sĂ¡bado, 22 de junho de 2013

Para os "iluminados" em vez de analisarem as razões dos protestos com profundidade fica mais fĂ¡cil elaborarem uma “tese” de “olha o golpe” a partir de uma visĂ£o maniqueĂ­sta de mundo

Na origem o movimento, que Ă© justo, tinha como pauta a questĂ£o da mobilidade urbana.  Tema abrangente que enfoca desde o transporte pĂºblico com preço justo e de boa qualidade a uma nova visĂ£o sobre quem deve ter prioridade no transitar, no que o poder pĂºblico deve investir, e neste ponto Ă© abordado desde os Ă´nibus em maior quantidade e com maior conforto, como melhores calçadas e as ciclovias. Tudo muito justo e defensĂ¡vel!!!

O movimento MPL, que nĂ£o surgiu do nada, jĂ¡ que estes jovens estĂ£o nas ruas levando as suas pautas de luta a populaĂ§Ă£o de forma direta a muito tempo, tal qual enquanto geraĂ§Ă£o o fazĂ­amos nas dĂ©cadas de setenta e começo da oitenta com a luta em defesa da AmazĂ´nia, da Ecologia, contra  carestia de vida, por um transporte pĂºblico melhor e a preço justo, por melhores condições de trabalho e ganho, etc., como posteriormente no final da dĂ©cada de 90 com o Fora Collor e o Movimento Contra a PrivatizaĂ§Ă£o da Copel. Porque saĂ­mos das ruas, o que considero um grande erro, as contradições sociais nĂ£o acabaram e as lutas nĂ£o deixaram de serem justas. Ponto.

Estive nas primeiras manifestações convocadas pelo MPL neste ano, que foram vĂ¡rias, e nelas a presença do pĂºblico aos pouco foi aumentando, pois o interesse do pĂºblico, embora pouco se manifestando em presença fĂ­sica nas caminhadas,  foi aumentando o que Ă© natural, pois “Ă¡gua mole em pedra dura tanto bate atĂ© que fura”.

A certa de uma semana atrĂ¡s ocorreu a primeira surpresa, atĂ© para os que estavam organizando, o ato ocorrido na Boca Maldita reuniu perto de mil manifestantes, e entre eles pouquĂ­ssimos daqueles que se acham os herĂ³is da resistĂªncia, os iluminados que libertaram o Brasil da ditadura.

Do ato na Boca Maldita se originou uma passeata e estĂ¡ cruzando o centro terminou no Centro CĂ­vico, o governo do Estado e a prefeitura, que agiram  corretamente ao respeitarem o direito sagrado de manifestaĂ§Ă£o  e expressĂ£o, nĂ£o interviram  usando a força do poder de polĂ­cia. NĂ£o que a PM e a Guarda Municipal nĂ£o estivessem lĂ¡, elas estavam, mas de forma a dar segurança aos manifestantes e impedir abusos vieram discretamente a paisana. Os veĂ­culos do Diretran e da PM a frente abriram caminho para o povo passar com sua marcha democrĂ¡tica.

A forte repressĂ£o desencadeada em outros estados, como a negativa dos governantes em abrir o diĂ¡logo, irritaram o conjunto da populaĂ§Ă£o, e estes anĂ´nimos, que a princĂ­pio nada tinham diretamente com o movimento, mas que a muito estĂ£o descontentes com os rumos da polĂ­tica, onde os dirigentes a muito se afastaram das ruas e do povo, sĂ³ vindo ao encontro nos perĂ­odos eleitorais, com o agravante que apĂ³s estes somem, e quando suas imagens aparecem Ă© por que estes estĂ£o envolvidos em escĂ¢ndalos, jĂ¡ que a mĂ­dia sensacionalista propositalmente nĂ£o divulga nada de bom, e sobrevive de escĂ¢ndalos e desgraças, vieram as ruas em solidariedade, e com eles a pauta aumentou.

NĂ£o sĂ£o factoides os fatos que levam estĂ¡ enorme populaĂ§Ă£o a se indignar, Ă© visĂ­vel para todos a triste situaĂ§Ă£o em que se encontra a SaĂºde no Brasil, como a pĂ©ssima qualidade no ensino pĂºblico, entre tantas outras mazelas sociais com origem na mĂ¡quina pĂºblica afetando diretamente todo o conjunto da populaĂ§Ă£o, que paga impostos e ansiosamente escutam as promessas nas  campanhas eleitorais, e governo apĂ³s governo esperam a soluĂ§Ă£o.

As mudanças para melhor ocorrem com certeza, mas o ritmo destas acontecerem Ă© muito lento, e o dinheiro pĂºblico constantemente nĂ£o Ă© bem aplicado, ou atĂ© mesmo desviado, e o povo, magoado, sem esperança de mudanças mais radicais, dia a dia perde a esperança.

Em um paĂ­s onde historicamente a populaĂ§Ă£o foi tratada a chicote ditadura apĂ³s ditadura, e ainda levando em conta os mais de 500 anos de genocĂ­dio  contra indĂ­genas e caboclos e os mais de 300 anos de escravatura martirizando os negros, como o esmagamento pela força bruta do estado em todas as tentativas de construĂ§Ă£o da nacionalidade, que somente se dĂ¡ pela conquista da cidadania pelas lutas e vitĂ³rias acumuladas, quando estĂ¡ massa propositalmente desorganizada por anos de opressĂ£o vai as ruas o resultado nĂ£o poderia ser outro, Ă© no mau sentido anĂ¡rquico.

Os “iluminados”, os mesmos que deveriam estar cumprindo o seu papel  de organizar o povo e contribuindo para a construĂ§Ă£o da nacionalidade, se assustam e em vez de irem de encontro ao anseios deste povo, que explode os seus sentimentos nas ruas como se fosse o estouro da boiada, que percebeu que estĂ¡ indo para o matadouro, passam a criticar o que estĂ¡ acontecendo, como se isto nĂ£o tivesse nada a ver com eles. Hipocritamente dizem: “este movimento Ă© uma bagunça, eles nĂ£o sabem o que querem, sĂ³ querem tumultuar”, e bla. bla, bla, ...

Queriam ver o que nas ruas? Um povo politizado e organizado? Belas palavras de ordem?

O povo que foi para as ruas reflete o grau de organizaĂ§Ă£o e politizaĂ§Ă£o da sociedade, refletem a cara do Brasil e a de seus lĂ­deres!
Quanto a extrema direita mal intencionada, sim ela existe,  mas quando ela sĂ³ estĂ¡ atacando gays, negros, nordestinos, punks e comunistas, coisa diĂ¡ria, o estado, ciente dos fatos, nada faz, mas quando ela invade as ruas se infiltrando no movimento de massas ela vira pauta na agenda dos poderoso de plantĂ£o. Se os que estĂ£o no controle das mĂ¡quinas e tivessem seriedade um forte trabalho de inteligĂªncia e repressĂ£o contras estes neonazistas e fascista tinha jĂ¡ se tornado polĂ­tica pĂºblica, e estes jĂ¡ nĂ£o estariam barbarizando, impondo o terror. Eles sĂ£o terroristas e todos os governantes sabem disto, mas pouco fazem para coibi-los. E assim a cada dia mais fazem parte da paisagem!

E as torcidas organizadas de futebol, outro cĂ¢ncer social, estavam infiltradas nas manifestações? Sim estavam, sendo que muitas delas, fora os marginais, tambĂ©m estĂ£o infiltradas pela extrema direita. Aqui em Curitiba ontem ficou clara ao presença destas, pois muitos dos baderneiro estava uniformizados, mas mesmo assim elas tambĂ©m sĂ£o parte da paisagem, Ă© sĂ£o parte central do grande negĂ³cio chamado futebol  neste paĂ­s que infelizmente tem o codinome de “pĂ¡tria de chuteiras”.  Na Ă©poca das eleições estas sĂ£o paparicadas por polĂ­ticos de todas as tendĂªncias ideolĂ³gicas, e estes como afirmativa dizem: “eles sĂ£o bons de votos”!

De dez dais para cĂ¡ o segmento social mais xingado pelos governistas de plantĂ£o foi a “classe mĂ©dia”, mas que Ă© estĂ¡ “poderosa quadrilha baderneira” que ousa ir para as ruas?

SĂ£o os servidores pĂºblicos (professores, funcionĂ¡rios administrativos, etc.), pequenos comerciantes, profissionais liberais, prestadores de serviços, operĂ¡rios melhor remunerados, etc., mas todos eles passando por achatamentos salariais, diminuiĂ§Ă£o de ganhos. Hoje semi-proletarizados e dependentes dos serviços pĂºblicos para suprirem as necessidades de suas famĂ­lias, em um paĂ­s onde estĂ¡  muito entrou em fase de extinĂ§Ă£o. Hoje a maioria no espectro populacional Ă© composta por pobres e ricos, e os que ainda teimam em se afirmar como "classe mĂ©dia" se sentem desamparados.

 E a nova classe mĂ©dia ? 

EstĂ¡ Ă© apenas um bordĂ£o, uma balela. NinguĂ©m que ganhe perto de 1.500 reais, embora se sinta enquanto tal poderia na prĂ¡tica viver com se fosse. Estes se sentem abandonados pelos governantes em sua perda de qualidade de vida. Cada vez mais a renda estĂ¡ verticalizada, e a mobilidade social Ă© menor.

Sem fazer uma anĂ¡lise mais profunda, muito mais do que este pobre escrito, fica difĂ­cil rumar para as soluções que pelo resgate da dignidade leve a satisfaĂ§Ă£o do conjunto do espectro social, mas fica a certeza de que sem polĂ­ticas pĂºblicas de cunho social estratĂ©gico de inclusĂ£o, de curto, mĂ©dio e longo prazo, este quadro de descontentamento tende a se agravar. Ou serĂ¡ que sĂ³ o Bolsa FamĂ­lia resolve as nossas histĂ³ricas contradições do ponto de vista da nĂ£o inclusĂ£o social?


SerĂ¡ que nĂ£o tem sentido o povo ir para as ruas exigir maiores investimentos e melhores aplicações destes para termos melhores condições na saĂºde, na educaĂ§Ă£o, na habitaĂ§Ă£o, na qualificaĂ§Ă£o profissional, etc.?

Apesar da confusĂ£o pelo fato de a mobilizaĂ§Ă£o nĂ£o ter sido organizada, o que deu brecha para a aĂ§Ă£o de bandidos, o povo acabou tendo algumas vitĂ³rias, entre elas a nĂ­vel municipal a manutenĂ§Ă£o dos preços das tarifas, como a nĂ­vel nacional a promessa de prioridade para a educaĂ§Ă£o, no caso pelos futuros investimentos dos recursos obtido pelos impostos na exploraĂ§Ă£o do PrĂ© Sal, com o compromisso com o maior cobate a corrupĂ§Ă£o .

 Isto Ă©  tudo o que o povo almeja?

 NĂ£o, mas Ă© um começo!

ViolĂªncia maior do que as que aconteceram nestes fato lamentĂ¡veis ocorridos nos protestos, que deveriam ser pacĂ­ficos, Ă© a que o povo diariamente sofre no seu dia  a dia ao nĂ£o ver ser bem aplicado os recursos dos impostos, processos de de elaboraĂ§Ă£o de gastos dos erĂ¡rios nos quais deveria ser ouvido para o estabelecimento das prioridades!!!

Com o povo organizado e do lado nunca existirĂ¡ uma tentativa de golpe que vingue!!!


 
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