domingo, 27 de março de 2011

Para Amorim, é preciso diálogo para ter influência sobre Irã

O ex-ministro das Relações Exteriores Celso Amorim acredita que o diálogo é a única maneira de influenciar o Irã, acusado por parte da comunidade internacional de violar direitos humanos e buscar desenvolver armas nucleares.

"Para você ter esse tipo de influência, você tem que ter um diálogo", disse Amorim em entrevista à BBC Brasil, afirmando que não é possível "bater forte e dialogar ao mesmo tempo".

O embaixador afirmou ainda que a aproximação com o Irã possibilitou que o Brasil intercedesse em casos como o de Sakineh Ashtiani, condenada à morte por apedrejamento, e da francesa Clotilde Reiss, acusada de espionagem no país.

Ministro das Relações Exteriores durante os dois mandatos de Lula, Amorim recebeu a BBC Brasil em seu apartamento em Copacabana na última quarta-feira, um dia antes de o Brasil ter votado a favor da nomeação de um relator da ONU para investigar a situação de direitos humanos no Irã.

O voto favorável no Conselho de Direitos Humanos da ONU sinalizou uma mudança na posição do Brasil, que até então vinha se abstendo em decisões sobre o Irã.

Leia abaixo os principais trechos da entrevista dada por Celso Amorim a BBC:

BBC Brasil - O senhor escreveu um artigo para a revista Foreign Policy antes da visita de Obama dizendo que seria uma decepção se ele não aproveitasse a ocasião para apoiar concretamente a entrada do Brasil no Conselho de Segurança da ONU. Ele veio e manifestou apenas “apreço” pelo pleito do Brasil. O senhor está decepcionado?

Celso Amorim - Acho que a democracia brasileira fez o que pôde. Não sei nem se eu teria conseguido tanto. A Condoleezza (Rice, Secretária de Estado durante o governo George W. Bush) várias vezes conversou comigo sobre o assunto, mas ele nunca tinha figurado num comunicado conjunto. Isso é um avanço.

Agora, quando se compara com o que os americanos fizeram em relação à Índia, evidentemente é decepcionante. Qual é o sinal que os Estados Unidos estão dando? Qual é a diferença fundamental entre Brasil e Índia?

A Índia é mais populosa que o Brasil, mas o Brasil em compensação tem três vezes o território indiano. Ambos são democracias estáveis, com influência regional. A diferença fundamental é que a Índia tem bomba atômica e o Brasil não tem. Como você pode ser ao mesmo tempo a favor da não proliferação (de armas nucleares), e, no caso de dois países que são razoavelmente comparáveis, apoiar um país e não apoiar o outro?

Para falar a verdade, não vou dizer que eu fiquei decepcionado porque eu não tinha grandes expectativas de que Obama viesse a fazer isso. Mas acho que, do ponto de vista norte-americano, ele perdeu uma grande oportunidade. Os EUA continuam imbuídos daquela visão de hemisfério. Traduzido em bom português, hemisfério, no fundo, é o quintal. E no quintal você tem que tratar todos mais ou menos igual.

O fato de ele não entender que o Brasil tem hoje um trânsito internacional mundial... Isso você vê na opinião das outras pessoas. Por que convidaram a mim e uma semana depois ao presidente Lula para falar na Al-Jazeera? Quando isso acontecia antes? O Brasil está ali, é tido como um exemplo.

BBC Brasil - Mas quais oportunidades o senhor acha que Obama perdeu em sua visita?

Amorim - A grande coisa que ele podia ter feito era dar um apoio explícito e claro ao Brasil. Um reconhecimento de que o Brasil pode contribuir no mundo. Ele teria criado uma aliança mais sólida, e isso teria contribuído para uma relação de confiança profunda. Essa coisa assim, com a xícara meio cheia, meio vazia... Vai continuar tudo como estava.

O Obama simbolicamente é um presidente muito importante, porque é o primeiro presidente negro dos Estados Unidos. Tem um apelo natural para a população brasileira, o que é bom. Antes da visita, analistas americanos diziam que essa era grande coisa que ele poderia fazer, uma vez que na área comercial os avanços seriam limitados.

Os EUA estão vivendo um momento de dúvida sobre o próprio poder. Mesmo na questão da Líbia, apesar de estarem engajados, há dúvida de quem está liderando.

Os EUA precisarão de outros países, precisarão discutir mais. Você não pode pensar que a pluralidade no mundo se obtém pela terceirização. "Ah, você faz isso, mas faz do jeito que eu quero." Não. "Você faz isso, então vou ter que levar em conta a sua opinião." É uma realidade diferente, e países como o Brasil, a Turquia, a Índia, totalmente diversos, podem atuar. Então, acho que ele perdeu essa oportunidade.

BBC Brasil - Em abril, a presidente Dilma Rousseff faz sua primeira visita de Estado à China. Há notícia de que os Estados Unidos se preocupam com a crescente influência da China na América Latina e nos países africanos. Como o Brasil se encaixa nesse contexto?

Para Amorim, EUA vivem momento de dúvida sobre o próprio poder

Amorim - Se os Estados Unidos estão preocupados com isso, podia ter feito duas coisas: uma é apoiar o Brasil para o Conselho de Segurança. Outra é abrir o mercado de etanol. Porque é dessa maneira que você neutraliza a influência dos outros. Não é só ficar preocupado em teoria.

As pessoas criticam que o nosso comércio com a China não é bom do ponto de vista qualitativo. Mas o Brasil tem, como país individual, o maior superavit comercial com a China. O maior deficit comercial é com os Estados Unidos.

Quando dizem que a bola está no nosso campo, eu discordo totalmente. A bola ainda está do lado dos americanos, eles é que têm que fazer os gestos que resultem numa mudança. Eles que abram os seus mercados, não como a Alca (Área de Livre Comércio das Américas) queria fazer – porque ia abrir muito parcialmente o mercado americano e fazia exigências tremendas.

BBC Brasil - O Brasil exporta principalmente commodities para a China, e importa manufaturados. Há uma grita em setores da indústria brasileira, que se sentem prejudicados pela entrada de produtos chineses...

Amorim - Primeiro, é preciso reconhecer que, quando falamos de commodities hoje, não é como no início do século 20, quando eram produtos de baixíssimo valor agregado. Seja no agronegócio, no etanol, em outros produtos, há um alto grau de pesquisa tecnológica agregado ali.

Mas veja bem. Os grandes deficits comerciais que o Brasil tem hoje não são com a China, são com os países desenvolvidos, os países produtores de manufaturados, EUA, Alemanha... O maior deficit que o Brasil tem é com os EUA, de quase US$ 10 bilhões. E o maior superávit que os EUA tem no mundo é com o Brasil.

Se eles querem mudar a relação, o que tem que ser reformado é por aí. Facilitar a importação do etanol brasileiro, concluir a Rodada de Doha. Com isso, ele nos conquistaria no bom sentido. Ainda que a China esteja comprando commodities, a gente precisa vender para sustentar o nível de vida que se alcançou no Brasil. Se ele (Obama) não faz isso, aí não pode evitar que a influência chinesa aumente.

Alemães foram às ruas protestar contra uso de energia atômica


Milhares de pessoas participaram neste sábado de manifestações na Alemanha contra o uso de energia nuclear, em meio à crise vivida pelo Japão devido ao risco de vazamento radioativo na usina de Fukushima Daiichi.

Na capital alemã, Berlim, a multidão realizou um protesto junto à sede do Partido Democrata-Cristão, da chanceler (primeira-ministra) Angela Merkel. Uma grande manifestação também foi realizada em Hamburgo, no norte do país, além de outras cidades.

Segundo o editor de assuntos europeus da BBC, Sam Wilson, a multidão em Berlim parecia não estar convencida das recentes declarações de Merkel no sentido de reavaliar o uso de energia nuclear.

Em 2010, a chanceler havia decidido estender a vida útil das usinas do país, mas a medida foi suspensa logo depois da crise em Fukushima, causada pelo terremoto de magnitude 9,0, seguido por um tsunami, que atingiu o Japão no último dia 11.

De acordo com Wilson, os alemães veem motivações políticas nesta decisão de Merkel, com o objetivo de buscar apoio antes das eleições regionais marcadas para este domingo no Estado de Baden-Württemberg.

O Partido Democrata-Cristão domina o cenário político do Estado há 60 anos, mas, segundo o editor da BBC, pode perder esta hegemonia em meio ao sentimento antinuclear que parece tomar conta do país.

A Itália também se viu forçada a adiar planos de reintroduzir o uso de energia nuclear, que foi banida no país depios do desastre na usina de Chernobyl, em 1986, na Ucrânia (à época, parte da União Soviética).

Já o presidente francês, Nicolas Sarkozy, disse que, por conta do ocorrido no Japão, todas as 58 usinas nucleares do país serão submetidas a testes e que as que não forem aprovadas “serão fechadas. Isso está claro”.

Nessa sexta-feira, líderes da União Europeia (UE) concordaram em submeter suas usinas atômicas a “testes de resistência” até o final deste ano. No total, existem 143 reatores nucleares nos países do bloco europeu.

Depois de Chernobyl, diversos países europeus revisaram suas políticas quanto à energia atômica. No entanto, nos últimos anos, a busca por fontes de energia livres de carbono levaram os governos da região a retomar projetos de usinas nucleares.

Fukushima

Os níveis de material radioativo dispararam no mar próximo à usina de Fukushima Daiichi, superando em 1.250 vezes o limite permitido por lei, segundo afirmou neste sábado a agência de segurança nuclear japonesa.

De acordo com a agência, um amostra de água do mar coletada a cerca de 330 metros ao sul da usina mostrava uma concentração de iodo-131 1.250,8 vezes maior do que o nível determinado pela legislação do país.

Este é maior nível de radiação no local desde que os levantamentos começaram a ser feitos, no início da semana.

De acordo com a Tokyo Electric Power Company (Tepco), empresa que administra Fukushima, é muito provável que água radioativa tenha saído da usina e caído no mar, causando o aumento no nível de radiação.

A agência de segurança nuclear afirma que, se uma pessoa consumir 500ml de água com a mesma concentração de iodo radioativo, ela estará exposta ao limite máximo de radiação considerado normal para um ano inteiro.

A usina sofreu graves danos com o terremoto do último dia 11. O sistema de refrigeração dos reatores acabou sendo desligado, trazendo risco de vazamento de material radioativo. (BBC)

Bispo do Xingu diz que indígenas não foram ouvidos sobre Belo Monte

Representantes de comunidades ribeirinhas, de grupos indígenas e de ONGs que atuam na bacia do rio Xingu entregaram em 2008 no Palácio do Planalto um documento pedindo a suspensão do licenciamento da usina de Belo Monte, no Pará.

“Se mirem em mim. Enquanto eu estiver vivo direi não, não à destruição dos povos indígenas. Contem comigo meu parentes. Não desistam e não tenham medo porque as polícias Militar, Civil e Federal não vão nos matar”

“Não entreguem nossa água, nosso peixe, nossas terras.”

“Por que o governo tem de fazer hidrelétrica ? Por que tem que matar, acabar com os índios para entregar nossas terras para outras pessoas?”
Cacique Raoni


"Se o governo insistir na construção da Belo Monte sem consultar as populações indígenas vai ter uma “grande surpresa”. Muita gente vai morrer, nem que não sobre nenhum Arara”
Cacique Josinei Arara

Em mais uma tentativa de impedir a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu (PA), o presidente do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e bispo da prelazia do Xingu, dom Erwin Kräutler, entregou hoje (25) à subprocuradora-geral da República, Deborah Duprat, uma denúncia sobre falhas na participação das comunidades indígenas que serão atingidas pelo empreendimento.

O Cimi argumenta que as oitivas indígenas – audiências para ouvir a opinião das comunidades sobre a obra – não ocorreram, contrariando a Constituição Federal. “Os índios não foram ouvidos até agora”, disse o bispo. A entidade afirma que houve apenas reuniões informativas sobre a usina, que posteriormente foram consideradas como oitivas pelo governo.

De acordo com a advogada do Cimi, Denise da Veiga, a falta de oitivas indígenas também desrespeita a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), da qual o Brasil é signatário desde 2004. “A Convenção 169 determina que hajam consultas prévias, informadas, e de boa fé, em todos os empreendimentos que coloquem em risco direitos territoriais e a manutenção da economia dos povos indígenas”, disse.

As áreas onde ficam as comunidades não serão alagadas pela barragem da usina, mas, segundo Denise, as mudanças no curso do rio vão prejudicar a pesca e a locomoção dos indígenas. “O rio vai secar, eles vão ficar sem água”.

De acordo com a advogada do Cimi, as audiências públicas feitas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) durante o processo de licenciamento ambiental da usina não substituem as oitivas indígenas.
Dom Erwin Kräutler disse que as reclamações foram recebidas “com preocupação” pela subprocuradora-geral. O Ministério Público Federal (MPF) já ingressou com dez ações judiciais contra as obras de Belo Monte. Os processos aguardam julgamento de mérito. Na última tentativa, em fevereiro, o MPF conseguiu uma liminar para impedir o início das obras, mas a medida foi derrubada pela Justiça uma semana depois.

Em carta aberta divulgada hoje, o bispo reclama da falta de diálogo do governo com as comunidades que serão atingidas pelo projeto. “Solicitei uma audiência com a presidenta Dilma Rousseff para apresentar-lhe, à viva voz, nossas preocupações, questionamentos e todos os motivos que corroboram nossa posição contra Belo Monte. Lamento profundamente não ter sido recebido”, afirmou.

O bispo foi convidado para uma audiência com o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, mas recusou. “Declinei do convite em consequência do diálogo que não houve”.

Entrevista com Marijane Lisboa:

Em São Paulo canavial oferece risco ao aquífero Guarani, aponta estudo. E aqui no Paraná? As plantações de soja e milho contaminam a área de recarga?



Técnicos do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) concluíram o primeiro estudo sobre as áreas de risco para o aquífero Guarani no Estado de São Paulo.

Hoje o maior vilão do aquífero são lixões desativados, segundo o responsável pelo estudo, José Luiz Albuquerque, pesquisador do departamento de hidrografia e avaliação socioambiental do IPT.

Apesar da rigidez atual com os aterros, o total de lixões antigos é desconhecido. O estudo também aponta que os canaviais são maioria entre as chamadas zonas de potencial de risco na região, devido ao uso de agrotóxicos e ao tipo de manejo.

O mapeamento, que traz uma série de recomendações para a ocupação sustentável do manancial, embasará um futuro projeto de lei.

O estudo dividiu em três categorias o solo dos 143 mil km2 do aquífero.

O mapa se divide em áreas de restrição à ocupação (172,9 km2 de áreas de preservação permanente e reservas legais), de ocupação dirigida (25,9 mil km2 considerados vulneráveis à contaminação) e de recuperação ambiental (degradadas por erosões, lixões ou favelas).

Para as áreas de restrição, o estudo indica, entre outros, promover o manejo sustentável e projetos ambientais.

Já para as áreas de ocupação dirigida, as diretrizes do estudo indicam, por exemplo, a necessidade de barrar indústrias de alto risco ambiental, culturas agrícolas que usem agrotóxicos de grande mobilidade e até mesmo a ocupação onde há supressão de florestas.

Já nas áreas degradadas, as regras são peculiares e definidas caso a caso.

Segundo Albuquerque, o estudo será levado para discussão de comitês de bacias hidrográficas e, depois, deverá se tornar um projeto que proteja o aquífero.

Apesar de ter sido mapeado nos anos 70, até hoje o manancial não tem leis específicas que o protejam, de acordo com o pesquisador.

De acordo com ele, foram avaliados os graus de vulnerabilidade conforme a proximidade do solo com o manancial, a presença de mata nativa para protegê-lo e o tipo de atividade econômica.

Para o diretor do Daee (Departamento de Águas e Energia Elétrica) Carlos Alencastre, o estudo é importante porque propõe uma série de ações para coibir empreendimentos que causem contaminação ao aquífero.

"Ainda tem muita discussão, porque o estudo esbarra em interesses particulares", afirmou ele.

O promotor Marcelo Pedroso Goulart disse acreditar que o processo será lento por depender do crivo da Assembleia Legislativa.


ÁREA DE RECARGA NO PARANÁ


Os agrotóxicos depositados no solo podem ser transportados até as águas subterrâneas principalmente por meio de degradação, adsorção e lixiviação. A avaliação dos níveis desses produtos ganha relevância devido à existência de outras regiões de recarga do Aquífero Guarani sob risco de contaminação, como nos estados de São Paulo (cultura de cana-de-açúcar), Paraná (milho e soja), Santa Catarina (maçã) e Rio Grande do Sul (arroz).

Brasil precisa esperar 3ª geração de usinas nucleares


O Brasil deve aguardar o desenvolvimento de novas tecnologias de construção e funcionamento de usinas nucleares antes de tomar a decisão de incrementar o Programa Nuclear Brasileiro.

A opinião é do professor Luiz Pinguelli Rosa, da Coppe/UFRJ (Coordenação dos Programas de Pós-Graduação de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro).

Segundo ele, na próxima década, a partir de 2020, começará a instalação de usinas de terceira e quarta geração, que serão mais seguras e econômicas, produzirão menos rejeitos e terão controle digital.

Em audiência pública no Senado, Pinguelli disse na quinta-feira que projetos de terceira geração já estão em andamento em outros países, e o programa brasileiro deveria aguardar.

"O Brasil pode esperar", aconselhou, ao lembrar que o país já domina boa parte da tecnologia nuclear, tem uma usina em construção (Angra 3) e está gerando conhecimento ao construir, em parceria com a Argentina, um reator multifuncional.

Pinguelli foi ao Senado junto com o professor Aquilino Senra Martinez, também da Coppe/UFRJ. Segundo Martinez, o plano plurianual da EPE (Empresa de Pesquisa Energéticas) não prevê uso de energia nova vinda de outras usinas, além das instaladas atualmente ou da Usina Angra 3, que deverá estar pronta em 2020.

Juntos, os dois especialistas sugeriram aos senadores cobrar da empresa estatal Eletronuclear --responsável pelas usinas Angra 1, 2 e 3-- informações sobre o posicionamento dos geradores de emergência que são acionados em caso de falha no fornecimento de energia para o resfriamento dos reatores, problema ocorrido na usina nuclear de Fukushima Daiichi, após o terremoto do dia 11 no Japão, seguido de tsunami.

PLANOS DE EVACUAÇÃO

Pinguelli e Martinez disseram que os senadores devem cobrar da Defesa Civil (nas esferas municipal, estadual e federal) informações sobre o plano de evacuação de Angra dos Reis, no litoral sul fluminense, em caso de acidente nas usinas.

Segundo Pinguelli, "os planos de emergência internos às usinas são adequados", mas o plano de emergência externo, não. "Eu não gostei quando as Forças Armadas saíram do plano porque não tinham equipamento."

Martinez chamou atenção para a falta de destinação correta dos resíduos de baixa e média atividade radioativa, que não podem ser reaproveitados e que, hoje, são mantidos nas usinas.

De acordo com ele, esse procedimento está fora do procedimento previsto na legislação (Lei 10.308/2001). "A Cnen [Comissão Nacional de Energia Nuclear] tem condições financeiras e técnicas de executar o que esta Casa mandou? Isso deve ser, de imediato, cobrado."

Após a audiência pública, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) chamou atenção para o fato de não haver no país uma agência reguladora para a área nuclear.

Na próxima semana, as comissões de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática; e Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle deverão convidar, para uma nova audiência pública sobre o tema, o presidente da Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro da Silva. (Folha.com)

Informação demais confunde memória, comprova estudo


O excesso de informações confunde o cérebro e dificulta a memorização, comprovaram pesquisadores das universidades Stanford e Yale, nos EUA.

"Descobrimos que a concorrência entre lembranças resulta em memória pior", disse à Folha o psicólogo Brice Kuhl, pesquisador de Yale e principal autor do trabalho.

Diariamente e o tempo todo, o cérebro é exposto a toneladas de informações. Umas são mais lembradas do que outras.

"Embora saibamos que a competição entre memórias é uma parte fundamental da memorização, há poucas provas de como o processo acontece no cérebro", escrevem os autores, no artigo publicado ontem na revista "Proceedings of the National Academy of Sciences".

O estudo monitorou com ressonância magnética a atividade cerebral de voluntários, durante teste composto de várias rodadas.

No teste de memória, imagens e informações eram misturadas em placas e as pessoas deviam se lembrar do conteúdo separadamente.

Os pesquisadores descobriram que, quando a lembrança era clara, era como se a pessoa revivesse o momento em que a memória foi armazenada, com a ativação das mesmas áreas cerebrais.

Mas, quando as informações foram misturadas, o cérebro também se confundiu e tentou reproduzir duas memórias. A pessoa teve dificuldade de se lembrar com clareza do conteúdo.

"É como se a memória estivesse borrada. Pode-se dizer que quando tentamos guardar duas coisas, não guardamos nenhuma delas direito", afirma Cláudio da Cunha, pesquisador de neurociência e farmacologia da Universidade Federal do Paraná. (Folha.com)

Crânio de 1ª brasileira Luzia tem feições de europeu e asiático

Para quem estranhava o fato de os primeiros habitantes da América terem cara de africanos, e não de índios modernos, uma nova pesquisa diz ter resolvido o enigma. Esse seria o "modelo básico" dos seres humanos na época.

A pesquisa é assinada pelos brasileiros Mark Hubbe e Walter Neves, que há vários anos estudam o povo ao qual pertencia a célebre "Luzia", esqueleto da região de Lagoa Santa (MG) que é a mulher mais antiga do continente, com mais de 11 mil anos.

As reconstruções de Luzia com traços "negros" se tornaram famosas. Outras dezenas de crânios achados em Lagoa Santa, pouco mais recentes, também apresentam o mesmo formato, enquanto os indígenas mais próximos da época atual lembram povos do leste da Ásia.

Neves, da USP, e Hubbe, da Universidade Católica do Norte (Chile), compararam os crânios de Lagoa Santa e de outras regiões das Américas com idade semelhante aos encontrados em países europeus e na China no fim da Era do Gelo.

Eles também fizeram uma comparação com crânios modernos do mundo inteiro.

O resultado: independentemente da origem geográfica, os crânios antigos se parecem muito uns com os outros, mas são um bocado diferentes dos crânios atuais.

Os antropólogos propõem que isso acontece porque o formato "africanizado" do crânio é a morfologia original dos seres humanos modernos quando eles começaram a deixar a África e colonizar o planeta há uns 60 mil anos.

A expansão relativamente rápida teria levado gente com esses traços rumo à América. Isso ajudaria a explicar os traços africanos de Luzia e seus companheiros.

A pesquisa está na revista científica "American Journal of Physical Anthropology". (Folha.com)

Após 12 anos de atividade, nave caçadora de cometas é desligada


A Stardust não vai mais se dedicar à caça de cometas no espaço. Após 12 anos de pesquisa, a nave espacial encerrou oficialmente sua "vida útil".

"É como dizer adeus a um amigo", comentou Allan Cheuvront, integrante do projeto desde a concepção da Stardust, em 1996, e o lançamento três anos depois.

Seguindo um comando dado pela Nasa (agência espacial americana), a Stardust queimou o combustível que ainda lhe restava e deu início a uma sequência de encerramento de suas atividades.

Por causa da distância entre os controladores de voo e a nave --aproximadamente 148 milhões de quilômetros--, o procedimento de desativação nesta sexta-feira levou cerca de uma hora e meia.

Sem combustível, a Stardust não tem como manter funcionando seus painéis solares e, com baterias esgotadas, será desligada em definitivo e deixada na órbita do Sol. (Nasa)

Pesado golpe contra Kadafi: Rebeldes líbios reconquistam a cidade petrolífera de Ras Lanuf


As forças rebeldes líbias reconquistaram neste domingo o controle sobre Ras Lanuf, cidade petrolífera considerada estratégica para o avanço até a capital, Trípoli, assim como a localidade de Ben Jawad, segundo informações da agência de notícias France Presse.

Veja galeria de imagens da Líbia

Agora, seguem rumo a Sirte, cidade natal do ditador Muammar Gaddafi. Ontem, conseguiram o controle de Ajdabiyah, no leste da Líbia, depois de um bombardeio realizado por aviões franceses e britânicos sobre os tanques e as tropas de artilharia leais ao ditador.

Horas após recuperar o controle sobre Ajdabiyah, perdido na semana passada durante avanço do Exército, insurgentes também recuperaram Brega.

Os avanços dos últimos dois dias abrem caminho para a continuação da contraofensiva rebelde em direção à capital.

Os rebeldes recuperaram a iniciativa militar, com o apoio da aviação internacional que abriu caminho com seus bombardeios, e ultrapassaram a localidade de Aguila, entre os pontos portuários de Ras Lanuf e Brega, segundo a rede de TV Al Jazeera.

De acordo com o canal, o avanço dos milicianos não foi detido desde que tomaram Ajdabiya, principal reduto de ligação do leste do país, e a cerca de 120 quilômetros de onde se encontra a missão avançada rebelde.

Os revolucionários conseguiram acabar com toda resistência em Ajdabiya com o apoio aéreo internacional onde havia fortes tropas leais ao ditador Muammar Gaddafi. Um dos generais foi preso.

Sem provisões, dominados pela aviação da coalizão internacional desdobrada para impor a zona de exclusão aérea, as brigadas de Gaddafi não abandonaram a luta, mas deixaram suas posições.

SOLUÇÃO DIPLOMÁTICA

O ministro de Exteriores italiano, Franco Frattini, anunciou neste domingo a possibilidade de que Itália e Alemanha proponham um plano conjunto para uma solução diplomática da crise líbia na cúpula de Londres com seus colegas dos países da coalizão contra o regime de Muammar Gaddafi.

"Temos um plano e veremos se poderá se traduzir em uma proposta ítalo-alemã", disse Frattini em entrevista publicada pelo jornal "La Repubblica", na qual acrescentou que essa proposta poderia se traduzir em "um documento conjunto" para ser apresentado na terça-feira em Londres.

Segundo o titular de Relações Exteriores italiano, o primeiro ponto do plano seria o cessar-fogo, que deverá ser verificado e controlado pelas Nações Unidas, assim como o estabelecimento de um corredor humanitário permanente, no qual, disse, "já estamos trabalhando com o governo turco".

Em relação ao plano político-diplomático, Frattini destacou que sua proposta se baseia em conseguir "um forte compromisso da União Africana e da Liga Árabe", assim como o "envolvimento dos grupos tribais" líbios, com o objetivo de elaborar uma Constituição para esse país.

Sobre o possível papel de Gaddafi, Frattini destacou que depois que toda a Europa e as Nações Unidas tenham repetido que o líder líbio "não é um interlocutor aceitável, não se pode pensar em uma solução que considere sua permanência no poder".

"Outra coisa é pensar em um exílio de Gaddafi, a União Africana já se encarregou de encontrar uma solução", disse o ministro italiano.

CORPOS

No mesmo dia em que os rebeldes retomaram o controle de duas importantes cidades do leste da Líbia, Ajdabiyah e Brega, os EUA disseram ontem que não há provas de que os bombardeios da coalizão internacional estejam matando civis. Em entrevista à CBS News, o secretário de Defesa dos EUA, Robert Gates, acusou Gaddafi de espalhar cadáveres de pessoas mortas pelas tropas do regime pelas ruas do país.

As declarações de Gates chegam dias após o regime ter divulgado um balanço de que entre o domingo (20) e a quarta-feira (23), ao menos 114 pessoas morreram e mais de 445 ficaram feridas pelos ataques das forças internacionais.

"De 20 a 23 de março, 114 pessoas morreram e 445 ficaram feridas nos bombardeios da coalizão", declarou Khaled Omar, autoridade do Ministério da Saúde líbio.
Neste sábado, em reação, Gates disse à emissora americana CBS News que há "diversos relatórios de inteligência" sugerindo que Gaddafi estaria colocando corpos de civis mortos pelo Exército da Líbia nos locais que são alvo dos bombardeios das aeronaves da coalizão.

O secretário da Defesa disse ainda que a missão tem tomado "cuidado extremo" para não ferir civis.

Diretor de usina no Japão diz que crise nuclear pode durar anos

Vice-presidente da Tepco, empresa que opera a usina no Japão, disse que a crise nuclear pode durar anos

Após relatos controversos sobre o nível de radiação na água do mar em torno da usina de Fukushima, as autoridades japonesas informaram uma elevação de ao menos 100 mil vezes no reator 2 e 1.850 vezes nas águas. A constatação levou o governo a interromper as operações de reparo no local, afetado pelo terremoto seguido de tsunami. A direção da empresa que opera a usina disse que a crise nuclear pode levar "anos".

De acordo com especialistas, mesmo antes de a Tokyo Electric Power Company (Tepco), empresa que opera a usina nuclear, averiguar o controverso dado do aumento de 10 milhões de vezes, agora refutado, os números confirmados no fim de semana já são alarmantes.

"É muito preocupante. Há algo seriamente errado [com o reator 2]", disse Rianne Teule, uma especialista em energia nuclear do grupo ambientalista Greenpeace baseada na África do Sul.

Os dados do fim de semana, que elevaram ainda o número de mortos para ao menos 10.668, assim como a aparição de um resignado e pessimista premiê frente à população, levaram a Tepco a assumir que há incertezas na operação.

"Infelizmente nós não temos um cronograma concreto no momento que nos permita dizer em quantos meses ou anos [a crise chegará ao fim]", disse o vice-presidente da empresa, Sakae Muto.

AUMENTO DE RADIAÇÃO PREJUDICA OPERAÇÕES
Imagens divulgadas pelo governo japonês mostram o estado do reator 4 na usina nuclear de Fukushima

O alto nível de material radioativo medido neste domingo em uma camada d'água que vazou do reator 2 da usina de Fukushima, no nordeste do Japão, levou as autoridades a interromperem as operações e retirarem os técnicos do local, anunciou a agência de notícias Jiji.

O nível detectado na água do subsolo da sala da turbina que fica atrás do reator é de 1.000 milisieverts por hora, explicou um porta-voz da Tepco.

Depois de anunciar, num primeiro momento, que este número era "10 milhões de vezes superior" ao tolerável, a Tepco convocou uma entrevista coletiva urgente para admitir que havia se equivocado, indicando ter confundido os elementos radioativos analisados.

A Tepco confirmou o nível de "1.000 milisieverts por hora".

Isto significa que o combustível no núcleo do reator provavelmente sofreu danos durante um princípio de fusão, provocado logo depois do terremoto seguido de tsunami do dia 11 de março, que danificou a central de Fukushima.

"Detectamos nas amostras de água taxas elevadas de césio e outras substâncias que geralmente não são encontradas na água do reator. Existe uma forte chance de que as barras de combustível tenham sido danificadas", advertiu a operadora.

AIEA ALERTA PARA CRISE

Um dia após um pronunciamento do premiê do Japão, Naoto Kan, admitindo que o desastre nuclear no país é "grave" e está "longe de ser solucionado", o chefe da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Yukiya Amano, também reiterou que a crise está "longe do fim" e ordenou o envio de duas novas equipes ao país.

Numa entrevista ao "The New York Times", Amano alertou para uma situação de emergência que pode durar semanas, senão meses.

Ele disse ainda que as autoridades japonesas ainda não têm certeza do sucesso das estratégias usadas para resfriar os reatores da usina de Fukushima Nº1, mas que vê como "sinais positivos" o fato de o país ter reconectado a energia elétrica a partes das instalações.

Embora tenha evitado tecer críticas diretas ao governo, o ex-diplomata japonês disse ao jornal americano que "mais esforços deveriam ser feitos para colocar um fim ao acidente".

Amano disse ainda que a maior preocupação no momento é de que os sistemas de resfriamento sejam reparados ao mesmo tempo em que grandes quantias de água são injetadas na usina. Caso estes sistemas não sejam consertados, mesmo com o acréscimo de água "as temperaturas vão subir", disse. (Agências)

DE "ENTEADO PARA PADRASTO": Doático deixa comando do PMDB para Requião


Pivô de uma discórdia entre duas alas do PMDB, o atual presidente do partido em Curitiba, Doático Santos, deixará o comando do diretório municipal no dia 17 de julho. Nesta data será realizada a convenção municipal para eleger um novo comando para o PMDB da capital. O acordo foi fechado depois que o diretório nacional autorizou a antecipação das convenções municipais que, pelo calendário anterior, estavam agendadas apenas para o final do ano.

A saída de Doático, longe de selar a paz no partido, deve mesmo é recrudescer a disputa interna. Isto porque no lugar de Doático, o nome que está sendo lançado pelo grupo para a presidência do partido em Curitiba é o do senador Roberto Requião.

O deputado federal João Arruda, sobrinho de Requião, disse que o tio tem a disposição de conduzir o processo eleitoral de Curitiba, onde o partido ainda não tem um nome para a prefeitura. Na capital, o PMDB se divide entre os que querem atrair o ex-deputado federal Gustavo Fruet para lançá-lo na disputa e o grupo que pretende apoiar a reeleição do prefeito Luciano Ducci (PSB).

Requião está na ala que conversa com o atual prefeito de Curitiba e não concorda com a volta de Gustavo ao partido. E embora tenha anunciado que pensa também em ser candidato a prefeito, é sabido que o senador quer mesmo é assumir o controle das negociações sobre a sucessão municipal.

Queda de braço

Doático afirmou que seu tempo como presidente do partido acabou. “Já dei minha contribuição e já na última convenção queria sair, mas o Requião pediu para que eu ficasse”, afirmou o atual presidente. Ele convocou para o próximo dia 16 um encontro preparatório para as convenções, em Curitiba.

Antes de deixar a presidência, Doático lança uma campanha de filiação em Curitiba, que está reativando as antigas zonais, que são vistas agora espaços vitais para a recuperação do partido na capital.

A eleição de Requião para a presidência do diretório da capital não agrada aos deputados estaduais, que tentam ganhar espaço no comando estadual. Se Requião confirmar a candidatura em Curitiba traz de volta ao espaço das disputas partidárias o ex-governador Orlando Pessuti. Rompidos, Requião e Pessuti devem travar uma queda de braço sobre os rumos do partido em Curitiba e no Estado. A convenção estadual continua programada para novembro.

Um dos concorrentes para o comando do diretório em Curitiba deve ser o deputado estadual Reinhold Stephanes Junior. Foi ele o autor do pedido para que Doático fosse destituído da presidência do PMDB e que foi negado pela executiva. O presidente estadual do PMDB, Waldyr Pugliesi, preferiu apressar a convocação da convenção. (Paraná online)

Turismo no litoral vai voltando à normalidade


O turismo nas cidades de Morretes, Antonina e Paranaguá, no litoral do Paraná, aos poucos vai retomando sua normalidade. Há algumas semanas, estes municípios tiveram sérios problemas em decorrência das fortes chuvas, que causaram muita destruição. Porém, após os trabalhos de recuperação e da solidariedade da população, estes locais já voltaram a atrair turistas, para alegria dos comerciantes.

O presidente da Associação dos Restaurantes e Similares de Morretes (Arsim), Maurício Leite Laffitte, conta que o tempo bom dos últimos dias ajudou a retomar o fluxo de pessoas visitando a cidade. “Com este calor e com o trabalho feito pela mídia para esclarecer a população, o turista está, ainda que aos poucos, voltando a incluir Morretes e Antonina em seu roteiro de visitas. Neste domingo (27) estamos com um movimento bom na cidade, o que deixa a gente bem contente”, revela.

Apesar do otimismo, Laffitte informa que tiveram problemas no período em que os acessos ao município estavam complicados. “Estimamos que tivemos uma queda de 95% do nosso movimento naqueles dias, pois estava complicado chegar até aqui. Muitos pacotes turísticos foram cancelados, ainda que o Centro Histórico de Morretes tenha sido pouco afetado pela catástrofe. Todavia, todos os acessos para nossa cidade e Antonina já estão operando normalmente e agora só falta o turista comparecer em maior número para a situação voltar ao normal”, avalia.

Apesar das cidades de Matinhos, Pontal do Paraná, Guaraqueçaba e Guaratuba terem sido pouco ou nada afetados pela intempérie, o movimento de turistas também diminui nestas cidades. Quem afirma é o presidente da Associação de Hotéis, Restaurantes, Bares, Casas Noturnas e Prestadores de Serviço e Similares do Litoral Paranaense (Assindilitoral), José Carlos Chicarelli.

“Fizemos uma pesquisa que confirma a queda no movimento destas cidades e também nos municípios afetados pelo excesso de chuvas. O litoral teve um grande prejuízo por conta disso. O turismo é importante para estas cidades e vai ser complicado para quem vive disso recuperar ao longo do ano”, opina. (Paraná online)

Kassab já tem lista de paranaenses que vai chamar para o PSD


O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, já tem uma lista dos paranaenses que chamará para entrar no seu novo partido, o Partido Social Democrático (PSD). O prefeito de São Paulo virá ao Paraná no início de abril, mas o ex-deputado federal Alceni Guerra (DEM) já está fazendo os contatos iniciais com os possíveis interessados, que passam de cinqüenta, entre vereadores, prefeitos, ex-prefeitos e deputados.

Além de Alceni, que deve trocar o DEM pelo PSD, Kassab já começou a conversar com o ex-deputado federal Gustavo Fruet (PSDB) e os deputados estaduais Ney Leprevost (PP) e Osmar Bertoldi (PP). O atual secretário da Indústria e Comércio, Ricardo Barros, foi um dos primeiros a ser procurados por Alceni.

Mas Barros respondeu negativamente à primeira investida de Kassab e Alceni. Barros descartou a troca, justificando que preside o PP no Paraná e é um dos vice-presidentes nacionais do partido.

Alceni já conversou com o governador Beto Richa sobre seu envolvimento com o novo partido. Beto o convidou para ser o chefe do escritório do Paraná em Brasília. O cargo está vago desde a posse do tucano em janeiro.

Na próxima segunda-feira (28), os dois voltam a conversar. “Falei com o governador e expliquei que não se trata de motivos partidários, mas de espírito público. E ele me disse para ficar à vontade”, afirmou. (Paraná online)

Restrição de tráfego pode causar demora de até três horas na BR-376

A restrição de tráfego na BR-376 entre os km 664 e 672 pode causar demora de até três horas na viagem para Santa Catarina, segundo informou a Autopista Litoral Sul, concessionária que administra a rodovia.

No trecho, o trânsito flui em apenas uma faixa nos dois sentidos. Por volta das 17h30 deste sábado (26) o motorista enfrentava um congestionamento de três quilômetros no local, entre o km 661 e 664 no sentido Santa Catarina. No sentido Curitiba não havia registro de lentidão.

BR-277

A BR-277 opera em meia pista em vários trechos neste final de semana. De acordo com informações da Ecovia, concessionária que administra o trecho, o tráfego está em meia pista e mão dupla entre o km 29 e o km 17 e entre o km 12 e o km 14.

A concessionária também informou que está realizando obras de recuperação da rodovia nos km 38 e km 22, no sentido Paranaguá, e no km 13, no sentido Curitiba.

Às 17h40 de sábado a concessionária informou que não havia registro congestionamentos na rodovia. (Paraná online)

Curitiba vai conhecer o novo e moderno ônibus Ligeirão


Curitiba vai conhecer o novo ônibus Ligeirão, que fará as linhas Boqueirão-Carlos Gomes e Pinheirinho-Carlos Gomes, neste domingo, no Parque Barigui. A apresentação será durante as festividades pelo 318º aniversário da cidade, às 16 horas. A linha Ligeirão passa a ter 24 veículos biarticulados azuis, movidos a biocombustível. O veículo, do tipo MegaBRT, está sendo lançado pela empresa Neobus. De acordo com o anunciado pelo prefeito Luciano Ducci, o ônibus é o maior do mundo em comprimento, com 28 metros. O novo veículo tem capacidade de passageiros 15% maior que a dos biarticulados – 310 passageiros contra 270. (GP)

318 anos de Curitiba: Passeio ciclístico reúne 5 mil participantes


Cerca de 5 mil ciclistas participaram do 16º Passeio Ciclístico de Curitiba, que aconteceu na manhã deste domingo (27), em comemoração ao aniversário de 318 anos da cidade, informou a Prefeitura Municipal de Curitiba.

O grupo partiu da Avenida Silva Jardim, no bairro Rebouças, com destino ao Parque Barigui, onde acontecia a festa de aniversário da cidade. Entre as atividades previstas, estavam o corte de um bolo gigante, de 318 quilos, e a apresentação do novo ônibus Ligeirão.

Para garantir a segurança dos ciclistas, funcionários da Secretaria do Esporte, equipes da Diretran e guardas municipais fizeram a escolta durante todo o percurso. Ambulâncias do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) também acompanharam o passeio. (GP)

Mutirão emite documentos para vítimas da chuva no litoral

Um mutirão percorre municípios do litoral do Paraná para fazer o cadastro dos moradores que perderam seus documentos em decorrência das enchentes. Segundo a Defesa Civil, 16 mil pessoas foram afetados pelas chuvas na região. Trata-se de uma parceria entre a Associação dos Notários e Registradores do Estado do Paraná (Anoreg-PR), o Instituto de Registro Civil de Pessoas Naturais do Paraná e o Fundo de Apoio ao Registro Civil de Pessoas Naturais.

Assistentes sociais das prefeituras preencherão os formulários fornecidos para, em seguida, encaminhar aos cartórios, que emitirão gratuitamente a segunda via das certidões de nascimento e casamento. “Com a certidão, a população poderá refazer seus documentos de identidade. É importante devolver a cidadania a essas pessoas”, diz Robert Joncznk, presidente da Anoreg-PR. (GP)

Coleira para crianças ganha espaço de mercado e gera polêmica


Comuns nos Estados Unidos e Europa, as “coleirinhas” para crianças começam a ganhar espaço no Brasil. O acessório é usado como medida de segurança para os pequenos, mas ainda gera polêmica. Há quem acredite que o objeto pode ser ofensivo. Por outro lado, quem usa garante que a “coleirinha” é uma demonstração de afeto e preocupação.

O médico Rodrigo Bagatelli, 32 anos, viu na rua uma criança com o acessório e decidiu pesquisar. Não encontrou em lojas que vendem artigos infantis e fez uma busca na internet. Agora, com a “coleirinha” os passeios com a filha Rebeca, de 1 ano, ficaram mais seguros. “Deci­­­dimos comprar porque ela começou a andar com 9 meses e se locomove com muita rapidez.” Hoje, Rebeca pode “explorar” o mundo com os pais mais tranquilos. Bagatelli diz que, em geral, as pessoas não estranham o acessório, mas já houve situações de desaprovação.

O acessório pode ser encontrado em vários formatos. Há pulseiras, macacão ligado à cintura da mãe e simpáticas mochilinhas com temas infantis. Os preços variam entre R$ 19 e R$ 50. Nas lojas de Curitiba ainda é difícil encontrá-lo, mas os lojistas dizem que já há procura. A terapeuta holística Marina Grigoletti usou uma pulseirinha no filho Yuri, na época com 2 anos, quando estava de mudança para a Holanda. Marina estava viajando sozinha com o garoto e tinha muitas malas. “Estava muito preocupada, porque ficamos horas esperando e ele queria brincar e conhecer o lugar.” A terapeuta encontrou o acessório no aeroporto e comprou. “Foi útil durante todo o período que passamos na Europa. Fizemos viagens de trens e metrôs e eu me senti muito mais segura.”

Vânia Dias, gerente de uma loja de produtos infantis, diz que os pais e mães buscam o produto para fazer passeios e viagens com os pequenos. “Ainda há preconceito, mas quem é mãe entende.”

Especialistas

A psicóloga clínica e terapeuta de família Eneida Ludgerno afirma que existem outras opções para a segurança dos filhos. “Ainda sou a favor de pegar na mão e ter o contato corpo a corpo”. Para ela, apesar de a “coleirinha” ser uma restrição para a criança e oferecer segurança, há meios mais próximos e pessoais de se obter confiança nos passeios com os pequenos. Eneida aconselha, por exemplo, começar os passeios em lugares seguros e criar regras de comunicação entre os adultos e as crianças, como andar sempre de mãos dadas. Ela acredita que qualquer ação dos pais nunca tem a intenção de prejudicar, mas é preciso atentar a outros riscos. “Mesmo com a ‘coleirinha’, há outros riscos, como quedas. O olhar dos pais tem sempre de estar nos filhos”.

Apesar das restrições, Eneida afirma que cada família deve definir o que é bom. Para ela, há pais que podem ter receio de usar a “coleirinha” para não ex­­­por o filho, mas na hora de dialogar fazem uma fala brava, que pode ser mais danosa do que qualquer outra ação. “O canal de diálogo deve ocorrer sempre pela via amorosa”, recomenda.

Para a psicóloga Cléia Oli­­­veira Cunha a “coleirinha” po­­­de ser uma solução dependendo da idade. Ela recomenda que o produto seja usado somente até os 5 anos. “A partir desta idade os filhos já devem dominar conceitos decorrentes da aprendizagem familiar e social sobre perigo e risco.”

Cléia conta que conheceu a “coleirinha” na década de 70, quando uma europeia da vizinhança usava o acessório nos filhos. Para ela, com a grande concentração urbana as “coleirinhas” podem ser uma alternativa a mais de segurança. A dona de casa Maria Terezinha Sousa teve quatro filhos e hoje ajuda a cuidar da sobrinha de 1 ano e 5 meses. Ela diz que usaria a “coleirinha” só para ir a lugares com grande circulação de pessoas, não no dia a dia.

A gerente Eloise Coelho, mãe de Iago, 1 ano e 4 meses, usaria só em último caso. Ela já viu crianças com “coleirinhas” e diz que as pessoas repreendem os pais porque associam com coleira para cachorro. Já a balconista Tassiane de Godoy não conhecia o produto e não o usaria. Grávida pela segunda vez, ela nunca precisou usar nada parecido com o filho de 6 anos. (GP)

Está ruim e vai piorar: Aviões reduzem espaço entre as poltronas e não a lei para coibir este abuso

Se você já sofre em viagens de avião por causa do pouco espaço que têm para colocar as pernas, prepare-se!!! Vai piorar!!!

Não existe legislação estabelecendo o espaço mínimo entre poltronas de aviões. Em um mercado cuja concentração se divide entre duas empresas – Gol e Tam representaram 77% dos quilômetros voados em 2009 –, os usuários ficam à mercê da falta de competitividade, limitando a livre escolha. Em contrapartida, o aumento do número de passageiros somado a espaços menores elevam os lucros das companhias. O critério da Agência Nacional de Avaliação Civil (Anac) para autorizar aeronaves a trafegar no país é a remoção de todos os passageiros em até 90 segundos, seguindo normas da Organização Internacional da Aviação Civil (OACI).

Para deixar a aquisição de passagens mais transparente, a Anac criou um selo que vai obrigar as companhias a informar a distância entre assentos no ato da compra. As faixas variam de menos de 67 centímetros a mais de 73 centímetros. Para estabelecer os ta­­­manhos, a agência reguladora tomou como base medição realizada em 5,3 mil passageiros, de 15 a 87 anos, nos 20 principais aeroportos do país, observando que a medida glúteo-joelho varia entre 55 e 65 centímetros. A me­­­dida se faz necessária visto que, em deslocamentos interestaduais, o avião praticamente empatou com os ônibus em 2010: foram 66 milhões de passageiros no transporte aéreo contra 67 milhões no rodoviário.

Apesar do crescimento e da tentativa de informar o comprador, a escassez de espaço nos aviões decorre da concentração do mercado. “Nos últimos anos, pequenas e médias companhias surgiram para minimizar os efeitos desse oligopólio. É preciso desregulamentação mais radical no mercado de aviação para que novas empresas ocupem o segmento”, avalia Gilmar Mendes Lourenço, professor de Economia do Centro Universitário FAE. O aumento da renda e a ampliação do crédito, na avaliação de Lourenço, tornaram o consumidor mais exigente na hora de optar pela companhia aérea.

O professor de Marketing da Isae/FGV Pedro Gonçalves Jr. argumenta que o usuário leva em conta o conforto na hora de comprar o bilhete. “Não adianta mais apenas transportar do ponto ‘A’ para o ponto ‘B’. É preciso oferecer algo a mais para o consumidor”, explica. O dever do usuário, conforme Gonçalves Jr., é valorizar sua força, exigindo melhores condições. “O consumidor está consciente de que deve cobrar mais pelo serviço que paga. Apesar de existir só quatro ou cinco concorrentes em um país continental, deve exercer esse direito pois pode orientar o posicionamento estratégico da companhia”, esclarece.

Ex-presidente da Embraer, Osiris Silva não vê mercado concentrado no setor aéreo, não havendo necessidade de legislação para regular o espaço entre poltronas. Na avaliação dele, a resposta do mercado vai determinar o que deve ser feito, caso isso se trate de problema. “O metro quadrado do avião é o mais caro do mundo. É preciso deixar essa regulação a critério do mercado porque poderia afetar diretamente o desempenho operacional das companhias”, afirma. Opinião semelhante tem o presidente da Associação Brasileira das Empresas de Transporte Aéreo Regional (Abetar), Apostole Lazaro Chryssafidis. “Esta questão deve ser tratada pelas respectivas políticas de mercado de cada empresa, de forma a oferecer um diferencial ao consumidor”, diz.

Assentos preferenciais

Nos últimos meses, companhias aéreas, caso da Tam, têm adotado a postura de vender a preços mais elevados os assentos das primeiras filas ou das áreas de emergência pela existência de espaço maior para as pernas. Na avaliação de Lourenço, a postura fere o direito do consumidor. “As poltronas são do mesmo tamanho, com a mesma qualidade. A rigor, o produto é o mesmo, não deveria haver preço diferenciado”, diz. Para Gonçalves Jr., a cobrança adicional fere o princípio da companhia. “Qual é o seu negócio? Transportar com segurança e conforto. Ela cobra a mais por um serviço que obrigatoriamente deveria oferecer”, diz.

Em resposta ao questionamento da Gazeta do Povo, a Tam informou por e-mail que pensou na “comodidade” dos passageiros ao “oferecer no check-in a opção de acomodação em assentos com maior espaço para as pernas”.

Aperto pode causar embolia no passageiro

Espaço confortável entre assentos nos aviões também é questão de saúde. Em viagens longas, com duração superior a 6 horas, o pouco espaço colabora para a ocorrência da “síndrome do viajante” ou “síndrome da classe econômica”. Cirurgião vascular da Santa Casa de Curitiba, Francisco Eduardo Coral explica que a falta de mobilidade ao permanecer sentado por muito tempo pode causar coágulo nas pernas. “Caso ele (coágulo) se movimente, pode chegar até o pulmão, ocasionando a embolia pulmonar, que pode levar à morte”, diz.

Coral ressalta que a incidência é baixa se considerado o total de viajantes, mas o fato de estar na classe econômica aumenta os riscos. “O nome não quer dizer que só ocorra nesta classe. Mas, como o espaço entre as poltronas é menor, há maior dificuldade para se movimentar”, diz. O cirurgião recomenda que, antes de viagens longas, o passageiro procure um médico para tomar medidas profiláticas e evitar problemas, especialmente se apresentar alguns dos sintomas de risco, como insuficiência cardíaca, obesidade e varizes. (GP)

INFOVIA: BANDA LARGA RÁPIDA ESTÁ SATURADA


Sem exigência dos investimentos necessários à modernização do sistema de redes implantadas, empresas vendem serviços acima da capacidade de cumprimento do contratado e usuários pagam por serviços de excelência, mas recebem serviços lentos.

É o que está acontecendo atualmente no Brasil. Empresas vendem serviços, com ofertas de maior capacidade e rapidez, mas excesso de vendas, sem os investimentos necessários à modernização de suas redes, usuários pagam por serviços de excelência, mas recebem serviços de baixa qualidade (lentidão).

Se o governo não vincular a obrigação das teles a garantir os investimentos, em troca das novas concessões, o resultado pode comprometer o sucesso do anunciado PNBL (Plano Nacional de Banda Larga). (Jutra/Luiz Salvador)

Leia a matéria sobre o assunto na Folha de São Paulo.

São Paulo, domingo, 27 de março de 2011



Acordo sobre plano de banda larga favorece teles

Governo abre mão de investimentos previstos em troca de pacotes básicos

Minuta do acordo já está na Anatel; plano custará até R$ 29,80 com velocidade máxima de 600 Kbps

O governo está prestes a fechar um acordo que pode dar mais poder de mercado às teles em troca de ofertas de internet pelo PNBL (Plano Nacional de Banda Larga) com planos de até 600 Kbps (kilobits por segundo) a R$ 29,80.

As teles já têm ofertas nesse patamar no mercado. Mas, na tentativa de atender a presidente Dilma Rousseff, que elegeu a massificação da internet como um dos pilares de seu governo, o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, deve aceitar a proposta das teles.

A Folha teve acesso à minuta final do acordo que agora está na Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) e aos documentos técnicos que acompanharam todas as etapas da negociação, que durou dois meses.

Para arrancar das teles uma boa proposta, o governo sinalizou com as chances de aumento da receita de dados (internet) decorrente da aprovação do projeto de lei (PLC) 116 -que permitirá às teles atuar em TV paga.

Além disso, encontrou formas de financiar as concessionárias no cumprimento das metas de universalização da telefonia fixa, incluindo o atendimento à zona rural.

Uma delas será a doação (sem ônus) das faixas de frequência de 450 MHz. O governo também abriu mão de 2% da receita bruta das operadoras que a cada dois anos são recolhidas como contribuições setoriais.

Em troca, as teles teriam de aderir ao PNBL com duas exigências: pacotes a R$ 29,80 em toda a área de cobertura e ofertas no atacado (para provedores) com preços de referência determinados pela Anatel.

Atualmente, o mercado atacadista já funciona dessa forma em contratos básicos, mas, segundo o ministro, as teles abusam nos preços, inviabilizando a oferta.

Por isso, Bernardo quer que os contratos sejam avaliados pela agência, seguindo exemplo da Oi. Na compra da Brasil Telecom, a companhia foi obrigada pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) a abrir cada contrato, que é monitorado pelo órgão.

ANTECEDENTES

No início, o governo queria que as teles quadruplicassem a capacidade das centrais de dados (que estabelecem as conexões à web em cada município) e alugassem pelo menos metade dessa capacidade a terceiros (atacado) com preços definidos pela Anatel. Esse investimento não teria subsídio estatal.

Resultado: as teles entraram na Justiça e só retiraram a ação quando o governo abriu nova negociação. Segundo elas, teriam de investir R$ 6,5 bilhões (incluindo outras obrigações), algo que causaria desequilíbrio financeiro e riscos à prestação do serviço telefônico.

Agora, elas estão livres dessas obrigações e, segundo técnicos da Anatel, isso pode comprometer o sucesso do PNBL. A Folha apurou que, sem as metas anteriores, as teles usarão a capacidade das centrais -construídas por elas como meta de universalização do serviço telefônico até o momento- para a transmissão de canais de TV, mercado que estará aberto com o PLC 116.

Marinha e Exército ordenaram a morte de guerrilheiros no Araguaia em 1972


A tropa do extermínio

Documentos e depoimento de oficial revelam como o Exército cercou, torturou camponeses e aniquilou os guerrilheiros do PCdoB no Araguaia

Documentos da Força mostram que operação pretendia "eliminar" integrantes da guerrilha contra a ditadura

Segundo historiador, "política deliberada de assassinatos" durante a repressão jamais foi admitida oficialmente

Quando as formigas começaram a subir pelo corpo, o camponês contou tudo o que sabia sobre os comunistas", revela Vargas.Na Base de Bacaba, segundo o militar, os guerrilheiros eram identificados através de fotografias expostas nas paredes. Quando eram abatidos, colocava- se um "X" sobre a foto. "Os detidos eram marcados com um quadrado", diz Vargas. A base possuía um campo de futebol que servia para o pouso dos helicópteros. "Num terreno próximo ao campo, eu vi sendo enterrados alguns guerrilheiros, mas na Operação Limpeza, em 1975, esses corpos foram levados para um lugar que só Curió sabe."

DOCUMENTO REVELA A ESTRATÉGIA DO EXÉRCITO

Os papéis agora revelados pelo tenente da reserva José Vargas Jiménez mostram como os militares montaram a Operação Marajoara para destruir totalmente os guerrilheiros do PCdoB no Araguaia. Primeiro, eles prenderam e torturaram os camponeses que moravam nas diversas localidades relacionadas no documento. Com isso, reuniram informações e "ganharam" apoio da população na luta contra os insurgentes. A seguir, os militares entraram na mata sem uniforme para caçar e exterminar os comunistas. Cada patrulha militar, formada por dez homens, carregava uma lista com os nomes dos guerrilheiros instalados em áreas já identificadas (leia fac-símile abaixo) a partir das informações prestadas pelos camponeses. Estavam relacionados por ordem de prioridade. Primeiro foram mortos os comandantes da guerrilha.

Em 14 de outubro de 1973, os militares deram início ao que Vargas chama de "fase do extermínio". No documento que o então sargento carregava, agora revelado por ISTOÉ, está detalhado quem era quem no esquema insurgente. "Tínhamos um álbum de fotos, nomes e área (região) onde atuavam, além de seus destacamentos", lembra o militar. Chamado de "Plano de Captura e Destruição", o relatório, na primeira página, identificava os grupos de guerrilheiros que deveriam ser abatidos, por prioridade. A chamada comissão militar da guerrilha deveria ser dizimada em primeiro lugar. "Eles eram prioridade 1", diz Vargas. Com a relação nas mãos, os militares se embrenharam na floresta e a matança começou. "Numa caminhada pela região de Caçador, encontrei três corpos de guerrilheiros abandonados na mata. Um deles era o André Grabois, filho de um dos líderes dos comunistas. Um outro, um mateiro, um de meus soldados decepou-lhe o dedo, tirou a carne, e colocou o osso num colar", afirma o tenente da reserva. Vargas também se recorda que em 24 de novembro, depois de um tiroteio, outros corpos foram abandonados. "Como não conseguimos identificar um deles, recebemos ordens pelo rádio para decapitar e cortar as mãos do inimigo, para identificação. Os outros corpos foram abandonados por lá. É claro que os animais os comeram. Nós não tínhamos obrigação de carregar corpo de guerrilheiro e nem de enterrá- los", diz. Segundo Vargas, quando as fotos não eram suficientes para identificar os abatidos, suas cabeças e mãos eram cortadas para posterior reconhecimento na Base de Marabá.

No dia de Natal de 1973, um combate exterminou oito integrantes da comissão militar do PCdoB. "Depois disso não houve mais combates, apenas mortes e prisões", lembra o tenente da reserva. "Para cada um que matávamos, fazíamos um risco no fuzil." Um mês depois, em São Domingos das Latas, Vargas capturou "Piauí", como era conhecido o estudante de medicina Antônio de Pádua Costa. Piauí havia assumido o comando do principal destacamento dos guerrilheiros depois do massacre do Natal. "Esse eu peguei na mão, depois de uma luta", conta o militar. "Eu o entreguei vivo ao CIEx. Mas ele consta na lista de desaparecidos políticos", afirma.

Depois de passar quase duas décadas no Serviço de Informação do Exército, Vargas associou sua própria experiência à coleta de relatórios secretos. Aos 59 anos, ele narrou à ISTOÉ os motivos sobre o silêncio em torno da Operação Marajoara. Ela tinha que ser sigilosa porque era uma operação quase clandestina das Forças Armadas. "Além da descaracterização, não éramos obrigados a produzir nenhum documento policial-militar sobre as mortes, nem as do nosso lado", diz. Agora, o militar está empenhado em escrever um livro para publicar no começo de 2009.

Pela primeira vez surge um documento do Exército brasileiro comprovando que os militares enfrentaram os militantes do PCdoB no Araguaia (1972/1975) com ordem para matar. Chamado de "Normas Gerais de Ação - Plano de Captura e Destruição", o documento, de 5 de setembro de 1973, elaborado pelo Centro de Informação do Exército (CIEx), ao qual ISTOÉ teve acesso, relaciona os "terroristas traidores da nação" que deveriam ser "destruídos". Em outubro de 1973, este documento estava na mochila do então 3º sargento José Vargas Jiménez, quando desembarcou de um avião militar P A TROPA DO EXTERMÍNIO Hércules C-130, na base militar de Marabá (PA), e subiu em um caminhão do Exército rumo ao quilômetro 68 da Rodovia Transamazônica para combater na Operação Marajoara - a terceira e derradeira fase da Guerrilha do Araguaia. O verbo "destruir" redigido no documento, segundo Vargas, hoje 1º tenente da reserva, é um eufemismo para matar. "A ordem era exterminar", afirmou Vargas à ISTOÉ.

O documento foi expedido e entregue a Vargas pela 2ª Seção do Comando Militar da Amazônia. Naquele momento, o combate à guerrilha contava com um efetivo de 120 guerreiros de selva, integrantes do Batalhão de Brasil EXCLUSIVO Infantaria da Selva, 100 pára-quedistas e 30 agentes do CIEx, todos comandados pelo então major Sebastião Curió. Além do documento, Vargas recebeu fotos plastificadas de cada um dos guerrilheiros e um estudo do PCdoB, de 1972, contendo as estratégias dos comunistas. "Fomos para matar. E matamos. Se alguém sobreviveu foi porque colaborou com a gente e hoje vive com outra identidade", afirma o militar. Segundo o PCdoB, 75 corpos tombaram no Araguaia - 58 guerrilheiros e 17 camponeses.

Há 35 anos, Vargas guarda os documentos agora revelados, contrariando uma ordem dos generais, que em 1985 mandaram queimar todo o material referente ao período. Os papéis carregam o carimbo de secreto e indicam que o Exército tem caminhos para elucidar sua real participação nessa história, em vez de apenas dizer que os arquivos oficiais foram destruídos. O depoimento de Vargas prova que as Forças Armadas nunca quiseram prender ninguém. "A ordem era entrar na selva para matar", lembra o oficial da reserva. Em novembro de 1991, Vargas foi agraciado como herói de guerra com a Medalha do Pacifi- cador, a mais alta comenda do Exército. Para tanto, sua atuação foi analisada durante dois anos por uma sindicância coordenada pelo atual chefe da Comunicação Social do Comando Militar do Sul, coronel Aurélio da Silva Bolze. Os documentos guardados por Vargas também estão anexados nessa sindicância.

A caçada final aos comunistas começou em 1º de outubro de 1973. O comando do Exército determinou que fossem buscados, em Clevelândia do Norte (AP), os guerreiros da selva, uma tropa de elite das Forças Armadas. O grupo de 19 combatentes se uniu a outro de 41 vindos de Belém (PA), também treinados para guerrear na mata, e formaram o batalhão de caça aos rebeldes. A tropa era formada por um capitão - Pedro de Azevedo Carioca, já morto -, 20 sargentos, um cabo, 36 soldados e três recrutas. Esse grupo se embrenhou na floresta e durante duas semanas treinou com munição real. Nenhum militar do grupo podia cortar os cabelos, aparar as barbas ou usar farda. "A idéia era confundir a população que apoiava os comunistas", lembra Vargas.Completava as ordens a escolha de um codinome. O sargento escolheu lutar como "Chico Dólar". Operação simultânea acontecia em Manaus (AM) com 60 militares da 12ª RM, outra tropa especial.

Ao desembarcar em Marabá, os 120 homens foram levados para a "Casa Azul", como era conhecida a sede do centro militar. Lá, foi revelada a estratégia de ataque. As operações começaram com o mapeamento da rede de apoio que os guerrilheiros tinham entre os camponeses, as bases dos insurgentes e o poderio de fogo dos inimigos. Para isso, os militares cooptaram camponeses e formaram um Grupo de Autodefesa (GAD). "Eles eram muito bem remunerados por nós. Tinha uma escala de pagamentos que variava entre informação e prisão", conta Vargas. Com os dados em mãos, os militares elaboraram a "tabela nº 01", que se chamava "busca e apreensão". "Recebemos uma lista com o nome de quase 400 moradores que contribuíam com os comunistas", recorda Vargas.

Na madrugada de 3 de outubro, os grupos dos guerreiros da selva e dos pára-quedistas se separaram. A tropa de Vargas embarcou rumo a Bacaba, uma das duas bases militares na região, situada ao norte da área de combate, as margens da Transamazônica. A outra base militar era a de Xambioá, ao sul, próximo ao atual Estado do Tocantins. Partindo das duas bases, fizeram um cerco aos moradores e guerrilheiros (leia mapa acima). Entrando de casa em casa, os militares colecionaram prisões de camponeses. "Em cada cabana que entrávamos prendíamos o chefe da família e, se este tivesse filho homem na idade de lutar, também ia preso", recorda Vargas. "Deixamos só as mulheres e crianças para trás." Nas bases militares, os camponeses eram submetidos a todo tipo de tortura. "Eles eram colocados descalços em pé em cima de latas, só se apoiando com um dedo na parede, tomavam 'telefones' - tapas nos ouvidos - e choques elétricos", conta o militar. "Prendi mais de 30", contabiliza. "Um deles eu coloquei nu em um pau-de arara, com o corpo lambuzado de açúcar, em cima de um formigueiro.



Marinha ordenou a morte de militantes no Araguaia em 1972

Documentos escritos pelo Comando da Marinha revelam que havia a determinação prévia de matar os integrantes da Guerrilha do Araguaia, e não apenas derrotar o maior foco da luta armada contra a ditadura militar.

Os papéis, de setembro de 1972, relatam a preparação da Operação Papagaio, uma das principais ofensivas das Forças Armadas contra o grupo criado pelo PC do B entre Pará, Maranhão e a região norte de Goiás, que hoje é o Estado do Tocantins.

A documentação a que a Folha teve acesso faz parte do acervo da Câmara dos Deputados. Era confidencial até 2010, mas foi liberado para consulta pública.

"A FFE [Força dos Fuzileiros da Esquadra] empenhará um grupamento operativo na região entre Marabá e Araguaína para, em ação conjunta com as demais forças amigas, eliminar os terroristas que atuam naquela região", afirmam duas "diretivas de planejamento".
Uma delas é assinada por Edmundo Drummond Bittencourt, comandante-geral do Corpo de Fuzileiros Navais. A outra foi escrita pelo contra-almirante Paulo Gonçalves Paiva. Nas duas, a ordem de "eliminar" os guerrilheiros surge no item "conceito das operações".

Os textos também dizem que seriam feitas ações para "impedir os terroristas que atuam na margem daquele rio de transporem-no para a margem leste, eliminando-os ou aprisionando-os".

A oposição entre "eliminar" e "aprisionar" confirma que o primeiro se refere à morte dos militantes, disse o historiador Jean Rodrigues Sales, autor de "A Luta Armada Contra a Ditadura Militar" (ed. Perseu Abramo).

"No episódio de repressão à militância armada, a política deliberada de assassinatos jamais foi admitida de forma oficial", disse Sales.

Segundo Criméia Schmidt de Almeida, ex-guerrilheira e estudiosa do conflito, "realmente [ainda] não havia registro disso [determinação prévia para matar]".

Relatório do Exército de 1974, quando quase todos os militantes do PC do B na região haviam sido mortos, fala na "eliminação" das "forças guerrilheiras", mas não de seus integrantes.

Para Taís Morais, coautora com Eumano Silva de "Operação Araguaia" (Geração Editorial), "militar não escreve ordem que não deve ser cumprida".

As "diretivas" corroboram relatos de testemunhas do conflito, segundo as quais, nos anos seguintes, comunistas foram mortos mesmo depois de serem presos.

Em um dos papéis a que a Folha teve acesso, a Marinha fala em oito guerrilheiros mortos "em combate" durante a Operação Papagaio -argumento que sempre foi usado pelas Forças Armadas para justificar mortes de resistentes na região.

Ainda não foi produzida uma narrativa oficial sobre a luta armada durante a ditadura -um dos objetivos da Comissão da Verdade, que o governo quer instituir.

Procurado na terça-feira, o Ministério da Defesa afirmou que, por não ter tempo de encontrar os documentos, não os comentaria. (Folha.com)

Médicos cruzam os braços pela valorização da medicina e também declaram “guerra” aos planos de saúde


No ano passado por causa dos baixos salários:

Cerca de 17 mil médicos-residentes em todo país entraram em greve nesta terça-feira para reivindicar reajuste de 38,7% no valor da bolsa-auxílio. Eles também querem o pagamento da décima terceira bolsa, além de auxílio-moradia, auxílio-alimentação, e o aumento da licença-maternidade de quatro para seis meses.

De acordo com o presidente da Associação Brasiliense de Médicos Residentes, Cassio Rodrigues, no dia 13 de julho, eles entregaram um documento com as reivindicações aos ministérios da Educação e da Saúde, mas não houve negociação.

- A nossa proposta é de 38% e não vamos aceitar o contrário. Isso já vem sendo debatido há algum tempo e agora não dá mais - disse.

Atualmente, os residentes recebem bolsa-auxílio no valor de R$ 1.916,45.

De acordo com o Ministério da Saúde, a proposta de reajuste de 20% no valor da bolsa a partir de 2011 só foi possível por meio do remanejamento de recursos de outros projetos dos órgãos financiadores.

O Ministério da Saúde justifica que algumas reivindicações dos médicos-residentes, como o auxílio-moradia e o auxílio-alimentação, são de categorias trabalhistas e não devem ser consideradas já que eles ainda são estudantes em processo de formação profissional.

A médica-residente Renata Figueira, de 28 anos, destaca que as reivindicações não são somente por reajuste, mas também por condições melhores de trabalho. Segundo ela é comum os futuros médicos fazerem vários plantões, o que é desgastante.

- Estamos aqui por uma causa justa. A causa da valorização e do reconhecimento da saúde pública - completou.(G!)


Agora por causa da baixa remuneração nos planos de saúde:

Manter um plano de saúde privado está cada vez mais caro. Desde 2000, a mensalidade dos planos individuais e familiares – que representam mais de 20% dos 45,5 milhões de coberturas ativas no país – subiu 26,6 pontos porcentuais acima da inflação. E outro au­­mento está a caminho: a Agência Nacional de Saúde Suple­mentar (ANS) deve anunciar até o fim de abril a correção que será aplicada aos planos neste ano – reajuste que chegará em um mo­­mento crítico do relacionamento entre planos e profissionais de saúde, com consequências evidentes para os usuários.

Alegando uma defasagem de 92% na tabela de honorários, os médicos planejam uma paralisação nacional para 7 de abril, quando prometem suspender todos os atendimentos, consultas e exames pelos planos marcados para a data. Segundo as entidades que coordenam a mobilização, os pacientes previamente agendados para o dia 7 de abril serão atendidos em outro dia, e o protesto não abrangerá casos de urgência e emergência.


A classe médica reivindica o reajuste dos honorários, ao mesmo tempo em que reclama da omissão da ANS na fiscalização do setor e exige a aprovação de um projeto de lei que regulamente a relação entre operadoras e prestadores de serviço.

Segundo o Conselho Federal de Medicina (CFM), a “greve” deve atingir 160 mil profissionais que mantêm relação com planos de saúde, seguradoras ou cooperativas médicas – número que representa 46% do contingente de médicos do país.

“SUSão”

“As operadoras têm bastante caixa financeiro. Já o médico, que presta o serviço na ponta, não recebe a contrapartida. Esse é um movimento pela dignidade de uma profissão. Chegamos a uma fase em que está se tornando insuportável manter um consultório aberto atendendo pelos planos”, alega o presidente da Associação Médica do Paraná (AMP), José Fernando Macedo.

Segundo ele, o valor médio re­­cebido por consulta coberta pelos planos é de R$ 42. “Se um médico fizer 170 consultas por mês e colocar em uma planilha todos os custos de manutenção do consultório – secretária, encargos trabalhistas, luz, água telefone, impostos, aluguel, etc –, vão sobrar R$ 5,53 líquidos por consulta”, diz.

Como consequência disso, afirma o conselheiro do CFM Celso Mu­­rad, alguns médicos vêm diminuindo o tempo de duração das consultas para engordar a “escala” e, consequentemente, garantir a sobrevivência econômica das clínicas.

“Do jeito que está, a medicina suplementar vai acabar virando um ‘SUSão’, reproduzindo problemas como demora no atendimento, qualidade precária e poucos profissionais, com aquilo que classificamos de estrangulamento por demanda”, avalia Murad.

Dependência mútua

Mesmo assim, especialistas em saúde suplementar não apostam em um colapso que leve a um eventual “apagão” do sistema de planos de saúde. Isso porque essa disputa se resume fundamentalmente a uma questão de negociação financeira entre médicos e operadoras. Se por um lado os médicos ganham pouco – em algumas especialidades o valor é de R$ 20 por consulta –, por outro existe uma “dependência” econômica dos profissionais em relação ao convênio. Para os médicos credenciados, os atendimentos pelos planos de saúde representam, em média, 85% do volume de pacientes do consultório, com participação equivalente no faturamento das clínicas.

Pelo lado das operadoras, a saúde financeira das empresas permite uma margem para negociação de valores que atendam aos anseios da classe médica. “Não é um setor deficitário. No ano de 2009, as 1,5 mil operadoras do país arrecadaram R$ 61 bilhões. Pode ser um argumento para os profissionais pleitearem um aumento ainda maior”, avalia o professor de Direito do Consumidor Cristiano Heineck Schmitt, especialista no segmento de saúde suplementar. Segundo ele, mesmo com uma possível deterioração na relação entre médicos e operadoras, o direito de o usuário ser atendido continua garantido. A Lei dos Planos de Saúde (9.656/98) prevê a obrigatoriedade de uma rede credenciada minimamente capaz de atender à demanda.

“Em último caso [se não houver especialistas credenciados], as operadoras são obrigadas a reembolsar o valor gasto com o médico particular”, assegura. Caso as operadoras descumpram a lei, elas fica sujeitas a multas, aplicadas pela ANS, de R$ 80 mil a R$ 900 mil.

Em nota, a Associação Brasileira de Medicina de Grupo (Abramge), que representa as operadoras, disse que a negociação sobre pagamentos a médicos, hospitais ou laboratórios é livre: “A Abramge esclarece que não faz parte de suas atribuições discutir remuneração a prestadores de serviços.” A entidade considera o movimento dos médicos aceitável, “desde que não prejudique o atendimento aos beneficiários dos planos de saúde”. A ANS, por meio de sua assessoria de imprensa, informou que “tradicionalmente não se pronuncia sobre o assunto”.

Setor precisará rever modelo, diz especialista

A sobrevivência do sistema brasileiro de saúde suplementar depende de uma revisão na forma de prestação de serviço e da reformulação do próprio modelo de financiamento do setor. A avaliação é do advogado José Luiz Toro, presidente do Instituto Brasileiro do Direito da Saúde Suplementar (Indss). “Os prestadores ganham dinheiro na utilização do plano e na prescrição de procedimentos. Quanto mais se usa, quanto mais exames, mais se ganha. Deveríamos chamar de plano de doença, e não de plano de saúde”, ironiza.

Segundo Toro, o modelo atual é incompatível com a realidade econômica das empresas, que veem o custo médico-hospitalar cada vez mais alto. “Hoje nós temos um re­­gi­­me de mutualismo, com a socialização do risco. Existe também um pacto de gerações, em que os mais novos pagam mais que os mais velhos. Mas o progressivo en­­velhecimento da população tende a colocar esse modelo em risco”, avalia o advogado. Para ele, o ideal seria encontrar um modelo híbrido, mesclando o modelo atual com um sistema de capitalização para procedimentos de alto risco. (GP)

 
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