domingo, 10 de julho de 2011

‘Nenhuma conquista se acrescentou ao rol dos direitos dos trabalhadores com o PT no poder’

Solenidade de entrega da Medalha de MĂ©rito Pedro Ernesto ao Sindicalista Ronald Barata na CĂ¢mara Municipal do Rio de Janeiro

Como histĂ³rico lutador popular, o fundador da CUT e ex-presidente do sindicato dos bancĂ¡rios, Ronald Barata observou de lugar privilegiado a evoluĂ§Ă£o polĂ­tica do paĂ­s e a trajetĂ³ria das grandes lutas populares. Desiludido com o PDT, no qual escreveu importantes pĂ¡ginas ao lado do lĂ­der Leonel Brizola, mas ainda empunhando as bandeiras que nortearam toda sua histĂ³ria, concedeu uma longa e reflexiva entrevista ao Correio da Cidadania.


De inĂ­cio, fala de seus atuais esforços, de estudo da histĂ³ria dos movimentos sociais e populares do final do sĂ©culo 19 e inĂ­cio do 20, motivado pelo grande valor dos primĂ³rdios de nossa organizaĂ§Ă£o da luta de classe. Com isso, mantĂ©m seu fogo aberto contra as centrais sindicais hegemĂ´nicas, pois ressalta que elas abandonaram diversas lutas trabalhistas de forma absolutamente ilustrativa de seu corrompimento.


Como exemplo, lembra da convenĂ§Ă£o 158 da OIT, que regula a demissĂ£o imotivada, e outras pautas convenientemente esquecidas, “pois se a pessoa se sente segura no emprego, vai se interessar pela vida sindical, o que os pelegos nĂ£o gostam”. Barata, atualmente no Movimento de ResistĂªncia Leonel Brizola, tambĂ©m Ă© engajado nas discussões sobre a previdĂªncia, cujo dĂ©ficit ele desmistifica, afirmando que o governo sĂ³ acabarĂ¡ com o fator previdenciĂ¡rio quando encontrar outra forma de “assaltar o segurado”, a fim de desviar os recursos previdenciĂ¡rios de sua finalidade.


AlĂ©m disso, Ronald Barata resgata detalhes da histĂ³ria de ascensĂ£o de Lula como lĂ­der sindical nas greves dos anos 70, expondo nuances pouco conhecidas a respeito da maior referĂªncia polĂ­tica de nossas classes populares. De acordo com suas palavras, desde a Ă©poca da ditadura o ex-presidente mostrava cordialidade e capacidade de interaĂ§Ă£o com agentes de governo e tambĂ©m estrangeiros, como mostra sua relaĂ§Ă£o com o sindicato AFL-CIO, dos Estados Unidos, “braço sindical da CIA para ações criminosas e de contra-revoluĂ§Ă£o”.

No final, lista questões imprescindíveis para a atual luta política da esquerda, em escala global e local, sugerindo reformas que ainda estamos longe de ver, mas acreditando que

no final os ‘indignados’, jĂ¡ em marcha em vĂ¡rios cantos do mundo, prevalecerĂ£o.



Correio da Cidadania: O que te levou a aprofundar pesquisas sobre a histĂ³ria dos movimentos sociais e populares do paĂ­s no inĂ­cio do sĂ©culo 20?


Ronald Barata: As herĂ³icas greves operĂ¡rias, como ficaram conhecidos os movimentos do final do sĂ©culo XIX e do inĂ­cio do sĂ©culo XX, devem ser sempre lembradas, nĂ£o sĂ³ pelos belos exemplos de espĂ­rito de luta, de solidariedade e de organizaĂ§Ă£o, mas tambĂ©m pelos outros ensinamentos que propiciam. Sem nenhuma legislaĂ§Ă£o de proteĂ§Ă£o, trabalhando em jornadas de 14 e 16 horas diĂ¡rias, sem repouso semanal, sem recursos financeiros, sob monstruosa repressĂ£o, dificuldade de comunicaĂ§Ă£o etc., lograram grandes movimentos com greves que arrostavam todo o poderoso aparato repressivo, que incluĂ­am prisões, torturas, seqĂ¼estros, assassinatos, degredo, expulsĂ£o de estrangeiros grevistas etc.

Os 13 governos da RepĂºblica Velha eram instrumentos da classe dominante, a oligarquia agrĂ¡ria. Os trabalhadores forjaram organizações, como a FederaĂ§Ă£o de Trabalhadores do Rio Grande do Sul em 1898. Fundaram sindicatos, ligas e uma central sindical em 1906, a ConfederaĂ§Ă£o OperĂ¡ria Brasileira (COB), que se filiou Ă  revolucionĂ¡ria AssociaĂ§Ă£o Internacional de Trabalhadores (AIT), a Primeira Internacional.



Correio da Cidadania: Como o senhor analisa a atual situaĂ§Ă£o do mundo do trabalho no Brasil, no contexto de quase uma dĂ©cada de Partido dos Trabalhadores no poder?


Ronald Barata: Nenhuma nova conquista se acrescentou ao rol dos direitos dos trabalhadores. A intensa propaganda induz a pensar que os trabalhadores vivem uma fase de pleno emprego, aumento do poder aquisitivo e garantia no emprego. Ora, mais da metade da mĂ£o-de-obra estĂ¡ na informalidade (eufemismo para ilegalidade), sem a proteĂ§Ă£o da legislaĂ§Ă£o trabalhista. Sem fĂ©rias, sem previdĂªncia, sem FGTS. A terceirizaĂ§Ă£o disseminou-se tanto no setor privado como nos serviços pĂºblicos, causando assustadora precarizaĂ§Ă£o, que aumenta os acidentes de trabalho.

Os trabalhadores formais sĂ£o atingidos pela elevadĂ­ssima rotatividade da mĂ£o-de-obra que alcança 37% dos trabalhadores com vĂ­nculo empregatĂ­cio, sendo que dois terços dos demitidos nĂ£o completam doze meses no mesmo emprego e destes 40% nĂ£o atingem seis meses. Oitenta por cento do total nĂ£o completam dois anos. HĂ¡ um enorme contingente trabalhando em condições degradantes. Um instrumento adequado para combater isso, a ConvenĂ§Ă£o 158 da OIT, nĂ£o estĂ¡ em vigor. O desrespeito Ă  jornada de trabalho Ă© rotina e os acidentes de trabalho viraram banalidade, principalmente no setor elĂ©trico e na construĂ§Ă£o civil.

Os Ă³rgĂ£os fiscalizadores do governo nĂ£o atuam convenientemente. SĂ³ o MinistĂ©rio PĂºblico do Trabalho que tem tido melhor desempenho.



Correio da Cidadania: Como definiria, ademais, a atuaĂ§Ă£o do governo petista na mediaĂ§Ă£o do eterno conflito Capital x Trabalho?


Ronald Barata: NĂ£o hĂ¡ prĂ¡tica de mediaĂ§Ă£o no governo, mas domĂ­nio, atravĂ©s da cooptaĂ§Ă£o da maioria dos organismos sindicais de trabalhadores, isto Ă©, submissĂ£o que anula esses Ă³rgĂ£os, tanto as centrais sindicais como sindicatos. A maioria dos dirigentes abandona as lutas em defesa dos trabalhadores e vive atrĂ¡s de “boquinhas” nos governos em qualquer nĂ­vel, nas estatais, nos fundos de pensĂ£o.

O governo conseguiu anular o poder de mobilizaĂ§Ă£o dos organismos sindicais. O MinistĂ©rio do Trabalho e Emprego vive uma paralisia impressionante. É apenas Ă³rgĂ£o carimbador da criaĂ§Ă£o de novas entidades sindicais, mas o ministro vive arrotando vitĂ³ria pela criaĂ§Ă£o de novos empregos. Omite as demissões. AlĂ©m do mais, quem cria ou anula empregos Ă© a macroeconomia, o MinistĂ©rio do Trabalho Ă© apenas catalogador das demissões e admissões, atravĂ©s do CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados).

As greves que tĂªm ocorrido, apesar das centrais e dos sindicatos, como nas hidrelĂ©tricas, no sul da Bahia etc. e movimentos como o dos bombeiros do Rio de Janeiro surpreendem os governantes e tĂªm recebido impressionante solidariedade da populaĂ§Ă£o.

AliĂ¡s, apesar de qualquer mediaĂ§Ă£o, esse Ă© um eterno conflito que se agravarĂ¡, apesar da atuaĂ§Ă£o dos organismos patronais para neutralizar os movimentos de trabalhadores.



Correio da Cidadania: E pensando mais globalmente, como vĂª a questĂ£o do trabalho no mundo?


Ronald Barata: A crise do capitalismo jĂ¡ produziu desemprego elevadĂ­ssimo e continuarĂ¡ aumentando. A precarizaĂ§Ă£o do trabalho atinge todo o mundo. O desenvolvimento da tecnologia, a informatizaĂ§Ă£o e a robĂ³tica dispensam a participaĂ§Ă£o do trabalhador em vĂ¡rias tarefas. É o desemprego estrutural, que nĂ£o estĂ¡ presente apenas nos paĂ­ses perifĂ©ricos, jĂ¡ alcança os paĂ­ses centrais; Ă© o resultado de uma polĂ­tica organizada e implementada pela ditadura do mercado, que drena as riquezas para os bancos e o sistema financeiro.

A crise moral e ideolĂ³gica nos movimentos sindicais, que leva os dirigentes ao oportunismo e Ă  corrupĂ§Ă£o, nĂ£o Ă© exclusividade do Brasil. Os sistemas eleitorais vigentes nos paĂ­ses capitalistas permite a manipulaĂ§Ă£o das populações e estamos assistindo a vitĂ³ria de partidos de direita em vĂ¡rios paĂ­ses. Ocorre que as massas estĂ£o reagindo, independentemente dos organismos sindicais e dos partidos. Basta olhar para a Espanha, a GrĂ©cia. O agravamento da crise e sua disseminaĂ§Ă£o, o desemprego, a facilidade de comunicaĂ§Ă£o, levarĂ£o a que mais reações populares aconteçam. NĂ£o vai ficar somente na Europa e nos paĂ­ses Ă¡rabes.



Correio da Cidadania: Quanto Ă  atual conjuntura da esquerda e dos movimentos sociais no Brasil, como as avalia?


Ronald Barata: Partidos polĂ­ticos tradicionais de esquerda, como o PT, o PSB e o PDT, transformaram-se; hoje sĂ£o apenas balcões de negĂ³cios. A metamorfose ocorrida no PT arrastou-os para polĂ­ticas clientelistas, fisiolĂ³gicas. Deles nada mais se pode esperar. O que hĂ¡ hoje de esquerda reside em pequenos nichos dispersos e sem força eleitoral.

A criminosa cooptaĂ§Ă£o praticada pelos governos petistas praticamente destruiu a força de organizaĂ§Ă£o e mobilizaĂ§Ă£o dos sindicatos e dos movimentos sociais em geral. As milhares de ONGs, formadas desde o governo Sarney, que cresceram nos governos Collor, Itamar, FHC e foram incentivadas e ampliadas no governo Lula continuam sugando os tesouros estatais. SĂ£o valhacoutos que se sustentam com o dinheiro pĂºblico doado pelos governos. Ressalvadas as tradicionais exceções que prestam relevantes serviços, a grande maioria Ă© dirigida por pessoas que visam apenas enriquecimento rĂ¡pido. O mesmo ocorre com as quase seis mil OSCIPS (OrganizaĂ§Ă£o da Sociedade Civil de Interesse PĂºblico).

Acho que vĂ£o surgir formas alternativas de organizações que mobilizarĂ£o os trabalhadores e as populações perifĂ©ricas. Movimentos e outras formas jĂ¡ estĂ£o surgindo. Caminhando, mobilizando, participando, lutando, surgirĂ£o as formas de organizaĂ§Ă£o que superarĂ£o esse triste quadro em que estĂ£o os partidos e os movimentos sociais.

Essas organizações que estĂ£o surgindo devem realizar seminĂ¡rios, debates e outros eventos de politizaĂ§Ă£o, mas nĂ£o ficar apenas nas salas. Devem ir para as ruas, apresentar as reivindicações, criar grupos nas redes sociais, buscar a unidade entre o que restou das esquerdas, os grupos e pequenos partidos que heroicamente estĂ£o resistindo.



Correio da Cidadania: O que pensa da relaĂ§Ă£o do governo brasileiro com diversos tratados e convenções trabalhistas de cunho progressista, como, por exemplo, a convenĂ§Ă£o 158 da OIT (OrganizaĂ§Ă£o Internacional do Trabalho), que trata das garantias dos trabalhadores em caso de demissĂ£o?


Ronald Barata: O maior problema para os trabalhadores Ă© o desemprego. DestrĂ³i a auto-estima do desempregado. A rotatividade estĂ¡ cada vez mais rĂ¡pida, mas o governo, que poderia propiciar um poderoso instrumento para mitigar essa criminosa prĂ¡tica do patronato, fecha os olhos e deixa que a exploraĂ§Ă£o se exerça em total plenitude. Esse problema pode ser inibido colocando-se em vigor a ConvenĂ§Ă£o 158 da OIT, que normatiza o tĂ©rmino das relações do trabalho por iniciativa do empregador. Essa ConvenĂ§Ă£o de 1982, assinada pelo Brasil, foi ratificada atravĂ©s do Decreto Legislativo nº 68 de 1992, assinado pelo presidente do Congresso Mauro Benevides. O governo brasileiro depositou a Carta de RatificaĂ§Ă£o em 5 de janeiro de 1995, passando a vigorar em 5 de janeiro de 1996. O Executivo deu publicidade ao Decreto Legislativo quando FHC assinou o Decreto nº 1855 de 10/4/1996. Cumpridas as formalidades legais, a ConvenĂ§Ă£o passou a ter plena vigĂªncia. Eu mesmo, com os serviços do advogado Celso Soares, utilizei essa ConvenĂ§Ă£o e consegui reintegrar 653 funcionĂ¡rios demitidos pela Junta Interventora do Banerj.

Entretanto, nĂ£o resistindo Ă s pressões da FEBRABAN e da FIESP, Fernando Henrique Cardoso editou o Decreto nº 2100 de 20/11/1996, denunciando a ConvenĂ§Ă£o. Ora, era de se esperar que no governo do Partido dos Trabalhadores, com o PDT no MinistĂ©rio do Trabalho e Emprego, essa ConvenĂ§Ă£o voltasse a vigorar. Eu entreguei ao Carlos Lupi, antes de assumir o ministĂ©rio, um trabalho sobre isso. Ele ignorou solenemente e o governo, para marcar posiĂ§Ă£o, simplesmente remeteu uma mensagem ao Congresso que estĂ¡ rolando pelas comissões ou em alguma gaveta, apesar de o Decreto Legislativo nĂ£o ter sido revogado. AlĂ©m disso, a maioria que o governo dispõe no Congresso, se tivesse vontade polĂ­tica, jĂ¡ teria resolvido essa importante questĂ£o.

É estranho que o movimento sindical nĂ£o se mobilize para isso. SerĂ¡ que nĂ£o querem que o trabalhador tenha proteĂ§Ă£o contra demissĂ£o imotivada? É claro que se o trabalhador se sentir seguro irĂ¡ participar da vida de seu sindicato, o que Ă© temido pelos pelegos. AliĂ¡s, hĂ¡ caso de “dirigente” sindical comunicar ao patrĂ£o a presença de empregado querendo atuar. Repito: por que as centrais sindicais nĂ£o lutam pela vigĂªncia desse instrumento?



Correio da Cidadania: Qual a sua avaliaĂ§Ă£o sobre a gestĂ£o do famoso FAT (o Fundo de Amparo ao Trabalhador) em nosso paĂ­s?


Ronald Barata: Esse Fundo, mantido com a arrecadaĂ§Ă£o do PIS/PASEP, vinculado ao MinistĂ©rio do Trabalho, destina-se ao pagamento do Seguro Desemprego, do Abono Salarial, da FormaĂ§Ă£o e IntermediaĂ§Ă£o de mĂ£o-de-obra e financiamento de programas de desenvolvimento econĂ´mico. MantĂ©m e administra o PROGER (Programas de GeraĂ§Ă£o de Emprego e Renda) e o PRONAF (Programa Nacional de Agricultura Familiar). É gerido pelo CODEFAT (Conselho Deliberativo do FAT), que tem representaĂ§Ă£o tripartite e paritĂ¡ria: governo, empregadores e empregados. Arrecada vultosas somas, mas grande parcela escoa pelos ralos da mĂ¡ aplicaĂ§Ă£o e da corrupĂ§Ă£o.

O FAT financia projetos voltados Ă  infra-estrutura e setores estratĂ©gicos, como transporte de massa e turismo, atravĂ©s do BNDES. Entretanto, basta ver o noticiĂ¡rio para constatar os grandes malabarismos que o banco faz, dando fortunas a juros subsidiados para fusões e aquisições de empresas, atĂ© para algumas estrangeiras comprarem empresas nacionais. Concede financiamentos a juros subsidiados. Nem tudo Ă© originado do FAT. HĂ¡ aportes do Tesouro. Em apenas dois anos, o governo aportou R$ 230 bilhões nesse banco. Captou a juros de 12% e o banco emprestou a 6%. Fortunas fabulosas para empresas de telecomunicações, frigorĂ­ficos, empreiteiras comprarem outras empresas. TambĂ©m emprestou para recuperar empresas em dificuldade por incĂºria ou por corrupĂ§Ă£o, como Banco Votorantin, Aracruz, Sadia etc. E a recente escandalosa operaĂ§Ă£o anunciada com o grupo PĂ£o de AĂ§Ăºcar. SĂ£o privatizações mais escandalosas que as de FHC. Note-se que nĂ£o hĂ¡ nenhuma reaĂ§Ă£o das entidades sindicais que pertencem ao CODEFAT.

Os recursos que o CODEFAT distribui para cursos de qualificaĂ§Ă£o profissional tĂªm aplicaĂ§Ă£o altamente questionĂ¡vel. Faz doações a ONGs, OSCIPS, sindicatos, Sistema S etc. NĂ£o se tem controle de sua eficĂ¡cia e de como foi gasto o dinheiro. A maioria desses cursos nĂ£o funciona e quando eu era da direĂ§Ă£o do PDT elaborei um projeto de criaĂ§Ă£o de Escolas de QualificaĂ§Ă£o Profissional, com o Estado assumindo essa funĂ§Ă£o que delega a entidades de competĂªncia questionĂ¡vel. Entreguei ao entĂ£o presidente do partido, o Ă­nclito Leonel Brizola, que o aprovou. Infelizmente, o governador do estado do Rio de Janeiro, que era do partido, logo depois se bandeou. Quando Lupi assumiu o MinistĂ©rio, entreguei-lhe o projeto. Acho que foi jogado na lata de lixo. Sequer mandou que os Ă³rgĂ£os tĂ©cnicos do MinistĂ©rio o examinassem. E bilhões de reais continuam sendo distribuĂ­dos a organizações que nĂ£o possuem nenhum “know-how” e de probidade duvidosa. Como sempre, ressalve-se as exceções.



Correio da Cidadania: A previdĂªncia e o seu aventado dĂ©ficit, tanto no que se refere ao regime geral como Ă  previdĂªncia pĂºblica, sĂ£o outro alvo constante de avaliações crĂ­ticas, ressaltando o seu dĂ©ficit e a necessidade de reforma. Qual a sua opiniĂ£o quanto Ă  veracidade dessas constatações, bem como Ă  forma como vĂªm sendo divulgadas pela mĂ­dia?


Ronald Barata: Em 2006 fiz um livro que denominei “O Falso DĂ©ficit da PrevidĂªncia”, provando que a PrevidĂªncia Ă© superavitĂ¡ria, apesar dos grandes assaltos que hĂ¡ dĂ©cadas sĂ£o praticados aos seus cofres. Desvios para a construĂ§Ă£o de BrasĂ­lia, da Ponte Rio-NiterĂ³i, da TransamazĂ´nica e atĂ© para pagamento de juros da dĂ­vida.

O criminoso Fator PrevidenciĂ¡rio, criado no governo do PSDB, permanece nos governos do PT/PMDB. É um atentado contra quem contribui por 30 e 35 anos e, na hora de se aposentar, sofre reduĂ§Ă£o dos proventos. Agora o governo, cinicamente, afirma que pode acabar com o Fator se houver compensaĂ§Ă£o, isto Ă©, outra forma de assaltar o segurado.

O falso dĂ©ficit Ă© propalado para justificar a retirada ou reduĂ§Ă£o de direitos. Para “comprovar” o dĂ©ficit, fazem uma esdrĂºxula conta de chegar: cotejam o total de despesas com apenas a arrecadaĂ§Ă£o proveniente da Folha Salarial, abandonando as outras receitas, como a da COFINS, da CSLL, das loterias e outras. Enfim, em linguagem bem popular, Ă© uma escrotidĂ£o.



Correio da Cidadania: O que levou o PDT (Partido Trabalhista Brasileiro), assim como outros partidos de esquerda, como o PT (Partido dos Trabalhadores), a se afastar de suas orientações originais, de modo a tentar agora, por meio de militantes que ficaram isolados em seus partidos, uma reorganizaĂ§Ă£o mediante um contexto de supremacia do capital e do mercado?


Ronald Barata: Elementar, meu caro entrevistador. Basta ver a vertiginosa subida no nĂ­vel de vida dos dirigentes. A Reforma PolĂ­tica que sai apenas a algumas gotas deveria impedir sigilo bancĂ¡rio de polĂ­ticos com mandato eletivo, inclusive dirigentes dos partidos.



Correio da Cidadania: O que significou o governo Lula para o senhor?


Ronald Barata: Poxa, nessa vou precisar me estender. Embora cansativo, nĂ£o vou perder essa oportunidade de rememorar alguns episĂ³dios que muitos jĂ¡ esqueceram. Vou transcrever trechos de um artigo que fiz em fevereiro de 2010. E para fundamentar as conclusões a que pretendo chegar, transcrevo trechos do livro “Jogo Duro” (Editora Best Seller, 1988), escrito pelo empresĂ¡rio Mario Garnero, que surfava nos bastidores da ditadura, foi amigo de generais presidentes, mas tambĂ©m angariou inimigos da sua mesma estirpe, como Francisco Dornelles, Elmo Camões, Lemgruber e outros tristes personagens. Testemunhou episĂ³dios que a mĂ­dia nunca divulgou. No livro, ele narra episĂ³dios “sui generis” sobre Lula e outras figuras importantes da ditadura e da Nova RepĂºblica. Entre as pĂ¡ginas 130 e 135 escreve sobre um bilhete que enviou a Lula.

Relata: “... tentei recordar ao constituinte mais votado de SĂ£o Paulo duas ou trĂªs coisas do passado... (pois) o grande lĂ­der da esquerda brasileira costuma se esquecer, por exemplo, de que esteve recebendo lições de sindicalismo da Johns Hopkins University, nos Estados Unidos, ali por 1972, 1973... e a facilidade com que se procedeu a ascensĂ£o irresistĂ­vel de Lula, nos anos 70, Ă©poca em que outros adversĂ¡rios do governo, Ă s vezes muito mais inofensivos, foram tratados com impiedade. Lula, nĂ£o – foi em frente, progrediu....” E prossegue: “Lembro-me do primeiro Lula, lĂ¡ por 1976, sendo apresentado por seu patrĂ£o Paulo Villares ao Werner Jessen, da Mercedes Benz e, de repente, eis que aparece o tal Lula Ă  frente da primeira greve que houve na indĂºstria automobilĂ­stica durante o regime militar... Recordo-me de a imprensa cobrir Lula de elogios, estimulando-o, num momento em que a distensĂ£o apenas começava, e de um episĂ³dio que Ă© capaz de deixar qualquer um, mesmo os desatentos, com um pĂ© atrĂ¡s. Foi em 1978... os metalĂºrgicos tinham cruzado os braços, e nĂ³s, da ANFAVEA, conversando com o governo sobre o que fazer... o Ministro Mario Henrique Simonsen informou que o presidente Geisel recomendou moderaĂ§Ă£o: tentar negociar com os grevistas, sem alarido. Imagine: era um passo que nenhum governo militar jamais dera, o da negociaĂ§Ă£o com operĂ¡rio em greve. Geisel devia ter alguma coisa a mais na cabeça. Ele e, tenho certeza, o ministro Golbery”.

AliĂ¡s, o banqueiro banido por um rombo de US$ 95 milhões foi reabilitado pelo governo em 2004, como principal figura em um seminĂ¡rio patrocinado pelo Banco do Nordeste, em Fortaleza, com a participaĂ§Ă£o dos presidentes do Senado, JosĂ© Sarney e do STF, Nelson Jobim, dos ministros Dilma Rousseff e Ciro Gomes e vĂ¡rios governadores.

Lula nem disfarçou sua aliança com grandes grupos econĂ´micos, financeiros, com o agronegĂ³cio e com as velhas oligarquias, de Sarney, Severino Cavalcanti, Jader Barbalho, Collor, Renan Calheiros e ainda Bispo Rodrigues, Sergio Cabral...



Correio da Cidadania:VocĂª quer dizer que um dos fatores que permitiu a Lula erigir-se lĂ­der grande lĂ­der das greves da Ă©poca da ditadura por conseguir manter relações cordiais com o regime de repressĂ£o?


Ronald Barata:O povo que em 2002, acertadamente, escolheu o operĂ¡rio em vez de um liberal jamais poderia imaginar o comportamento pragmĂ¡tico do esquerdista no governo. Somente tendo conhecimento de sua secreta trajetĂ³ria durante a ditadura passa-se a entender.

JoĂ£o Victor Campos, diretor cultural da AEPET (AssociaĂ§Ă£o dos Engenheiros da Petrobras), em artigo publicado no “Alerta Total” da AssociaĂ§Ă£o, afirmando que “em 1968 Lula cursou no IADESIL (Instituto Americano de Desenvolvimento do Sindicalismo Livre), escola de doutrinaĂ§Ă£o mantida pela AFL-CIO (American Federation of Labor-Congress of Industrial Organizations), central sindical dos EUA”.

Tanto o IADESIL como a AFL-CIO ministram cursos contra-revolucionĂ¡rios de “liderança sindical”, com maquiagens para parecer de esquerda, mas servem ao imperialismo norte americano. Ressalte-se que esse Instituto instalou-se em SĂ£o Paulo no ano de 1963, quando a CIA preparava o golpe de 1964. Assumiu abertamente sua participaĂ§Ă£o na derrubada do governo Salvador Allende. A AFL-CIO Ă© o braço sindical da CIA para as ações criminosas em todo o mundo.

Lula tornou-se amigo de Stanley Gacek, diretor da AFL-CIO para AmĂ©rica Latina, que o acompanhou em vĂ¡rias visitas a Washington. Esse terrĂ­vel representante estadunidense, na ocasiĂ£o jĂ¡ aposentado, estava no palanque em SĂ£o Paulo, na festa da vitĂ³ria de Lula em 2002.

Eleito em 2002, ainda antes da posse, logo apĂ³s reuniĂ£o com George Bush, anunciou que entregaria o comando da economia ao banqueiro Henrique Meirelles, ex-presidente internacional do segundo maior credor do Brasil, o BankBoston. No final de 2002, passou um final de semana na fazenda, em AraxĂ¡, da famĂ­lia Moreira Sales, testa de ferro da multinacional Molycorps, que explora e exporta, a preço de banana, o nosso nobre mineral niĂ³bio.

Abandonando as ideias da esquerda, governando segundo os princĂ­pios da economia capitalista e transformando o Bolsa-Escola em Bolsa-FamĂ­lia, assumiu as bandeiras do PSDB, que ficou sem discurso oposicionista. E o PT e o PSDB disputaram as eleições em aliança em mais de mil municĂ­pios. Verdadeira esquizofrenia tomou conta dos ex-combativos dirigentes sindicais, que hoje conformam uma nova oligarquia que apenas disputa cargos pĂºblicos, abandonando a classe trabalhadora, enquanto o PT sofreu profunda metamorfose.

Lula colocou-se na dependĂªncia do PMDB para aprovar projetos no Congresso Nacional. Sem sequer disfarçar, apelava para formas de cooptaĂ§Ă£o, de fisiologismo e de corrupĂ§Ă£o que condenava quando era oposiĂ§Ă£o. Conseguiu aliança com partidos que se tornaram simples satĂ©lites e submeteu instituições republicanas importantes a um processo de desmoralizaĂ§Ă£o, especialmente a CĂ¢mara, o Senado e o TSE.



Correio da Cidadania:E essa relaĂ§Ă£o cordial, com traços de subserviĂªncia, se estenderia tambĂ©m aos agentes externos, inclusive que patrocinaram a ditadura, reproduzindo-se hoje nas relações internacionais?


Ronald Barata:O corolĂ¡rio foi uma sĂ©rie de escĂ¢ndalos de corrupĂ§Ă£o e radicais mudanças em partidos que abandonaram seus princĂ­pios em troca de benesses para apaniguados. No final do governo, na surdina, ressuscitou o Acordo Militar com os EUA, que Geisel havia denunciado. Fez isso depois que os EUA reativaram a IV Frota, que fora desativada em 1950, para policiar o AtlĂ¢ntico Sul e interferir no prĂ©-sal.

Outro episĂ³dio importante, iniciado com FHC, mantido atĂ© hoje, mas que Lula certamente “nĂ£o sabia”: o general-de-brigada da reserva, Durval Antunes de Andrade Nery, coordenador do Centro Brasileiro de Estudos EstratĂ©gicos da Escola Superior de Guerra, denunciou a presença da Blackwater (empresa estadunidense de mercenĂ¡rios) em reservas na AmazĂ´nia e em plataformas de petrĂ³leo da empresa Halliburton, na costa do paĂ­s. Dispõe de lanchas, ancoradouros, armas, aviões anfĂ­bios etc. Atuam livremente na reserva Yanomani, enquanto um oficial do exĂ©rcito brasileiro lĂ¡ sĂ³ pode entrar com autorizaĂ§Ă£o judicial.

O general denunciou que a Halliburton mantĂ©m um de seus diretores na AgĂªncia Nacional de PetrĂ³leo (ANP), o que permite acesso a dados secretos das jazidas de petrĂ³leo. VĂ¡rios dados sobre a reserva Tupi vieram a pĂºblico, criminosamente. Afirmou que “membros fortemente armados da Blackwater jĂ¡ atuam em reservas indĂ­genas brasileiras contando com bases fluviais bem equipadas”.

Outro fato digno de nota: vetou o artigo 64 da Lei nº 12.351/2010 (novo marco regulatĂ³rio do petrĂ³leo), oriundo de emenda apresentada pelo Senador Pedro Simon, por inspiraĂ§Ă£o do engenheiro Fernando Siqueira, presidente da AEPET, QUE PROIBIA A DEVOLUĂ‡ĂƒO DOS ROYALTIES pagos por quem produz petrĂ³leo. Quanto a bacias sedimentares, 41,7 mil km², ou seja 28% da Ă¡rea total da provĂ­ncia do prĂ©-sal, jĂ¡ foram concedidos, privatizados. FHC deu concessões nas diversas bacias petrolĂ­feras, na extensĂ£o de 176,4 mil km², enquanto o governo Lula deu 349,7 mil km². Lula instituiu novo marco regulatĂ³rio, a partilha, que Ă© um avanço em relaĂ§Ă£o ao sistema de concessões instituĂ­do por FHC. Mas vale apenas para o prĂ©-sal. E nĂ£o reinstituiu a Lei 2.004 do monopĂ³lio estatal do petrĂ³leo, que substituiria a entreguista Lei 9.478.

O general Golbery, um dos articuladores e planejadores do Golpe Militar, em aĂ§Ă£o coordenada pela CIA, foi quem planejou a ascensĂ£o de Lula e incentivou a criaĂ§Ă£o do Partido dos Trabalhadores. Armou esquema para barrar os passos de Leonel Brizola na volta do exĂ­lio, para impedir que voltasse com possibilidades de assumir a presidĂªncia, excluindo-o da sigla PTB. Tentou impedir a posse de Brizola para o governo do estado do Rio, em 1982.

Mais importante do que meu pensamento foi o comportamento de ilustres brasileiros, fundadores do PT, que se desfiliaram do partido e denunciaram a insatisfaĂ§Ă£o com os escĂ¢ndalos no governo e com a metamorfose do presidente. Cito alguns: Francisco de Oliveira, Cesar Benjamin, PlĂ­nio de Arruda Sampaio, HĂ©lio Bicudo, Milton Temer, Marina Silva, Fernando Gabeira, Cristovam Buarque.



Correio da Cidadania: E o que espera de Dilma? Vai, de alguma forma, se diferenciar de Lula?


Ronald Barata: É um governo que se sustenta numa coalizĂ£o que Ă© um saco de gatos, lagartos, lacraias e outros bichos. Partidos insaciĂ¡veis levam o fisiologismo ao extremo e a presidente nĂ£o mostra competĂªncia de enfrentĂ¡-los. Acaba de render-se, prorrogando o pagamento de Restos a Pagar, exigĂªncia da base de apoio e que ela e o ministro da Fazenda sustentavam que nĂ£o cederiam.

As vacilações foram expostas em diversos episĂ³dios; o Ăºltimo foi o do sigilo eterno de documentos ultraconfidenciais. Primeiro apoiou o fim do sigilo, depois rendeu-se a Sarney e Collor e afirmava que o sigilo eterno prevaleceria. E jĂ¡ mudou novamente.

MantĂ©m a polĂ­tica econĂ´mica, tem projetos que agridem os direitos dos trabalhadores, principalmente os previdenciĂ¡rios, e continua com a firme aliança que Lula tinha com o agronegĂ³cio. Os banqueiros e as empreiteiras, os maiores financiadores de campanhas eleitorais, continuam se locupletando.

A queda do ex-ministro Palocci mostrou a profundidade das contradições da base, principalmente dentro do prĂ³prio PT. Sendo assim, o que esperar? Deve ser mesmo um mandato tampĂ£o.



Correio da Cidadania: O que o senhor enxerga como principais temas nacionais e internacionais que deveriam estar na linha de frente da luta polĂ­tica de esquerda, consideradas as possibilidades oferecidas pelo atual contexto histĂ³rico?


Ronald Barata: Em nĂ­vel internacional, a luta anti-imperialista e pela mudança nos rumos da economia globalizada. Em nosso quintal, considero importante acabar com a autonomia do Banco Central, com a polĂ­tica de cĂ¢mbio flexĂ­vel e metas de inflaĂ§Ă£o. Mas hĂ¡ tambĂ©m a Reforma TributĂ¡ria e a Reforma PolĂ­tica, o restabelecimento do monopĂ³lio estatal do petrĂ³leo que deve ser estendido a todos os minĂ©rios. É preciso tambĂ©m rever a polĂ­tica de concessĂ£o de terras da AmazĂ´nia a estrangeiros.



Correio da Cidadania: Como vĂª, finalmente, a relaĂ§Ă£o entre as bandeiras anticapitalista e socialista? Acredita que a primeira seja uma forma viĂ¡vel de substituir ou renovar a segunda, mais estigmatizada ao longo das Ăºltimas dĂ©cadas?


Ronald Barata: NĂ£o acredito que haja relaĂ§Ă£o entre os dois sistemas. Ao contrĂ¡rio. SĂ£o conflitantes. A crise capitalista deve se aprofundar. HĂ¡ economistas que afirmam ser essa crise terminal. Leonardo Boff corrobora essa tese em recente artigo. Fundamenta com a depredaĂ§Ă£o que se faz do planeta, que estĂ¡ perdendo sua capacidade de recuperaĂ§Ă£o e Ă© um dos dois principais pilares do capitalismo. O outro sustentĂ¡culo, o trabalho, estĂ¡ sendo precar5izado ou prescindido devido aos avanços tecnolĂ³gicos. Entende que, por isso, nĂ£o hĂ¡ condiĂ§Ă£o de o capitalismo se manter.

Eu nĂ£o disponho de conhecimentos para uma definiĂ§Ă£o dessas. PorĂ©m, torço para que seja verdadeiro. E sĂ³ poderĂ¡ ser substituĂ­do por formas socialistas. Apesar da degradaĂ§Ă£o dos partidos de esquerda e do movimento sindical, jĂ¡ surgem organizações que se preocupam com politizaĂ§Ă£o e mobilizaĂ§Ă£o das massas. Os insurretos da Espanha, da GrĂ©cia, do mundo Ă¡rabe, da AmĂ©rica Latina, a maioria de jovens, vĂ£o prevalecer. (Correio da Cidadania)


Neo-fascinazismo, uma ameaça novamente pairando sobre a nossas cabeças!


Uma grande ameça começa a pairar novamente sobre toda a humanidade, Ă© o chauvinismo resultante da rearticulaĂ§Ă£o da extrema direita, que perante a crise polĂ­tica econĂ´mica assolando o mundo tenta se colocar enquanto opĂ§Ă£o.

Na Europa e na AmĂ©rica do Norte ele, com suas vĂ¡rias faces, volta a assombrar a todos com seu discursos excludentes contra as minorias (comunistas, latino americanos, negros, ciganos, judeus, comunistas, etc.), e entre elas principalmente contra os imigrantes.
Defendendo o nacionalismo em sua versĂ£o xenĂ³foba eles combatem a todos os que nĂ£o espelhem o que Ă© branco, cristĂ£o fundamentalista integrista e ocidental. AlĂ©m de começarem a ocupar grandes espaços em todos os parlamentos ele avançam com suas hordas pelas ruas das principais cidades. nelas eles despejam os seus Ă³dios em seus discursos, como espancando e atĂ© matando os que as seus olhos pareçam diferentes.

O mais absurdo desta onda neo-nazifascista Ă© que ela começa a atingir tambĂ©m os paises do terceiro mundo e os emergentes, que em sua maioria sĂ£o paĂ­ses de populações miscigenadas, o que Ă© o nosso caso.

No Brasil nĂ£o hĂ¡ uma semana em que nĂ£o seja denunciado vĂ¡rios casos de agressões ou mortes causadas por grupos que pregam a discriminaĂ§Ă£o e o Ă³dio contra os que eles consideram serem diferentes, como ocorreu na semana passada em SĂ£o Paulo capital, quando um grupo de neonazistas (White Pride=orgulho Branco) atacou a alguns populares nordestinos e negros em estavam em um ponto de Ă´nibus. O que estĂ¡ acontecendo aqui em Curitiba tambĂ©m em nada Ă© diferente. pois os casos de agressões perpetradas por neonazistas contra negros, homossexuais, etc. jĂ¡ se tornaram uma constante.

Estes grupos, que deveriam estar presos, circulam quase que livremente e a internet Ă© o principal meio de eles espalharem o seus lixos ideolĂ³gicos.

Temos de fazer alguma coisa para tentar barrar estĂ¡ ofensiva, que nĂ£o Ă© isolada, jĂ¡ que todos estes grupos possuem articulações tanto do ponto de vista nacional como internacional, antes que seja tarde. Se hoje os seus principais alvos sĂ£o os gays, negros e nordestinos amanhĂ£ serĂ£o todos os que estes animais nazifascistas nĂ£o enxergam como iguais.



 
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