sábado, 30 de julho de 2011

EUA rumo ao calote: Câmara dos Representantes rejeita projeto democrata sobre dívida

Como já era esperado, a Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, dominada pelos adversários republicanos de Barack Obama, rejeitou neste sábado (30) um plano dos democratas do Senado para elevar o teto da dívida, três dias antes do prazo limite fixado pelo Tesouro.

Os representantes rejeitaram por 173 votos contra 246 o texto elaborado pelo chefe da maioria democrata Harry Reid. Com este voto, os republicanos da Câmara e seu líder, John Boehner, quiseram responder à rejeição na sexta-feira (29) pelo Senado de um texto republicano.

Impasse

Republicanos e democratas não conseguem fechar um projeto em comum para reduzir o déficit orçamentário do país e elevar o limite de endividamento do governo federal. Obama defende um plano bipartidário definitivo, que prevê cortes de gastos e põe fim a isenções de impostos aos mais ricos.

Os republicanos, contudo, propõem um plano de cortes de gastos e aumento do teto da dívida em duas fases, o que o presidente não quer, já que seria necessário debater o assunto novamente em 2012, ano de eleições no país. O plano republicano foi aprovado na Câmara nesta sexta-feira, mas barrado em seguida pelo Senado, de maioria democrata. A votação deste sábado representa uma resposta republicana à rejeição de seu texto no dia anterior.

Ainda neste sábado, uma carta assinada por 43 dos 47 republicanos do Senado foi divulgada afirmando que eles não votarão a favor de um plano democrata.

O prazo para que republicanos e democratas cheguem a um acordo termina na próxima terça-feira (2) – data em que o governo federal pode começar a ficar sem recursos para pagar suas dívidas. Democratas e republicanos devem passar os próximos dias discutindo um possível acordo para evitar o calote – mas é dífícil prever o que irá ocorrer.

Saídas possíveis

Uma das possibilidades para a solução do impasse é justamente o que tem causado o conflito no Congresso: um plano sobre o teto da dívida que seja aprovado tanto pelos republicanos quanto pelos democratas. Esse plano, além de aumentar o limite de endividamento do país, hoje em US$ 14,3 trilhões, precisaria possibilitar o reajuste das contas do governo dos EUA em longo prazo, explica o coordenador do curso de Negócios Internacionais e Comércio Exterior da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Evaldo Alves. “Em condições normais, o ideal seria chegar a um acordo e, como decorrência, a uma aprovação de um plano de contenção de gastos e aumento de impostos (...). Só que os EUA estão passando por uma época em que começa a existir um grande radicalismo político, nenhum lado quer abrir mão (...). É um diálogo entre surdos”, avalia o especialista.

Caso o Congresso não chegue a nenhum acordo até o dia 2 de agosto, outra possibilidade seria que o presidente Obama elevasse o teto da dívida por meio de um decreto, por exemplo. O professor Arthur Bernardes do Amaral, da PUC-RJ, explica, porém, que Obama só poderia tomar uma atitude arbitrária em casos extremos. “Só pode em caso de segurança nacional. Ele não poderia fazer isso ordinariamente, só extraordinariamente.”

Caso esta seja a escolha de Obama, Amaral diz que “as consequências políticas seriam muito graves”. “Ele seria acusado de arbitrariedade. (...) O país foi fundado em cima do princípio de combater a tirania. Se o Obama agir como um autocrata, vai passar por cima da divisão do poder.” Isso, na opinião do professor, poderia comprometer uma tentativa de reeleição em 2012.

Possível calote

Apesar de considerada remota pelos especialistas ouvidos pelo G1, a possibilidade de calote da dívida americana coloca em cheque a classificação de pagador mais seguro do mundo.

“Nos mercados financeiros, já estaria o caos no dia seguinte (...). Isso sinalizaria a incapacidade dos Estados Unidos de fazer um acordo, o que, em longo prazo, é preciso. Um calote seria um sinal de que nem mais nos EUA a coisa acontece. Geraria uma incerteza, já que para todos os investidores do mundo inteiro, o título americano é o mais seguro do mundo”, afirma o professor de Economia da Universidade de São Paulo (USP), Carlos Eduardo Soares Gonçalves. (G1)

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