Ferrari do Trio Beto Richa/Lucas Molo/Anderson Faria |
Largada da prova |
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Os eleitores paraenses rejeitaram neste domingo (11) a divisão do Estado. Com 66,52% das urnas apuradas, às 19h48, o resultado mostra que 69,68% disseram não à criação do Tapajós, no sudeste do Pará, e 70,2%% disseram não à criação do Carajás, no oeste. Matematicamente é impossível ter uma virada no resultado, segundo o Datafolha.
O plebiscito realizado hoje aconteceu após o STF (Supremo Tribunal Federal) definir que toda a populacão do Estado deveria ser consultada sobre a divisão, e não só a parcela dos cidadãos que poderá integrar os novos territórios.
A decisão foi considerada um revés para os partidários do sim à separação. A população do que seria o novo Pará, majoritariamente antidivisão, é muito superior à soma dos moradores das áreas separatistas: 4,6 milhões, ante 2,9 milhões.
Mesmo que a divisão fosse aprovada, ainda precisaria ser submetida ao crivo do Congresso, por meio de uma lei complementar, conforme rege a Constituição.
Agora, uma nova proposta de consulta pela divisão do Estado só poderá ser apresentada na próxima legislatura, a partir de 2015.
CAMPANHAS
A campanha que antecedeu ao plebiscito foi marcada pela ampliação do ressentimento nas áreas que desejam emancipar-se, que reclamam do isolamento e da ausência do poder público na região.
Nos últimos dias da campanha, o clima de tensão foi acirrado com o envolvimento direto do governador, Simão Jatene (PSDB), contra a partilha.
DIVISÃO
O movimento separatista no Pará reedita, quase dois séculos depois, a Cabanagem, revolta do século 19 em que índios, negros e mestiços tomaram o poder na então província. Os novos rebeldes querem separar as regiões oeste e sul e fundar os Estados de Carajás e Tapajós.
A insurgência nasceu com o sentimento de abandono político e isolamento territorial e a desigualdade econômica entre a capital, Belém, e regiões remotas do interior.
Mas há diferenças históricas entre os dois projetos, do Carajás e do Tapajós.
O primeiro é capitaneado por uma elite econômica nova e poderosa, que quer gerir os recursos minerais e a forte agropecuária da região.
O segundo tem maior legitimidade, pois nasceu há 150 anos, mas carece do tônus econômico do vizinho.
Contra ambos estão empresários e políticos da região metropolitana de Belém, que não aceitam perder 86% da área e 44% do PIB. (Uol)
Já era domingo, segundo dia de prorrogação da reunião das Nações Unidas sobre mudanças climáticas na África do Sul, ainda sem conclusão à vista, e o clima pesou.
Huhne, ex-jornalista e atual deputado liberal-democrata, e Figueiredo, ex-comunista e atual diplomata, trocavam acusações polidas e mútuas de estarem pondo em risco todo o trabalho de mais de duas semanas em Durban.
O pomo da discórdia era uma nova versão do texto final a ser adotado pela convenção do clima, mais precisamente a descrição do valor legal dele.
Metas de redução
Pela primeira vez na história das negociações sobre o clima, países em desenvolvimento estavam prestes a se comprometer legalmente com metas de redução de emissão de gases do efeito estufa.
Desde a década de 90, a legislação climática separava o mundo entre países desenvolvidos, com obrigações de redução, e países em desenvolvimento, livres de compromissos com força de lei.
No século 21, com a disparada de crescimento da China, seguida por Índia e Brasil, essa divisão ficou cada vez mais incômoda para os Estados Unidos (que embora nunca tenha assumido metas de redução, continuou participando do processo internacional da ONU) e para a União Europeia.
A solução para eles era fechar um acordo que igualasse todos os participantes perante à lei, ainda que com compromissos diferentes.
China e Índia, entretanto, embora tivessem aceitado negociar um acordo assim para o futuro, não estavam satisfeitos com o que lhe caberia nessa barganha: uma nova etapa do Protocolo de Kyoto (que vence em 2012) e um acordo que finalmente incluísse os Estados Unidos, entre outros.
Não era de se estranhar, portanto, que estes países quisessem enfraquecer ao máximo este novo futuro vínculo legal.
'Momento histórico'
Na plenária, já cercado por uma pequena multidão, o inglês reclamava da nova versão que continha a expressão "resultado legal" no lugar de "instrumento legal" - como aparecera em versões anteriores.
Negociadores europeus, no burburinho que se formou em torno dos dois, diziam que não podiam simplesmente aparecer com um texto e querer jogar fora o que fora negociado anteriormente e ameaçavam abandonar navio.
Figueiredo, que durante as duas semanas de COP-17 não raro fez o papel de intermediário entre os chamados BASIC (Brasil, África do Sul, Índia e China) e os Estados Unidos e UE, tratou de defender a mudança.
"Eu estava tentando fazer ver a todos que por uma palavra não se perde um momento histórico", disse Figueiredo depois do final feliz.
Na hora, visivelmente irritado, respondeu em inglês a Huhne: "Não me venha com essa, isso você pode dizer fora daqui, mas não me venha com essa", dando a entender que não aceitaria qualquer "jogo de cena" em uma hora tão crucial para as negociações.
Afastou-se e de longe, conversava com outro representante brasileiro, ainda abalado, enquanto Huhne articulava.
"Então, temos nós que falar com a Índia", dizia. Negociadores europeus lhe responderam que não faria diferença - a Índia não mudaria de posição.
"Temos que tentar", respondeu Huhne, enquanto a presidência da COP-17 pedia aos delegados que tomassem seus assentos para a retomada dos procedimentos.
A sessão foi reaberta, mas não por muito tempo. Novamente, a UE pediu tempo para conversar. Dessa vez, os dez minutos se transformaram em quase uma hora de intensas conversas.
Solução intermediária
Figueiredo desapareceu em uma nuvem de negociadores da Índia e da UE.
De volta à plenária, item a item, a agenda foi aprovada, sem sinal das tensões presenciadas havia pouco.
A explicação? Na dúvida entre "resultado legal" e "instrumento legal", o embaixador Figueiredo saiu-se com "instrumento com força legal".
Em entrevista coletiva após a aprovação do novo período de compromisso sob Kyoto, do Fundo Verde do Clima, do texto sobre REDD e outros, além, é claro, principalmente o novo instrumento legalmente vinculante, Huhne era só elogios.
"Luiz é um advogado criativo e imaginativo e um grande parceiro de negociações, e o Brasil tem um histórico de conquistas incrível que está cada vez mais sendo projetado no âmbito internacional", disse o ministro.
Para a comissária europeia, Connie Hedegaard, foi o momento definitivo das longas duas semanas de negociação.
"E acho que se não tivéssemos encontrado aquela solução com a Índia naquele momento, estaríamos naquela sala até agora ou nada teria saído daqui." (BBC)
Ratos que aprenderam a libertar seus companheiros da prisão.
Ou, ao menos, de gaiolinhas de acrílico onde tinham sido colocados, num experimento do Departamento de Psicologia, coordenado pela pesquisadora israelense Inbal Ben-Ami Bartal.
A pesquisa foi descrita na revista "Science" desta semana. O espírito libertador dos ratinhos surpreende porque, para os cientistas, ele pressupõe uma forma de empatia --a capacidade de se colocar na posição de outro indivíduo e tentar ajudá-lo.
Os cientistas usaram cerca de 30 bichos no experimento. Cada par de "participantes" era colocado no mesmo recinto durante duas semanas. Depois, um dos bichos era colocado na gaiolinha, enquanto o outro podia interagir com a "cela".
Após cerca de uma semana, quase todos os bichos aprendiam que dava para abrir a portinhola e permitir que o parceiro escapasse.
Ao que tudo indica, eles não fuçavam na gaiola por pura curiosidade, já que jaulas vazias ou com brinquedos dentro não despertavam o mesmo interesse nos bichos.
O mais surpreendente veio quando a comparação entre uma gaiola com o companheiro e outra com uma barra de chocolate.
Nesse segundo caso, os roedores não só abriam ambas as gaiolas com igual rapidez como também comiam só parte da guloseima, deixando o resto para o ratinho recém-libertado.
Os pesquisadores também verificaram que o rato prisioneiro "pedia socorro", usando chamados ultrassônicos de alerta que são típicos da comunicação da espécie. (Uol)
Um comboio transportando um dos mais importantes líderes militares da Líbia esteve envolvido em um tiroteio entre grupos armados rivais durante a noite, próximo ao Aeroporto Internacional de Trípoli, disseram comandantes de milícias locais neste domingo.
Foi o mais recente de uma série de confrontos entre milícias rivais que, na ausência de um governo central efetivo, exercem poder nas ruas da Líbia desde que uma revolta derrubou o ex-líder Muammar Gaddafi.
Dois comandantes disseram que os confrontos começaram quando um veículo transportando Khalifa Haftar, que ajudou a liderar a luta pelo fim do governo de Gaddafi, se aproximou de um posto de controle a cerca de 3 km do aeroporto, onde milicianos de fora de Trípoli estavam mantendo guarda.
"Khalifa Haftar e seu comboio chegaram ao posto de controle e não responderam ao pedido para parar", disse à Reuters o coronel Mukhtar Fernana, afirmando que sua milícia estava no local dos confrontos.
"Quando eles (os homens que estavam no posto de controle) tentaram parar o comboio, os guardas de Haftar abriram fogo e feriram duas pessoas", afirmou.
Ele disse que o grupo de Haftar então foi perseguido até o acampamento militar próximo de Hamza, usado pelas suas forças como base, e um segundo tiroteio irrompeu no local. Um segundo comandante da milícia, Abdullah Mohammed Attroudi, confirmou o relato.
Haftar integrou um grupo de oficiais militares da Líbia responsável pelo golpe de 1969 que levou Gaddafi ao poder. Posteriormente, ele entrou em desacordo com o líder líbio, e passou os últimos 20 anos morando nos Estados Unidos.
Haftar retornou à sua cidade natal, Benghazi, no leste da Líbia, quando a revolta começou em fevereiro deste ano, e foi um dos comandantes das forças contrárias a Gaddafi no leste do país. (Reuters)
Luislinda foi a primeira juíza negra a proferir uma sentença contra o racismo no país. Atua no Tribunal de Justiça de Salvador desde 1993, e trabalhou na reativação de diversos juizados especiais no estado da Bahia. (CB)
Na chamada sociedade da informação, os intelectuais se dobraram à alienação do trabalho: não têm mais controle sobre o que produzem, e sua obra é uma mercadoria que não revela a subjetividade do autor.
O misto de acusação e lamento foi feito pela filósofa Marilena Chauí na noite de quarta-feira (17) no Rio, na terceira conferência da série sobre o "elogio à preguiça" que acontece também em São Paulo e Belo Horizonte. "A maneira pela qual os acadêmicos se renderam à ideia de produtividade, de controle de qualidade e de ranking é um escárnio. É a destruição da vida do pensamento", disse a professora da USP.
Segundo Chauí, nas formas anteriores do capitalismo o intelectual era um "trabalhador improdutivo" porque a ciência e os conhecimentos eram aplicados indiretamente na produção por intermédio da tecnologia.
"Hoje todas as ciências deixaram de ser um conhecimento que passa ao largo do capital para depois serem aplicadas. Elas se tornaram uma força produtiva. É isso que significa a afirmação de que todo poder está na informação. A subordinação do intelectual à lógica do capital se fará com a mesma ferocidade em que ela se fez sobre o proletariado."
Na sua conferência de mais de uma hora para um auditório de 300 lugares lotado, na Academia Brasileira de Letras, Chauí deu uma espécie de aula sobre "O Direito à Preguiça", de Paul Lafargue (1842-1911), publicado em Paris em 1880. O genro de Karl Marx, nascido em Cuba de uma família que misturava mulatos e indígenas caribenhos com um judeu francês, escreveu o livro-panfleto em reação à derrota da Comuna de Paris, em 1871.
Ele questionava por que os trabalhadores haviam aderido ao "dogma do trabalho" assalariado, considerando-o uma conquista revolucionária. Propunha a redução da jornada de 12 para três horas diárias. "Ao apertar o cinto, a classe operária desenvolveu para além do normal o ventre da burguesia", dizia.
No tempo livre, os trabalhadores iriam desfrutar da "boa vida" e perceberiam a "virtude da preguiça". Na sua origem latina, virtude quer dizer força e vigor, disse Chauí. Portanto, a preguiça iria, segundo Lafargue, fortalecer o "espírito" dos trabalhadores.
Já naquela época, o socialista revolucionário apontava a criação de necessidades fictícias de consumo e a produção de supérfluos para garantir a reprodução do sistema, em que a parcela do trabalho não remunerada (a mais valia) garante o lucro.
Numa referência à ofensiva religiosa que se seguiu à derrota da Comuna --na época foi construída a basílica de Sacre Coeur, em Montmartre, e incentivado no campo o culto a santa Bernadete--, ele escreveu o livro como paródia de um sermão, em que até o descanso de Deus no sétimo dia era citado como exemplo do direito ao ócio. "Não é a irreverência de um ateu, mas a crítica ao trabalho assalariado como trabalho alienado", disse Chauí.
Antes de discutir o panfleto de Lafargue, a filósofa fez um breve histórico da visão paradoxal que a tradição ocidental tinha do trabalho até os calvinistas lançaram a máxima de que "mãos desocupadas são a oficina do diabo" --na famosa conjunção entre a "Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo" identificada por Max Weber.
No Gênesis da Bíblia, por exemplo, o trabalho é imposto como pena eterna a Adão e Eva, que não mereceram o paraíso. A preguiça, portanto, é um pecado capital. Ao mesmo tempo, a ideia do trabalho como "desonra e degradação" faz com que ele não seja visto como opção de quem tem livre arbítrio.
"Essa ideia aparece nas sociedades escravistas como a grega e a romana, cujos poetas não se cansavam de proclamar o ócio como um valor indispensável para a vida livre e feliz", disse Chauí. A palavra trabalho não existia em grego e em latim, lembrou ela. "Os vocábulos ergon (em grego) e opus (latim) se referem às obras produzidas e não à atividade de produzi-las."
A palavra latina que deu origem a trabalho é "tripalium", um instrumento de tortura. O latim "labor", que originou o inglês "labor", significa esforço penoso. "Não é significativo que em muitas línguas modernas recuperem a maldição divina contra Eva usando a expressão trabalho de parto?", perguntou a professora. (Uol)
O Vestibular de Verão 2011 da Universidade Estadual de Maringá (UEM) começa neste domingo (11). No total, 16,6 mil candidatos estão habilitados para realizar, no primeiro dia, a prova de conhecimentos gerais. Para não perder a chance de garantir uma das 1,5 mil vagas em mais de 60 cursos ofertadas neste concurso, os estudantes não podem se atrasar: devem chegar antes do início da prova, agendado para as 8h50.
Além disso, a Central do Vestibular Unificado (CVU) alerta para que os candidatos não esqueçam de levar um documento original com foto. É necessário levar caneta de cor azul ou preta, para o preenchimento da folha de resposta. Não será permitido o uso de relógio de pulso e de aparelhos eletrônicos. O uso de lápis e borracha para o rascunho é autorizado.
Na segunda-feira (12), os candidatos realizarão a prova de língua portuguesa, literaturas em língua portuguesa, língua estrangeira e redação. Na terça (13), último dia do vestibular, é a vez da prova de conhecimentos específicos, cujas disciplinas e conteúdos exigidos variam de acordo com o curso escolhido pelo estudante.
Do total de inscritos, 3,2 mil se inscreveram pelo sistema de cotas sociais, que reserva 20% das vagas para vestibulandos com menor poder aquisitivo. Os três cursos com maior procura foram: medicina, com 1.789 inscritos (137,6 por vaga); arquitetura e urbanismo com 684 candidatos (52,6 por vaga); e engenharia civil em Maringá com 1.027 inscritos (38 por vaga).
Além de Maringá, as provas também serão aplicadas em Apucarana, Campo Mourão, Cianorte, Cidade Gaúcha, Goioerê, Ivaiporã, Paranavaí e Umuarama. (GP)
Neste domingo o Parque São Lourenço recebe o batuque dos músicos Estrela (Ruiz) Leminski e Téo Ruiz. O show vai unir música e poesia ao samba com influências africanas e contemporâneas.
A apresentação faz parte da sexta edição da série Música nos Parques, programa que prestigia grupos musicais locais para apresentações gratuitas nos parques da cidade. O projeto é desenvolvido pela Fundação Cultural de Curitiba e financiado pelo Fundo Municipal da Cultura.
Ingresso: gratuito
Data(s): 11/12/2011
Horários: 15h30
Local:
Parque São Lourenço
Rua Mateus Leme, 4700
A maioria dos paranaenses está insatisfeita com os vereadores de sua cidade e com as leis propostas por eles. Os legislativos municipais também deixam a desejar na fiscalização dos gastos das prefeituras. O resultado disso é que os cidadãos não se sentem bem representados. Esse cenário, que coincide com um ano cheio de denúncias contra vereadores de Curitiba e do interior, consta de um levantamento exclusivo feito pelo Instituto Paraná Pesquisas para a Gazeta do Povo.
Para 54% dos paranaenses, as leis municipais – que versam sobre temas locais como transporte coletivo, coleta de lixo e manutenção de vias públicas, entre outras – são insatisfatórias. Um porcentual ainda maior (71%) diz que os gastos da prefeitura não são fiscalizados pelos vereadores como se deveria. E 66% dos paranaenses dizem que, de uma maneira geral, não estão satisfeitos com o trabalho do Legislativo.
Os números são ainda mais negativos se for considerado apenas a Mesorregião Metropolitana de Curitiba, que engloba também todo o Litoral. Nos municípios dessa região, 69% dizem que não estão satisfeitos com os vereadores. Na capital, a Câmara dos Vereadores atravessa um dos momentos mais difíceis da sua história, que teve início com denúncias de irregularidades cometidas pelo presidente João Cláudio Derosso (PSDB) nos contratos de publicidade da Casa. No mês passado, após o MP ingressar na Justiça com uma ação judicial, ele decidiu se licenciar do cargo por iniciativa própria.
“Apêndice”
Um dos principais problemas que levam ao descrédito das câmaras municipais, segundo especialistas, é a submissão ao prefeito local. “Os vereadores tratam o Legislativo como um apêndice do Executivo. Isso gera um descontentamento e um descrédito que são péssimos para a democracia, pois as câmaras são muito importantes”, avalia Emerson Cervi, cientista político da UFPR. Ele ressalta que, sem uma Câmara forte, o prefeito pode agir como quiser.
“É inacreditável que em Curitiba, por exemplo, não se consiga fazer uma CPI sobre os radares eletrônicos. Não faz sentido. Instalar uma CPI não significa que o prefeito é culpado de alguma coisa”, afirma ele. Para Cervi, os vereadores preferem se aliar ao prefeito para aparecerem nas fotos e ser reconhecidos como coautores das obras municipais. “Se não for da base, a prefeitura nem dá bola para os pedidos do Legislativo.”
A proximidade entre o vereador e a população tem uma influência grande nos resultados da pesquisa, avalia François Bremaeker, gestor da organização Observatório de Informações Municipais (OIM). “Essa boa relação dos parlamentares com o chefe do Executivo é a mesma que ocorre em nível estadual e federal. Mas a população se escandaliza mais com os vereadores, pois estão mais próximos, dá para ver, acompanhar o trabalho deles. O mesmo não ocorre com os deputados estaduais, muito menos com os deputados federais”, diz Bremaeker.
Para Moises Farah Jr., professor do mestrado de Políticas Públicas da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), a produtividade dos vereadores é, de maneira geral, muito baixa. “Muitos estudos mostram que mais de 85% do tempo deles é gasto em atividades de pouco retorno à sociedade, como leis para nomear ruas e homenagens. O trabalho que deveriam fazer mesmo, que é fiscalizar os gastos da cidade e propor leis relevantes, não é feito.”
Denúncias em série
Nos últimos meses o Ministério Público Estadual (MP) tomou uma série de medidas para investigar irregularidades cometidas por vereadores. Relembre alguns dos casos:
Curitiba
Em novembro, o MP propôs uma ação civil pública por ato de improbidade administrativa contra o presidente licenciado da Câmara de Curitiba, João Cláudio Derosso (PSDB). A investigação mostra que houve licitação e contratação irregulares de uma agência de publicidade que era de propriedade da mulher de Derosso, Cláudia Queiroz Guedes. Na época, eles não tinham relacionamento, mas ela era funcionária da Casa.
Guarapuava
Em outubro, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do MP, prendeu em flagrante o vereador Ademir Strechar, presidente da Câmara local. Ele estava se apropriando de parte dos salários de seus assessores. Ele foi preso no momento em que recebia dinheiro de um dos servidores. A Justiça suspendeu o pagamento de salários de três pessoas que seriam funcionários fantasmas. Strechar foi solto sexta-feira.
Maringá
No início de outubro, o MP apresentou denúncia criminal contra os vereadores João Alves Corrêa, presidente da Câmara Municipal, e Wellington Andrade Freitas, além do secretário municipal de Obras Públicas, Walter José Progiante. Segundo o MP, os três exigiram vantagens de um empresário para liberar a instalação de um posto de combustíveis na cidade.
Colombo
O Gaeco prendeu em flagrante, em agosto, o vereador Joaquim Gonçalves de Oliveira (PTB), conhecido por Oliveira da Ambulância. Segundo o MP, ele se apropriava de parte dos salários de três dos seus assessores. Os valores rendiam cerca de R$ 9 mil ao vereador, segundo a denúncia.
Fonte: Ministério Público Estadual
Veja nesta tabela a situação de cada um dos 399 municípios do Paraná. Os valores foram informados pelas próprias câmaras municipais ao Tribunal de Contas do Estado (TC) e devem vigorar até o fim de 2012, pois o aumento de salário só é permitido para a legislatura seguinte. (GP)