terça-feira, 12 de outubro de 2010

França enfrenta a maior onda de protestos contra reforma previdenciária

Daniela Fernandes/ BBC Brasil

Manifestantes querem que governo recue em reforma previdenciária

A França enfrentou nesta terça-feira mais uma greve contra a reforma da Previdência que prejudicou o funcionamento, ao longo do dia, de setores como o dos transportes e das refinarias de petróleo.

Esta é a quarta - e maior - greve contra a reforma a paralisar o país desde setembro. Segundo a polícia, pouco mais de 1 milhão de pessoas participaram das manifestações. Os organizadores, no entanto, afirmam que 3,5 milhões foram às ruas.

Centenas de passeatas ocorreram em várias cidades do país, em oposição ao aumento da idade mínima para aposentadoria de 60 para 62 anos, elemento central da reforma defendida pelo presidente Nicolas Sarkozy.

O texto da reforma já foi aprovado pelos deputados e está sendo examinado atualmente pelo Senado, que deve concluir a votação no final desta semana. O governo defende que a reforma é essencial para sustentar o sistema previdenciário do país, mas os sindicatos alegam que os trabalhadores mais pobres serão os mais afetados.

"Essa é uma das últimas ocasiões para fazer o governo recuar", afirma François Chérèque, secretário-geral da confederação sindical CFDT.

Os senadores já aprovaram dois artigos polêmicos da reforma. O primeiro é o aumento progressivo da idade para se aposentar, que atingirá 62 anos em 2018, e o segundo prevê o aumento do limite de idade para ter direito à aposentadoria integral de 65 para 67 anos, no caso dos que não atingiram o tempo de contribuição exigido.

Efeitos

A greve afetou fortemente nesta terça-feira os transportes urbanos, aeroportos e portos em todo o país e também impediu o funcionamento parcial de escolas, correios, hospitais e os setores de energia e telecomunicações.

Um dos setores mais atingidos foi o petrolífero, forçando uma elevação nos preços do óleo diesel na Europa.

As seis refinarias do grupo Total estão sendo afetadas pela greve. Os trabalhadores do setor já votaram na semana passada a favor de uma paralisação por tempo indeterminado na maioria das refinarias.

Há estimados 56 navios petrolíferos e 29 cargueiros parados no porto de Fos-Lavera.

A eventual continuidade da mobilização nesse setor já preocupa as organizações patronais, que temem o risco de falta de combustível no país no curto prazo.

No aeroporto de Orly, nos arredores de Paris, metade dos voos foi cancelada nesta terça. A greve atingiu também 30% dos voos dos aeroportos Charles de Gaulle e Beuvais.

Até mesmo os funcionários da Torre Eiffel, em Paris, decidiram fazer greve nesta terça. Os turistas tiveram de ser retirados do local.

Quase 300 escolas secundárias também se juntaram aos protestos, segundo o Ministério do Interior, sendo que 90 delas ficaram totalmente bloqueadas.

Apoio

O endurecimento dos protestos contra a reforma da Previdência, por meio de greves por tempo ilimitado, divide, no entanto, os sindicatos franceses. Alguns estimam que isso poderá trazer riscos para os trabalhadores.

Segundo uma pesquisa Ipsos para a rádio Europe 1, divulgada no domingo, 31% dos franceses afirmam ser a favor de uma greve de longa duração, mas quase a metade espera que o movimento termine rapidamente.

O conflito social também corre o risco de se radicalizar nesta semana, com o início da participação dos estudantes nos protestos, o que é considerado um fator chave para pressionar o governo.

Os sindicatos franceses preveem novos protestos no próximo sábado e alertaram que poderão fazer paralisações que seriam renovadas diariamente por meio de votações dos trabalhadores.

No caso dos transportes, em Paris, a greve já foi aprovada em assembleia sindical e deve se manter nesta quarta-feira.

MINEIROS NO CHILE: RESGATE DEVE COMEÇAR POR VOLTA DAS 20H

Vista da plataforma de salvamento que será usada no resgate

O chileno Florencio Ávalos, escolhido para ser o primeiro dos 33 mineiros no sítio de São José a ser trazido à superfície, é o segundo na hierarquia do grupo de presos no subsolo, combinando juventude e experiência para o colocar na categoria dos “mais hábeis.” Seu irmão, Renan Ávalos, também está soterrado.

Florencio, de 31 anos, será seguido por Mario Sepúlveda, de 39 e, em seguida, será a vez do boliviano Carlos Mamani, 23, de acordo com uma fonte do governo que relatou à agência de notícias AFP apenas os nomes dos três principais mineradores a serem içados.

Alberto Ávalos, tio dos irmãos Renan e Florencio, diz que espera pelo resgate com “alegria tremenda” e, ao mesmo tempo, uma “ansiedade inexplicável” que não o deixa dormir, segundo a agência Efe. Ele declarou que em várias ocasiões imaginou o encontro com os dois e que não vê a hora de abraçá-los.

Apreensão. As famílias dos 33 mineradores soterrados no norte do Chile aguardam com apreensão e muita expectativa o iminente resgate e imaginam como será o momento de reencontro após mais de dois meses de angústia. Com o fim do resgate chegará também a hora de as famílias retornarem a suas casas e retomarem suas vidas, após uma angustiante espera de quase 70 dias.

Mais notícias:

As autoridades chilenas atrasaram em mais duas horas o início do resgate dos 33 mineiros. Às 20h, o ministro da Mineração, Laurence Golborne, disse que devido aos últimos reparos na sonda que trará os funcionários à superfície a operação deve começar por volta das 22h.

De acordo com o ministro, “é necessário fazer conexões telefônicas” na cápsula “e alguns testes” antes de transportar o primeiro socorrista até o local onde estão os mineiros, a 700 metros de profundidade. Ele manteve, porém, a expectativa de que o primeiro mineiro seja resgatado antes da meia-noite desta terça-feira.

No início do dia, a previsão era de que o resgate começasse às 18h. No final da tarde, o presidente chileno, Sebastián Piñera, afirmou que os trabalhos começariam somente às 20h. Segundo ele, toda a operação deve durar entre “24 e 48 horas.”

A CÁPSULA A SER USADA NO RESGATE:

Justiça bloqueia os bens da Cisco, gigante da tecnologia que é financiadora das campanhas do PT


José Ernesto Credendio e Mario Cesar Carvalho - Folha.com


A Justiça determinou o bloqueio dos bens da Cisco do Brasil no processo em que a companhia é acusada de importação fraudulenta com uso de empresas fantasmas.

Duas delas foram usadas para fazer doação de R$ 500 mil ao PT, na campanha presidencial de 2006, conforme a Folha revelou em 2007.

Com a decisão, a Cisco ficou sem poder movimentar bens e contas bancárias. Recorreu, mas conseguiu liberar somente ativos financeiros. Na última semana, cartórios e juntas comerciais já registravam os bloqueios.

A Cisco é a maior empresa do mundo em equipamentos para redes de computadores. Aparece na 58ª posição no ranking das 500 maiores empresas da revista "Fortune" de 2010. No ano passado, suas vendas somaram US$ 40 bilhões (R$ 68 bilhões).

O congelamento dos bens é o desdobramento de uma das maiores autuações da história brasileira --a Cisco e uma rede de empresas foram multadas pela Receita Federal em R$ 3,3 bilhões devido ao suposto esquema, desvendado pela Operação Persona, realizada pela Polícia Federal em 2007.

Histórico da relação entre o governo e a empresa:

Folha de São Paulo

Cliente da Cisco venceu pregão que teria gerado "doação" ao PT PF vai investigar se esquema contava com braço na adm. pública.

Em contrato fechado no dia 11 deste mês, Damovo do Brasil se comprometeu a fornecer produtos da Cisco à Caixa Econômica Federal

A licitação promovida pela Caixa Econômica Federal que teria motivado a suposta "doação" de R$500 mil ao PT é o pregão eletrônico 157/2006, que teve como principal vencedora a Damovo do Brasil. A empresa comprometeu-se a fornecer produtos da Cisco ao banco.

Nos diálogos monitorados pela Polícia Federal, como parte da investigação relacionada à Operação Persona, os interlocutores sugerem que a suposta doação ao partido poderia beneficiar a empresa, que ficou com uma fatia de R$9,9 milhões da licitação para venda de switchers e roteadores à Caixa.

As outras ganhadoras foram a CPM (R$7,96 milhões) e a Rede Sul (R$748,8 mil).

Segundo a Folha apurou, os diálogos entre executivos da Cisco e da distribuidora Mude, apontada como a importadora oculta da Cisco, com um suposto representante do PT começaram em julho deste ano. O contrato da Caixa com a Damovo foi fechado dia 11 deste mês.

A Damovo é uma empresa especializada em comunicação tecnológica corporativa. Em seu site, a empresa informa atender mais de 26 mil organizações internacionais.

Investigação

Segundo a PF, que vai apurar a licitação, este é o primeiro e mais forte indício de que o esquema montado pela Cisco e pela Mude poderia abranger os clientes que comercializam os produtos importados mediante prática de fraude. Para a polícia, é possível que haja um braço do esquema instalado na administração pública.

A pedido da Folha, o site Conlicitação, um serviço de acompanhamento de licitações, detectou que o pregão eletrônico 157/2006 chegou a ficar parado por conta de recursos de empresas concorrentes enviados à Caixa. Os vencedores, inicialmente, eram Conecta e Telefônica. Superadas as pendências, os trâmites do pregão foram retomados em 27 de março.

A informação sobre a "doação" de R$500 mil consta no relatório da PF, que investigou o caso por dois anos. A operação foi deflagrada há 11 dias, com a prisão de 42 pessoas acusadas de formação de quadrilha, sonegação fiscal, descaminho e corrupção de agentes públicos, entre outros crimes.

As referências à palavra "doação", conforme papéis da PF, partem do fundador da Cisco do Brasil, Carlos Carnevali, e de executivos da Mude Comércio e Serviços Ltda. -Francisco Gandin, José Roberto Pernomian e Fernando Grecco.

Ontem, a 4ª Vara da Justiça Federal Criminal de SP decretou a prisão preventiva de nove envolvidos, entre eles Carnevali, Pernomian e Grecco.

Segundo a PF, Cisco e Mude montaram uma rede de empresas, no Brasil e nos EUA, para importar produtos até 70% mais baratos, com uso de nota fria e subfaturada, descontos fictícios e empresas fantasmas, registradas em nome de "laranjas" ou de "offshores" -companhias com sede em paraísos fiscais, nos quais o sigilo sobre o verdadeiro titular é absoluto.

JORNAL DO BRASIL quarta-feira, 17 de outubro de 2007.

- Cadeia para presidente de multinacional - O presidente da Cisco Systems no Brasil, Pedro Ripper, e o ex-presidente da empresa Carlos Carnevalli estão entre as 40 pessoas presas ontem pela Polícia Federal sob acusação de fraudes contra a Receita Federal que somam R$ 1,5 bilhão em importações. A chamada Operação Persona fisgou também seis auditores do Fisco, além de empresários e diretores de empresas brasileiras envolvidas no esquema. A gigante americana Cisco Systems é a 18ª marca mais valiosa do mundo na área de serviços e equipamentos de alta tecnologia para redes corporativas de internet e telecomunicações. Outras 30 empresas do Brasil e do exterior também estão envolvidas. A Cisco informou que ainda está apurando o que aconteceu e que está colaborando com as investigações. (pág. 1 e Economia, pág. A18)

Dá para confiar no Lula ?

Lula por Carlos Vereza:



Lula e Collor, uma amizade bem collorida:



Lula adversário de Sarney (1989):



Lula - Antes e depois do poder:

Dois primatas brasileiros entram na lista de ameaçados

Guigó da Caatinga e Macaco prego galego

O macaco-prego-galego e o guigó-da-Caatinga estão na lista dos 25 primatas mais ameaçados de extinção no mundo. A inclusão ocorreu durante o 23.º Congresso Internacional de Primatologia, realizado na Universidade de Kyoto, no Japão, no mês passado.

Macaco prego galego, um dos primatas brasileiros ameaçados de extinção
A lista passa por revisões a cada dois anos, sob a coordenação do Grupo Especialista em Primatas da União Internacional para a Conservação da Natureza (PSG/IUCN), e tem como objetivo ampliar as ações de conservação das espécies listadas.

A candidatura das espécies brasileiras foi apresentada pela delegação formada pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Primatas Brasileiros do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (CPB/ICMBio), universidades e ONGs.

Segundo Leandro Jerusalinsky, do CPB, as duas espécies foram incluídas porque suas populações estão sendo reduzidas continuamente. "A maioria dos primatas no Brasil sofre com a destruição e a fragmentação de seus hábitats, as florestas, o que leva à diminuição e ao isolamento de suas populações, além de sua extinção em várias áreas."

O macaco-prego-galego (Cebus flavius), listado como criticamente em perigo, foi redescoberto apenas em 2006, após 300 anos desaparecido para a ciência. Há cerca de dez áreas com ocorrência confirmada da espécie em pequenos fragmentos de Mata Atlântica nos Estados do Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas.

Já o guigó-da-Caatinga (Callicebus barbarabrownae) foi descoberto há 20 anos e é o único primata endêmico da Caatinga, bioma em grave estado de degradação. A espécie está criticamente em perigo.

Reunião do FMI termina sem acordo para resolver 'guerra cambial'

Da BBC Brasil em Washington

FMI anunciou que reforçará supervisão do sistema financeiro internacional

Depois de três dias de intensas discussões entre ministros de Finanças e presidentes de bancos centrais, a reunião anual do FMI (Fundo Monetário Internacional) e do Banco Mundial terminou neste domingo, em Washington, sem perspectivas de solução para os desequilíbrios cambiais entre os países.

Apesar das manifestações sobre a necessidade de uma ação global coordenada para resolver o conflito em vez de medidas individuais, nenhum dos envolvidos demonstrou sinais de que mudará suas políticas no curto prazo, e o encontro chegou ao fim sem um acordo prático sobre a questão cambial.

O tema será retomado no próximo mês, quando líderes do G20 (grupo das principais economias avançadas e em desenvolvimento, do qual o Brasil faz parte) se reúnem em Seul, na Coreia do Sul, mas também nesse encontro a expectativa de um acordo que solucione o problema é baixa.

Os dois principais atores no conflito, Estados Unidos e China, já sinalizaram que não pretendem mudar de postura, e a chamada "guerra cambial" - expressão usada inicialmente pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, que acabou ganhando atenção mundial - não deve acabar tão cedo.

China e Estados Unidos

Os Estados Unidos mantiveram no encontro de Washington sua pressão para que a China permita a valorização de sua moeda, o yuan. O governo americano, assim como outros países, acusa os chineses de manter sua moeda artificialmente desvalorizada, ganhando assim competitividade considerada "desleal" em suas exportações.

O secretário do Tesouro americano, Timothy Geithner, não citou a China diretamente, mas criticou o desequilíbrio na balança comercial ao falar de países que, "por muito tempo, orientaram suas economias à produção para exportação em detrimento do consumo doméstico, contando com os Estados Unidos para importar bens e serviços" e disse que é crucial que "as principais economias emergentes" adotem uma taxa de câmbio mais flexível.

A China, porém, resiste às pressões e diz que mudanças ocorrerão de forma "gradual", sem mencionar prazos. O representante do país na reunião em Washington, Zhou Xiaochuan, rebateu as críticas e disse que o superávit comercial caiu e a moeda chinesa "teve apreciação moderada" nos últimos meses.

Os Estados Unidos, por sua vez, foram o principal alvo de críticas de países como o Brasil nas discussões sobre os desequilíbrios cambiais.

"Hoje o desequilíbrio mais importante é a expansão monetária norte-americana, usada para combater o baixo crescimento e o desemprego ainda elevado nos Estados Unidos", disse o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.

"Isso é a grande injeção de liquidez na economia internacional, não é o acúmulo de reservas dos emergentes que vai assumir essa responsabilidade", afirmou.

No entanto, apesar das pressões, não há sinais de que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) pretenda parar de emitir dinheiro no curto prazo.

Brasil

Nesse cenário, espera-se que grandes fluxos de capital estrangeiro continuem a inundar mercados emergentes, como o Brasil, onde a alta taxa de juros é um dos motivos de atração dos investidores externos, já que em muitos países avançados essas taxas estão próximas de zero.

Em uma reunião no domingo, Philip Suttle, o economista-chefe do Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês), entidade que reúne os grandes bancos globais, deu seu recado aos emergentes: "Acostumem-se com taxas de câmbio mais fortes".

Segundo Suttle, o mundo pós-crise está diferente, com as economias maduras em situação menos favorável que as emergentes.

O fluxo excessivo de capitais, porém, pode causar estragos nas economias emergentes. No Brasil, por exemplo, vem forçando a alta do real frente ao dólar, o que é motivo de preocupação para o governo e os exportadores nacionais.

Na semana passada, o governo anunciou o aumento da alíquota do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) para aplicações de estrangeiros no mercado de renda fixa, em uma tentativa de conter a entrada excessiva de capital estrangeiro e aliviar as pressões sobre o real.

Proteção

Apesar de adotar o discurso corrente na reunião do FMI de que é necessária uma ação global, o Brasil já avisou que vai continuar tomando medidas unilaterais para se proteger da "guerra cambial".

"Trabalhamos em um âmbito global, achamos que a solução passa certamente por uma discussão global, mas independentemente disso, o Brasil toma as suas providências para proteger a sua economia", disse o presidente do Banco Central.

Meirelles afirmou que o Brasil não vai aceitar "importar desequilíbrios de outros países" que coloquem em risco o bom momento da economia brasileira.

Diante desse impasse, o único compromisso resultante da reunião em Washington foi o de que o FMI irá reforçar a supervisão do sistema financeiro internacional e fará relatórios sobre os impactos que medidas cambiais e fiscais de cada país podem ter sobre outras economias.

Sobre a tão mencionada necessidade de ação coordenada, porém, não houve avanços.

Desemprego cresce entre os mais pobres

Marcelo Rehder - AE

SÃO PAULO - A parcela mais pobre da população desempregada não foi beneficiada pela reativação do mercado de trabalho nas seis principais regiões metropolitanas do Brasil. Entre agosto de 2004 e agosto deste ano, a taxa de desemprego dos 20% mais pobres (com renda per capita domiciliar inferior a R$ 203,3 por mês) saltou de 20,7% para 26,27%, enquanto o desemprego total caiu de 11,4% para 6,7%.

Entre os 20% mais ricos (com renda per capita domiciliar superior a R$ 812,3 mensais) a taxa de desocupação despencou de 4,04% para 1,4% nesse mesmo período.

As informações são de levantamento inédito feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) com base nos dados da pesquisa mensal de emprego do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Os números apontam para uma realidade mais dramática. Por si só, o forte crescimento da economia e do emprego formal não está sendo suficiente para fazer com que os mais pobres possam ter as mesmas oportunidades que as pessoas com maior renda têm de encontrar uma ocupação.

"As dificuldades enfrentadas por essas pessoas estão diretamente relacionadas com a baixa escolaridade", afirma o presidente do Ipea, Márcio Pochmann.

A questão é que o crescimento do emprego veio acompanhado de uma competição muito grande entre as empresas por trabalhadores qualificados. Quem não está preparado geralmente fica de fora.

De acordo com o levantamento do Ipea, apenas 41,8% dos desempregados mais pobres frequentaram bancos escolares por período de 11 anos ou mais. Entre os mais ricos, o número sobe para 86,1%.

Discriminação

Outro fator que também pesa contra os mais pobres é a discriminação racial, tratamento injusto que ainda persiste em alguns setores do mercado de trabalho, mesmo que de forma velada. Os dados levantados pelo Ipea indicam que só 23,3% dos desempregados pertencentes a famílias de baixa renda são brancos. Já a parcela dos desempregados de famílias mais abastadas é composta por 72,5% de brancos.

"A persistir essa desigualdade, o que se pode esperar é que a distribuição dos salários vai voltar a ficar mais desigual", diz o economista José Márcio Camargo, da PUC-Rio. Os salários dos mais ricos vão crescer mais rapidamente do que os salários dos mais pobres. "Vai ter menos gente qualificada se oferecendo no mercado de trabalho, porque está todo mundo empregado, e as empresas vão disputar esse tipo de profissional, que é cada vez mais raro, e mais c aro, no mercado", avalia.

Beto Richa, Alckmin e Aécio viajarão o País em nome de Serra

Julia Duailibi - O Estado de S.Paulo

O comando do PSDB "terceirizou" parte da mobilização da campanha do candidato José Serra para puxadores de voto do partido. A partir dessa semana, o senador eleito por Minas, Aécio Neves, e os governadores eleitos Geraldo Alckmin (SP) e Beto Richa (PR) viajarão pelo País em articulações políticas e contato com a militância em nome do presidenciável.

Embora haja tucanos que veem com desconfiança o mergulho de Aécio na campanha, ele articulou viagens pelo interior de seu Estado a fim de fazer campanha para Serra, nos moldes da que organizou em prol do afilhado político, o governador eleito de Minas, Antonio Anastasia. Na quinta-feira, dá início à mobilização com ato ao lado de Serra. E Alckmin traçou agenda de viagens que incluem Acre, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás.

Na primeira reunião do conselho político, do qual participaram tucanos e integrantes do DEM e do PPS, houve cobranças para que a campanha dê maior atenção ao Nordeste. Também houve o diagnóstico de que é preciso angariar setores rebeldes do PTB e do PP - o presidente do PSDB, Sérgio Guerra, conversou domingo com o presidente pepista, Francisco Dornelles.

Apesar de a avaliação interna ser de que Serra não deverá ter muito mais do que 30% das intenções de voto na região, senadores do DEM disseram ser importante traçar um discurso social e econômico para o Nordeste. Tucanos e integrantes do DEM acham que as cidades nordestinas estão com a situação econômica bastante frágil e que usar o discurso de fortalecimento do Executivo municipal para os prefeitos poderia ajudar a conquistar votos nos grotões do País.

"Precisamos aumentar a votação no Nordeste. Tivemos uma situação no primeiro turno em que a presença de Lula inibiu a ação dos candidatos nos Estados", avalia o senador eleito Aloysio Nunes Ferreira (SP).

MTA perde contrato, leva multas todo dia e pode parar de voar para Correios

Carla Mendes e Leandro Colon - AE
Personagem da crise que derrubou a ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra, a empresa Master Top Linhas Aéreas (MTA) caminha para fechar as portas e abandonar os contratos que mantém com os Correios. Desde 27 de setembro, a companhia não está operando grande parte dos contratos das linhas de transporte de carga aérea postal. E tem levado multas diárias por causa disso. Não tem dinheiro para combustível e começa a procurar fornecedores para fazer acordos.

Personagem

A ex-ministra Erenice Guerra, cujo filho Israel atuou como lobista e cobrou propina para ajudar a MTA a obter contratos dentro do governo

O empresário argentino Alfonso Rey, dono oculto da empresa, já disse aos diretores no Brasil que, se a situação financeira piorar, pretende retirar do País os aviões que alugou para a MTA funcionar. O peruano Orestes Romero, que dirigia a empresa no Brasil, foi para o exterior desde o início da crise e não voltou mais.

Na semana passada, o Estado revelou que a MTA perdeu na Justiça o contrato de R$ 44,9 milhões que havia ganho com uma liminar. Na verdade, ela venceu a licitação em julho, mas não entregou documentos no tempo exigido. Foi desclassificada e recorreu à Justiça, onde garantiu uma liminar.

Enquanto o negócio estava sendo decidido pela disputa judicial, os Correios fizeram um contrato de emergência de R$ 19 milhões com a própria MTA, com vencimento em novembro. Agora, com a derrota na Justiça, a empresa perdeu esse contrato e deixou de ter o de R$ 44,9 milhões, que passou a ser operado pela Rio Linhas Aéreas. A linha licitada é uma das mais estratégicas para os Correios, porque representa 13% do valor total da malha e 14% da capacidade de carga contratada.

Pregão diário. Desde maio, a empresa já vinha sendo multada por atrasos na operação das linhas. Até agosto, teve pelo menos R$ 1,1 milhão aplicado em multas. Nesse montante, ainda não estão contabilizadas as penalidades aplicadas em setembro e outubro, meses em que a situação ficou crítica - antes de executar as multas os Correios dão direito de defesa à empresa.

"A MTA começou a falhar. Ela não vai aguentar", admitiu o presidente dos Correios, David José de Matos. Para resolver emergencialmente as falhas na atuação da MTA estão sendo contratados diariamente espaços disponíveis em aeronaves de outras companhias por meio de pregão eletrônico. Sem o contrato emergencial de R$ 19 milhões, a MTA ficou com três contratos de R$ 40 milhões.

A MTA está no centro da crise que derrubou Erenice Guerra da Casa Civil. Um filho dela, Israel, fez lobby e cobrou propina para ajudar a empresa dentro do governo.

O nome da MTA apareceu pela primeira vez no cenário político em 29 de agosto, quando o Estado revelou que o então diretor de operações da estatal, coronel Eduardo Artur Rodrigues Silva, dirigiu nos últimos anos a empresa contratada pelo governo. O coronel pediu demissão em 20 de setembro, depois de o Estado revelar que ele é testa de ferro do argentino Alfonso Conrado Rey, um empresário que mora em Miami, verdadeiro dono da MTA.

O advogado da MTA, Marcos de Carvalho Pagliaro, disse que a empresa passa por dificuldades financeiras, mas afirmou que pretende continuar operando os outros contratos vigentes com os Correios. A MTA depende desses contratos públicos

Em comício em GO, Serra afirma que terá maioria no Congresso se eleito


Rubens Santos - AE

GOIÂNIA - O candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, afirmou hoje que, se eleito, terá o apoio da maioria no Congresso e fará um governo voltado para a população e para o crescimento socioeconômico do País. "Vamos governar tendo a maioria no Congresso Nacional", disse o tucano. "E não vamos dividir o Brasil em uma região contra a outra, como se fez no pré-sal", defendeu Serra, após comício e caminhada em Goiânia.

Ele se mostrou irritado com as críticas feitas pela oposição ao Plano Real e ao governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o que considerou "uma ingratidão". "Quando vou para o governo, não fico xingando, não sou ingrato como esse governo foi com o FHC", afirmou durante entrevista à imprensa.

Apoiado pelo candidato ao governo de Goiás Marconi Perillo (PSDB), que disputa o segundo turno com Iris Rezende (PMDB), cercado pelos senadores Demóstenes Torres (DEM) e Lúcia Vânia (PSDB), Serra prometeu apoiar o plano tucano de transformar o Estado na quinta maior economia do País. Atualmente, Goiás ocupa a nona posição no ranking nacional.

Para que isso aconteça, Serra prometeu investimentos na construção de novos aeroportos, ampliação do aeroporto Santa Genoveva, de Goiânia, a finalização das obras da Ferrovia Norte-Sul com um ramal interligando Anápolis a São Paulo, e a duplicação de rodovias federais que cortam o Estado. Empolgado pelo calor dos militantes na cidade gerida pelo PT, também anunciou a construção do metrô e do anel viário.

Também não perdeu a oportunidade de voltar suas críticas para Brasília. Disse que a falta de isenção de quem conduz a sucessão presidencial tumultua o processo: "O presidente da República tem que saber como se comportar numa eleição", disse José Serra. "O Alberto Goldman, governador de São Paulo, é um bom exemplo, pois nunca usou a máquina do governo para favorecer um candidato".

Animado. No centro da cidade, e antes de embarcar para Brasília, a caminhada dos tucanos com Serra começou na praça do Bandeirante, na avenida Anhanguera. Terminou na avenida Tocantins, em frente ao Teatro Goiânia. Serra foi recebido com festa por uma multidão. Portando bandeiras, camisetas e adesivos, cerca de cinco mil pessoas seguiram Serra, que discursou, animou a plateia com planos de governo e deu entrevistas. Jovens e mulheres ignoraram o feriadão para gritar a partir das lojas, das calçadas, das ruas e do alto dos prédios.

"Estou muito alegre em estar em Goiânia", disse o candidato, no hangar, antes de embarcar num jatinho para Brasília. "Para mim, estar em Goiás é ganhar mais energia, confiança e força política", afirmou. No primeiro turno, o tucano perdeu por uma diferença de 2,75% dos votos válidos. Somou 1.217.203 contra 1.301.985 votos da petista. Agora, duas pesquisas internas do PSDB de Goiás indicam Serra vencendo Dilma com vantagens que variam de 5% a 12%.

Lula foi ao primeiro comício de Dilma no 2º turno

JOÃO DOMINGOS - AE

No primeiro comício do segundo turno com a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, realizado hoje à noite, a petista Dilma Rousseff procurou demonstrar a força da família, num momento em que a campanha vive uma guinada religiosa e conservadora por causa da discussão em torno do aborto.

Tanto o presidente Lula quanto o candidato a governador do Distrito Federal pelo PT, Agnelo Queiroz, subiram ao palanque acompanhados de suas esposas, respectivamente Marisa Letícia e Ilza Maria. Isso foi seguidamente propagandeado pelo apresentador do comício, realizado em Ceilândia, a mais populosa cidade-satélite de Brasília, com 600 mil habitantes.

Dilma procurou passar às cerca de 3 mil pessoas que compareceram ao comício (segundo a PM) a imagem de que está com muita força junto ao presidente Lula. Ela reuniu no palanque cinco ministros do atual governo, se bem que todos com pouco traquejo político e nenhuma eleição no currículo.

Estavam lá Carlos Eduardo Gabas (Previdência), Luiz Dulci (Secretaria-Geral da Presidência), Celso Amorim (Relações Exteriores), Nilceia Freire (Secretaria das Mulheres) e Izabella Teixeira (Meio Ambiente), além do ex-ministro Ciro Gomes, hoje um dos coordenadores da campanha. Também apareceu o candidato a vice de Dilma, Michel Temer (PMDB).

O nome do deputado distrital eleito Agaciel Maia (PTC) chegou a ser anunciado como um dos que deveriam ocupar o palanque de Dilma. Mas ele não apareceu. Ex-diretor do Senado, Agaciel foi um dos responsáveis pela assinatura de atos secretos nomeando parentes e apaniguados de senadores para funções de confiança no Legislativo.

Dilma não se esqueceu de invocar Deus no seu discurso, mantendo o debate dentro da onda religiosa. "Se Deus quiser, vamos ganhar essa eleição". Ela repetiu a frase mais uma vez. E atacou José Serra (PSDB). "Meu adversário faz uma campanha baseada no ódio, na boataria. Não faz disputa justa, leal e verdadeira nem olha nos olhos. Só fala por trás".

A petista disse que o DEM, de Índio da Costa, vice de Serra, tentou acabar com o ProUni e com o Bolsa-Família, até mesmo com ação no Supremo Tribunal Federal (STF). "Eles têm uma visão de um Brasil para poucos. Nós queremos um Brasil de 190 milhões de brasileiros".

Ela afirmou que é preciso comparar os projetos dela e de Serra. Um projeto - de Serra - que se propõe a fazer o Brasil "a andar para trás, como caranguejos", e o dela que, a seu ver, vai fazer com que os quase 200 milhões de brasileiros continuem a melhorar de vida. Disse ainda que o primeiro turno mostrou que 67% dos eleitores apoiaram uma mulher para ser presidente (a soma dos seus e dos votos de Marina Silva, do PV).

Lula, que continua a chamar mais a atenção dos eleitores do que a candidata petista - e ouviu o "olê, olê, Lula, Lula", tema da campanha presidencial de 1989 -, buscou levantar os ânimos de Dilma, que tinha a expectativa de vencer no primeiro turno e não conseguiu. Lula pediu aos presentes que gritassem o nome dela. Afirmou que nos seus oito anos de mandato recuperou a autoestima do povo brasileiro. Falou que Dilma Rousseff não permitirá que o Brasil volte a ser dependente do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Lula disse ainda que escolheu Dilma para ser candidata do PT porque ela não tinha o vício de outros que se apresentavam como candidatos só porque tinham tido algum cargo eletivo. "Preferi ela, que tinha o vício do trabalho, de trabalhar 14 horas por dia." Ele pediu ainda que ninguém fique de salto alto, porque é preciso transformar a eleição numa profissão de fé, com trabalho ininterrupto.


TV Cultura cancela 'Roda Viva' com presidenciáveis


Cley Scholz - AE

SÃO PAULO - O candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, cancelou a participação no programa Roda Viva que iria ao ar nesta segunda-feira. A entrevista foi marcada em reunião com assessores do candidato na última quinta-feira.

Com a intenção de realizar edições especiais com os dois candidatos à Presidência da República que disputam o segundo turno, o Roda Viva convidou assessores dos dois candidatos para sorteio realizado na sede da TV Cultura. A entrevista de Serra ficou marcada para o dia 11, e a de Dilma seria no dia 18.

A candidata Dilma Rousseff, do PT, não mandou representante para o sorteio e nem confirmou presença no programa. Diante disso, a assessoria de José Serra, que participou do sorteio presenciado por representantes da ONG Transparência Brasil, da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e da Associação dos Advogados de São Paulo (AASP), decidiu cancelar sua participação, que ficou condicionada à participação de Dilma.

A entrada do Ciro na campanha da Dilma

 
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