pista poderá ser liberada, com faixas reversíveis. Para que isso ocorra, serão instaladas câmeras para vigiar os carros.

Além disso, serão implantados semáforos inteligentes, que dão preferência ao transporte coletivo, e painéis eletrônicos de sinalização, além de ser feita uma pesquisa de origem-destino. A estimativa é que tudo fique pronto em até quatro anos. De acordo com a diretora de trânsito da Urbanização de Curiti­ba S/A (Urbs), Rosângela Battistella, a mudança vai dar mais fluidez ao trânsito. “Serão quase 25 quilômetros de vias sem estacionamento, com função semafórica prioritária. Os carros não vão precisar mais passar pelo Centro sem necessidade. Além disso, poderemos informar, através de painéis e on-line, as condições de trânsito de toda a cidade. Daremos um upgrade no sistema, na gestão do trânsito”, prevê.

Muito radicais

Em relação a sugestões como pedágio urbano e rodízio de veículos, a diretora de trânsito da Urbs afirma que as medidas são radicais e, atualmente, Curitiba não precisa delas. “O pedágio urbano é uma medida restritiva. No momento, não existe necessidade de implantá-lo. Acho que existem outras alternativas para melhorar o tráfego no centro da cidade. O rodízio também não é uma alternativa viável. Ela se mostrou um problema em São Paulo. Em Curitiba não seria diferente, as pessoas comprariam um segundo, terceiro carro. O que pioraria a situação”, diz. (GP)

1 comentários :

giovananigro disse...

A falta de atratividade do transporte publico faz com que o usuário use o carro, o que deixa o transporte publico menos atrativo ainda. Solução imediata é usar a bicicleta ou a estimular a carona. Sugestão para as empresas e seus funcionários: www.caronetas.com.br

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