domingo, 9 de outubro de 2011

Lago de Itaipu tem 3 mil pontos para desembarque de contrabando

A cada 500 metros, existe uma clareira, picada ou trilha por onde é possível descarregar mercadorias contrabandeadas do Pa­­ra­­guai para o Brasil. Esse é o cenário nos 1.350 quilômetros de margens do Lago de Itaipu, na Costa Oeste do Paraná, entre Foz do Iguaçu e Guaíra. Ao todo, são 3 mil pontos clandestinos usados por pelo menos 30 quadrilhas de traficantes e contrabandistas, segundo mapeamento feito pela Delegacia Especial de Polícia Marítima (Depom), da Polícia Federal (PF), nos últimos cinco anos.


Para fazer frente à criminalidade que ocorre nos 16 municípios cortados pelo lago (15 paranaenses e um sul-mato-grossense), a PF conta com cerca de 300 policiais nas delegacias de Foz do Iguaçu e Guaíra, mas só a minoria atua diretamente na fiscalização do lago. O efetivo reduzido é apontado como a principal dificuldade da polícia na região.

Estima-se que para patrulhar toda a extensão do Lago de Itaipu (170 quilômetros em linha reta) seriam necessários 200 agentes. Mas o número de policiais que efetivamente participam desse tipo de ação é bem menor. Em Guaíra, por exemplo, há pouco mais de 40 policiais federais. Destes, 14 atuam em operações e apenas oito estão lotados no Depom e fazem patrulhamentos no Lago de Itaipu. Os demais trabalham no setor de migrações, passaportes e serviços administrativos. Em Foz do Iguaçu a situação não é muito melhor: o número de policiais exclusivos do Depom não passa de 14.

Já as quadrilhas que atuam na região são numerosas: chegam a ter 100 integrantes, segundo a PF. O delegado responsável pelo Depom de Guaíra, Rodrigo Ro­­drigues Freitas, diz que a estrutura da PF na cidade melhorou nos últimos anos, com a abertura do Depom. Mas ele admite que a situação ainda é crítica. O motivo é a dificuldade em atrair agentes às cidades de fronteira – geralmente pequenas e sem estrutura.

Com efetivo em falta, a polícia não consegue conter a abertura diária de novas picadas. Enquanto umas são desativadas, outras são abertas. “É sempre esta guerra: eles abrem e nós fechamos”, relata o delegado Freitas.

Ousadia

A reportagem da Gazeta do Povo percorreu trechos do lago e constatou a ousadia das quadrilhas. Alguns pontos clandestinos são usados como depósitos a céu aberto para esconder caixas de mercadorias. Outros, onde a degradação ambiental é avançada, têm clareiras com espaço suficiente para uma carreta manobrar. O chefe do Depom de Foz do Iguaçu, Augusto Ro­­drigues, diz que muitos pontos foram abertos por pescadores, caçadores, mas com o tempo passaram a ser usados pelos criminosos.

Algumas quadrilhas usam até trator para abrir a mata. Para conter a ação dos criminosos, a PF, com apoio da Itaipu Bi­­na­­cional, já fez plantio de árvores nas clareiras para recuperar as áreas degradadas. Do lado paraguaio, onde a fiscalização não é acirrada, o quadro é bem mais tranquilo: a polícia brasileira identificou cerca de 15 passagens usadas para a saída de mercadorias ilegais. (GP)

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