Comuns nos Estados Unidos e Europa, as “coleirinhas” para crianças começam a ganhar espaço no Brasil. O acessório é usado como medida de segurança para os pequenos, mas ainda gera polêmica. Há quem acredite que o objeto pode ser ofensivo. Por outro lado, quem usa garante que a “coleirinha” é uma demonstração de afeto e preocupação.
O médico Rodrigo Bagatelli, 32 anos, viu na rua uma criança com o acessório e decidiu pesquisar. Não encontrou em lojas que vendem artigos infantis e fez uma busca na internet. Agora, com a “coleirinha” os passeios com a filha Rebeca, de 1 ano, ficaram mais seguros. “Decidimos comprar porque ela começou a andar com 9 meses e se locomove com muita rapidez.” Hoje, Rebeca pode “explorar” o mundo com os pais mais tranquilos. Bagatelli diz que, em geral, as pessoas não estranham o acessório, mas já houve situações de desaprovação.
O acessório pode ser encontrado em vários formatos. Há pulseiras, macacão ligado à cintura da mãe e simpáticas mochilinhas com temas infantis. Os preços variam entre R$ 19 e R$ 50. Nas lojas de Curitiba ainda é difícil encontrá-lo, mas os lojistas dizem que já há procura. A terapeuta holística Marina Grigoletti usou uma pulseirinha no filho Yuri, na época com 2 anos, quando estava de mudança para a Holanda. Marina estava viajando sozinha com o garoto e tinha muitas malas. “Estava muito preocupada, porque ficamos horas esperando e ele queria brincar e conhecer o lugar.” A terapeuta encontrou o acessório no aeroporto e comprou. “Foi útil durante todo o período que passamos na Europa. Fizemos viagens de trens e metrôs e eu me senti muito mais segura.”
Vânia Dias, gerente de uma loja de produtos infantis, diz que os pais e mães buscam o produto para fazer passeios e viagens com os pequenos. “Ainda há preconceito, mas quem é mãe entende.”
Especialistas
A psicóloga clínica e terapeuta de família Eneida Ludgerno afirma que existem outras opções para a segurança dos filhos. “Ainda sou a favor de pegar na mão e ter o contato corpo a corpo”. Para ela, apesar de a “coleirinha” ser uma restrição para a criança e oferecer segurança, há meios mais próximos e pessoais de se obter confiança nos passeios com os pequenos. Eneida aconselha, por exemplo, começar os passeios em lugares seguros e criar regras de comunicação entre os adultos e as crianças, como andar sempre de mãos dadas. Ela acredita que qualquer ação dos pais nunca tem a intenção de prejudicar, mas é preciso atentar a outros riscos. “Mesmo com a ‘coleirinha’, há outros riscos, como quedas. O olhar dos pais tem sempre de estar nos filhos”.
Apesar das restrições, Eneida afirma que cada família deve definir o que é bom. Para ela, há pais que podem ter receio de usar a “coleirinha” para não expor o filho, mas na hora de dialogar fazem uma fala brava, que pode ser mais danosa do que qualquer outra ação. “O canal de diálogo deve ocorrer sempre pela via amorosa”, recomenda.Para a psicóloga Cléia Oliveira Cunha a “coleirinha” pode ser uma solução dependendo da idade. Ela recomenda que o produto seja usado somente até os 5 anos. “A partir desta idade os filhos já devem dominar conceitos decorrentes da aprendizagem familiar e social sobre perigo e risco.”
Cléia conta que conheceu a “coleirinha” na década de 70, quando uma europeia da vizinhança usava o acessório nos filhos. Para ela, com a grande concentração urbana as “coleirinhas” podem ser uma alternativa a mais de segurança. A dona de casa Maria Terezinha Sousa teve quatro filhos e hoje ajuda a cuidar da sobrinha de 1 ano e 5 meses. Ela diz que usaria a “coleirinha” só para ir a lugares com grande circulação de pessoas, não no dia a dia.
A gerente Eloise Coelho, mãe de Iago, 1 ano e 4 meses, usaria só em último caso. Ela já viu crianças com “coleirinhas” e diz que as pessoas repreendem os pais porque associam com coleira para cachorro. Já a balconista Tassiane de Godoy não conhecia o produto e não o usaria. Grávida pela segunda vez, ela nunca precisou usar nada parecido com o filho de 6 anos. (GP)
domingo, 27 de março de 2011
Coleira para crianças ganha espaço de mercado e gera polêmica


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