domingo, 26 de junho de 2011

Secretaria da Educação atende 11 mil estudantes em hospitais

Aos 17 anos, Maurício Sygel prepara-se para prestar vestibular para Psicologia. Seria uma história comum se Sygel não tivesse vencido um câncer, depois de passar um ano inteiro num hospital, enfrentando o tratamento ao mesmo tempo em que continuava os estudos. O jovem de Francisco Beltrão, Sudoeste do Paraná, está entre os 11 mil estudantes da rede pública de ensino atendidos pelo Serviço de Atendimento à Rede de Escolarização Hospitalar (Sareh), da Secretaria de Estado da Educação. O Sareh visa dar continuidade ao atendimento educacional para crianças e adolescentes impossibilitados de frequentar a escola em virtude de internamento ou doença. O programa presta atendimento em 11 hospitais conveniados com a Secretaria da Educação em Curitiba, Londrina, Maringá, Cascavel, Campo Largo e Paranaguá. O estudante Maurício Sygel recebeu o diagnóstico de câncer em 2010 e passou o ano internado no Hospital Erasto Gaertner, em Curitiba. Com aulas no quarto do hospital, pôde concluir o ensino médio e, curado, se prepara para o vestibular. “Para mim foi bem tranquilo. Não perdi o ano e não esqueci o que já havia aprendido. Ao invés de passar as tardes dormindo, eu estudava, e isso me ajudou na recuperação”, afirmou. O programa também oferece suporte psicológico e motiva a família. “Cada dia é um dia, e quando fazia as aulas ele ficava mais disposto”, disse a mãe de Maurício, Margarete. O PROGRAMA – O Sareh atende alunos de escolas públicas e particulares em idade escolar, que estejam ou não matriculados na educação básica, ensino fundamental, médio e educação de jovens e adultos (EJA). As aulas são ministradas no hospital (quarto, ambulatório ou sala de aula hospitalar) e quando necessário, em domicílio. Atualmente, estão sendo realizado 90 atendimentos domiciliares. Nestes casos, a escola pode solicitar atendimento para os alunos com mais de 90 dias de afastamento, comprovado por laudo médico. As práticas pedagógicas não diferem das utilizadas nas salas de aula e os professores do Sareh são divididos pelas áreas de exatas, humanas e de linguagens. Para a efetiva realização do programa, a secretaria acompanha, orienta e avalia a implantação e funcionamento do atendimento. “Nosso foco é o aluno. Atuamos para evitar a evasão escolar e a desatualização, além do incentivo à melhoria educacional e psicológica de nossas crianças”, diz Sônia Maria Machado, uma das coordenadoras do Sareh. Segundo a pedagoga Elaine Marques, responsável pelo Sareh no Hospital Erasto Gaertner, o trabalho pedagógico começa com a família, buscando informações sobre a vida escolar do aluno. Depois, a equipe entra em contato com a escola. As aulas são diárias e a equipe hospitalar não trabalha com nota. As atividades com o parecer e a avaliação descritiva são encaminhadas para a escola. “Quando o aluno aceita entrar no programa, vai muito além da superação da dor física. O desejo de aprender é o desejo de viver”, afirma Elaine.

Governo estuda ações para revitalizar o porto de Antonina

A Secretaria de Estado da Infraestrutura e Logística estuda ações para a revitalização do terminal portuário de Antonina. Entre outras medidas, está prevista a construção de mais 140 metros de cais no terminal público Barão de Teffé, informou o secretário José Richa Filho. Segundo ele, também estão previstos investimentos para a construção de um novo armazém, e mais a pavimentação da área retroportuária, atualmente com 391.768 metros quadrados. “Os investimentos que o pré-sal trará para o litoral brasileiro são um grande motivador para que o planejamento viário seja um facilitador e indutor de novos empreendimentos no litoral paranaense, resgatando para Antonina a importância histórica que o município teve na economia estadual”, acrescentou o secretário. Desde 1994, a Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina arrendou para a iniciativa privada a área denominada Ponta do Félix, nas proximidades do cais Barão de Teffé, sentido Paranaguá. O terminal foi destinado para a construção, ampliação e exploração de instalações portuárias visando operações de carga e descarga de produtos congelados e afins. A área abriga na atualidade os Terminais Portuários da Ponta do Félix S.A. (TPPF). Além de congelados, são movimentados no local açúcar e fertilizantes. Desde o início deste ano foram movimentadas 600 mil toneladas. “Para aumentar a produção nos terminais público e privado em Antonina, precisamos investir na infraestrutura e superestrutura portuária, e manter em condições de trafegabilidade os acessos rodoviário, ferroviário e marítimo”, disse José Richa Filho. IMPORTÂNCIA HISTÓRICA - O Porto de Antonina teve grande importância econômica no Século Dezenove e já no Século Vinte movimentou expressivo volume de erva-mate e madeira. No início do mesmo século, o terminal abrigou o complexo industrial e portuário da família Matarazzo. Na época, foi construído o ramal até a estação ferroviária de Antonina. A partir dos anos sessenta começou o decréscimo de movimentação de mercadorias com os exportadores encerrando suas atividades. A inauguração da BR-277 em 1968 aumentou a preferência pelo Porto de Paranaguá.

LIQUIDAÇÃO DO BADEP NO GOVERNO REQUIÃO: aumento da dívida em R$ 628 milhões

EX-ADMINISTRADOR DO BADEP É INVESTIGADO PELO MP

- Inquérito Civil nº MPPR-0046.09.000296-8, instaurado em 03/02/2011. Assunto:

PATRIMÔNIO PÚBLICO. Objeto: Visa apurar eventual prejuízo ao Badep - Banco de Desenvolvimento do Paraná, e consequentemente ao Estado do Paraná, em virtude de eventuais irregularidades consentidas durante a liquidação judicial daquele Banco. . Representante(s): JAIR LENZE. Representado(s): BANCO DE DESENVOLVIMENTO DO PARANÁ - BADEP, PEDRO HENRIQUE XAVIER. RESPONSÁVEL: EDSON LUIZ PETERS

Resposta da ministra Gleisi a revista Veja:


“Sr. Lauro Jardim

Editor da Coluna Radar
Revista Veja

O apartamento que possuo em Curitiba tem menos de 190 metros quadrados de tamanho e não 412 metros, como afirma nota divulgada hoje, 25, no Radar on-line. Há outros erros na nota. A saber: diferentemente do que informa Lauro Jardim, a lei não permite, mas DETERMINA que o valor declarado ao Imposto de Renda seja o de compra. Assim, o apartamento, que adquiri em 2003, tem sido declarado pelo valor de compra desde a declaração de 2004. Sobre o valor de R$ 900 mil, citado na nota: é claro que meu apartamento valorizou-se nestes oito anos após a compra, mas, se Lauro Jardim ou o corretor que, diz ele, avaliou o imóvel, desejarem comprá-lo por este preço, podemos conversar.

Gleisi Hoffmann”

O que foi publicado na coluna Radar (Veja):

Gleisi Hoffmann não é a única política a proceder dessa maneira, pois a lei permite que se aja assim, mas nunca será perda de tempo lançar holofotes sobre a prática: o apartamento de 412 metros quadrados que Gleisi possui num bairro nobre de Curitiba vale 245 000 reais, de acordo com a declaração de bens feita por ela ao TSE no ano passado. O valor real, no entanto, é quase o quádruplo disso. De acordo com um corretor que vende um apartamento no mesmo prédio, um imóvel ali sai por 900 000 reais.


As desculpas:

Houve um lamentável erro de apuração na nota acima. O apartamento da ministra Gleisi Hoffman, comprado em 2003, possui 192 metros quadrados. A ministra esclarece que o imóvel valorizou-se, mas não chega a valer 900 000 reais)

Por Lauro Jardim

Grupo de hackers LulzSec anuncia fim de suas atividades

O grupo de hackers The Lulz Security (LulzSec) anunciou neste sábado, 25, que estava encerrando suas atividades com um último vazamento de dados, que incluiu documentos da AOL e da AT&T.

O LulzSec, que ficou famoso por invadir os servidores da Sony, da CIA e de uma unidade da polícia britânica, entre outros alvos, informou por meio de nota que havia alcançado sua missão de violar, por diversão, sistemas de empresas e governos.

"Nossa viagem planejada de 50 dias terminou, e nós precisamos agora navegar para longe, deixando para trás - nós esperamos - inspiração, medo, negação, felicidade, aprovação, desaprovação, zombaria, vergonha, consideração, ciúmes, ódio e até amor", o grupo disse.

Conhecido pela irreverência e uma queda por metáforas navais, o grupo de hackers recorreu à sua conta no Twitter, onde tem mais de 277 mil seguidores, para divulgar sua nota.

A dissolução abrupta ocorre alguns dias após o LulzSec ameaçar com uma escalada nos seus ataques e furto de informação confidencial de governos, bancos e empresas.

Na quarta-feira, 22, o braço brasileiro da LulzSec, conhecido por LulzSecBrazil, foi responsabilizado por ataques que deixaram fora do ar os sites da Presidência, da Receita Federal e da Petrobrás. (Reuters)


Justiça condena Éder Conde a mais de 22 anos de prisão

A Polícia Federal (PF) informou, neste sábado (25), que Éder Sousa Conde foi condenado, nesta semana, a 22 anos e três meses de prisão. A Justiça confiscou ainda, imóveis e veículos avaliados em mais de R$ 4,3 milhões. Outras oito pessoas acusadas de envolvimento na quadrilha de Conde também foram condenados.

Ao longo das investigações – batizadas de Operação Ressaca – a PF apurou que o grupo distribuía 100 quilos de cocaína a cada três meses. A droga era comercializada em Curitiba e região metropolitana e rendia à quadrilha R$ 6 milhões por ano. Conde levava uma vida de “playboy: morava em residencial de alto padrão e possuía veículos de marcas famosas, entre elas, Porsche e Ferrari.

Balanço

A Gazeta do Povo teve acesso ao balanço final da operação realizada pela PF. A namorada de Conde, Suzimara Steff (2º lugar no Miss Curitiba), foi condenada a três anos e seis meses de prisão. A Justiça também condenou Adilson Narazeth a 22 anos e três meses de prisão. Os outro seis acusados de envolvimento com o grupo também foram condenados (ver box).

A PF também divulgou a relação de veículos, imóveis e valores em espécie confiscados ao longo da operação. De acordo com o balanço, são 25 automóveis (entre modelos de luxo e populares), que totalizam R$ 2,7 milhões. Dentre os carros apreendidos, há uma Ferrari (avaliada em R$ 300 mil), dois BMW X5 (estimados em R$ 250 mil cada), e um Porsche Boxster (também avaliado em R$ 250 mil), além de modelos de marcas como Audi, Mitsubishi.

A Justiça também confiscou uma casa no bairro Alphaville (avaliada em R$ 1 milhão), um apartamento em residencial (R$ 231 mil) e uma loja de automóveis (R$ 300 mil) que era usada para lavar dinheiro, segundo a PF. Foram retidos mais de R$ 86 mil em espécie.

Condenados na Operação Ressaca

Éder Conde - 22 anos e três meses de prisão

Adilson Nazareth - 22 anos e três meses de prisão

José Hélio - 14 anos e seis meses de prisão

Luís da Silva Pinto - 16 anos e sete meses de prisão

Nelson Caju da Silva - 11 anos e oito meses de prisão

Rodrigo Longuinho - oito anos e um mês de prisão

Lucinéia de Souza - cinco anos e um mês de prisão

Suzimara Steff - três anos e seis meses de prisão

Arlindo Gomes - três anos de prisão(GP)


Movimento de retorno das praias na BR-277 é o quádruplo do normal


Os motoristas que trafegavam pelas BRs 376 e 277 enfrentavam chuva e neblina na tarde deste domingo (26), por volta das 14h30. O mau tempo fez com que muitas pessoas adiantassem o retorno do feriado de Corpus Christi. O movimento nessas rodovias deve atingir o pico por volta das 18 horas.

Na BR-277, havia registro de chuva no trecho entre as praias e a capital paranaense e também muita neblina na serra. De acordo com a concessionária Ecovia, o tráfego era de 2 mil veículos por hora no sentido litoral-Curitiba, por volta das 17 horas. Esse movimento representa o quádruplo do normal da rodovia. O fluxo normal é de 500 por hora.

A estimativa da Ecovia era de que o pico seria de 1,9 mil veículos por hora deixando as praias - o que foi superado por volta das 17 horas.

Com o aumento do tráfego, pode haver trânsito lento nos quilômetros 18 e 24, em Morretes. Esses trechos estão em pista simples porque as pontes foram danificadas pela chuva que caiu em março e abril na região.

Havia chuva intensa na BR-376 nesta tarde. A orientação da Polícia Rodoviária Federal é para que os condutores trafegassem com atenção redobrada porque as pistas estão molhadas.

O fluxo de veículos no sentido Santa Catarina-Paraná já era considerado intenso nesta tarde. Cerca de 2 mil veículos por hora retornavam de Santa Catarina, por volta das 17 horas. Esse movimento representa o dobro do normal, que varia entre 800 e mil carros por hora. O movimento deve se intensificar por volta das 18 horas e ficará alto até as 21 horas.


De acordo com a PRF e a Ecovia, nenhum acidente greve foi registrado nessas rodovias neste domingo.

BR-116

A chuva também era intensa na BR-116, entre Curitiba e São Paulo. De acordo com aconcessionária Autopista Regis Bittencourt, o trânsito estava lento no sentido Curitiba-São Paulo na região de Miracatu (SP). A lentidão seguia do quilômetro 370 ao 360, por volta das 15h30.

Interior

O movimento de veículos também era intenso nas estradas que ligam o interior do estado a Curitiba. De acordo com a concessionária RodoNorte, 23 mil veículos devem seguir do interior com destino a capital neste domingo.

O fluxo de veículo era alto no sentido interior-capital por volta das 14h40. O trânsito estava lento no quilômetro 118 da BR-277, em Campo Largo, na região de Curitiba. A morosidade era ocasionada por um semáforo que existe no trecho.

O horário de pico deve ocorrer entre 17 e 19 horas, quando 2,4 mil carros devem passar pela praça de pedágio de São Luiz do Purunã.

Rodoferroviária

A administração da Rodoferroviária espera movimento bem acima do normal neste domingo. Apesar da expectativa, não há uma estimativa concreta. Isso porque as projeções são feitas com base nas partidas dos ônibus, segundo Alessandro Alves, do setor de administração do terminal.

Mais de 31 mil pessoas haviam deixado Curitiba em ônibus que partiram da Rodoferroviária, entre quarta-feira (22) e quinta-feira (23). “Não são todos que voltam no último dia e nem todas as pessoas que viajaram voltam de ônibus. Mas o movimento deve ser maior do que o que ocorre em dias normais”, disse Alves.


Serviço

As concessionárias e a PRF disponibilizam telefones para que os usuários comuniquem acidentes ou solicitem socorro. Ecovia: 0800-410-277. Autopista Litoral Sul: 0800-725-1771. RodoNorte: 0800-42-1500. Autopista Régis Bittencourt: 0800-7090-116. Autopista Planalto Sul: 0800-717-1000.Ecocataratas: 0800-450-277. PRF: 191. PRE: 198. (GP)

O brasileiro José Graziano foi eleito para chefiar FAO

O brasileiro José Graziano foi eleito neste domingo para a direção-geral da FAO, órgão da ONU para agricultura e alimentação.

Graziano, de 61 anos, recebeu 92 dos 180 votos, informou a página da instituição na Internet.

Como ministro, Graziano coordenou o programa Fome Zero, principal bandeira do início do governo Lula.O ex-ministro extraordinário de Segurança Alimentar e Combate à Fome no primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva era o representante da FAO (Food and Agriculture Organization) na América Latina e no Caribe desde 2006. Sua candidatura foi apresentada por Lula e pela presidente Dilma Rousseff.

Criada em 16 de outubro de 1945, a FAOconcentra os esforços dos 191 países membros, mais a Comunidade Europeia, pela erradicação da fome e da insegurança alimentar. Na agência, que funciona como um fórum neutro, os países desenvolvidos e em desenvolvimento se reúnem para para negociar acordos, debater políticas e impulsionar iniciativas estratégicas.

O orçamento enxuto da agência, se comparado ao de outras instâncias da ONU, é considerado um dos entraves à atuação mais abrangente do órgão. Para o biênio 2010/2011, a FAO conta com orçamento de US$ 1 bilhão (R$ 1,6 bilhão) , com mais US$ 1,2 (R$ 1,9 bilhão) advindos de doações voluntárias.

Um problema com o qual Graziano deverá lidar são as divergências entre os países quanto à produção de biocombustíveis (apontados por algumas nações como os principais causadores da inflação nos alimentos).

78 dias no inferno

Márcio Barros para a Revista Ideias
Fotos Átila Alberti

Quanto vale a liberdade de um homem? Para alguns não muito, mas há registros na história que várias pessoas mor­re­­ram em busca dela. Levando em consideração a inoperância do sistema judiciário brasileiro, a defici­ên­cia das polícias Militar e Civil é mais comum do que se imagina, pessoas inocentes serem presas por crimes que não cometeram. O caso mais recente aconteceu em Fazenda Rio Grande, na Região Metropolitana de Curitiba. Três rapazes foram presos, confundidos com bandidos que haviam assaltado um mercado, e passaram quase três meses atrás das grades. A injustiça só não foi mais extensa, porque um policial suspeitou que fossem inocentes e mesmo com o caso supostamente resolvido, continuou as investigações. Duas pessoas foram detidas, entre elas um adolescente de 17 anos.

O CASO – Sexta-feira, dia 25 de fevereiro. O sol já dava sinais de que o dia seria quente. O florista Giovani Aparecido da Silva estava de folga, dia perfeito para uma pescaria. Giovani não perdeu tempo. Ligou para o amigo Alexander Busato, e combinaram o dia de lazer. Giovani passou no mercado, comprou artigos de pesca, algumas frutas e outros alimentos para passar o dia na beira de uma cava, na maior tranquilidade. Com as sacolinhas do mercado em uma mão, e na outra o fecho com as varas, seguiu ao lado do amigo. Quando chegaram próximo do destino, encontraram Rubens Alves Ferreira, que até então não conheciam. Ele já estava pescando no local. Em poucos minutos, foram surpreendidos com o barulho de diversas viaturas policiais que passavam pela estrada de chão, levantando poeira e arrastando os pneus. Eles foram abordados e explicaram que estavam no local pescando, no entanto, como se não tivessem sido entendidos, foram colocados no camburão. Rubens, mesmo sem conhecer os rapazes, foi preso junto, e a partir daquele momento, o dia de pescaria havia acabado, e dado lugar a uma temporada de terror, medo e decepção, que durou 78 dias.

AQUI É BRASIL – Três dias depois de ser libertado, Giovani recebeu a equipe da Ideias e contou como foram os primeiros momentos dos piores dias da vida dele. Na hora da primeira abordagem, mais de 20 policiais, todos com arma em punho, exatamente como deve ser uma abordagem, renderam os três e os revistaram. Eles disseram que estavam atrás de três assaltantes que haviam atirado contra as viaturas, abandonado um carro bem próximo dali e fugido no mato. “Teve um policial que foi educado. Ele conversou e já estava nos liberando, mas logo em seguida veio outro, e disse que a gente era muito parecido com os caras do assalto e que iria nos levar mesmo assim”. O equipamento de pesca foi jogado no chão e os três colocados no camburão. Apertados e ainda sem saber o motivo da prisão, foram interrogados aos gritos dos policiais, que mesmo sem ouvir as respostas, incriminava-os somente com o olhar. Os três não sabiam o que eles procuravam, mas tentavam justificar que estavam ali somente para passar algumas horas pescando, e para comprovar, apontaram as varas e demais equipamentos de pesca, além da sacola com as compras. “Eu mostrei a nota e disse que estava acontecendo um equívoco, e que eles poderiam confirmar tudo se fizessem uma ligação para a minha patroa, ou se fossem no mercado onde eu havia feito as compras. Mas não. Um soldado pegou as notas, amassou e jogou fora, dizendo que aquilo não era prova”, contou Giovani. Ele disse também que, antes de serem levados para a delegacia, ouviu dois policiais conversando sobre a inocência dos pescadores. “Um deles disse que tinha certeza que não éramos os caras que eles procuravam, mas o outro insistia dizendo que precisava alguém preso”. Em seguida, a porta traseira da viatura foi fechada e um policial jogou spray de pimenta nas frestas, que imediatamente tomou conta do espaço todo. “Eu sou asmático e comecei a passar mal, até que um policial, o mais educado de todos, abriu a porta e questionou o outro, perguntando por que ele estava fazendo isso. Ele deu risada e disse que era assim que tinha que tratar o lixo da sociedade”.

Curiosamente, segundo Giovani, quando um helicóptero começou a sobrevoar a área onde eles estavam, rapidamente os policiais fecharam a porta do camburão e se espalharam pelo mato, como se ainda tivessem procurando por alguém. “Não entendi por que eles fizeram isso, talvez porque ainda não tinham avisado a central deles de que haviam três pessoas detidas”.

Quando chegaram à delegacia, as vítimas do mercado já estavam lá. Os três foram colocados em um paredão, com a cabeça baixa. E imediatamente o comerciante fez o reconhecimento com 100% de certeza.

Com tantos indícios forjados, o reconhecimento, o depoimento dos policiais de que haviam trocado tiros com os rapazes, a prisão era somente uma questão de tempo. “Nenhum policial militar quis nos ouvir, ninguém quis saber da nossa história. Eu disse várias vezes que no mercado onde eu tinha feito as compras havia sistema de gravação de imagens e poderiam comprovar que eu estive lá de manhã, disse que poderia tirar minhas digitais, e até fazer o exame de coleta de pólvora, para comprovar que não havia manuseado uma arma. No entanto, um policial ainda tirou sarro dizendo que aqui é Brasil, e isso só existe nos filmes”, completou Giovani.

DUQUE 13 – Enquanto aguardavam para serem colocados no xadrez, chegou uma outra viatura com duas moças adolescentes e um rapaz. Ele tinha sido preso com duas armas e uma sacola de dinheiro. “Não consigo imaginar quanto tinha de dinheiro, mas acho que entre R$10 mil e R$15 mil, divididos em notas e moedas, além de maços de cigarro. Vi eles (policiais) colocando nos bolsos e logo em seguida desapareceram. Só sei que aquele rapaz que foi preso com o dinheiro e com as armas, não ficou no xadrez junto conosco”.

Quando estava sendo ouvido por policiais civis, Giovani, que tem uma cicatriz no lado direito do rosto, foi apontado como suspeito de um estupro, que aconteceu recentemente no município. Um homem que pratica assaltos e depois abusa sexualmente de suas vitimas, tinha uma marca muito parecida com a dele. “Quando o policial falou isso, para me defender, tive que falar sobre minha sexualidade. Contei que era homossexual e mesmo que não fosse, jamais estupraria alguém, sou contra todo tipo de violência”, contou o rapaz.

Mas a revelação, segundo ele, em vez de ajudar, atrapalhou. Quando foi colocado no xadrez, os presos queriam saber por qual motivo estava ali. O policial, supostamente sem saber do poder das suas palavras respondeu: “duque 13”(gíria usada no meio policial para identificar estupradores), foi o que bastou para despertar a ira nos mais de sessenta homens que ocupavam as três celas. “Eu os ouvi dizendo que iam esquentar água e óleo para dar um jeito em mim. Foi terrível. Mas graças a Deus um preso, acredito que era o líder dentro da cadeia, diferente de todos os policiais com que eu havia tido contato, conversou comigo e me ouviu. Contei toda a história e ele foi em cada cela e repassou para todos os detidos”. Os dias seguintes foram passando lentamente, principalmente porque, segundo Giovani, ficou sem apoio jurídico. “A minha força estava na minha família, e na minha patroa. Eles acreditavam em mim e sabiam que eu jamais faria uma coisa dessas. A advogada que foi contratada para me defender, nunca apareceu para conversar conosco, pra saber a nossa versão da história ou coisa parecida. Até hoje não sei exatamente de que forma ela ia me ajudar”, contou.

TATUAGEM NA MEMÓRIA

Giovani disse que todos os dias na cadeia foram intensos, e ficarão marcados na sua memória, como se fosse uma tatuagem feita a ferro quente. Cada dia o pedaço de um desenho feio, que por mais que não quisesse mais ver, estará presente para sempre na sua vida. No 67.º dia, o delegado Erik Wermelinger Busato (foto), chegou com uma boa notícia. Ele disse que sua equipe havia prendido um suspeito do crime. Vanderlei Augusto, de 31 anos, com várias passagens pela polícia, acompanhado de um adolescente, foi identificado por meio do sistema de gravação do estabelecimento, e posteriormente, os dois assumiram a autoria do assalto. O delegado disse que desde o começo havia algumas informações que não estavam batendo, mas pelo fato de todas as vítimas terem reconhecido os rapazes, e os policiais terem afirmado que foram eles, presos em flagrante logo depois de trocarem tiros, tiveram que permanecer presos. “A partir dessa nossa suspeita continuamos a investigação mesmo com os principais suspeitos detidos. Logo depois da prisão do verdadeiro assaltante, entramos em contato com o juiz informando sobre o ocorrido e solicitando que eles fossem colocados em liberdade”, explicou o delegado.

DISCORDÂNCIA

A advogada Célia Mazzagardi (foto) disse que discordou da versão apresentada por Giovani. Ela disse que só foi contratada 15 dias depois de eles já estarem presos. Além disso, tentou de todas as formas ajudar a família dele. “A mãe dele, uma mulher doente, chegou aqui dizendo que ia vender a casa para poder pagar os serviços advocatícios. Eu disse que não precisava, que a gente parcelaria e tudo acabaria bem. Acertamos a forma de pagamento em uma entrada de R$500,00 e mais 10 parcelas de R$100,00, e ela concordou”, explicou a advogada. Ela disse que logo que pegou o caso, pediu a liberdade provisória de Giovani, mas foi negada, pois ele não era réu primário e havia diversas testemunhas do crime. “O juiz negou. E qualquer outro negaria também. É só colocar de um lado várias testemunhas que identificaram um assaltante, uma pessoa que já cumpriu pena por assalto. Difícil ficar do lado do suspeito”, comentou Célia.

Dois dias depois de conceder a entrevista, ela renunciou o mandato e o processo passou a ser defendido pelo advogado Dalio Zippin, que é representante da Comissão Nacional de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Ele disse que foi procurado pelas vítimas e imediatamente assumiu o compromisso de ajudá-los, e como a advogada que estava no caso renunciou, foi nomeado titular de defesa. “Já sabemos que o Giovani e o Alexander, que agora são meus clientes foram maltratados, humilhados, ofendidos e ainda ficaram 78 dias presos injustamente. Eles deixaram de cumprir seus compromissos, e pior do que tudo isso, vão ter que viver com essas marcas. Alguma coisa precisa ser feita”, comentou. Com relação à passagem que Giovani já teve na polícia, há muitos anos, no interior do Estado, o advogado disse que jamais um homem pode ser condenado por um crime levando em consideração o outro. “No passado ele errou, mas naquela ocasião, o juiz entendeu que ele deveria pagar sua pena doando cestas básicas e comparecendo no fórum mensalmente. Se naquela ocasião a pena foi branda, como pode agora, depois de tantos anos ele ser penalizado?”, questionou Zippin.

GRAVÍSSIMO – O Tenente-Coronel Maurício Tortato, comandante do 17.º Batalhão da Polícia Militar, disse que as denúncias são gravíssimas e que todas elas serão investigadas. “Já identificamos os policiais. Vamos apurar os fatos e agir sem corporativismo, inclusive já entramos em contato com a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e o Ministério Público para que eles acompanhem de perto todas as medidas que estão sendo tomadas. Não podemos agir precipitadamente, portanto, já determinei a abertura de um Inquérito Policial Militar e todos os envolvidos serão ouvidos. Caso seja confirmada a ação irregular, os culpados serão punidos no rigor da lei”, explicou o comandante.

O advogado Dalio Zippin, disse que, como as denúncias são graves e atingem diretamente aos policiais da ativa, as vítimas deveriam ser incluídas no programa de proteção à testemunha, no entanto, novamente teriam que ser afastados das suas atividades até o caso ir a julgamento. “Eles preferiram ficar em casa, mas acreditam na seriedade da polícia, apesar do desvio de conduta de alguns deles”, completou.

A imagem dos verdadeiros assaltantes gravada pela câmara de segurança do estabelecimento. Os dois assumiram, posteriormente, a autoria do assalto:

 
Design by Free WordPress Themes | Bloggerized by Lasantha - Premium Blogger Themes | belt buckles