
O desenvolvimento do carro elétrico pode ser a oportunidade ideal para o Brasil criar uma empresa de fabricação de veículos, segundo o professor de engenharia de produção da Universidade de São Paulo (USP) Roberto Marx. O especialista ressalta, entretanto, que é necessária uma articulação para unir pesquisadores e investidores para consolidar um projeto como esse.
“O que está faltando é uma articulação entre empresas fabricantes de motores elétricos, autopeças, baterias, que eventualmente tenham esse interesse. Existe uma série de inciativas pouco articuladas”, destacou o especialista, que também coordena o Laboratório de Estratégias para a Indústria da Mobilidade (Mobilab) da USP.
Os veículos elétricos poderiam, na avaliação de Marx, ser incorporados à matriz brasileira de transportes de forma complementar aos movidos a etanol e bicombustíveis. “É um produto para um nicho, não vai substituir totalmente as demais formas de combustível. Mas ele pode ser interessante para algumas utilidades”, disse em entrevista à Agência Brasil.
O uso desse tipo de carro estaria associado, em um dos cenários traçados pelo professor, aos transportes públicos. “Um carro elétrico de baixo custo [deve ser usado] como forma de locomoção do indivíduo até o ponto em que ele possa usar algum transporte coletivo.”
O fato de o Brasil não deter a tecnologia para a fabricação dos carros não é, para Marx, um obstáculo intransponível. “A princípio, o Brasil não tem essa tecnologia, mas isso não é um impedimento”. Ele acredita que esse problema poderia ser solucionado, caso houvesse a disposição do governo em incentivar esse modelo.
Nesse caso, o país estaria apto, de acordo com ele, a “desenhar um carro elétrico mais barato, que tenha uma penetração e apelo para um certo tipo de mercado. E que seja desenvolvido por um consórcio de empresas interessadas em vender esse carro aqui”.
A viabilidade da inclusão dos carros elétricos na matriz brasileira de transportes está em estudo pelo governo. De acordo com o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aloizio Mercadante, é possível que o país tenha um projeto piloto para o desenvolvimento desse tipo de veículo.
Especialista na área de energia, o físico da USP, José Goldemberg ressalta que a eletricidade traria benefícios ambientais porque, com a substituição, derivados do petróleo deixariam de ser queimados, como gasolina e óleo diesel.
No entanto, Goldemberg acredita que o Brasil pode conseguir melhores resultados investindo no etanol, combustível para qual a tecnologia de uso já está desenvolvida. “Com os automóveis elétricos você ainda tem um problemas tecnológico que são as baterias”, destacou.
A autonomia das baterias dos carros elétricos apresentados até o momento não excedem 200 quilômetros, o que é, na avaliação dele, é um grande inconveniente. “Você anda 200 quilômetros, o carro para. Aí você precisa de uma estação para recarregar as baterias e leva duas horas para recarregar. Ninguém vai querer um automóvel desse jeito.” (AB)
A idade dos sedimentos encontrados no fundo do oceano, entre 5 mil e 7 mil metros de profundidade, pode indicar a propensão da existência de reservatórios de petróleo. Saber a idade da pedra é estratégico porque direciona o trabalho de prospecção e economiza o gasto com perfuração em alto-mar. O hidrocarbureto tem sido encontrado sob rochas formadas há cerca de 125 milhões de anos, no período cretáceo inferior da era mesozoica da Terra.
A medição da idade das rochas é feita pelo Laboratório de Micropaleontologia por meio de fósseis calcários de ostracodes, crustáceos primitivos de menos de 1 milímetro ainda existentes na natureza (tanto em água doce quanto em água salgada). Os fósseis dos ostracodes ficam nos sedimentos analisados pela UnB, cujas amostras são enviadas pela Petrobras.
“Quanto mais precisa a identificação e diferenciação dos ostracodes, melhor será o grau de detalhamento e fatiamento das rochas”, explica o gerente de Bioestratigrafia e Paleoecologia do Centro de Pesquisas Leopoldo Américo Miguez de Mello (Cenpes) da Petrobras, Oscar Strohschoen Junior.
Segundo ele, os ostracodes “são praticamente os únicos microfósseis” que permitem a datação relativa das rochas. De acordo com o coordenador do Laboratório de Micropaleontologia da UnB, Dermeval do Carmo, “os ostracodes parecem camarõezinhos minúsculos”, revestidos por uma microconcha de cada lado (valva).
Em três anos de pesquisa, a UnB já analisou sedimentos de 12 perfurações. Quinze pesquisadores trabalham atualmente no laboratório, desde estudantes de graduação até alunos de pós-doutorado, além de três professores do quadro da universidade. Desde 2008, a Petrobras destinou à UnB cerca de R$ 2 milhões para a a contratação de pesquisadores, a compra de equipamentos de análise (como microscópios eletrônicos e computadores) e a assinatura de periódicos científicos internacionais especializados em paleontologia. Conforme previsto em lei, o patrocínio da Petrobras é regulado pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
A aproximação entre empresas e universidades é meta do governo em programas como o Ciência sem Fronteira. A avaliação no Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação é que a posição do Brasil no rankingglobal de inovação empresarial (47º lugar, segundo o The Global Innovationindex 2011) está muito aquém da produção científica (13º lugar, segundo o Institute for Scientific Information).
O coordenador do Laboratório de Micropaleontologia da UnB defende a parceria entre academia e empresa. “A universidade não trabalha para a indústria, trabalha com a indústria. Não é simplesmente uma relação de mercado, é uma ação promovida pelo governo em prol de ambas as partes. Promove condições de pesquisa nas instituições e promove inovação na indústria”.
Para Oscar Strohschoen, a parceria com as universidades “tem sido extremamente efetiva. Além dos excelentes resultados diretos produzidos pelos projetos, permite o desenvolvimento ou a formação de equipes atuantes em áreas com extrema carência de especialistas no Brasil”.
Segundo Dermeval do Carmo, que pesquisa ostracodes desde a década de 1990, a aproximação “deixa a indústria feliz porque tem respostas especiais para os problemas específicos, e deixa a universidade feliz porque ela tem recursos para desenvolver sua infraestrutura, para trazer professores com bons currículos”.
A partir de março de 2013 um grupo de físicos brasileiros acompanhará em Chicago (EUA) um experimento científico chamado Minos (Main Injector Neutrino Oscillation Search). A finalidade é checar os resultados de uma outra pesquisa, feita durante cerca de três anos na Itália (pelo Opera – Oscillation Project with Emulsion-Tracking Apparatus), que verificou que as partículas de neutrinos (tem carga neutra e massa pequena) viajaram 7 quilômetros por segundo (km/s) mais rápido que a velocidade da luz (cerca de 300 mil km/s), o que contraria parte da Teoria da Relatividade.
Segundo a teoria proposta por Albert Einstein, em 1905, em todo o universo apenas as partículas carentes de massa (como a luz) podem viajar a tal velocidade. Acelerar qualquer objeto a esse limite exigiria uma energia jamais disponível. “Se a descoberta [do Opera] for verdadeira, sobre o que a maioria dos físicos é cética, significará uma revolução dos conceitos mais básicos da física”, disse à Agência Brasil o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Física, Ronald Shellard, do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, no Rio.
A expectativa dos físicos brasileiros é que o Minos, que utilizará equipamentos de maior precisão do que o Opera (como relógios atômicos, por exemplo), aponte algum “erro sistemático” que tenha levado a um resultado distorcido. “O erro total não é apenas estatístico, tem o erro sistemático que envolve os problemas de medida do próprio detector e da linha do feixe que produz a luz de neutrinos e todos os equipamentos usados para fazer alguma medida útil dos resultados”, explica o pesquisador Ricardo Avelino Gomes, professor da Universidade Federal de Goiás (UFG), um dos brasileiros que trabalham no Minos.
Gomes salienta que os próprios cientistas (160 pessoas) que participaram do Opera “estão solicitando para a comunidade verificar se encontra algum erro no experimento todo”. Além do Minos, o experimento pode ser refeito no Japão, onde também há um acelerador de partículas que pode disparar um feixe de neutrinos. A partícula de neutrino se assemelha ao elétron, mas não tem carga elétrica e possui pouca massa. O neutrino está presente no universo e atravessa toda a Terra. A partícula pode ser observada no colapso de estrelas, em explosão de supernovas, na fusão nuclear no interior do Sol, que emite o calor. Uma grande quantidade de neutrino é verificada ainda em reatores de usinas nucleares.
A pesquisa com neutrinos é útil para a astronomia, astrofísica e geofísica. “Serve, por exemplo, para estudar o perfil da composição química da Terra, a quantidade de material radioativo e o calor residual no planeta”, explica Vicente Pleitz, do Instituto de Física Teórica da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp). A divulgação da pesquisa do Opera já causou a publicação de 30 artigos científicos internacionais, conta Orlando Luis Goulart Peres, do Instituto de Física Gleb Wataghin da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Os dois pesquisadores não acreditam que novos experimentos confirmem que os neutrinos possam viajar a velocidade maior que a da luz. “Se o experimento for confirmado, vai ficar pouco difícil ter uma teoria boa de primeiros princípios, matematicamente consistente”, aponta Pleitez. “Se a Teoria da Relatividade não fosse correta o GPS [Global Positioning System] estaria marcando lugares sem precisão”, acrescenta Peres.
Para os físicos brasileiros, um dos indícios de que os neutrinos não são mais rápidos que a luz é uma observação feita na Argentina em 1987 de uma supernova (corpos celestes surgidos após as explosões de estrelas) na Nuvem de Magalhães, galaxia mais próxima da Via Láctea. Os neutrinos “chegaram meses depois de quando se esperava”, lembra Ronald Shellard.
O físico tem esperança de que até o final da década, o Brasil, a Argentina e o Chile façam um experimento conjunto semelhante ao do Opera, em uma caverna que poderá ser aberta ao lado do Túnel Água Negra, na estrada que liga San Juan (na Argentina) à La Serena (Chile). O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) está financiando a elaboração do projeto de engenharia do túnel. A distância do local para o acelerador de partículas do Cern (na Suíça) é 13 vezes maior (10 mil km) do que o experimento do Opera. (AB)
A Proposta de Emenda à Constituição 438/01, conhecida como PEC do Trabalho Escravo, tramita há dez anos na Câmara dos Deputados. A matéria já foi votada em primeiro turno na Casa, mas precisa passar por uma segunda discussão. Caso haja alteração, ela volta ao Senado para nova apreciação, pois foi lá que a proposta começou a tramitar.
De acordo com o texto aprovado para discussão em segundo turno da matéria, “as propriedades rurais e urbanas de qualquer região do país onde forem localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou a exploração de trabalho escravo serão expropriadas e destinadas à reforma agrária e a programas de habitação popular, sem qualquer indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei, observando, no que couber, o disposto no Artigo 5º” da Constituição Federal.
O Artigo 5º determina que o direito à propriedade é garantido, mas que ela deverá atender à função social. Além disso, o artigo prevê que uma lei estabelecerá o precedimento de desapropriação, ressalvando-se os caos previstos na Constituição.
E possível haver desapropriação sem indenização quando a propriedade é usada para plantação de drogas psicotrópicas. A PEC pretende incluir neste mesmo trecho (Artigo 243) a hipótese de desapropriação por causa da constatação de trabalho análogo à escravidão.
O deputado Luiz Carlos Heinze (PP-RS), contrário à proposta, disse que a preocupação dos setores do agronegócio quanto à matéria é que algumas questões precisam estar claras na lei para que não haja desapropriações injustas. “[Ainda falta clareza] sobre o que é trabalho degradante, sobre o que é uma jornada exaustiva. Temos que definir o que é esse tipo de coisa”, explicou. “[Há] pressão em cima dos produtores, como se estivessem praticando trabalho escravo. Em alguns casos há, mas na maioria não”, completou.
O deputado Federal Cláudio Puty (PT-PA), um dos que defendem a proposta, afirmou que é necessário a aprovação de uma legislação mais rigorosa contra a prática do trabalho escravo. “Precisamos de uma legislação mais dura contra esse instrumento que é reduzir custos nas empresas por meio da precarização do trabalho, chegando ao trabalho análogo à escravidão. Escravidão por dívida, por ameaças, por impedimento do direito de ir e vir”, disse.
Ele afirmou ainda que há um compromisso do presidente da Casa, Marco Maia (PT-RS), de colocar a matéria em pauta, mas ainda não há consenso. Somente neste ano, quase dez requerimentos foram feitos ao plenário da Câmara pedindo a inclusão na ordem do dia da proposta. A última vez que ela entrou em pauta foi em 2009, mas não chegou a ser apreciada.
Segundo informações do Ministério do Trabalho, só no ano passado mais de 2,6 mil trabalhadores foram resgatados de regimes de trabalho análogos à escravidão, e 309 estabelecimentos foram inspecionados. (AB)
Em entrevista exclusiva à Agência Estado, o ministro contou que a presidente Dilma Rousseff aprovou o programa, que será lançado ainda neste ano. A proposta do governo é repassar R$ 1,1 bilhão para os Estados, que ficarão responsáveis pela execução das obras. "Vamos fornecer os recursos até um certo valor por vaga e o Estado entrará com uma contrapartida", explicou o ministro.
O Ministério da Justiça faz um mapeamento da situação carcerária de cada estado para definir o valor que será repassado para cada governo estadual. De acordo com o ministro, os 26 estados e o Distrito Federal receberão recursos do programa. Onde for possível reformar as cadeias, será possível ampliar o número de vagas no curto prazo. Em alguns locais, será necessário construir novas unidades prisionais. "Nós vivemos um momento muito difícil no sistema prisional brasileiro", avaliou o ministro.
De acordo com ele, a presidente está ciente de que não conseguirá resolver a questão da superlotação nas cadeias até o final de seu mandato, por isso a meta inicial do governo é desafogar o sistema carcerário. "O problema não se resolve em quatro anos, mas pelo menos vai desafogar uma situação que é gravíssima e que tem sido objeto de denúncias nas cortes internacionais em face de alguns presídios que apresentam situações inaceitáveis para os presos", disse Cardozo. (AE)
O novo ônibus é do mesmo modelo do ligeirão que atende as linhas Boqueirão (que possui 10 veículos) e Pinheirinho/Praça Carlos Gomes (com outros 14 ônibus). O veículo possui 28 metros de comprimento e tem capacidade para 250 passageiros. A linha Centenário/Campo Comprido atende, diariamente, 100 mil passageiros.
O novo ônibus, apesar de ser do mesmo modelo dos ligeirões, continuará com a linha convencional (sistema parador), atendendo todas as estações tubo e terminais do trecho. A inclusão dos 26 novos biarticulados não substitui, de imediato, todos os veículos da antiga frota. De acordo com a prefeitura, a substituição será gradativa.
O investimento total para a compra da frota foi de R$ 26 milhões, além de R$ 400 mil para a adequação do eixo leste-oeste e ampliação das estações tubo da Praça Eufrásio Correia, no Centro de Curitiba. A melhoria foi necessária, segundo a prefeitura, para que as estações e as vias por onde passam os biarticulados possam receber os ônibus maiores.
A prefeitura também informou que, em 2012, está programando a inclusão de novos ônibus em outras linhas de expresso, como o eixo norte-sul, por onde passa o biarticulado Santa Cândida/Capão Raso. (GP)
Em meio aos labirintos orçamentários, não há formas de rastrear o encaminhamento da maior parte dessas propostas. Muitas das informações contidas em canais de divulgação sobre o tema, como o Portal da Transparência (da Controladoria-Geral da União) e o Portal dos Convênios (do Ministério do Planejamento), têm acesso restrito ao público em geral. Além disso, praticamente todos os congressistas optam por emendas “genéricas”, cujo destino final só é conhecido ao longo da execução orçamentária.
Isso significa, por exemplo, que quando o recurso para a construção de uma quadra de esportes chega a uma cidade, não há como o contribuinte aferir por conta própria qual parlamentar fez a sugestão, nem qual foi o valor inicial do pedido.
Do total de 636 emendas individuais apresentadas pelos 30 deputados federais e 3 senadores paranaenses ao orçamento da União de 2011, 277 estão entre essas “genéricas”. Também conhecidas como emendas “guarda-chuva”, elas não definem exatamente em quais dos 399 municípios do estado serão aplicadas – apenas se encaixam em programas já definidos pelos ministérios. Juntas, elas somam R$ 263 milhões, equivalente a 61% do total de R$ 429 milhões em emendas individuais sugeridas pela bancada paranaense.
Ambiente propício
A falta de transparência gera o ambiente propício para desvios. Nos últimos dias, a Assembleia Legislativa de São Paulo virou alvo de denúncias de “venda” de emendas por deputados estaduais – o caso vai ser investigado pelo Ministério Público.
Em agosto, num outro escândalo, a Polícia Federal prendeu 38 pessoas acusadas de envolvimento no desvio de cerca de R$ 3 milhões de um convênio do Ministério do Turismo para treinamento de pessoal. A verba havia sido destinada por uma emenda da deputada federal Fátima Pelaes (PMDB-AP).
“Além de serem de difícil controle, as emendas não são eficientes do ponto de vista da gestão pública. Elas pulverizam em pequenos empreendimentos recursos que poderiam ser destinados, por exemplo, para o desenvolvimento regional”, diz o professor de Administração José Matias Pereira, da Universidade de Brasília. (GP)
Para fazer frente à criminalidade que ocorre nos 16 municípios cortados pelo lago (15 paranaenses e um sul-mato-grossense), a PF conta com cerca de 300 policiais nas delegacias de Foz do Iguaçu e Guaíra, mas só a minoria atua diretamente na fiscalização do lago. O efetivo reduzido é apontado como a principal dificuldade da polícia na região.
Estima-se que para patrulhar toda a extensão do Lago de Itaipu (170 quilômetros em linha reta) seriam necessários 200 agentes. Mas o número de policiais que efetivamente participam desse tipo de ação é bem menor. Em Guaíra, por exemplo, há pouco mais de 40 policiais federais. Destes, 14 atuam em operações e apenas oito estão lotados no Depom e fazem patrulhamentos no Lago de Itaipu. Os demais trabalham no setor de migrações, passaportes e serviços administrativos. Em Foz do Iguaçu a situação não é muito melhor: o número de policiais exclusivos do Depom não passa de 14.
Já as quadrilhas que atuam na região são numerosas: chegam a ter 100 integrantes, segundo a PF. O delegado responsável pelo Depom de Guaíra, Rodrigo Rodrigues Freitas, diz que a estrutura da PF na cidade melhorou nos últimos anos, com a abertura do Depom. Mas ele admite que a situação ainda é crítica. O motivo é a dificuldade em atrair agentes às cidades de fronteira – geralmente pequenas e sem estrutura.
Com efetivo em falta, a polícia não consegue conter a abertura diária de novas picadas. Enquanto umas são desativadas, outras são abertas. “É sempre esta guerra: eles abrem e nós fechamos”, relata o delegado Freitas.
Ousadia
A reportagem da Gazeta do Povo percorreu trechos do lago e constatou a ousadia das quadrilhas. Alguns pontos clandestinos são usados como depósitos a céu aberto para esconder caixas de mercadorias. Outros, onde a degradação ambiental é avançada, têm clareiras com espaço suficiente para uma carreta manobrar. O chefe do Depom de Foz do Iguaçu, Augusto Rodrigues, diz que muitos pontos foram abertos por pescadores, caçadores, mas com o tempo passaram a ser usados pelos criminosos.
Algumas quadrilhas usam até trator para abrir a mata. Para conter a ação dos criminosos, a PF, com apoio da Itaipu Binacional, já fez plantio de árvores nas clareiras para recuperar as áreas degradadas. Do lado paraguaio, onde a fiscalização não é acirrada, o quadro é bem mais tranquilo: a polícia brasileira identificou cerca de 15 passagens usadas para a saída de mercadorias ilegais. (GP)