quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Por causa da estiagem, saque do Bolsa Família será antecipado no PR

O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) vai antecipar o pagamento do benefício do Bolsa Família para mais de 120 mil famílias do Paraná e Santa Catarina que moram em cidades afetadas pela estiagem. No Paraná, são 137 municípios nesta situação. O saque antecipado do benefício, que poderá ser feito independentemente do número de inscrição, vai beneficiar 117.921 famílias no estado.

De acordo com a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil, cerca de 1,3 milhão de pessoas foram afetadas pela seca no Paraná. Além disso, a falta de chuva já trouxe muitos danos à agricultura. Estimativas apontam prejuízo de R$ 2,25 bilhões e quebra de safra de 18% da produção de soja, milho e feijão.

Antecipação

Todos os estados da Região Sul foram beneficiados com a antecipação do Bolsa Família. No total, são 434 municípios atingidos pela seca. No Sudeste, 195 cidades de Minas Gerais, 14 do Espírito Santo e dez do Rio de Janeiro já estão recebendo o pagamento antecipado do Bolsa Família devido às chuvas.

Segundo o MDS, são quase 800 mil famílias que receberão a antecipação. O valor dos recursos a serem liberados para o pagamento do benefício se aproxima de R$ 90 milhões. Para sacar o recurso, as famílias inscritas no programa devem procurar uma agência da Caixa Econômica Federal. (GP)

Imagens mostram o momento de desabamento no Rio e o resgate feito por bombeiros

TV estatal russa exibirá programa de Assange, fundador do tão perseguido Wikileaks


Anunciado esta semana, o programa de Assange prometeu entrevistar “atores políticos”, “pensadores” e “revolucionários”. Seu objetivo é refletir sobre as mudanças que ocorrem no mundo. Segundo comunicado publicado no site do WikiLeaks, já foram concedidas várias licenças para transmitir o programa a emissoras de televisão a cabo, via satélite e da rede aberta, com um potencial de 600 milhões de espectadores.

O canal russo disse que começará as transmissões do programa em março. “Nossos espectadores poderão participar das discussões que serão apresentadas no programa”, declarou em um comunicado a editora-chefe do canal, Margarita Simonyan.

O Russia Today tem uma postura bastante crítica dos EUA e do Ocidente.

Tanto o governo russo quanto o canal tem apoiado Assange e o Wikileaks. Vladimir Putin, que governa a Rússia desde 2000 como presidente e primeiro-ministro, descreveu a prisão de Assange em 2010 como “hipócrita”.

Enquanto isso, Assange deve aparecer perante a Suprema Corte britânica em 10 de fevereiro para apelar da sentença de extradição para a Suécia, onde é acusado por duas voluntárias suecas do WikiLeaks de conduta sexual imprópria. (Reuters)

Emissão de Carteiras de Trabalho está suspensa

Foi suspensa a emissão de Carteiras de Trabalho pela Superintendência Regional do Trabalho, em Curitiba, devido ao excesso de pedidos pelo documento, sobretudo na Região Metropolitana da capital e no litoral, que fez com que o documento levasse até 40 dias para ser entregue.

Atualmente, há cerca de 7 mil carteiras prontas, na sede da Superintendência, mas que não podem ser entregues porque o trabalho no órgão está acumulado.

Os moradores de Curitiba que precisarem requisitar o documento deverão procurar as Ruas da Cidadania ou os sindicatos conveniados para retirar a Carteira a partir de 1º de fevereiro. No litoral e na Região Metropolitana, o pedido poderá ser feito nas prefeituras, que terão um local específico para o atendimento das demandas.

De acordo com Neivo Beraldin, da Superintendência, a intenção da medida é reduzir o tempo de espera para as pessoas que buscam o documento. “Nós precisamos eliminar esse grupo de carteiras para perto de zero. No momento em que chegarmos perto de zero, vamos levar no máximo 15 dias para entregar uma carteira ao trabalhador”, diz. (BP)

Movimento feminista alerta no FST que mulheres são as mais atingidas pela crise econômica mundial

Militantes da Marcha Mundial das Mulheres fizeram hoje (25) uma plenária em paralelo aos debates do Fórum Social Temático (FST) 2012. O objetivo, de acordo com a coordenadora do movimento no Rio Grande do Sul, Cláudia Prates, é utilizar o espaço do fórum para reforçar alianças com outros movimentos na luta contra o capitalismo verde.

“Nós sempre cruzamos com mulheres que querem conhecer a marcha, querem fazer parte, mas muitas acham que é como um clube, que você precisa se associar ou se filiar. Esses espaços são para a gente mostrar que a marcha é um movimento de mulheres livres, autônomas. Elas não precisam estar ligadas a nenhum partido, central ou sindicato”, disse.

Cláudia lembrou que, apenas por meio da auto-organização e do fortalecimento das mulheres, conquistas como a aprovação da Lei Maria da Penha foram alcançadas. “As políticas públicas não acontecem se não há demanda. É a partir das lutas que a gente consegue as nossas conquistas”, reforçou.

Pela manhã, as militantes realizaram o debate Feminismo e Ecologia – Mulheres em Luta Contra o Capitalismo Verde. Antes, discutiram com outros movimentos algumas propostas a serem levadas para a Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Rio+20).

A ideia, segundo Cláudia, é elaborar um documento de forma conjunta com as demais organizações da sociedade civil presentes no FST que sirva de alerta para a população sobre os efeitos da crise financeira e climática.

“As mulheres são as mais atingidas em todas as crises. São as mais empobrecidas, as que mais sofrem violência”, disse. “Se não nos unirmos numa luta só e numa só voz, não vamos conseguir ter sucesso – nem a luta feminista e nem a luta ambiental. Precisamos juntar essas lutas, porque estamos dentro do mesmo processo de destruição e dentro do mesmo modelo”, concluiu. (AE)

Ministro diz que Rússia deve decidir sobre embargo à carne brasileira na próxima semana

O ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro, disse hoje (26) que saiu otimista da reunião que teve essa semana com a ministra da Agricultura da Rússia, Yelena Skrynnik, para tentar destravar o embargo à exportação de carne brasileira para o país europeu. A resposta do governo russo pode sair na semana que vem, segundo o ministro.

“Fiquei bastante otimista, a ministra russa foi muito cordial. O trabalho está sendo feito, os contatos foram realizados. Tudo o que o governo russo nos pediu nós atendemos, agora estou esperando até terça-feira para uma definição da ministra”, disse Mendes Ribeiro hoje, antes de participar de um evento no Fórum Social Temático (FST).

Durante o encontro com a ministra russa, Mendes Ribeiro disse que explicou à colega que o serviço de inspeção dos frigoríficos brasileiros é federal, tornando injustificável o embargo feito a estados, como o ocorrido com o Rio Grande do Sul, terra natal do ministro, além do Paraná e de Mato Grosso, embargados totalmente.

“Expliquei a ela que o nosso sistema de defesa não era regionalizado ainda, que estamos partindo para a regionalização, que hoje a nossa defesa é nacional, e que não tinha porque destruir alguns estados”, relatou.

O ministro não quis adiantar que contrapartidas o governo russo exigiu em resposta ao possível fim do embargo à carne brasileira. “A pauta é bem extensa. Ainda estamos tratando de outras políticas, temos a questão de alguns impostos diferenciados, é uma grande negociação. A Rússia é um parceiro que temos que manter de todas as formas possíveis”, avaliou.

Em 2011, os embarques de carne brasileira para a Rússia tiveram redução de 19,6%. (AB)

No FST, Greenpeace critica Belo Monte, termoelétricas e novo Código Florestal

O coordenador da Campanha de Clima e Energia do Greenpeace, Pedro Torres, defendeu hoje (26) a busca por alternativas à chamada economia verde e condenou obras como a Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu (PA).

“O capitalismo está em crise e isso é um consenso que nos une a Davos [onde ocorre o Fórum Econômico Mundial], mas a economia verde não é a solução para essa crise”, disse. “Devemos pensar quais são as alternativas, para quem e como”, completou Torres durante evento no segundo dia de debates do Fórum Social Temático (FST) 2012.

Torres explicou que a Usina de Belo Monte deverá gerar mais energia para empresas amazônicas do que para a própria população da região afetada pelas obras. Ele alertou ainda que a cidade de Altamira, uma das mais impactadas, já soma 100 mil habitantes em razão das obras, mas sem melhorias na infraestrutura.

Investimentos em energia nuclear, segundo ele, também não são uma alternativa à crise. Durante o debate, o ativista lembrou os riscos evidenciados no acidente da Usina Nuclear de Fukushima, no Japão, que em março completa um ano. “O Brasil continua insistindo nessa energia que é suja, cara e perigosa”, disse.

Sobre a Usina Nuclear Angra 3, no município de Angra dos Reis (RJ), Torres ressaltou que quase R$ 8 bilhões de recursos públicos provenientes do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) já foram investidos. O dinheiro, segundo ele, poderia e deveria ser usado em outras fontes de energia.

Outra questão abordada pelo ativista trata da aprovação do novo Código Florestal no Congresso Nacional. Para ele, a discussão vai além do ambientalismo, já que os interesses do setor ruralista, baseados na derrubada de florestas, representam uma afronta à lei brasileira.

“Devemos buscar o diálogo de uma maneira mais livre. Muitos movimentos e organizações estão presos a agendas impostas pelas grandes empresas. Temos que ter a liberdade de criticar essas empresas, de criticar os governos que são poluentes. Se não, não adianta ter Rio+20 e Fórum Social”, disse. “Com essa agenda ambiental negativa que a gente tem, uma outra economia vai ser difícil”, destacou. (AB)


Mulheres e negros ganharam menos do que os homens brancos em 2011

A renda do trabalhador brasileiro apresentou cenário favorável em 2011, mas as disparidades nos ganhos ainda persistem. As mulheres ganharam, em média, 28% a menos do que os homens em 2011, segundo o gerente da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) Cimar Azeredo. No ano passado, em média, as mulheres ganharam R$ 1.343,81 contra R$ 1.857,64 dos homens.

Isso ocorre num ano em que o rendimento médio mensal habitualmente recebido no trabalho principal, de homens e de mulheres, foi estimado em R$ 1.625,46. A quantia é equivalente a aproximadamente três salários mínimos, e foi o valor anual médio mais elevado desde 2003, 2,7% superior a 2010.

A disparidade não atingiu somente gênero, mas também etnia. No ano passado, os trabalhadores negros ganhavam, em média, pouco mais da metade do rendimento recebido pelos trabalhadores de cor branca. As médias anuais de renda, em 2011, foram de R$ 1.073,22 para os negros, enquanto a dos trabalhadores brancos foi de R$ 2.050,25.

Pedófilo de Curitiba se torna "pastor" e é preso em Manaus



Isenção de imposto de renda sobre remuneração de professores

Está em análise na Câmara o Projeto de Lei 2607/11, do deputado Felipe Bornier (PSD-RJ), que concede isenção do Imposto de Renda da Pessoa Física sobre a remuneração de professores. Pela proposta, para ser beneficiado, o profissional precisa estar em efetivo exercício na rede pública de educação infantil, fundamental, média e superior.

O autor do projeto entende que cabe ao poder público criar mecanismos que incentivem o maior número possível de pessoas a exercer o magistério. “Ao longo dos anos, percebemos o quanto o professor tem sido sacrificado, não só no aspecto salarial, como também na tributação de seus ganhos. Educar é uma arte. Mas também é um trabalho de grande impacto social, com repercussão no desenvolvimento do País”, argumenta.

O deputado cita como exemplo da importância da carreira o fato de que muitos juízes, legisladores e altos funcionários da administração pública já foram professores e usam a experiência adquirida na relação com os alunos para o desempenho de suas funções públicas.
“O magistério já é, por si mesmo, sacrificante, exigindo dedicação absoluta de quem o exerce. É justo que se dê aos profissionais dessa área um tratamento condigno”, avalia Bornier.

A proposta, que tramita em caráter conclusivo, será analisada pelas comissões de Finanças e Tributação; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.

Em visita a Curitiba Jungmann aprova as soluções de trânsito e transporte, principalmente o novo ônibus Ligeirão

"Esse Ligeirão é porreta!", diz Jungmann

O ex-deputado e ex-ministro Raul Jungmann (PPS) esteve em Curitiba e aprovou as soluções urbanas para o trânsito e o transporte público de passageiros da capital paranaense. "Esse Ligeirão é, realmente, uma referência no transporte público de passageiros. Estou impressionado com esta experiência e acho importante que no Recife tenhamos a oportunidade de discutir a implantação de medidas como esta para enfrentar o caos em que se tornou a nossa cidade", disse Jungmann que viajou no Ligeirão e se encontrou com o prefeito Luciano Ducci (PSB).

Do encontro, participaram o deputado Rubens Bueno, o presidente da Urbs, Marcos Isfer; e o secretário de Relações Institucionais, Hélio Wirbiski. Na próxima semana, Jungmann já agendou visita ao prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB) e vai conhecer a central de monitoramento e fiscalização do trânsito e da segurança da cidade. "O meu objetivo é conhecer experiências exitosas em várias capitais, no que diz respeito à regulamentação urbana. Quero levar estas experiências para o Recife”, disse.

O lucro do biodiesel fica com o latifúndio

Ficou famosa a cena em que o então governador Roberto Requião pegou uma mamona que o presidente Lula mostrava para ele e, sem hesitar, colocou na boca para começar a mascá-la. Isso ocorreu em 2006, quando Lula fazia força para tentar implantar um programa de biodiesel no Brasil. O que não podia ser previsto é que aquela seria a participação mais célebre da mamona no programa.

Apostava-se alto que o combustível verde seria um meio de dar grandes ganhos à agricultura familiar. Quando decidiu impor a adição de 2% de combustível orgânico ao diesel, em 2008, havia vários objetivos. Diminuir a poluição era um deles. Desenvolver tecnologia era outro. Mas o governo sempre insistiu que um dos fatores fundamentais era usar como matéria-prima algo que saísse das roças de agricultores familiares. Como a mamona.

Não deu certo, pelo menos até aqui. Dados do próprio governo mostram que 73% da matéria-prima usada para fabricar biodiesel em novembro do ano passado vinham das plantações de soja. E na maior parte dos casos a soja vem de plantadores com suas próprias unidades de esmagamento de soja. Coisa para grande agricultor, não para minifúndios. Em segundo lugar na lista, com 16%, vinha a gordura bovina. O algodão tinha 5% do mercado. A mamona, por exemplo, tem uma fatia tão pequena do mercado que entra na categoria “outros”. Assim como os demais primos pobres do biodiesel, como o dendê e o pinhão-manso.

De início, os burocratas achavam que logo o programa atingiria 200 mil famílias de agricultores familiares. A adição obrigatória de biodiesel ao combustível de petróleo mais do que dobrou: de 2008 para cá, passou a ser de 5%. Mas quem continuou ganhando terreno foi a soja. E enquanto o governo fala em diversificação, quem lucra com o programa são os grandes latifundiários. Os agricultores familiares hoje, segundo estimativas, teriam cerca de 120 mil famílias no programa, mas uma participação ainda pífia no mercado.

Benefício fiscal

A situação é tão grave que as usinas não estão conseguindo manter o benefício fiscal destinado a quem compra matéria-prima de agricultores familiares. No Nordeste, para manter o selo social, é preciso comprar 30% de fora do latifúndio. Aqui no Sul, só 15%. Mesmo assim, empresa após empresa vem sendo condenada a ficar sem o Selo Com­bustível Social. Recente­mente, foi a gigante multinacional ADM que perdeu o selo.

Ajudar agricultores familiares é um dos grandes desafios de um governo que diz querer acabar com a miséria. Se têm a quem vender, pequenos produtores conseguem ficar no campo, não incham as cidades e têm uma renda significativa num setor importante da economia. A produção de biodiesel seria uma ótima oportunidade de fazer isso acontecer. O país produz hoje o equivalente a 15 milhões de barris de petróleo em combustível do gênero a cada ano. No entanto, quem lucra com isso, pelo menos por enquanto, é o grande produtor. Se o governo conseguirá mudar isso, cabe a Dilma Rousseff e seus assessores responder.

Por enquanto, pelo menos uma boa notícia para Requião. Da próxima vez que lhe mostrarem a estrela do programa de biodiesel ele poderá comer tranquilamente. Soja, afinal, pelo menos não é tóxica. (Caixa Zero)

CONSEGUIRAM CALAR O JORNAL "JÁ"!!! Entrevista com o jornalista Elmar Bones: "As redações viraram linhas de montagem"

O ex-governador gaúcho Germano Rigotto e sua família, enfim, conseguiram: o , um bravo e pequeno mensário de 5 mil exemplares e 26 anos de vida em Porto Alegre (RS), fechou as portas. Sucumbiu aos dez anos de uma longa, pertinaz perseguição judicial movida pelos Rigotto, que asfixiaram financeiramente um jornal de resistência que chegou a ter 22 profissionais numa redação que hoje se resume a dois jornalistas.

A nota de falecimento do jornal foi dada por seu editor, Elmar Bones da Costa, em amarga entrevista concedida (em 16/1) aos repórteres Felipe Prestes e Samir Oliveira, do site Sul21:


Aos 67 anos, o jornalista Elmar Bones ainda encontra forças para resistir. No caso, a resistência se refere ao estrangulamento econômico em que está mergulhada a JÁ Editores, da qual é proprietário. Resistência também aos rescaldos de uma intimidação política movida pela família do ex-governador Germano Rigotto (PMDB) e às dificuldades de se estabelecer num mercado dominado pelo monopólio de umas poucas, porém poderosas, empresas. Mas, acima de tudo, Elmar Bones simboliza a resistência de um método de se fazer jornalismo – para alguns antiquado, para outros o único possível.

Escaldado em redações tradicionais, como as extintas Folhas da Tarde e da Manhã, revista Veja, a IstoÉ e o Estado de S.Paulo, Elmar não poupa críticas ao jornalismo engessado que, segundo ele, se pratica atualmente nesses ambientes. “Há uma crítica generalizada de que alguma coisa precisa acontecer para dar uma arejada”, observa.

Elmar Bones recebeu o Sul21na sala da JÁ Editores, empresa que vem tocando desde 1986, e conversou por pouco mais de uma hora sobre jornalismo e as dificuldades de conciliar independência com sustentabilidade financeira. Comentou também o processo movido pela família Rigotto contra o jornal , publicação mensal que parou de circular devido ao esfacelamento econômico e político do qual foi vítima – deixando como herança o JÁ Bom Fim, edição específica para o bairro que persiste até hoje.

Sua entrevista:

Como iniciou o seu envolvimento com o jornal ?

Elmar Bones – Entrei quando ele já existia, numa fase em que estava meio paralisado, em 1986. Como jornalista, sempre defendi que não se deve deixar fechar jornal, pois é sempre uma janela e uma possibilidade. O passou por várias fases, mas sempre teve a característica de ser um jornal alternativo. É o alternativo mais antigo em circulação no Brasil (a edição mensal não existe mais, mas ainda circula a edição específica no Bom Fim). É um jornalismo mais ativo, explorando basicamente a reportagem e buscando os temas que estão fora da pauta da mídia.

Seria um contraponto ao que se produz nos jornais tradicionais?

E.B. – Trabalhei muitos anos nos grandes jornais e acho que esse modelo que hoje é dominante e que se configurou nas últimas décadas do século 20 já está superado. Mas ainda existe, porque é o que funciona. É um jornalismo comercial, sustentado por anunciantes, industrializado, com uma certa homogeneidade de texto e de abordagens. A redação vira uma linha de montagem. E a gente sempre utilizou o como um laboratório para testar novos métodos de produzir informação. O método convencional dominante se baseia numa pauta hegemônica e numa hierarquia. Essa pauta é determinada por meia dúzia de grandes grupos jornalísticos, que trabalham superficialmente todos os assunto. Essa prática deixa espaço para um outro tipo de jornalismo.

E não fica mais difícil ganhar dinheiro com esse tipo de jornalismo?

E.B. – Esse tipo de projeto tem uma grande dificuldade, porque a sustentação via banca é praticamente impossível. As bancas são controladas pelos grandes distribuidores, não temos muito acesso, e a logística é uma coisa cara. Por isso mantivemos a edição de bairro, que é gratuita. Durante um tempo o desafio era produzir jornalismo independente e sustentável economicamente. Só que normalmente o jornalismo com independência trabalha contra a sustentabilidade financeira. Essa é a lógica do empreendimento jornalístico. Em poucos momentos o conseguiu essa sustentabilidade.

Por isso optaram por fornecer outros serviços?

E.B. – Percebemos que só um jornal de reportagens não se sustentava, até porque enfrentava problema com as bancas, na medida em que fazia matérias mais agressivas e questionamentos aos grandes jornais. O anunciante também se retraí a esse tipo de jornal. E aí chegamos ao jornal de bairro, para que um equilibrasse o outro, mas ainda era muito precário o equilíbrio. Então desenvolvemos uma área de produção cultural e edição de livros gerados com a técnica jornalística, feito por jornalistas. E isso revelou uma estrutura bastante sustentável.

Mas mesmo os jornais de bairro sofreram bastante com a concorrência.

E.B. – A Zero Hora lançou seus cadernos de bairro e isso nos abalou bastante. Hoje eles estão com os cadernos, mas é a segunda tentativa. Fizeram a primeira lá em 1998. Vieram e arrasaram. A prefeitura estava com o PT naquela época e tinha uma política de apoio aos jornais de bairro. Tinha mais de 40 jornais de bairro em Porto Alegre. Aí a Zero Hora entrou com os cadernos regionais e em pouco tempo liquidaram todo mundo. Se eles vêm para o ataque não tem como segurar, terminam com tudo.

Perceberam que era um filão de mercado?

E.B. – Não, acho que era mais para não deixar ninguém crescer e entrar na área.

De que forma a prefeitura apoiava os jornais de bairro?

E.B. – Incluía os jornais de bairro nos seus planos de mídia. Tinham uma política de destinar uma parcela da verba a eles. Isso é importante não só pelo valor, mas pelo fato de ter um anúncio da prefeitura e uma programação. Isso abre portas para novos anúncios e dá estabilidade O problema desses jornais é a estabilidade, não conseguem manter uma equipe por muito tempo, estão sempre na gangorra.

Como funcionada a escolha das pautas no mensal?

E.B. – Sempre fazíamos reuniões muito longas, com muita discussão, onde todos participavam. Não havia nada pré-estabelecido. De um modo geral, num jornal convencional, dão uma pauta a um repórter e ele vai atrás do assunto. No nosso caso sempre preferimos que o repórter indique a pauta. E havia uma discussão permanente. Hoje nas redações as pessoas nem se falam, é tudo compartimentado e isolado, as ordens vêm de cima e todos cumprem. Essa forma de organização poda os talentos e as capacidades individuais. A reportagem é uma discussão permanente, isso gera muito mais qualidade, mais envolvimento, e sempre se levantam coisas novas. É o que chamo de jornalismo ativo.

O que seria esse jornalismo ativo?

E.B. – É não fazer cobertura baseado somente numa entrevista coletiva, por exemplo. Tem que ir atrás da informação que não está disponível. O jornalismo precisa ir para o caminho que está indo a medicina, que é ser mais preventivo do que denunciativo. Não há jornalismo investigativo, há guerra de dossiês. Muitas vezes isso depois não se prova. E o jornalismo preventivo acompanha os acontecimentos. Talvez seja menos atraente e instigante, por ser rotineiro, mas é mais eficaz. Se trata de fazer o acompanhamento das coisas no momento em que elas acontecem. Um exemplo: as obras da Copa estão tendo um acompanhamento pífio. E depois vai ter um monte de denúncias de desvios. A imprensa deveria estar em cima desde já com uma cobertura intensa, indo nas obras, falando com engenheiros, vendo os projetos e os orçamentos. Não adianta perguntar ao diretor de uma empresa o que está acontecendo. Ele sempre dirá que está tudo ótimo. Um acompanhamento preventivo teria uma eficácia maior, reduziria bastante a roubalheira e permitira um ganho efetivo para a sociedade.

Tu também criticas o fato de que, em geral, os jornalistas hoje vestem muito mais a camisa da empresa do que da profissão.

E.B. – O mercado de trabalho está muito aviltado. Aumentou exponencialmente a formação de jornalistas, mas o mercado está estagnado. A mesma estrutura que tinha a 20 anos é a mesma de hoje, talvez até com menos gente. Há 20 anos tinha sucursais em Porto Alegre com mais de cinco pessoas. Hoje eles têm um correspondente que trabalha de casa. O mercado se estreitou demais. A consequência disso é o medo de perder o emprego. Isso faz com que o jornalista seja mais dócil, menos inquieto e não queira criar problema. Mas no jornalismo, se não tiver disposição de correr um certo risco, não se faz nada. O jornalismo implica sempre um certo risco e uma certa ousadia. E os grandes jornais estão pasteurizados em decorrência da lógica deles, vinculada a grandes interesses.

Tu já trabalhaste em diversas redações. Por que decidiste abandonar esse ramo?

E.B. – Fui ficando fora de esquadro nas redações. Foi havendo um enquadramento muito grande e pouco espaço para sair disso. Então comecei a fazer esse trabalho mais experimental e comecei a fazer projetos culturais, o que se revelou um caminho melhor, mais acidentado, mas de mais vitalidade. Um grande jornal tem nome, força e pode fazer muito. Mas joga a não fazer. Ficam fazendo umas matérias relisentas. Se tem que aprofundar algo, já pega em tudo que é lado e não pode. É como estar num hospital que tem a possibilidade de fazer um transplante e não ir além de um curativo no dedo. Boa parte do que eu sei aprendi com os colegas nas grandes redações, mas chegou um momento que achei que não tinha mais nada, já estava andando para trás. Um grande jornal não oferece perspectiva de carreira, a não se que tu fiques puxando saco para virar chefe. Então preferi sair fora e tentar um caminho mais autônomo, fazendo projetos experimentais e tentando desenvolver uma metodologia que possa criar algo diferente do que temos hoje.

Que impacto teve o processo que a família Rigotto moveu contra o JÁ no fechamento do jornal?

E.B. – No processo por dano moral o jornal foi condenado a pagar uma indenização de R$ 17 mil. Quando houve isso, nem era tão problemático para o jornal. Mas tentei resistir ao máximo em todas as instâncias para não aceitar essa condenação, porque é uma coisa completamente absurda. A reportagem que gerou a condenação gerou uma outra sentença (no processo criminal) do mesmo tribunal dizendo que a reportagem era correta, de interesse social e não ofendia ninguém. Mas ao se arrastar, o processo foi gerando efeitos colaterais políticos. Quando começou, em 2002, o Germano Rigotto (PMDB) era candidato ao governo do Estado. Quando houve a decisão, em 2003, ele já era governador. E aí as coisas mudam de figura, porque o jornal foi condenado em função de uma ação movida pela mãe do governador, uma senhora octagenária. Ninguém queria saber os detalhes. Pensavam: “o jornal foi condenado, gerou dano moral à mãe do governador, é um jornal desaforado”. Quando fui na audiência, a juíza me tratou como o editor de um pasquim qualquer. Ela nem tinha lido a matéria. Levei os papéis, expliquei, e ela mudou de postura. Então esse efeito se propagou no meio jornalístico e publicitário. No governo, automaticamente, o jornal e a editora foram banidos. Como o governo é o principal anunciante do Estado, estar mal com ele é estar mal com todas as maiores agências de publicidade. Sentimos isso pesadamente. Isso foi somado a um conjunto de fatores conjunturais que nos levou a uma situação de insolvência.

Na tua avaliação, o objetivo do processo era mesmo estrangular política e economicamente o ?

E.B. – Inicialmente o objetivo era ter uma sentença favorável para poder desqualificar o conteúdo da reportagem e tentar regular (a produção de outras). E o caminho natural seria que eu tivesse feito um acordo. Eu teria resolvido isso e talvez até voltado ao mercado. Mas eu não tinha feito nada de errado. Fazer um acordo seria trair os próprios princípios do jornal. Resolvi entrar com recursos e até hoje não paguei nada. E hoje o jornal não tem mais chão nenhum pra negociar. Ainda dentro dos efeitos desse processo, tínhamos conseguido refinanciar as dívidas do pelo Refis, da Receita Federal. Fui acolhido no programa, renegociei as dívidas e estava pagando normalmente. Mas aí com os apertos financeiros (em decorrência do processo da família Rigotto), houve atraso no pagamento de algumas parcelas e fomos excluídos do Refis. Entramos na Justiça, ganhamos em primeira e em segunda instância e voltamos para o Refis. Mas houve um recurso da União ao STJ, passados mais de dois anos, e uma outra sentença nos exlcuiu do Refis. Então toda a dívida renegociada venceu e o que voltou para ser quitado, mesmo após cinco anos de pagamentos, com juros, correção monetária e multas, aumentou em dez vezes o valor.

E como está o processo de fraude na CEEE (assunto da reportagem alvo de processo pela família Rigotto)?

E.B. – A história da reportagem é a história do Lindomar Rigotto, que era um administrador de empresas que trabalhava na CEEE e se envolveu no que é considerado o maior desvio de recursos públicos no Estado, segundo o Ministério Público. E aconteceu uma sucessão de eventos violentos, até culminar com a morte dele em Capão da Canoa no carnaval de 2001. O foco da reportagem, o processo que envolve a CEEE, vai completar 16 anos em fevereiro e ainda está em primeira instância, corre em segredo de Justiça e não se sabe quando terá fim. Tem mais de 100 volumes. E o foi condenado por isso. A matéria é absolutamente fria, factual, sem adjetivação. E tudo que fala a respeito do Lindomar, ou está nos inquéritos da polícia ou em depoimentos da CPI que houve sobre o assunto. Na ação, o advogado (da família Rigotto) alega que a reportagem insinua que Lindomar era traficante. A matéria somente diz que o delegado Claudio Barbedo, que coordenou o inquérito, achou relevante colocar no inquérito que uma das testemunhas disse que o Lindomar estava envolvido com tráfico de cocaína.

Além desse processo, agora tem outro, da RBS, que reivindica a posse da marca , em função do Jornal do Almoço.

E.B. – Encaro isso com naturalidade. Nos grandes grupos, a lógica é não permitir que ninguém cresça. Não tínhamos o registro da marca, porque pertencia a uma empresa de São José do Rio Preto e só em 2009 ficou liberada. Ficamos sabendo no início de 2010 e começamos a entrar com processo para obter o registro. E o INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial) acolheu nosso pedido, só que sempre abre um prazo para contestações. Dentro desse prazo, a RBS contestou. Eles têm o registro da marca JA, só que numa outra categoria. Eles querem que o INPI não aceite o meu pedido, alegando que vai prejudicar a marca deles. Não acredito que o INPI vai fazer uma barbaridade dessas. É da lógica desses grandes grupos monopolistas não querer deixar nada pra ninguém. Esse processo ainda vai longe. Mas uma coisa tenho certeza: não vão impedir o de circular. Pelo menos não pelo caminho legal.

Tu participaste de uma experiência inovadora entre o final dos anos 1970 e o início dos anos 1980: a Cooperativa dos Jornalistas de Porto Alegre, que editava o Coojornal. Ainda é possível viabilizar um jornal feito por jornalistas, não por empresários?

E.B. – Os diversos formatos não são excludentes. Tem que haver uma mudança no jornalismo. É preciso sair do jornalismo comercial e partir para um jornalismo mais envolvido com os interesses da sociedade e não com os interesses dos grupos anunciantes. Há grande espaço para estruturas alternativas de produção de informação. A Coojornal estava se estruturando e competia no mercado em condições de igualdade. Em determinados momentos até pagava melhor do que as empresas. Então ficou provado que é possível, que esse tipo de organização os jornalistas conseguem estruturar e produzir com grande eficiência e com boa dose de sustentabilidade. Talvez hoje as condições de fazer isso fossem até melhores. Mas há um certo desencanto e descrença com as possibilidades alternativas na comunicação. Há uma crítica generalizada de que alguma coisa precisa acontecer para dar uma arejada, mas até agora os projetos alternativos patinam. Tem coisas boas, como Sul21, a Carta Capital e a revista Fórum, em São Paulo. Mas de um modo geral essas experiências não têm muito amparo ou a quem recorrer.

E tu pensas em retomar o mensal?

E.B. – Em 2011 eu resolvi apenas manter as coisas funcionando, estava meio sem rumo… E muita gente tem me procurado, especialmente no final do ano passado, e começamos a discutir. Só vou me interessar em achar um caminho se tiver mais gente disposta a apostar junto, a se envolver, a ser dono também. E aí surgiu a ideia de fazer uma cooperativa. Já fizemos três reuniões, tem 20 pessoas nessa discussão. E para não ficar só no papo conceitual, estamos preparando uma cobertura do Fórum Social Temático no nosso site e, dependendo das circunstâncias, lançaremos uma edição impressa.

A cooperativa seria o formato ideal?

E.B. – Sim, é uma estrutura muito democrática. E é simples e desonerada do ponto de vista jurídico. A gestão é por consensos, baseada em conselhos. É um formato bastante interessante e adequado. Mas estamos discutindo uma cooperativa de leitores, que envolveria também jornalistas. Isso tudo é uma ideia ainda, não sei como os leitores entrariam, está tudo em aberto. A ideia é criar logo, não adianta ficar discutindo teoricamente, tem que partir para a prática para ver quais os problemas e encontrar as soluções. Se não houver esse entendimento de um grupo, dificilmente o jornal mensal de reportagens tem condições de retornar. É algo que dá muito trabalho, muito incômodo, nunca é leve, e para valer a pena para uma empresa tem que ser rentável. E só será rentável se deixar de ser independente. Mas se conseguir envolver um grupo maior, abre possibilidades de sobrevivência. (CF)

França prende dono de empresa de próteses de silicone PIP

Jean-Claude Mas, dono da empresa Poly Implant Prothese (PIP), de próteses de silicone, foi preso na quinta-feira (26) e pode ser acusado de homicídio culposo, afirmou uma fonte da polícia francesa à Reuters. A PIP despertou um escândalo de saúde internacional por usar silicone com qualidade baixo dos padrões.

Ele foi preso em torno das 7h (4h no horário de Brasília) em sua casa no sul da França e a polícia vasculhou o local. Ele será detido por 48 horas enquanto autoridades decidem se irão acusá-lo de homicídio culposo involuntário e por causar lesões.

Outro executivo da PIP, o ex-chefe do setor financeiro, Claude Couty, também foi preso devido a uma investigação aberta na cidade portuária do sul, Marselha, próxima ao antigo local da PIP, em 8 de dezembro.

O inquérito foi instaurado após a morte por câncer em 2010 de uma mulher com implantes da PIP, apesar de que as autoridades de saúde na França terem ressaltado que não há vínculos comprovados do câncer com os implantes da PIP. Jean-Claude Mas, que vendeu em torno de 300.000 implantes por todo o mundo, admitiu que ele usou silicone não autorizado mas negou que isto constitui um risco para a saúde.

Aproximadamente 2.700 mulheres na França entraram com processos e reclamações contra Mas e governos em diversos outros países, como a Inglaterra e o Brasil, pediram às mulheres para consultarem seus médicos.

De acordo com dados oficiais das autoridades francesas, a PIP produzia cerca de 100 mil implantes por ano, dos quais 84% eram exportados principalmente para a América Latina, a Espanha e o Reino Unido. A estimativa é que cerca de 400 a 500 mil mulheres colocaram implantes PIP no mundo.

Na França, pelo menos 20 casos de câncer foram detectados em mulheres com implantes, sendo que 16 eram de tumor na mama. Porém, os especialistas dizem que ainda não se pode fazer uma relação de causa e efeito. O governo francês recomendou a 30 mil mulheres no país que retirem os implantes. Na Alemanha e Holanda, houve a mesma orientação.

No Brasil, a estimativa é que 19,5 mil mulheres tenham próteses nos seios com silicone industrial das marcas Rofil e PIP. Porém, não há informações precisas sobre quantas apresentaram problemas. A recomendação das autoridades é que as mulheres procurem os médicos para serem submetidas a uma avaliação. (Reuters e Lusa)


Dilma recebe medalha, ressalta generosidade de SP e elogia Kassab


Na comemoração dos 458 anos da cidade de São Paulo, a presidente Dilma Rousseff aproveitou a cerimônia para evitar assuntos políticos e econômicos e falar apenas da importância, da generosidade e do simbolismo da cidade. Ao lado do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), que também receberam a Medalha 25 de Janeiro, a presidente foi apenas elogios e poesia.

O maior dos elogios foi feito ao prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, criador do PSD, partido que ao mesmo tempo está em negociações com PT e PSDB em torno de uma aliança nas eleições deste ano à Prefeitura de São Paulo. "Queria dirigir um cumprimento especial e um agradecimento a essa figura capaz de agregar e criar vínculos fraternos e republicanos com pessoas das mais diferenciadas, que é o prefeito Gilberto Kassab, a quem sou muito grata por essa honraria", afirmou.

Para FHC, disse esperar que o reconhecimento aos ex-presidentes da República se torne hábito no País. "Espero que esse reconhecimento, que eu acho importante que nós tenhamos o hábito de fazer para os ex-presidentes da República, seja uma prática do Brasil democrático", afirmou. Dilma lembrou ainda a cerimônia de 2011, quando o ex-vice-presidente José Alencar recebeu a homenagem da Prefeitura de São Paulo. "Tive a honra de participar há um ano de uma cerimônia como esta, que homenageou um grande brasileiro, uma pessoa que deu grandes serviços ao nosso País, o nosso querido e inesquecível José Alencar", afirmou.

A partir daí, a presidente foi só declarações de amor a São Paulo, com direito a citar o trecho mais famoso da música "Sampa", de Caetano Veloso: "Alguma coisa acontece no meu coração, que só quando cruza a Ipiranga e a Avenida São João". No coração da mineira Dilma, é a esperança que desperta quando ela passa por esse cruzamento. "Eu acho que tem outro sentimento outra sensação, que passa no coração dos brasileiros quando cruzam a Ipiranga com a Avenida São João, e eu acho que sempre foi uma sensação de esperança", afirmou. "Esperança de todos aqueles que, muitas vezes, saíram do Norte e Nordeste do País em busca de ganhar a vida, mas também uma imensa esperança de que nosso País pode ser do tamanho de São Paulo. Eu acho que, sobretudo, essa esperança é que está sempre no coração e na cabeça da gente".

Para a presidente, São Paulo representa um farol para o País. "São Paulo, sem sombra de dúvida, com a sua capacidade de gerar riqueza, conhecimento e cultura, é e sempre será um farol para o nosso País", disse. "E eu tenho certeza de que nós somos hoje um dos maiores e mais predestinados países do mundo. Temos já no presente muitas realizações. Sobretudo, estamos construindo, e tenho a certeza de que cada vez mais, com a contribuição de cada homem, mulher, prefeito e governador, um Brasil maior".

Dilma ressaltou ainda a generosidade da cidade, que recebe pessoas de todo o País. "Eu já honrava a cidade de São Paulo com amor por suas ruas e sua gente, mas, sobretudo, com a certeza de que aqui nasceu a idade moderna. Aqui nasceu muito do que foram as grandes realizações do País", afirmou. "Aqui também nasceu a capacidade de nosso País ter uma relação generosa com outras regiões, de gerar também desenvolvimento para todas as regiões do País. Por isso São Paulo tem essa característica de esperança".

Supremo aumenta em 41% gastos com diárias

O Supremo Tribunal Federal aumentou em 41% as despesas com diárias de ministros e funcionários no ano passado, à frente de um aumento desse tipo de gasto promovido por outros órgãos do Judiciário e pelo Ministério Público. No mesmo período, os gastos gerais com viagens da União caíram 35% em relação a 2010. Pesquisa no Siafi, o sistema de acompanhamento de gastos federais, também aponta aumento de gastos com diárias na Justiça Federal, na Justiça Militar e na Justiça do Trabalho, além do Conselho Nacional de Justiça, órgão responsável por fiscalizar o Judiciário.

O Supremo, com 11 ministros, foi o que mais aumentou, proporcionalmente, as despesas com diárias. Os gastos saltaram de R$ 707 mil para pouco mais de R$ 1 milhão em 2011. Questionado, o STF informou que o dinheiro atendeu a pedidos de ministros e servidores, em suas atividades de trabalho, além de deslocamento de juízes auxiliares para ouvir testemunhas.

Em maio, o presidente do STF, Cezar Peluso, levou a mulher, Lúcia, para acompanhá-lo em viagem oficial a Washington. Peluso e outros três ministros do STF viajaram aos Estados Unidos – todos de primeira classe, com passagens pagas pelo contribuinte – para participar de encontro com integrantes do Judiciário norte-americano.

Uma resolução do STF prevê o pagamento de passagem aérea para acompanhantes dos ministros em viagens de caráter protocolar ou cerimonial, quando a presença for considerada “indispensável”, informou a assessoria do tribunal. (AE)

De cada 5 cursos de nível superior, só 1 tem boa qualidade


Dados do Conceito Preliminar de Curso (CPC) do triênio 2008, 2009 e 2010 mostram que a qualidade do ensino superior no Brasil está concentrada em uma pequena “elite” de cursos de graduação. Apenas 19% dos cursos avaliados no período tiveram conceitos 4 ou 5, considerados de boa qualidade. Já outros 29% tiveram conceitos 1 e 2, desempenho tido como insuficiente. O grupo de “elite” é composto, majoritariamente, por graduações ofertadas por universidades públicas.

Para pesquisadores da área, a baixa qualidade do ensinos fundamental e médio é decisiva para o desempenho ruim na etapa se­­guinte. De acordo com o consultor educacional Renato Casagrande, os dados mostram claramente a existência de um conjunto de cursos e instituições de destaque, cujos alunos têm mais facilidade de inserção no mercado de trabalho. Por outro lado, a grande maioria dos profissionais formados em universidades brasileiras não está apta a exercer suas funções de maneira adequada. “Hoje temos mais profissionais certificados, mas sem uma qualidade à altura das demandas do mercado”, afirma o pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) Paulo Roberto Corbucci.

A má qualidade da formação acaba criando um ciclo vicioso. Corbucci ressalta, por exemplo, que professores sem preparação adequada não conseguirão capacitar os profissionais do futuro, situação que pode trazer grande prejuízo para a competitividade e o desenvolvimento do país.

Foco no básico

Para Casagrande, um fator decisivo para o baixo desempenho dos cursos de graduação do Brasil é a qualidade do ensino básico. Nos últimos 20 anos, houve um aumento significativo na oferta de cursos de ensino superior – realidade que, analisada isoladamente, é positiva. Entretanto, não houve uma melhora qualitativa, na mesma proporção, nos ensinos fundamental e médio. De acordo com o consultor, isso fez com que um grande contingente de alunos mal preparados ingressassem em faculdades e universidades.

“Nós oportunizamos a entrada desses alunos, mas não melhoramos a qualidade do ensino. Com isso, alunos com grandes deficiências de raciocínio lógico e conhecimentos gerais puderam ingressar nos cursos. As universidades não podem ser as únicas culpadas [pelo resultado do CPC]”, avalia.

Essas deficiências forçam muitos cursos universitários a redobrar seus esforços, compensando as lacunas do ensino médio ao mesmo tempo em que apresentam conteúdos específicos do superior. Na prática, o ensino fica comprometido. “O grau de conhecimento geral de alunos concluintes do ensino superior no Brasil é hoje equivalente ao de alunos de ensino médio em países desenvolvidos”, afirma Casagrande.

Estado se destaca do restante do país

Os dados do Conceito Preliminar de Curso (CPC) no Paraná mostram que o estado está em situação melhor do que o restante do país. Enquanto no Brasil o número de cursos avaliados negativamente entre 2008 e 2010 é maior do que o de cursos considerados bons, no Paraná o número é equilibrado: são 268 cursos considerados de “elite” contra 260 cursos abaixo da média. Assim como em outros estados, a qualidade está concentrada em cursos públicos: mais da metade dos cursos de instituições estaduais e federais foram considerados acima da média, com conceitos 4 e 5.

Para o pesquisador do Ipea Paulo Roberto Corbucci, os números são reflexo do desenvolvimento do Paraná em relação a outros estados do Brasil. “A questão socioeconômica tem uma equivalência grande com o desempenho educacional. Os dados tendem a ser melhores nos estados do Sul e do Sudeste do que no resto do país”, comenta.

Tradição

Já o consultor educacional Re­­nato Casagrande aponta, também, algumas peculiaridades que colocam o Paraná em uma situação mais favorável em relação aos outros estados. Para ele, o ensino superior no estado é menos massificado do que em outras regiões do país, o que favorece a qualidade. “O Paraná é resistente a grandes grupos educacionais de fora do estado. A educação como produção em série é um fato novo aqui”, afirma.

Além disso, Casagrande destaca a presença de instituições públicas tradicionais, como a UFPR, que servem como centros de “irradiação” de qualidade para outros cursos, públicos e privados. “A qualidade dessas instituições contribui para que os novos grupos educacionais tenham um padrão de qualidade mínimo.” (GP)

 
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