terça-feira, 12 de outubro de 2010

MTA perde contrato, leva multas todo dia e pode parar de voar para Correios

Carla Mendes e Leandro Colon - AE
Personagem da crise que derrubou a ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra, a empresa Master Top Linhas AĂ©reas (MTA) caminha para fechar as portas e abandonar os contratos que mantĂ©m com os Correios. Desde 27 de setembro, a companhia nĂ£o estĂ¡ operando grande parte dos contratos das linhas de transporte de carga aĂ©rea postal. E tem levado multas diĂ¡rias por causa disso. NĂ£o tem dinheiro para combustĂ­vel e começa a procurar fornecedores para fazer acordos.

Personagem

A ex-ministra Erenice Guerra, cujo filho Israel atuou como lobista e cobrou propina para ajudar a MTA a obter contratos dentro do governo

O empresĂ¡rio argentino Alfonso Rey, dono oculto da empresa, jĂ¡ disse aos diretores no Brasil que, se a situaĂ§Ă£o financeira piorar, pretende retirar do PaĂ­s os aviões que alugou para a MTA funcionar. O peruano Orestes Romero, que dirigia a empresa no Brasil, foi para o exterior desde o inĂ­cio da crise e nĂ£o voltou mais.

Na semana passada, o Estado revelou que a MTA perdeu na Justiça o contrato de R$ 44,9 milhões que havia ganho com uma liminar. Na verdade, ela venceu a licitaĂ§Ă£o em julho, mas nĂ£o entregou documentos no tempo exigido. Foi desclassificada e recorreu Ă  Justiça, onde garantiu uma liminar.

Enquanto o negĂ³cio estava sendo decidido pela disputa judicial, os Correios fizeram um contrato de emergĂªncia de R$ 19 milhões com a prĂ³pria MTA, com vencimento em novembro. Agora, com a derrota na Justiça, a empresa perdeu esse contrato e deixou de ter o de R$ 44,9 milhões, que passou a ser operado pela Rio Linhas AĂ©reas. A linha licitada Ă© uma das mais estratĂ©gicas para os Correios, porque representa 13% do valor total da malha e 14% da capacidade de carga contratada.

PregĂ£o diĂ¡rio. Desde maio, a empresa jĂ¡ vinha sendo multada por atrasos na operaĂ§Ă£o das linhas. AtĂ© agosto, teve pelo menos R$ 1,1 milhĂ£o aplicado em multas. Nesse montante, ainda nĂ£o estĂ£o contabilizadas as penalidades aplicadas em setembro e outubro, meses em que a situaĂ§Ă£o ficou crĂ­tica - antes de executar as multas os Correios dĂ£o direito de defesa Ă  empresa.

"A MTA começou a falhar. Ela nĂ£o vai aguentar", admitiu o presidente dos Correios, David JosĂ© de Matos. Para resolver emergencialmente as falhas na atuaĂ§Ă£o da MTA estĂ£o sendo contratados diariamente espaços disponĂ­veis em aeronaves de outras companhias por meio de pregĂ£o eletrĂ´nico. Sem o contrato emergencial de R$ 19 milhões, a MTA ficou com trĂªs contratos de R$ 40 milhões.

A MTA estĂ¡ no centro da crise que derrubou Erenice Guerra da Casa Civil. Um filho dela, Israel, fez lobby e cobrou propina para ajudar a empresa dentro do governo.

O nome da MTA apareceu pela primeira vez no cenĂ¡rio polĂ­tico em 29 de agosto, quando o Estado revelou que o entĂ£o diretor de operações da estatal, coronel Eduardo Artur Rodrigues Silva, dirigiu nos Ăºltimos anos a empresa contratada pelo governo. O coronel pediu demissĂ£o em 20 de setembro, depois de o Estado revelar que ele Ă© testa de ferro do argentino Alfonso Conrado Rey, um empresĂ¡rio que mora em Miami, verdadeiro dono da MTA.

O advogado da MTA, Marcos de Carvalho Pagliaro, disse que a empresa passa por dificuldades financeiras, mas afirmou que pretende continuar operando os outros contratos vigentes com os Correios. A MTA depende desses contratos pĂºblicos

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