sĂ¡bado, 25 de setembro de 2010

DepĂ³sito bancĂ¡rio comprova propina de R$ 120 mil para filho de Erenice


CRISTIANO MARIZ

Documentos bancĂ¡rios em poder da PolĂ­cia Federal, obtidos ontem pelo Estado, confirmam que o filho da ex-ministra Erenice Guerra recebeu propina de R$ 120 mil seis dias depois de a AgĂªncia Nacional de AviaĂ§Ă£o Civil (Anac) conceder permissĂ£o de voo Ă  Master Top Linhas AĂ©reas (MTA).

Infraero. Israel também quis cobrar propina em corte de multa
Os papĂ©is mostram ainda que Israel Guerra e seus sĂ³cios tentaram cobrar propina numa negociaĂ§Ă£o para que a Infraero reduzisse, em fevereiro deste ano, uma multa de R$ 723 mil imposta Ă  MTA por deixar um aviĂ£o parado na pista por mais de 30 dias. O valor da propina, nesse caso, era de R$ 50 mil.

A polĂ­cia recebeu a documentaĂ§Ă£o quinta-feira das mĂ£os do empresĂ¡rio FĂ¡bio Baracat, que representava a MTA em BrasĂ­lia. Pela primeira vez, documentos bancĂ¡rios comprovam o pagamento do lobby feito na Casa Civil. O escĂ¢ndalo derrubou Erenice Guerra da chefia da pasta.

O Estado teve acesso Ă  integra das 16 pĂ¡ginas do depoimento prestado por Baracat e aos documentos que ele entregou Ă  PF. O empresĂ¡rio disse que, num encontro com Erenice, em março deste ano, ela nĂ£o cobrou o pagamento dos serviços prestados pelo filho, mas deu um "conselho" aos "presentes": "Erenice Guerra disse aos presentes que todos os compromissos assumidos, sejam polĂ­ticos, pessoais ou profissionais, devem ser cumpridos".

VĂ©spera de Natal. Um comprovante bancĂ¡rio mostra que, Ă s 9h17 de 24 de dezembro de 2009, Baracat fez uma transferĂªncia eletrĂ´nica de sua conta bancĂ¡ria, no valor de R$ 120 mil, para a conta da Capital Assessoria, empresa de Israel Guerra e de Vinicius Castro, entĂ£o assessor da Casa Civil. O pagamento foi feito seis dias depois de a Anac revogar, numa decisĂ£o emergencial, a puniĂ§Ă£o que proibia a MTA de operar por falta de documentos.

E-mails entregues Ă  PF mostram que a MTA foi orientada pelos lobistas a procurar a direĂ§Ă£o da Anac, incluindo a sua presidente, Solange Vieira. Ela jĂ¡ negou qualquer irregularidade no episĂ³dio. Segundo a Anac, a MTA apresentou a documentaĂ§Ă£o necessĂ¡ria para reverter a puniĂ§Ă£o.

Segundo Baracat, dos R$ 120 mil depositados na vĂ©spera de Natal, R$ 100 mil foram pelo lobby na Anac. O restante era a mensalidade que pagava aos lobistas do PalĂ¡cio do Planalto desde outubro. O empresĂ¡rio contou que, no total, foram pagos, entre outubro e março, R$ 220 mil para a Capital - R$ 100 mil referentes ao episĂ³dio da Anac e R$ 120 mil divididos em seis parcelas mensais para as consultorias.

Os pagamentos eram feitos em dinheiro vivo e entregues em hotĂ©is, ou na conta corrente da empresa e de Vinicius Castro. Baracat entregou Ă  PF, alĂ©m dos comprovantes de transferĂªncia, os recibos emitidos em março em nome da Capital Assessoria, com valores correspondentes a possĂ­veis pagamentos anteriores. O empresĂ¡rio anexou tambĂ©m procurações e e-mails internos confirmando que representava os interesses da MTA, desmentindo a versĂ£o da empresa de que ele nĂ£o tinha ligações profissionais com ela.

Os documentos revelam que, em fevereiro, a Capital se ofereceu para ajudar a MTA a sanear multa imposta pela Infraero por deixar um aviĂ£o na pista por mais de 30 dias. Segundo o empresĂ¡rio, no mesmo mĂªs a empresa "fez um pedido de isenĂ§Ă£o e encaminhou para o depoente. Que, em decorrĂªncia do serviço prestado pela Capital Assessoria houve a reduĂ§Ă£o de aproximadamente 30% da multa que seria cobrada pela Infraero e o parcelamento da mesma". A multa de R$ 723 mil foi reduzida para R$ 121 mil.

Ele afirma que o filho de Erenice e seus sĂ³cios cobraram R$ 50 mil pelo serviço "extra". "O depoente entendeu que se tratava de pagamento de propina", diz o relato dele Ă  PF. Segundo Baracat, o ex-assessor Vinicius Castro, que pediu demissĂ£o do cargo hĂ¡ duas semanas, disse que o dinheiro era necessĂ¡rio porque eles "tinham se comprometido com pessoas na Infraero e precisavam honrar com tal compromisso". NĂ£o houve, segundo ele, menĂ§Ă£o a nomes de pessoas envolvidas. A propina, disse o empresĂ¡rio, nĂ£o foi paga e o episĂ³dio deu inĂ­cio ao rompimento entre eles.

O depoimento Ă© longo e durou mais de cinco horas. Baracat foi um dos personagens da queda de Erenice Guerra da chefia da Casa Civil. Ele revelou o lobby do filho dela, Israel, dentro do governo.

Marina diz ter confiança de que vai para o 2.º turno









O crescimento na pesquisa Ibope/Estado/TV Globo, divulgada nesta sexta-feira, 24, entusiasmou a candidata do PV Ă  presidĂªncia, Marina Silva. A ex-ministra de Meio Ambiente diz ter certeza de que disputarĂ¡ o segundo turno com a candidata lĂ­der nas pesquisas, a petista Dilma Rousseff, apesar de ter menos da metade dos votos indicados para o segundo colocado, JosĂ© Serra (PSDB), a uma semana das eleições. "NĂ³s vamos para o segundo turno. O dia 3 de outubro vai se revelar como uma grande surpresa", afirmou Marina, em encontro com candidatos e militantes do PV no Iate Clube do Rio de Janeiro.

7.000 pessoas em JaguariaĂ­va aclamam Beto Governador!



"Chegou a hora da vitĂ³ria no primeiro turno", disse Beto, que tambĂ©m participou de carreata com mais de 500 carros.

JaguariaĂ­va jĂ¡ decidiu. Dia 3 de outubro vai eleger Beto Richa governador do ParanĂ¡. Na noite da Ăºltima sexta-feira (24), mais de 7.000 pessoas ocuparam a avenida AntĂ´nio Cunha para participar de um comĂ­cio com Beto Richa e lideranças da regiĂ£o. “Durante 20 anos apenas duas pessoas governaram o ParanĂ¡. Isso nĂ£o aconteceu em nenhum Estado brasileiro. EstĂ¡ na hora de mudar”, anunciou Beto, acompanhado pelos deputados estaduais Valdir Rossoni, Plauto MirĂ³ GuimarĂ£es e Marcelo Rangel, entre outras lideranças como Sandro Alex; Ademar de Barros, ex-prefeito de JaguariaĂ­va; e o vereador JosĂ© Marcos Pessa Filho (PSDB), presidente da CĂ¢mara Municipal.

Na chegada Ă  cidade, Beto participou de uma carreata, que reuniu mais de 500 veĂ­culos pelas principais avenidas de JaguariaĂ­va. Ao desembarcar na Avenida AntĂ´nio Cunha, Beto foi aclamado pela populaĂ§Ă£o e carregado nos ombros atĂ© o palanque. “JaguariaĂ­va estĂ¡ com Beto Richa, acho que mais de 70% daqui Ă© Beto Richa”, disse o ex-prefeito Ademar de Barros. Para ele, Beto Ă© um gestor pĂºblico empreendedor. “Ele jĂ¡ deu demonstraĂ§Ă£o disso, inclusive foi nosso representante estadual. Posso dizer com segurança o quanto ele fez por JaguariaĂ­va. Sabendo e conhecendo ele hĂ¡ muitos anos tenho certeza que vai fazer muito pelo ParanĂ¡. E provou isso em Curitiba, sendo eleito o melhor prefeito do Brasil por vĂ¡rias vezes”, completou Barros.

Receoso com os ataques Ă  imprensa, Lula se acovarda e muda o discurso no RS

Ucho

Luiz InĂ¡cio da Silva Ă© um homem experiente e precavido, especialmente quando nĂ£o estĂ¡ sob o efeito de substĂ¢ncias que por certo fariam a alegria redacional do jornalista norte-americano Larry Rohter. Depois de disparar sua metralhadora verborrĂ¡gica na direĂ§Ă£o da imprensa, que nas Ăºltimas semanas tem revelado diversos escĂ¢ndalos de corrupĂ§Ă£o do governo do PT, o presidente-metalĂºrgico preferiu minimizar as crĂ­ticas aos veĂ­culos de comunicaĂ§Ă£o. HĂ¡ dias, Lula chegou a afirmar que determinados setores da mĂ­dia “destilavam Ă³dio e mentira”.

Durante comĂ­cio em Porto Alegre, Lula destacou a importĂ¢ncia da imprensa. “A imprensa Ă© muito importante. A gente Ă s vezes fica zangado quando a imprensa fala mal da gente, a gente fica feliz quando a imprensa fala bem. Quando a matĂ©ria dos jornais sai falando mal a gente ninguĂ©m gosta, quando fala bem o ego da gente cresce. A gente precisa ter humildade. Democracia Ă© exatamente isso, cada um fala o que quer, e o povo na Ăºltima hipĂ³tese faz o grande julgamento, balizando e consolidando a democracia”, declarou Lula.

Que nĂ£o se engane o eleitor, pois essa repentina mudança de opiniĂ£o do presidente nĂ£o passa de uma estratĂ©gia chicaneira para ludibriar a opiniĂ£o pĂºblica e nĂ£o comprometer a campanha da companheira Dilma Rousseff.

O NOVO ENDEREÇO DO EDUARDO REQUIĂƒO




O Dr. Eduardo RequiĂ£o, embora esteja pessoalmente sendo altamente requisitado por algumas esferas de poder, nĂ£o estĂ¡ disponĂ­vel, jĂ¡ que estĂ¡ tratando de alguns importantes assuntos no exterior e assim nĂ£o estando disponĂ­vel nĂ£o possui condições de se apresentar junto as mesmas para prestar cordialmente alguns esclarecimentos. Mais conhecido pelo carinhoso apelido de VovĂ³ NanĂ¡, ele viajou para uma confortĂ¡vel estada em Miami, de onde dizem que parte para um perĂ­odo ainda maior e talvez definitivo na AustrĂ¡lia. O aconchegante, mas nĂ£o definitivo, atual endereço do Eduardo nos States:






PARA SUA "SEGURANÇA": PM acusado de matar vendedor e duas crianças é julgado no Oeste do PR

O julgamento de um policial militar acusado de matar um vendedor e duas crianças, em Marechal CĂ¢ndido Rondon, no Oeste do ParanĂ¡, teve inĂ­cio na manhĂ£ desta sexta-feira (24).

O vendedor Euclides Henrique Erzen, de 37 anos, foi Ă  casa do policial militar Almir Soares para cobrar uma dĂ­vida e foi morto. A filha dele, de 12 anos, e um sobrinho, de 2 anos, estavam no carro. Eles saĂ­ram de Pato Bragado, tambĂ©m no Oeste do estado, e foram assassinados em Marechal CĂ¢ndido Rondon, em 24 de janeiro de 2009.

Crime ocorreu em Marechal CĂ¢ndido Rondon, em 2009.

O policial militar é acusado de ter atirado na cabeça do vendedor e depois teria feito o mesmo com os dois menores. O veículo de Erzen foi encontrado queimado no dia seguinte ao crime. Testemunhas contaram à polícia que o PM foi visto rebocando um veículo no dia do crime. Um dia depois, Soares teria comprado gasolina em um posto de combustível da cidade.

Os corpos das crianças foram encontrados em 29 de janeiro de 2009 e o do vendedor em 30 de janeiro em uma plantaĂ§Ă£o na zona rural de Marechal CĂ¢ndido Rondon.

Outras pessoas foram presas acusadas de participar do crime. Segundo a polĂ­cia, o irmĂ£o e um tio do policial ajudaram o acusado a ocultar pistas dos assassinatos. O sobrinho do PM – na Ă©poca com 17 anos – tambĂ©m teria participado.

Por volta das 20h desta sexta-feira, o policial estava prestando depoimento, mas a previsĂ£o Ă© de que o julgamento termine somente na madrugada de sĂ¡bado (25).

MUNDO CĂƒO: MĂ£e deixa filha com casal para comprar drogas e criança Ă© estuprada


FERNANDA LEITĂ“LES

Uma criança de 7 anos foi estuprada depois ser deixada com um casal de conhecidos da mĂ£e, que havia saĂ­do para comprar drogas. O caso ocorreu na manhĂ£ de quinta-feira (23), em Piraquara, na regiĂ£o metropolitana de Curitiba. A menina foi encontrada nesta sexta-feira (24). Ela foi achada abandonada na rua, apĂ³s ter sido abusada duas vezes pelo homem, de 26 anos, segundo informações da PolĂ­cia Militar. A mĂ£e da criança e o estuprador, que confessou o crime, foram presos.

A avĂ³ materna da criança contou aos policiais que ligou, na quinta-feira, para o pai da menina – que Ă© separado da mĂ£e - informando que a mulher, de 32 anos, e a menina tinham sumido. O pai da criança acionou a PM e as buscas tiveram inĂ­cio.

A mulher foi encontrada e contou Ă  polĂ­cia que havia deixado a criança com o casal. A PM foi atĂ© o endereço e, segundo o Ă³rgĂ£o, o homem confessou que estuprou a menina e que a abandonou apĂ³s a segunda violĂªncia sexual.

O homem tem passagens pela polĂ­cia por roubo e por trĂ¡fico de drogas. De acordo com a PM, os abusos ocorreram no perĂ­odo da manhĂ£ e da tarde de quinta-feira em um cemitĂ©rio e em um matagal da cidade. A polĂ­cia nĂ£o soube informar se hĂ¡ participaĂ§Ă£o da mulher dele no caso.

A criança foi encontrada deitada, sozinha, em uma rua do Jardim Guarituba, em Piraquara, por moradores da regiĂ£o, na manhĂ£ desta sexta-feira, por volta das 5 horas. Ela foi encaminhada para um hospital da capital para ser examinada.

Inicialmente, a PM havia informado que a mĂ£e teria trocado a criança por pedras de crack. A versĂ£o foi corrigida pela polĂ­cia a partir dos fatos relatados pelos dois presos e pela menina.

Os dois detidos foram encaminhados para a delegacia de Piraquara. De acordo com a PolĂ­cia Civil, ainda nĂ£o foi decidido se a mĂ£e serĂ¡ indiciada por abandono de incapaz ou por exposiĂ§Ă£o de menor a uma situaĂ§Ă£o de risco. A mulher estava com pedras de crack e serĂ¡ indiciada tambĂ©m por trĂ¡fico de drogas.

A criança serĂ¡ ouvida novamente pela polĂ­cia – na presença do Conselho Tutelar - no perĂ­odo da tarde, em Piraquara. Outras testemunhas tambĂ©m prestarĂ£o depoimento nesta sexta-feira (24).

O RISCO DA ABSTENĂ‡ĂƒO DE 2006 SE REPETIR EM 2010






MĂ´nica Bergamo

As estatĂ­sticas de eleições anteriores mostram que a abstenĂ§Ă£o Ă© maior no eleitorado de baixa renda e nas regiões Norte e Nordeste.
Entre outros fatores que levaram a eleiĂ§Ă£o de 2006 para o segundo turno, de acordo com especialistas, estĂ¡ a alta abstenĂ§Ă£o em regiões em que Lula abria dianteira sobre Geraldo Alckmin (PSDB), e onde Dilma Rousseff (PT) repete o fenĂ´meno.
No Norte, a abstenĂ§Ă£o foi de 19%. No Nordeste, de 18%. No Sul, de 15% e no Sudeste, de 16%.

PT entra com aĂ§Ă£o contra exigĂªncia de dois documentos



Com medo de que a exigĂªncia de dois documentos na hora da votaĂ§Ă£o faça aumentar a abstenĂ§Ă£o, o PT entrou com uma aĂ§Ă£o direta de inconstitucionalidade no STF. O partido se colocou contra a nova lei, que torna obrigatĂ³ria a apresentaĂ§Ă£o de tĂ­tulo de eleitor e um documento oficial com foto.

De acordo com estatĂ­sticas de eleições anteriores, a abstenĂ§Ă£o Ă© maior no eleitorado de baixa renda, especialmente nas regiões Norte e Nordeste, onde a candidata petista Dilma Rousseff abre dianteira.

‘Lula, O Filho do Brasil’ merece estar no Oscar?

O filme 'Lula, O Filho do Brasil' foi escolhido como candidato brasileiro ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Veja a crĂ­tica de Francisco Taunay:


O filme escolhido para concorrer ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro nĂ£o Ă© comum, e tem alguns fatores que nitidamente delimitaram esta escolha. Gostaria de esclarecer que Ă© uma escolha eminentemente polĂ­tica; ela acontece todos os anos atravĂ©s da decisĂ£o de uma comissĂ£o de notĂ¡veis, que geralmente nĂ£o escolhe o melhor filme, mas sim aquele que tem mais a cara do Brasil, que se insere melhor na engrenagem de poder do cinema brasileiro.

O primeiro fator, que sem dĂºvida influenciou na escolha, Ă© o mais correto: Lula, O Filho do Brasil Ă© muito bom! É um filme biogrĂ¡fico, que lida com as dificuldades desse gĂªnero de uma forma coerente. Tem bons atores, uma fotografia Ă³tima, que mistura cenas de ficĂ§Ă£o com imagens de Ă©poca de forma exemplar, e tem uma narrativa bem trabalhada, auxiliada pela mĂºsica de Jacques Morelenbaum. Conta uma histĂ³ria quase de contos de fada; a trajetĂ³ria de alguĂ©m pobre, quase miserĂ¡vel, que ascende socialmente atĂ© chegar ao cargo mĂ¡ximo do poder executivo.

Um outro fator que sem dĂºvida pesou na escolha foi a tragĂ©dia que acompanhou a histĂ³ria deste filme: FĂ¡bio Barreto, o diretor, antes do lançamento de sua obra, capotou vĂ¡rias vezes de carro e permanence em coma atĂ© hoje. Ele, que diferente de Lula, nasceu em berço de ouro e sempre teve facilidade para fazer filmes, nĂ£o pĂ´de ver provavelmente a sua obra mĂ¡xima, um filme de grande qualidade, lançado e assistido pelo grande pĂºblico. Era acima de tudo uma pessoa entusiasmada com o Brasil, e contou muito bem esta histĂ³ria, de um imigrante do Nordeste que vira presidente da RepĂºblica.

Acredito que o filme teve vĂ¡rias facilidades para ser feito, no sentido de obter recursos. A maior delas Ă© a de ser a histĂ³ria do prĂ³prio presidente em exercĂ­cio, que Ă© um fenĂ´meno de popularidade. No inĂ­cio dos crĂ©ditos, aparecem todos os patrocinadores, que simplesmente doaram recursos de forma direta, sem leis de incentivo, para a realizaĂ§Ă£o do filme. EstĂ£o todos lĂ¡, desde as empreiteiras, que multiplicaram seu patrimĂ´nio no governo, uma empresa de Eike Batista, e uma cervejaria que praticamente detĂ©m o monopĂ³lio das vendas no Brasil. AliĂ¡s, a Ăºnica cena do filme que me incomodou realmente foi uma propaganda explĂ­cita de uma marca de cerveja, o que acontece muitas vezes mesmo nos filmes internacionais, mas deveria ter sido evitada, principalmente nesse filme.

Lula sem dĂºvida tem grandes qualidades, talvez a maior delas foi sua habilidade de compor um governo que se aliou Ă s forças mais conservadoras, para tentar realizar mudanças significativas na sociedade. Por mais paradoxal que isto possa parecer, no Brasil, o conservadorismo, desde antes da RepĂºblica, sempre ditou as regras, e se o PT tivesse tentado realizar suas propostas de forma radical, muito provavelmente haveria uma tragĂ©dia histĂ³rica de grandes proporções. Outro fator que auxiliou seu governo foi a sorte: a crise nos EUA e nos paĂ­ses do primeiro mundo favoreceu a economia brasileira, assim como as descobertas do petrĂ³leo e a prĂ³pria herança do governo FHC.

Por outro lado, apesar de vĂ¡rias conquistas, existe um certo clima de autoritarismo no ar. O Estado, cada vez mais aparelhado, inchado com os cargos de petistas, partidos aliados, e seus familiares, alimenta uma mĂ¡quina que passa por cima das vozes dissonantes; tudo isso com o apoio dos meios de comunicaĂ§Ă£o, que provavelmente tĂªm como seu maior cliente o prĂ³prio governo. Por mais democrĂ¡tica que a ascensĂ£o de Lula ao governo possa parecer, existem alguns exemplos concretos de ações autoritĂ¡rias, ou similares, que acontecem cotidianamente. Como um exemplo pessoal, fui um dia a uma biblioteca da FIESP, na Avenida Paulista. Esta biblioteca era um exemplo de democracia e convivĂªncia de cidadania: lĂ¡ passavam estudantes, empresĂ¡rios, aposentados, desocupados, todos convivendo em um local de leitura e de cultura, de forma exemplar, em plena Avenida Paulista, coraĂ§Ă£o financeiro da cidade de SĂ£o Paulo. Qual nĂ£o foi a minha surpresa, ao constatar que a biblioteca havia sumido, dando lugar a uma galeria de arte, destas bem ascĂ©ticas, Ă¡ridas, que afastam o povo com sua arte enclausurada. Me informaram que a biblioteca se mudara para a Vila Guilherme. Onde fica a Vila Guilherme?

No Rio de Janeiro, agora os artistas de rua sĂ£o proibidos de se apresentar. O espaço pĂºblico, que antes era de todos, agora estĂ¡ cada vez mais privatizado. Com as bĂªnĂ§Ă£os da classe mĂ©dia, que acredita em segurança acima de tudo, o choque de ordem institui uma espĂ©cie de limpeza Ă©tnico-financeira das ruas: saem os desocupados, ou mesmo aqueles que trabalham de maneira informal, para dar lugar Ă  empresas, que passam a lotear o espaço pĂºblico. Tudo isso com o pretexto de uma ordem… Lembro que na ItĂ¡lia de Mussolini, jamais os trens chegavam atrasados.

Estes exemplos se multiplicam em todo o paĂ­s, onde o conservadorismo se alia ao sindicalismo para criar um paĂ­s ascĂ©tico, onde a pobreza nĂ£o Ă© combatida com cultura e educaĂ§Ă£o, mas maquiada e tirada da vista daqueles que passam nas ruas. Penso que a Internet possibilitou uma espĂ©cie de revoluĂ§Ă£o na polĂ­tica. AtĂ© o apagar das luzes do sĂ©culo XIX, e mesmo no XX, existia no Brasil uma prĂ¡tica medieval, onde alguĂ©m lia as notĂ­cias em praça pĂºblica, para a massa analfabeta. Com o desenvolvimento das prĂ¡ticas de leitura, dos jornais e da TV, as informações começaram a circular em uma esfera mais individual. A manifestaĂ§Ă£o das pessoas foi contida no Ă¢mbito de suas casas e da famĂ­lia. Com a Web, agora cada leitor tambĂ©m vira um comentarista: Ă© isso que vivenciamos aqui e agora.

Um ano sem o Walmor








WALMOR MARCELLINO, PRESENTE!!!!!!








Bater de asas

Walmor Marcellino

De ter feito os exercĂ­cios
nĂ£o me adonei da arte.
Posso falar das tentativas
limitadas, circunstanciais
em que me empenhei,
e dos anti-resultados, os pĂ­fios
sucessos que me couberam.

Tenho pertinĂªncia em apontar
os alvos e descrever caminhos e processos
em que trotei compelido,
e fui atropelado de Ă¢nsias e urgĂªncias.

Sem pretensões nem escusas, hoje
devo mais confessar do que proclamar:
o homem Ă© seu alvo e suas frechas;
o homem Ă© seu projeto e seus meios;
o homem nĂ£o Ă© senĂ£o sua prĂ³pria estrutura;
porque necessita, porque deseja, porque se impõe.
Ă€ sua natureza aparentemente conhecida
Ă  sua caracterĂ­stica enovelada pelos desejos
cada um de nĂ³s acresceu a sua cultura
e utopias.

EntĂ£o, sejamos esse projeto
mas sob advertĂªncia do que Ă©
insistentemente procurado, hipoteticamente conseguido...
e satisfatoriamente alcançado.
E seus fracassos, naturalmente.

DESEMPREGO ENTRE JOVENS E POBRES É MAIS QUE O DOBRO DA TAXA MÉDIA DA POPULAĂ‡ĂƒO


Desemprego entre os que tĂªm entre 18 e 24 anos e pobres Ă© mais que o dobro da taxa mĂ©dia da populaĂ§Ă£o

Saiu a taxa de desemprego de agosto. A pesquisa do IBGE traz um bom nĂºmero: caiu para 6,7%, abaixo do dado de julho (6,9%). É a menor taxa desde o inĂ­cio da sĂ©rie, em março de 2002. Mas Ă© bom nĂ£o perder de vista o cenĂ¡rio geral: essa taxa de desocupaĂ§Ă£o Ă© calculada em apenas seis capitais do Brasil.

Agora, a Pesquisa Nacional por Amostra de DomicĂ­lios (PNAD), feita uma vez por ano, visita o paĂ­s inteiro. O Ăºltimo dado, de 2009, ano que pegou a crise, mostra um quadro preocupante, porque mesmo no melhor momento da economia brasileira, o atual, temos muita gente desempregada e sem carteira assinada. No ano passado, ainda tĂ­nhamos 8 milhões de brasileiros desocupados e taxa de informalidade de 41%.

Isso foi em 2009; em 2010, melhorou, mas nĂ£o o suficiente. HĂ¡ outros dados preocupantes: a taxa de desemprego entre os que tĂªm entre 18 e 24 anos Ă© o dobro da taxa mĂ©dia da populaĂ§Ă£o. Nas regiões metropolitanas chega a 24% entre jovens e entre pobres.

A queda da taxa de desocupaĂ§Ă£o tem que ser comemorada, mas Ă© bom lembrar que carregamos um estoque de problemas no mercado de trabalho brasileiro, que nĂ£o tem o dinamismo necessĂ¡rio para incluir todos os que precisam de emprego.

A crise econĂ´mica mundial cobrou seu maior preço sobre a juventude e o desemprego entre pessoas de 15 a 24 anos atingiu sua marca recorde. Dados divulgados pela OrganizaĂ§Ă£o Internacional do Trabalho (OIT) apontam que, entre 2007 e 2009, 7,8 milhões de jovens foram demitidos e a entidade jĂ¡ fala de uma "geraĂ§Ă£o perdida".

Metade desse nĂºmero de novos desempregados foi registrado nos paĂ­ses ricos, epicentro da crise. Mas um milhĂ£o de jovens na AmĂ©rica Latina tambĂ©m perderam seus empregos, o que faz a regiĂ£o a pior entre todas as economias em desenvolvimento. JĂ¡ o Brasil seguiu uma tendĂªncia contrĂ¡ria. Em 2007, 22% dos jovens estavam desempregados. Em 2010, essa taxa Ă© de 17%. Mas o nĂºmero ainda Ă© bem superior Ă  mĂ©dia mundial e chega a ser mais elevada que a mĂ©dia de jovens desempregados na AmĂ©rica Latina.

Pelos cĂ¡lculos da OIT, 29 milhões de pessoas perderam seus empregos no mundo entre 2007 e 2009. Um a cada quatro, porĂ©m, eram jovens. No inĂ­cio de 2010, 80,7 milhões de jovens estavam sem trabalho, o maior nĂºmero jĂ¡ registrado pela OIT. A taxa de desemprego nesse segmento passou de 11,9% para 13,2% em apenas dois anos e a tendĂªncia Ă© de que continue a crescer em 2010.

Entre os jovens, sĂ£o as mulheres que encontram mais dificuldades na hora de procurar emprego; em 2009, a taxa de desemprego entre elas foi de 13,2%, enquanto entre os homens foi de 12,9%.

Muitos cortes. "Nunca havĂ­amos visto nĂºmeros assim em um espaço tĂ£o curto de tempo e tememos que os Ăºltimos anos tenham criado uma geraĂ§Ă£o perdida de jovens que dificilmente conseguirĂ£o voltar ao mercado de trabalho em condições ideais", afirmou Steven Kapsos, um dos autores do levantamento.

Gustavo Fruet em Umuarama

 
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