A ComissĂ£o Nacional da Verdade vai dar suporte ao GTA (Grupo de Trabalho Araguaia) para a identificaĂ§Ă£o dos restos mortais de guerrilheiros mortos durante a Guerrilha do Araguaia.
De acordo com o coordenador da comissĂ£o, ministro Gilson Dipp, do STJ (Superior Tribunal de Justiça), o grupo deve requisitar apoio tecnolĂ³gico de outros paĂses para anĂ¡lise de DNA de ossadas encontradas durante as expedições do GTA.
“Mesmo que a nossa PolĂcia Federal tenha um instituto de tecnologia e uma perĂcia muito avançada, no aspecto de DNA, podemos fazer uma requisiĂ§Ă£o para os Estados Unidos [e outros paĂses], porque as ossadas encontradas se desintegram. Essa tecnologia [de identificaĂ§Ă£o por DNA] nĂ£o existe aqui”, disse Dipp.
Na semana passada, o GTA fez a exumaĂ§Ă£o de dois restos mortais localizados, entre os dias 10 e 20 de junho, na regiĂ£o dos estados do Tocantins e do ParĂ¡.
Durante os quatro anos de trabalho do grupo, 19 restos mortais foram encontrados. De acordo com Dipp, a situaĂ§Ă£o dos despojos Ă© precĂ¡ria. “Por mais cuidado que se tenha, as ossadas se desintegram como pĂ³, pois lĂ¡ a terra Ă© Ăºmida e o calor Ă© intenso."
Os restos mortais passam por exames antropomĂ©tricos e por extraĂ§Ă£o de DNA. ApĂ³s a perĂcia, eles serĂ£o armazenados no Hospital UniversitĂ¡rio de BrasĂlia.
Um banco de amostras de material genĂ©tico de parentes de desaparecidos polĂticos foi criado em 2006 pela Secretaria de Direitos Humanos.
Segundo o coordenador do GTA pelo MinistĂ©rio da Defesa, SĂ¡vio Andrade, o banco estĂ¡ quase completo, cerca de 90%.
No entanto, mesmo com esse mecanismo, a identificaĂ§Ă£o ainda Ă© um desafio. “HĂ¡ a tentativa de extraĂ§Ă£o de material genĂ©tico, mas [os despojos] estĂ£o muito degradados."
Em 2009, a juĂza da 1ª Vara Federal do Distrito Federal Solange Salgado determinou que o governo federal reiniciasse as buscas na regiĂ£o.
Para cumprir a determinaĂ§Ă£o judicial, o MinistĂ©rio da Defesa criou o GTT (Grupo de Trabalho Tocantins) com o objetivo de localizar, recolher e identificar os restos mortais de desaparecidos polĂticos da Guerrilha do Araguaia.
Em 2011, o grupo foi reformulado e ampliado e passou a ser conhecido como Grupo de Trabalho Araguaia.
A coordenaĂ§Ă£o Ă© feita conjuntamente pelos ministĂ©rios da Defesa e da Justiça e a Secretaria de Direitos Humanos. Parentes de mortos e desaparecidos da guerrilha e representantes do MPF (MinistĂ©rio PĂºblico Federal) tambĂ©m acompanham os trabalhos.
A Guerrilha do Araguaia foi um movimento polĂtico no começo da dĂ©cada de 1970, que surgiu para enfrentar a ditadura militar. AtĂ© hoje, dezenas de participantes do movimento estĂ£o desaparecidos.