sábado, 30 de julho de 2011

Cohapar repassa verba para assentamento do MST em Arapongas e anuncia a construção de 509 casas


O presidente da Companhia de Habitação do Paraná (Cohapar), Mounir Chaowiche, esteve nesta sexta-feira (29) na cidade de Arapongas para fazer o repasse de R$ 87, 5 mil ao assentamento Dorcelina Folador para a construção de 15 unidades habitacionais. Chaowiche anunciou ainda a liberação do processo de licitação para 49 moradias no distrito de Aricanduva e o prefeito da cidade, Beto Pugliesi, efetivou a doação de uma área para 229 novas unidades e propôs parceria para outras 216 casas.

“Este repasse ao assentamento Dorcelina Folador demonstra o respeito que o governador Beto Richa tem com as pessoas que trabalham no campo e que são responsáveis pelas riquezas do nosso Estado. Queremos evitar que famílias continuem saindo de suas pequenas propriedades para buscar uma vida melhor nos grandes centros, pois muitas vezes elas sofrem com as mazelas que as favelas causam”, destacou Chaowiche.

Hamilton Serighelli, assessor de assuntos fundiários do governo disse que esta unificação que está acontecendo entre os órgãos do Estado e governo Federal é a solução para resolver todas as pendências. “É importante lutarmos para que estas pessoas fiquem no campo, mas temos que oferecer qualidade de vida. Vamos transformar os assentamentos do Paraná e transformá-los em exemplos para o Brasil”.

Nilton Guedes, superintendente do Incra no Estado, disse que com poucos meses de governo já é possível ver a diferença no tratamento das questões fundiárias. “O respeito e a sensibilidade que todos estão demonstrando aos assentamentos marca um novo paradigma na reforma agrária do Paraná. Antes gastava a maior parte do meu tempo resolvendo conflitos e hoje estamos trabalhando no desenvolvimento dos assentamentos”.

O prefeito disse que a evolução do assentamento é boa para a cidade toda. “Garantimos que teremos uma produção de leite, frutas, verduras, não podemos deixá-los perderem tudo que já conquistaram. Este repasse nos faz acreditar que fizemos a escolha certa elegendo Beto Richa como governador”, declarou.

Alencar Hermas, coordenador do assentamento Dorcelina Folador, fundado há 11 anos e hoje com 600 pessoas, disse que estas casas fortalecem a vontade de as pessoas permanecerem no campo. “Queremos que a juventude continue com o trabalho que já iniciamos, mas somente com um lugar decente para morar podemos incentivá-los a ficar. Não queremos mais ver nossos filhos passando necessidade nas grandes cidades, vamos fazer com que o nosso assentamento ofereça trabalho e qualidade de vida”.

Novas casas – A liberação do processo de licitação das 49 casas no distrito de Aricanduva foi muito esperada pelas famílias. “Estou muito emocionada, pois consigo ver que meu sonho vai se concretizar. É muito difícil viver de aluguel com meus seis filhos para sustentar. Sonhamos com o dia que vamos entrar na nossa moradia”, disse Rosa Aparecida dos Santos.

O prefeito doou uma área para 229 novas unidades que serão feitas pela Cohapar. Toda a documentação já foi encaminhada e o projeto será analisado pela Caixa. “Nossa ideia é começar o empreendimento ainda este ano, queremos que mais famílias tenham a oportunidade de ter a casa própria”, afirmou Chaowiche.

Ao lado de um conjunto com 500 moradias construído pela Cohapar a prefeitura está executando 408 casas através do programa Minha Casa Minha Vida e o prefeito propôs à Cohapar a parceria para construir outras 216 casas numa parceria entre os dois governos e a iniciativa privada.

“Nosso governo já concedeu isenção do ICMS, temos parceria com as prefeituras, Caixa Econômica, movimentos sociais e toda a população. Vamos mostrar ao Brasil que dando as mãos faremos o maior resgate social da história através da habitação”.

Governo nomeia 108 farmacêuticos e bioquímicos

As equipes da Secretaria da Saúde serão reforçadas por 108 farmacêuticos e bioquímicos aprovados no concurso 115/2009. Nomeados por decreto assinado no último dia 13 pelo governador Beto Richa, os profissionais estão agora na fase de opção pelo local de trabalho.

Nesta sexta-feira, os nomeados para as unidades de Curitiba, Ponta Grossa e Paranaguá estiveram nesta no Centro de Medicamentos do Paraná (Cemepar) para fazer a opção entre as unidades do Hemepar, Cemepar, Lacen, Lacen/Guatupê, CPPI, hospitais próprios e regionais de Saúde. Eles foram recepcionados pelo secretário da Saúde, Michele Caputo Neto.

“A equipe que integra a Secretaria da Saúde é muito valiosa. Mesmo com enormes dificuldades financeiras estamos, aos poucos, repondo a força de trabalho”, afirmou Caputo Neto. Ele destacou que 900 servidores já foram contratados neste ano e que há previsão para que sejam chamados mais 700 aprovados nos concursos em diversas áreas.

O secretário também falou da estrutura e dos investimentos que estão sendo feitos. “Considero que os novos farmacêuticos estão entrando em um bom momento, porque estamos reestruturando as unidades e priorizando algumas áreas, como a rede de urgência e emergência, a rede materno-infantil e a rede de saúde mental, como prevê o plano de governo”, disse.

Durante toda a manhã os novos profissionais receberam informações sobre as diversas áreas de atuação dos farmacêuticos nas unidades da secretaria. O chefe do grupo setorial de recursos humanos (GRHS), Romildo Sbrissia, destacou que os nomeados têm até o dia 11 de agosto para se apresentar e escolher a unidade onde vão atuar, de acordo com a oferta de vagas. Informações complementares estão no site www.cops.uel.br.

Com audiência pública, Appa dá mais um passo para dragagem nos portos

A Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) promoveram na noite de quinta-feira (28) uma audiência pública em Paranaguá para apresentar e discutir o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o Relatório de Impacto Ambiental (Rima) das obras de dragagem de aprofundamento dos canais de navegação, berços de atracação e bacias de evolução do sistema aquaviário dos Portos de Paranaguá e Antonina.

De acordo com o EIA/Rima apresentado pela empresa Acquaplan, responsável pelo documento, o objetivo da Appa com a obra é aumentar a profundidade do canal externo de acesso ao porto de Paranaguá para 16 metros. Na área interna, a profundidade passará a ser de 14 metros. Hoje, a profundidade da bacia de evolução é de 12 metros, em média, e inferior em alguns berços, o que limita a operação de navios de grande porte e reduz a competitividade do porto paranaense frente a outros terminais nacionais.

A área total a ser dragada é de aproximadamente 30 quilômetros. A estimativa é que sejam retirados oito milhões de metros cúbicos de sedimentos, num período de nove meses de obras. A área de despejo do material dragado ficará a cerca de 40 quilômetros do cais comercial do Porto de Paranaguá, em mar aberto. O custo total da campanha é estimado em R$ 90 milhões e será pago com recursos da Appa (50%) e do PAC, do governo federal.

A diretora de licenciamento ambiental do Ibama, Gisela Damm Forattini, presidiu a audiência, realizada no Clube Olímpico de Paranaguá. Para ela, foi uma audiência absolutamente colaborativa. “Mostrou que a comunidade tem uma preocupação grande com a questão biótica e socioeconômica, mas que a cidade e seus moradores apóiam essas obras e entendem a necessidade de modernização do porto com o aprofundamento da baía. Os pescadores também tiveram uma boa oportunidade de se manifestar e mostrar suas ansiedades e preocupações”, afirmou a diretora.

O superintendente da Appa, Airton Vidal Maron, disse que a audiência pública foi muito satisfatória. “Toda a comunidade participou e, de uma forma inteligente, tentou contribuir com propostas para melhoria do projeto”, afirmou.

“Isso mostra que o governo Beto Richa está no caminho certo ao potencializar e melhorar as condições do porto. As obras vão redundar em mais empregos e riqueza, atingindo o objetivo do governo de melhorar a qualidade de vida da população, com respeito ao meio ambiente”, disse Maron.

QUALIDADE AMBIENTAL – O oceanógrafo Fernando Diehl, responsável da Acquaplan pelo Estudo de Impacto Ambiental das obras, disse que ficou surpreso com andamento da audiência, porque todos os questionamentos manifestados pelo público mostraram preocupação com a economia da região e principalmente com a manutenção da qualidade ambiental da baía.

“As pessoas tentam buscar garantias de que o complexo estuarino de Paranaguá tenha boas condições e que possa compatibilizar a atividade de conservação ambiental com a atividade econômica portuária”, afirmou Diehl.

A bióloga Camila Domit, pesquisadora do Centro de Estudos do Mar da Universidade Federal do Paraná, disse que as manifestações feitas pelas entidades presentes mostraram-se bastante pertinentes e que o encontro teve uma ampla participação, com diferentes frentes de interesse no processo.

“Temos ainda um prazo para manifestação, o que é bastante democrático, e esperamos que as portas estejam abertas junto ao Porto, ao Ibama, ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e outras instituições, para que o máximo de pessoas possam participar e fazer disso um processo de gestão participativa”, afirmou.

“O processo é complexo, possui vários temas e cada tema tem que ser discutido em seu público alvo, para que seja prevenido o que pode ser prevenido e que possa ser mitigado ou compensado o que não tiver outra forma de ser realizado”, disse a bióloga.

O Ibama abriu um prazo regulamentar de 15 dias para receber manifestações formais em relação ao EIA/Rima e depois deve concluir a análise de toda a documentação, bem como das manifestações feitas durante a audiência.

O passo seguinte será a emissão da Licença Ambiental Prévia, que permitirá a realização da licitação da dragagem, que será feita pela Secretaria Especial de Portos (SEP). A expectativa é que as obras possam ser iniciadas ainda neste ano, ou no início de 2012.

PARTICIPANTES – Cerca de 200 pessoas participaram da audiência. Além de trabalhadores, empresários, profissionais liberais e representantes dos diversos segmentos ligados às operações portuárias e das comunidades pesqueiras, o encontro teve a participação de representantes de entidades diversas ligadas ao comércio, indústria e do terceiro setor; representantes de órgãos reguladores e fiscalizadores das áreas de meio ambiente, de infraestrutura e do Ministério Público federal e estadual; pesquisadores, prefeitos e vereadores de municípios litorâneos, entre outros membros da comunidade da região interessados em conhecer e debater os possíveis impactos provocados pelas obras.

Grupos das eliminatórias da Copa do Mundo de 2014 são definidos

O mundo conheceu na tarde deste sábado como serão as eliminatórias para a Copa do Mundo de 2014. Em sorteio realizado pela FIFA, no Rio de Janeiro, Ásia, Europa, África, Oceania e Concacaf (América do Norte, América Central e Caribe) tiveram as chaves montadas para a disputa que define os times que vão disputar a competição no Brasil, daqui três anos.

A América do Sul é o único continente que não participou do sorteio, já que as eliminatórias aqui são em pontos corridos. Confira abaixo os grupos de todos os continentes:

ÁFRICA:
Grupo A
África do Sul, Botsuana, República Centro-Africana e o vencedor do duelo entre Somália e Etiópia.

Grupo B
Tunísia, Cabo Verde, Serra Leoa e o vencedor do confronto entre Guiné Equatorial e Madagascar.

Grupo C
Costa do Marfim, Marrocos, Gâmbia e o vencedor do duelo entre Chade e Tanzânia.

Grupo D
Gana, Zâmbia, Sudão e Lesoto/Burundi.

Grupo E
Burkina Fasso, Gabão, Níger e São Tomé e Príncipe/Congo.

Grupo F
Nigéria, Malaui, Seychelles/Quênia e Djibui/Namíbia.

Grupo G
Egito, Guiné, Zimbábue e Comores/Moçambique.

Grupo H
Argélia, Mali, Benin e Eritreia/Ruanda.

Grupo I
Camarões, Líbia, Guiné-Bissau/Togo e Suazilândia/República do Congo.

Grupo J
Senegal, Uganda, Angola e Ilhas Maurício/Libéria.

ÁSIA:
Grupo A
China, Jordânia, Iraque e Cingapura.

Grupo B
Coreia do Sul, Kuwait, Emirados Árabes e Líbano.

Grupo C
Japão, Uzbequistão, Síria e Coreia do Norte.

Grupo D
Austrália, Arábia Saudita, Omã e Taliândia.

Grupo E
Irã, Qatar, Bahrein e indonésia.

(CONCACAF) AMÉRICA DO NORTE, AMÉRICA CENTRAL E CARIBE:
Grupo A
El Salvador, Suriname, Ilhas Cayman e República Dominicana.

Grupo B
Trinidad e Tobago, Guiana, Barbados e Bermudas.

Grupo C
Panamá, Dominica, Nicarágua e Bahamas.

Grupo D
Canadá, São Cristóvão e Névis, Porto Rico e Santa Lúcia.

Grupo E
Granada, Guatemala, São Vicente e Granadinas e Belize.

Grupo F
Haiti, Antígua e Barbuda, Curacao e Ilhas Virgens Americanas.

OCEANIA:
Grupo A
Vanuatu, Nova Caledônia, Taiti, vencedor de uma fase preliminar.

Grupo B
Fiji, Nova Zelândia, Ilhas Salomão e Papua-Nova Guiné.

EUROPA:
Grupo A
Croácia, Sérvia, Bélgica, Escócia, Macedônia e País de Gales.

Grupo B
Itália, Dinamarca, Rep. Tcheca, Bulgária, Armênia e Malta.

Grupo C
Alemanha, Suécia, Irlanda, Áustria, Ilhas Faroe e Cazaquistão.

Grupo D
Holanda, Turquia, Hungria, Romênia, Estônia e Andorra.

Grupo E
Noruega, Eslovênia, Suíça, Albânia, Chipre e Islândia.

Grupo F
Portugal, Rússia, Israel, Irlanda do Norte, Azerbaijão e Luxemburgo.

Grupo G
Grécia, Eslováquia, Bósnia, Lituânia, Letônia e Liechtstein.

Grupo H
Inglaterra, Montenegro, Ucrânia, Polônia, Moldávia e San Marino.

Grupo I
Espanha, França, Bielorrúsia, Geórgia e Finlândia.

Maria Tereza Goulart foi pega de surpresa na Espanha pela renúncia de Jânio

No dia em que Jânio Quadros renunciou à presidência da República, em 25 de agosto de 1961, Maria Tereza Goulart, esposa do vice-presidente João Goulart – o Jango -, estava na praia de Costa Brava, na Espanha. Tinha viajado em companhia dos filhos, João Vicente, de 6 anos, e Denize, de 5, e lá esperaria Jango, que estava em missão governamental na China, para apanhá-los de volta ao Brasil. A notícia da renúncia chegou de surpresa por jornais que lhe foram entregues à mesa do café da manhã, pelo dono do hotel onde estava e que era amigo da família Goulart. Logo depois, por telefone, ela foi convencida pelo vice-presidente a permanecer na Espanha com as crianças.

“As informações eram muito desencontradas. Uns falavam uma coisa, outros diziam diferente. Daí em diante, não tivemos mais privacidade. Até aquele momento, éramos ilustres desconhecidos ali, e as crianças podiam brincar à vontade na piscina. Depois, vieram jornalistas, fotógrafos, todos querendo saber o que eu achava daquilo”, recorda Maria Tereza, que só retornou ao Brasil depois de o marido já ter assumido a presidência.

Embora não tenha vivido de perto a Campanha pela Legalidade, Maria Tereza define o movimento como uma mobilização histórica com a qual Jango não contava. Mas na verdade, segundo ela, João Goulart sabia que o enfrentamento popular às Forças Armadas, exigindo que o vice-presidente assumisse o governo no lugar do presidente renunciante, conforme previa a Constituição Federal, não seria garantia de que ele se sustentaria no poder.

Jânio, um homem muito estranho

Maria Tereza diz ter convivido muito pouco com Jânio Quadros. Do escasso contato com o presidente, com o qual calcula ter conversado não mais do que em três ocasiões, guarda apenas a lembrança de “um homem muito estranho”. Depois da renúncia, nunca mais se viram.

Até onde ela sabia na época, não havia, nos bastidores, nenhuma evidência de que Jânio fosse abandonar o governo. Eleito sucessor de Juscelino Kubitscheck, aos 44 anos, em 3 de outubro de 1960, ele tivera a maior votação até então alcançada por um candidato a presidente da República no Brasil – foram 5,6 milhões de eleitores a favor dele. Por isso, Maria Tereza não discorda da versão de que Jânio estava blefando, na expectativa de que a população clamaria pela sua permanência e que as próprias Forças Armadas o apoiariam. “Imagine uma pessoa que conquistou a quantidade de votos que ele teve tomar uma atitude daquelas. Acho que [com a renúncia] ele queria provar o poder que acreditava ter. Mas sem apoio de ninguém, só restou ir embora.”

Já com relação às especulações de que Jango caíra em uma armadilha de Jânio Quadros ao ser encarregado de liderar uma missão governamental para tratar de intercâmbios com a China comunista – porque isso indisporia os militares contra ele -, Maria Tereza não concorda. “O Jango queria ir à China. Era um desejo antigo dele”, afirma.

Primeira-dama aos 21 anos

Maria Tereza tinha 14 anos quando conheceu Jango. Os dois eram filhos de moradores vizinhos em São Borja. Aos 15 anos, ela teve um baile de debutante na casa de uma tia no Rio de Janeiro, e Jango estava lá. Mas só tempos depois começaram a namorar. Nessa época, ele era ministro do Trabalho do governo Getúlio Vargas. Quando se casaram, Maria Tereza tinha 17 anos e Jango era candidato a vice-presidente de Juscelino Kubitschek – o mesmo cargo ocupado mais tarde na gestão de Jânio Quadros.

Depois da vitória da Campanha da Legalidade, quando Jango foi empossado presidente, Maria Tereza tinha apenas 21 anos. Tão jovem, teve muito o que aprender ao se transformar em primeira-dama do país. “Antes, como esposa do vice-presidente, era tudo mais fácil”, diz ela. “Tínhamos poucos compromissos oficiais, porque naquela época vice-presidente não tinha visibilidade como hoje”.

Mas com a ajuda de esposas de ministros de Jango e de outros políticos, logo ela se adaptou à nova rotina. Entre as mulheres que a auxiliaram nessa tarefa, esteve Risoleta Neves, esposa de Tancredo Neves. “Elas me tratavam como se eu fosse uma filha e me orientavam sobre vários assuntos”, conta. O mais difícil era quando tinha de participar de ambientes exclusivamente políticos: “Não era entrosada com aquilo e sentia uma certa dificuldade em reuniões a que eu tinha de estar presente”.

Tudo foi ficando mais fácil quando ela assumiu a presidência da Legião Brasileira de Assistência – a LBA. “Foi uma escola, porque eu comecei a ter que viajar a vários lugares e tinha uma ótima equipe”.

Jango ficou na presidência da República até março de 1964, quando o golpe militar deflagrado no dia 31 o derrubou do poder. Do relacionamento das forças militares com o governo dele, até então, Maria Tereza diz que não sentia qualquer indisposição ou arrogância. “Pelo contrário, convivia-se bem com os militares, e no dia-a-dia, me parecia que estava tudo muito tranquilo. Acho que não percebi, naquele momento, que por trás da aparente tranquilidade já havia expectativas de uma coisa grave”. Mas, pelas circunstâncias em que Jango assumira o governo, ela diz que intuía, desde o começo, que algo poderia acontecer no futuro.

O comício na Central do Brasil

Dias antes do golpe, em 13 de março, Jango havia feito um comício em frente à Central do Brasil, no Rio de Janeiro, assistido por cerca de 300 mil pessoas. Decretou ali a nacionalização das refinarias privadas de petróleo e a desapropriação de terras às margens de ferrovias, rodovias e áreas públicas de irrigação de açudes, para promover a reforma agrária.

O comício o empurrou definitivamente para a linha de fogo. Mas era uma vontade da qual ele não abriria mão, segundo Maria Tereza. “Foi um grande discurso”, lembra. Maria Tereza estava ao lado do marido, lhe passando as páginas em que ele lia o pronunciamento. Recorda que, de repente, Jango não quis mais ler e passou a falar de improviso: “Foi aí que falou com a alma sobre as reformas que pretendia para beneficiar as classes mais humildes. Depois do comício, ele me disse: Aconteça o que acontecer, eu realizei o que queria”.

Pouco antes de falar para aquelas milhares de pessoas, Jango havia se sentido mal, mas não obedeceu à recomendação do médico de que deveria ficar repousando. Também havia boatos de que o palanque seria explodido. “Foi por isso que decidi ir junto. Até então, nunca tinha participado de comício, porque não me sentia bem (como até hoje) entre multidão”, diz Maria Tereza. (Sul21)

Dilma constrange Jobim e cogita substituição


A presidente Dilma Rousseff constrangeu ontem o ministro da Defesa, Nelson Jobim, ao tratá-lo de forma protocolar durante evento oficial no Palácio do Planalto.

Ela avalia a possibilidade de demiti-lo da pasta após Jobim declarar publicamente à Folhae ao UOL ter votado no tucano José Serra na eleição presidencial de 2010.

Dilma ficou irritada com a declaração. Cogitou demitir Jobim, mas preferiu não fazer isso já. No governo avalia-se que, se o ministro tivesse pedido demissão, ela teria aceito na hora.

Ontem, em um evento no Planalto, Dilma tratou o auxiliar com frieza ostensiva. Não o citou no discurso, como é praxe. O cumprimento entre ambos foi protocolar.

Dilma já sabia da opção eleitoral do ministro por Serra desde o ano passado. Ainda assim, decidiu reconduzi-lo ao cargo por influência de Lula. Pesou a favor de Jobim seu reconhecimento no meio militar e seu trabalho para institucionalizar o Ministério da Defesa, criado há 12 anos.

Ministro de Lula e Fernando Henrique, Jobim perdeu espaço sob Dilma. Deixou de ser mediador em negociações com o mundo jurídico e não conseguiu concluir a compra dos caças Rafale.

O próprio Jobim confidenciou a amigos que não ficará por muito tempo no posto. A recente polêmica, porém, pode precipitar sua saída.

Além de revelar o voto em Serra, o ministro afirmou que o tucano teria tomado as mesmas atitudes de Dilma se tivesse vencido a eleição.

Essa foi a segunda controvérsia a incomodar o Planalto. Em junho, numa homenagem a FHC, o ministro havia dado declaração ambígua: "Os idiotas perderam a modéstia". Isso foi interpretado como uma referência à atual gestão. Ele negou.

O Planalto registrou que Jobim revelou o voto em Serra na terça de manhã mas não antecipou a declaração, que seria publicada no dia seguinte, na reunião que teve com Dilma naquele dia. Ontem, integrantes do alto escalão tratavam da demissão sem cerimônia. Dilma chegou a ouvir de diversos interlocutores que o melhor seria demiti-lo de imediato.

Na segunda, o ministro dará entrevista ao programa "Roda Viva", da TV Cultura.

Adir de Souza assume Fundacentro no Paraná

Flávio Arns, Adir de Souza e o diretor do SINTESPAR Elizeu de Oliveira

O histórico companheiro Adir de Souza, presidente do Sindicato dos Técnicos em Segurança do Trabalho do Paraná, SINTESPAR, assumiu recentemente a chefia do Centro Estadual da Fundacentro no Paraná, melhor nome não poderia ter sido escolhido. A Fundacentro é o mais importante organismo federal de fiscalização e implantação de ações de segurança no trabalho. Essa fundação foi responsável pela formação dos primeiros engenheiros e técnicos de segurança do trabalho, médicos, enfermeiros e auxiliares de enfermagem do trabalho formados no Brasil. Mais de 100 mil alunos passaram pelos cursos de especialização ministrados pela Fundacentro.

Assumindo esse importante posto, o competente Adir recebe o reconhecimento pelos muitos anos de dedicação às causas trabalhistas frente ao SINTESPAR, lutando pela segurança das tantas categorias profissionais no ambiente de trabalho.

Parabéns!!!





Ao completar 70 anos Ney Matogrosso a olho nu


Quase 40 anos saracoteando nos palcos, e o introspectivo Ney Matogrosso revela: é desses que não suportam Parabéns Pra Você. Sente-se constrangido. Segunda-feira, não vai soprar as 70 velinhas a que tem direito neste aniversário. Vai esperar a sexta-feira, quando recebe para jantar os amigos mais próximos. Só cedeu à festa porque pensou bem e concluiu que a idade - inacreditável - é cabalística (dez vezes o número sete).

Fabio Motta/AE
Fabio Motta/AE
Ney. 'Sou feliz com minha vida'

A carreira de quase 40 anos se mantém no topo, o público o acarinha nos shows e nas ruas do Leblon, a voz está ótima, o manequim, estacionado em 38. Não há crise. "Nos 60 anos, tive uma insegurança idiota em relação a como agir, o que vestir. Depois vi que não mudava nada, porque serei a mesma pessoa até morrer", ele contou, em entrevista em casa, há cinco dias. Nem a perda de cabelo, que o deixa cada vez mais parecido com o avô, assombra Ney, que já teve seus dias de rabo de cavalo. "Entre ficar careca e brocha, é melhor careca..."

O cantor sabia que o gancho da conversa era a data festiva, mas não se incomodou. Já homenagens... "Não gosto, fico com vergonha. Chegaram propostas mirabolantes. Sei que é uma idade que chama a atenção, especialmente porque estou chegando nela muito bem. Desde que você queira, isso é possível: se não fumar, se não comer que nem um animal... Os 70 são os novos 55."

Esta semana, antes de cantar no Festival de Inverno de Bonito, em seu Mato Grosso do Sul natal, que o homenageia nesta 12.ª edição, certificou-se de que não haveria placa comemorativa envolvida. Na abertura, entretanto, teve de subir ao palco com o governador, André Puccinelli, que o festejou: "Agora ele é Ney Mato Grosso do Sul".

Bonito assistiu ao show Beijo Bandido, que vem rodando há dois anos. Ney se surpreende com a longevidade do trabalho, de tom menos exuberante e com repertório que mistura composições de duplas como Herivelto Martins e Marino Pinto (Segredo, sucesso de Dalva de Oliveira de 1947) e Herbert Vianna e Paula Toller (Nada Por Mim, hit de Marina Lima nos anos 80).

Desde 1973, quando os Secos & Molhados chegaram para arrebatar o Brasil, com o disco que tinha Sangue Latino, O Vira e Rosa de Hiroshima, foi um CD por ano. Para o próximo, que será "mais pop", já tem escolhidas músicas de Jards Macalé, Vitor Ramil, Itamar Assumpção e do grupo carioca Tono. Como pensa sempre primeiro no espetáculo, e não no CD, quer chegar a 20 faixas antes de ir a estúdio.

O CD novo deve ficar para 2012, ano de outra efeméride: os 40 anos de vivência artística - iniciada em A Viagem, adaptação para o teatro d"Os Lusíadas. Foi durante a montagem que Ney descobriu que, além da voz rara, de tenor para contralto, e do talento como ator, tinha o pendor para a dança. Tendo "a libido como arma" contra o status quo, viraria figura central do grupo-fenômeno, que duraria só até 1974.

Filmes. A entrada em circuito do filme Luz Nas Trevas - A Volta do Bandido da Luz Vermelha, com roteiro de Rogério Sganzerla e direção de Helena Ignez e Ícaro Martins, também é esperada para 2012. A sequência de O Bandido da Luz Vermelha, com Ney como o mítico criminoso, ganhou prêmio da crítica no Festival de Locarno, ano passado.

Um pouco antes, deve vir a público o documentário Olho Nu, de Joel Pizzini, que revela seu pensamento. O Canal Brasil vai exibir uma série, com caráter mais cronológico. Ney repassou à equipe mais de 600 horas em VHS (já digitalizadas) com programas de TV, clipes, entrevistas, gravações caseiras. A pesquisa durou três anos, e incluiu varredura em arquivos de TVs.

O filme levou Ney de Souza Pereira de volta à sua pequena cidade, Bela Vista. Era para ser um presente de aniversário, mas, para finalizá-lo, falta captar mais recursos.

Uma raridade é uma entrevista rápida de 1984 dada com seu pai, hoje falecido, na saída de um show. Ney não a conhecia e se emocionou. Militar, ele não via com bons olhos o filho quase nu nos palcos. "No começo, não gostava. Não estava acostumado com um homem rebolando. Agora sou o fã número dois; a número um é minha mulher." A mãe, de 89 anos, mora no sítio do cantor, na Região dos Lagos, no Rio, e vem para o jantar dos 70 anos.

O Estado assistiu a um trecho. É saboroso rever o Ney superexótico, maquiando o rosto todo, os figurinos absurdos, o requebrado, a declamação de poesias. Saltam da tela a visão libertária, a coerência, o discurso antirrótulos - ele nunca quis ser estandarte da causa gay, por exemplo. "Brinco que ele deu uma única entrevista a vida inteira", diz Pizzini. "O filme traduz suas personas. É um artista completo. Estou evitando o tom nostálgico. Ney é supervivente."

A faceta diretor de teatro pode ser conferida no Sesc Pinheiros, onde está em cartaz até o fim de agosto Dentro da Noite, monólogo com Marcus Alvisi. (AE)




PP tem esquema de corrupção no Ministério das Cidades, diz revista Isto É



O tesoureiro do Partido Progressista (PP), Leodegar Tiscoski, e outros executivos ligados ao partido liberavam recursos para obras consideradas irregulares pelo Tribunal de Contas da União (TCU), algumas delas com recomendação de "retenção dos pagamentos", segundo reportagem da edição desta semana da revista IstoÉ.

A reportagem afirma que, dos gabinetes do Ministério das Cidades, comandado pelo PP, os políticos favoreciam empreiteiras que contribuíram financeiramente com campanhas eleitorais do partido no ano passado.

O ministro das Cidades, Mário Negromonte, negou com veemência as acusações.

Segundo a revista, Tiscoski é secretário de saneamento do ministério desde 2007 e no ano passado atuou também na função de tesoureiro nacional do PP. Documentos do Tribunal Superior Eleitoral mostram que, em dezembro de 2010, Tiscoski assinou a prestação de contas do partido. Ele afirmou à revista que não assina mais cheques ou ordens bancárias como tesoureiro, mas admitiu que "encaminhou" a prestação de contas ao Tribunal. O PP informou que as finanças do partido estão a cargo do primeiro tesoureiro, o ex-deputado Feu Rosa, que, segundo a revista, é assessor especial da pasta, cuidando do relacionamento do ministério com o Congresso.

A reportagem diz que as empreiteiras contribuíram oficialmente com R$ 15 milhões nas campanhas do PP em 2010, sendo a maior parte (R$ 8,7 milhões) na forma de doações ocultas. "Isso significa que o dinheiro foi para a conta do partido, durante a campanha eleitoral, e imediatamente distribuído entre seus candidatos", diz a publicação. A revista afirma que três grandes construtoras, Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa e Queiroz Galvão, repassaram legalmente um total de R$ 7,5 milhões para as campanhas do PP.

Entre as obras com suspeitas apontadas pela reportagem e questionadas pelo TCU estão às relacionadas aos trens urbanos de Salvador (BA), a cargo da Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez; aos trens urbanos de Fortaleza (CE), sob responsabilidade da Camargo Corrêa e Queiróz Galvão; à implementação da linha 3 do metrô do Rio de Janeiro, tocada pela Queiroz Galvão e Carioca Christiani-Nielsen; e o complexo viário Baquirivu-Guarulhos, em São Paulo, a cargo da construtora OAS. (AE)


Mais bronca:


Senador é citado em investigação da PF


O senador Delcídio do Amaral e o secretário nacional de Saneamento Básico do Ministério das Cidades, Leodegar Tiscoski, são citados em áudios contidos no inquérito da Polícia Federal que investiga um suposto esquema de desvios de recursos em obras públicas da cidade de Dourados, a 198 km de Campo Grande. A reportagem do Terra teve acesso com exclusividade a dois áudios, com cerca de duas horas de gravação, que apontam que ambos cobrariam propina para intermediar repasses de verba ao Estado.

As informações foram descobertas durante as investigações da PF que culminaram na Operação Uragano, realizada em setembro de 2010. Na ocasião, 28 pessoas foram presas, entre autoridades políticas, agentes públicos e empresários do Mato Grosso do Sul.

Na gravação, o ex-diretor de Obras de Dourados Jorge Hamilton Torraca fala ao ex-secretário de governo Eleandro Passaia como funcionaria a divisão dos recursos entre o então prefeito Ari Artuzi, o senador Delcídio e o secretário Tiscoski para liberação de recursos em Brasília. As gravações foram realizadas nos dias 5 e 16 de junho de 2010. (O Jornal

EUA rumo ao calote: Câmara dos Representantes rejeita projeto democrata sobre dívida

Como já era esperado, a Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, dominada pelos adversários republicanos de Barack Obama, rejeitou neste sábado (30) um plano dos democratas do Senado para elevar o teto da dívida, três dias antes do prazo limite fixado pelo Tesouro.

Os representantes rejeitaram por 173 votos contra 246 o texto elaborado pelo chefe da maioria democrata Harry Reid. Com este voto, os republicanos da Câmara e seu líder, John Boehner, quiseram responder à rejeição na sexta-feira (29) pelo Senado de um texto republicano.

Impasse

Republicanos e democratas não conseguem fechar um projeto em comum para reduzir o déficit orçamentário do país e elevar o limite de endividamento do governo federal. Obama defende um plano bipartidário definitivo, que prevê cortes de gastos e põe fim a isenções de impostos aos mais ricos.

Os republicanos, contudo, propõem um plano de cortes de gastos e aumento do teto da dívida em duas fases, o que o presidente não quer, já que seria necessário debater o assunto novamente em 2012, ano de eleições no país. O plano republicano foi aprovado na Câmara nesta sexta-feira, mas barrado em seguida pelo Senado, de maioria democrata. A votação deste sábado representa uma resposta republicana à rejeição de seu texto no dia anterior.

Ainda neste sábado, uma carta assinada por 43 dos 47 republicanos do Senado foi divulgada afirmando que eles não votarão a favor de um plano democrata.

O prazo para que republicanos e democratas cheguem a um acordo termina na próxima terça-feira (2) – data em que o governo federal pode começar a ficar sem recursos para pagar suas dívidas. Democratas e republicanos devem passar os próximos dias discutindo um possível acordo para evitar o calote – mas é dífícil prever o que irá ocorrer.

Saídas possíveis

Uma das possibilidades para a solução do impasse é justamente o que tem causado o conflito no Congresso: um plano sobre o teto da dívida que seja aprovado tanto pelos republicanos quanto pelos democratas. Esse plano, além de aumentar o limite de endividamento do país, hoje em US$ 14,3 trilhões, precisaria possibilitar o reajuste das contas do governo dos EUA em longo prazo, explica o coordenador do curso de Negócios Internacionais e Comércio Exterior da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Evaldo Alves. “Em condições normais, o ideal seria chegar a um acordo e, como decorrência, a uma aprovação de um plano de contenção de gastos e aumento de impostos (...). Só que os EUA estão passando por uma época em que começa a existir um grande radicalismo político, nenhum lado quer abrir mão (...). É um diálogo entre surdos”, avalia o especialista.

Caso o Congresso não chegue a nenhum acordo até o dia 2 de agosto, outra possibilidade seria que o presidente Obama elevasse o teto da dívida por meio de um decreto, por exemplo. O professor Arthur Bernardes do Amaral, da PUC-RJ, explica, porém, que Obama só poderia tomar uma atitude arbitrária em casos extremos. “Só pode em caso de segurança nacional. Ele não poderia fazer isso ordinariamente, só extraordinariamente.”

Caso esta seja a escolha de Obama, Amaral diz que “as consequências políticas seriam muito graves”. “Ele seria acusado de arbitrariedade. (...) O país foi fundado em cima do princípio de combater a tirania. Se o Obama agir como um autocrata, vai passar por cima da divisão do poder.” Isso, na opinião do professor, poderia comprometer uma tentativa de reeleição em 2012.

Possível calote

Apesar de considerada remota pelos especialistas ouvidos pelo G1, a possibilidade de calote da dívida americana coloca em cheque a classificação de pagador mais seguro do mundo.

“Nos mercados financeiros, já estaria o caos no dia seguinte (...). Isso sinalizaria a incapacidade dos Estados Unidos de fazer um acordo, o que, em longo prazo, é preciso. Um calote seria um sinal de que nem mais nos EUA a coisa acontece. Geraria uma incerteza, já que para todos os investidores do mundo inteiro, o título americano é o mais seguro do mundo”, afirma o professor de Economia da Universidade de São Paulo (USP), Carlos Eduardo Soares Gonçalves. (G1)

A farra com dinheiro público: Sorteio das Eliminatórias da Copa 2014 foi palco de protestos e desconfianças


A mais cara cerimônia de sorteio já realizada para definir as Eliminatórias deu neste sábado (30) a largada ao Mundial de 2014. E apresentou ao mundo um Brasil e uma preparação de contrastes. Certezas e desconfiança. Festa e protestos. Bajulação e saia justa. E cobranças.

Com manifestantes do lado de fora, a cúpula o futebol mundial e da política nacional, encabeçada pela presidente Dilma Rousseff, esteve na Marina da Glória, no Rio de Janeiro, onde 166 seleções do todo o mundo conheceram o caminho que percorrerão para apenas algumas delas voltarem ao país daqui a três anos.

Sustos

Cerca de duas mil pessoas presentes viram o governador do Rio, Sérgio Cabral, e o prefeito da cidade, Eduardo Paes, comemorarem o evento bancado por eles com verba pública: R$ 30 milhões.

Mas nem todo o dinheiro investido evitou sustos. Como as estruturas foram feitas em tendas provisórias, elas sofreram o impacto do vendaval que atingiu o Rio e Janeiro pouco antes. Barras de ferro se soltaram, placas voaram, vários funcionários tiveram de fazer reparos às pressas.

O barulho intenso sob as lonas causou apreensão, com as pessoas olhando constantemente para cima, inclusive durante o discurso de abertura de presidente da Fifa, Josef Blatter.

Polêmicas

Suspeito de corrupção na entidade que reúne mais países do que a própria ONU, Blatter teve de encarar no Brasil vários questionamentos durante a semana que antecedeu ao evento. Garantiu que a Fifa terá um novo comitê de ética, prometeu mudanças, mas se incomodou com a troca do foco da festa para a contestação da sua gestão.

Mesmo assim se comportou melhor do que o presidente da CBF, do Comitê Organizador Local (COL) e aspirante a seu sucessor, Ricardo Teixeira.

O cartola não deu entrevistas, chegou a discutir com um repórter inglês, na véspera do evento, e ainda foi alvo de um protesto.

“Queremos mais transparência na organização da Copa do Mundo. Defendemos os moradores que serão removidos por causa das obras da Copa e da Olimpíada de 2016, o direito dos comerciantes informais e até o dos torcedores que perderam a tradicional forma carioca de torcer com a nova reforma do Maracanã, onde estão gastando milhões [a obra conduzida pelo governo do Rio está orçada em R$ 705 milhões]”, explicou um dos responsáveis pelo movimento, Hertz Leal, encabeçado pela Frente Nacional dos Torcedores.

Pacífica, bem humorada, com cartazes onde estava escrito “Fora Ricardo Teixeira”, a passeata guiada por um carro de som, contou com cerca de 700 pessoas de acordo com policiais militares – entre eles professores e bombeiros que pegaram carona no movimento.

Na entrada da Marina da Glória, um texto sobre o protesto foi distribuído a todos os jornalistas estrangeiros. Alvo de vários mimos preparados pela organização – como jantares exclusivos, pedacinhos do Maracanã e a famosa caipirinha –, eles deixarão o país também com muitas dúvidas.

Entre elas, o aumento no orçamento, o excessivo investimento público, a demora nas obras e até a mais recente, com intervenção do Ministério Público e a possibilidade de interdição nas obras do estádio, palco da abertura em 12 de junho de 2014, e do qual eles levarão um pequeno entulho na mala. (GP)

 
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